Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do
primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história,
analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até
passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de
Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.
Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do
primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o
Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de
voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o
único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).
Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores
de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca
de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros
dois pontos.
Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro
como segunda opção, 13% apontam Marina,
12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os
menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm
trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de
seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo
eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.
O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua
unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista
representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta
de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.
Os números não mentem, mas podem estar
errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em
respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo
a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção,
pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois
entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.
O que há de claro em tudo isso é que nada
está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade”
(embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao
“barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por
políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de
distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados
do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.
O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na
propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa
vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida
campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de
egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.
Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e
chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando
os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e
está por onda. Já tivemos a onda Marina,
a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a
última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de
eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem
impedir o retorno do PT. E é esse o
eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá
fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de
magia.
Se nada mudar até amanhã,
falaremos mais um pouco de Alckmin e
seu imprestável partido.
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