A oportunidade de escolher um candidato “mais ao centro
do espectro político-partidário” se perdeu no último dia 7. Agora não adianta
chorar. Resta-nos o Capitão Caverna ou o fantoche do
presidiário de Curitiba — o pior dos cenários, sem dúvida, mas previsível à luz da crescente polarização do eleitorado.
Não sei o que esperar de Bolsonaro na presidência, mas sei como foi ter o PT no poder. No mais das vezes, é melhor ficarmos com o diabo que conhecemos, mas toda regra tem exceção, e a eleição do próximo dia 28 me parece ser uma situação excepcional.
Não sei o que esperar de Bolsonaro na presidência, mas sei como foi ter o PT no poder. No mais das vezes, é melhor ficarmos com o diabo que conhecemos, mas toda regra tem exceção, e a eleição do próximo dia 28 me parece ser uma situação excepcional.
A pouco mais de uma semana do segundo turno, todas as
pesquisas indicam a vitória de Bolsonaro
por uma vantagem considerável, embora ele seja o candidato dos sonhos somente para os bolsomínions — mais ou menos como Lula em relação aos sectários do
lulopetismo. Isso significa que seu favoritismo se deve a um repúdio maciço ao PT, ou por
outra, ao medo de o demiurgo de Garanhuns voltar ao poder, ainda que
encarnado no fantoche que se empenha mais a cada dia em desconstruir sua própria
imagem para se travestir no mestre e conquistar a simpatia da patuleia.
A pesquisa mais recente do Ibope
não só reafirmou o favoritismo do capitão como também o declínio de sua rejeição, que às vésperas do primeiro turno era
de 43% e agora caiu para 35%. Já o repúdio a Haddad
cresceu de 36% para 47%, superando o do adversário pela primeira vez desde o
início da campanha.
Sondados pelo staff petista, Joaquim
Barbosa e Fernando
Henrique não demonstraram grande entusiasmo em apoiar Luladdad.
Jaques Wagner — que era o primeiro
da lista no “plano B” do PT, mas preferiu (sabiamente) disputar uma vaga no
Senado — chegou mesmo a reconhecer que o partido deveria ter desistido da candidatura
própria e apoiado Ciro Gomes. Aliás,
Lula atuou nos bastidores para minar
as chances de Ciro chegar ao segundo
turno, e agora está colhendo o que plantou: o cangaceiro de araque (Ciro é paulista de Pindamonhangaba)
viajou para a Europa e seu irmão Cid,
durante um ato de campanha petista no Ceará,
disse à patuleia que o PT deveria ter pedido desculpas pelas “besteiras que
fizeram”, por “aparelharem as repartições públicas” e por “acharem que eram os
donos de um país que não aceita ter dono”. O circo pegou fogo, como se pode conferir no
vídeo que eu inseri na postagem anterior (são cerca de 4
minutos, mas que valem cada segundo).
Observação: Para não perder a liderança da esquerda, o
presidiário de Curitiba barrou de todas as maneiras a aliança com o PDT, inclusive
ameaçando o PSB de lançar candidato em Pernambuco se o partido apoiasse Ciro. Agora, quando tudo indica que Inês é morta, surgem dentro do próprio PT sugestões de lançar a candidatura de Ciro em 2022.
A pouco mais de uma semana do segundo turno,
combater Bolsonaro com um discurso
genérico sobre valores e democracia, direcionado a um eleitorado eminentemente
antipetista, me parece perda de tempo. Mesmo que atraísse para si todos os votos
brancos e nulos, o fantoche de Lula não
conseguiria vencer o adversário, e roubar seus eleitores é uma missão quase
impossível, pois quem vota no capitão não vota no PT. Além disso, a ideia de
formar uma aliança pluripartidária “a favor da democracia” não só não deu
certo como foi desmentida (ou talvez por não ter dado certo é que foi
desmentida) pelo próprio Jaques Wagner.
Bolsonaro tenta se mostrar menos radical e vem evitando os debates (que decididamente não
são a sua praia). Pode ser uma boa estratégia: com ou sem debates, os que votaram nele não mudarão seu seu votos, assim como os seguidores da seita do
inferno também não o farão. Se o candidato do PSL conseguir controlar seus verdadeiros adversários — que são ele próprio, seu vice e seu
staff, que nem sempre cantam em coro e não raro cometem erros primários em seus
pronunciamentos —, sua vitória está praticamente assegurada.
Observação: Bolsonaro deve passar por nova avaliação médica nesta
quinta-feira, 18, quando será liberado (ou não) para participar de debates
televisivos. Desde que teve alta, ele gravou transmissões ao vivo quase que
diárias nas redes sociais, deu entrevistas a rádios e emissoras de TV e
participou de alguns atos públicos, mas não dos debates programados pela Band, Gazeta e Rede TV. E o
mesmo deve ocorrer no do SBT, que
estava previsto para esta quarta-feira. E ainda que seja liberado pelos médicos, ele pode não participar dos debates da Record
e da Globo, programados
respectivamente para os próximos dias 21 e 26. Segundo o UOL, o capitão só irá aos debates
“se achar que deve; se achar que não, não vai participar”. A Band remarcou seu para a próxima
sexta-feira, “a depender da decisão que os médicos tomarão na quinta e que o
próprio Bolsonaro tomará na
sequência”, segundo o jornalista Ricardo Boechat,
escalado para mediar o debate.
Os próximos anos não serão fáceis, independentemente de quem for o presidente da vez, pois sua popularidade irá evaporar tanto se ele se empenhar nas reformas necessárias ao combate do desequilíbrio fiscal quanto se não
as levar adiante. Todavia, considerando os presidenciáveis que disputarão o segundo
turno, o Brasil sairá do pleito mais dividido do que nunca.
Com bem
salientou Mario Vitor Rodrigues na
Gazeta do Povo, “se somarmos à inabilidade política do grupo que tende a
assumir o poder o seu voluntarismo para ferir estruturas básicas no senso
comum e o fato de que não há função mais talhada para a esquerda do que jogar
pedra na vidraça, talvez o bolsonarismo encontre a sua verdadeira vocação em
poucos anos, qual seja reavivar uma esquerda que tinha tudo para passar um bom tempo
no ostracismo, não fosse ela convidada para uma festa em que sempre soube muito
bem como se comportar”.
Para relembrar, veja como age o candidato que se diz pronto para debater com quem for e em qualquer lugar:
Para relembrar, veja como age o candidato que se diz pronto para debater com quem for e em qualquer lugar:
E para encerrar, uma foto que traduz com rara sensibilidade como a maioria de nós se sente em relação ao cenário político:
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