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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ELEIÇÕES — O DEUS NOS ACUDA DAS DERRADEIRAS SEMANAS



Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.

Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).

Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros dois pontos.

Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro como segunda opção, 13% apontam Marina, 12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.

O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.

Os números não mentem, mas podem estar errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção, pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.

O que há de claro em tudo isso é que nada está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade” (embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao “barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.

O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.

Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e está por onda. Já tivemos a onda Marina, a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem impedir o retorno do PT. E é esse o eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de magia.

Se nada mudar até amanhã, falaremos mais um pouco de Alckmin e seu imprestável partido.

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