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domingo, 23 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - O ABRAÇO DOS AFOGADOS




Para concluir o raciocínio que eu vinha desenvolvendo nas últimas postagens:

A exatos 14 dias do primeiro turno, o que se tem é uma “quase certeza” de que Jair Messias Bolsonaro está escalado para o segundo tempo, mas não se sabe se o jogo será contra Ciro, Haddad, Alckmin ou Marina.

Em tese, o tucano seria o adversário mais provável, mas na prática a teoria é outra. Tanto assim que FHC sugeriu uma união entre os partidos de centro em torno de Alckmin, para evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Haddad. Mas foi em vão: ao contrário do que o grão-mestre do tucanato esperava (ou imaginava, ou achava que haveria uma chance, por menor que fosse), ninguém se mostrou minimamente interessado em abdicar da própria candidatura para apoiar a campanha moribunda de um candidato que foi derrotado por Lula em 2006 e a quem sobra vontade, mas faltam atitude, firmeza e competitividade.

No sábado 22, o ex-presidente usou o Twitter para dizer que sua carta foi direcionada “aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos”, e que há meses defende a criação do que chama de centro popular e progressista. “Anda há tempo para deter a marcha da insensatez; como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico”, ponderou o tucano dos tucanos — que, aos 87 anos, deveria vestir seu pijama de bolinhas e assistir às patacoadas de seu contemporâneo Sílvio Santos, que só continua à frente do programa homônimo porque é o dono da emissora.

Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, disse ser mais fácil “boi voar de costas” do que o chamado centro se unir no primeiro turno. “O FHC não percebe que ele já passou. A minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”. Marina afirmou que o PSDB passa pelos mesmos problemas do PT e que “fazer um discurso para que haja uma união e dizer que o figurino cabe no candidato do seu partido talvez não seja a melhor forma de falar em nome do Brasil”.

Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.

ObservaçãoÉ curioso que um heptarréu condenado e preso fosse campeão absoluto de intenções de voto até a farsa da sua candidatura ser desmontada pelo TSE, enquanto Aécio, que se tornou réu por corrupção passiva e obstrução da justiça em abril deste ano e sequer foi cassado (embora devesse tê-lo sido, mas isso já é outra conversa) se tornou personae no grata a tal ponto que resolveu desistir de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga de deputado federal. Quando mais não seja, isso é a prova provada de como funciona a cabeça da militância petista (se é que petista tem cabeça).

Fato é que a famigerada propaganda eleitoral obrigatória vem sendo veiculada desde o início deste mês sem surtir o efeito esperado por Alckmin. Por ser o candidato com maior tempo de exposição no rádio e na TV, o tucano foi considerado o presidenciável mais vivo de 2018, mas revelou-se um vivo tão morto que o eleitorado cativo do PSDB lhe enviou coroas de flores, migrando maciçamente para Bolsonaro. E o grão-mestre do tucanato, com sua carta da última quinta-feira, como que jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife do correligionário.

“Ante a dramaticidade do quadro atual”, ponderou FHC, “ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.” 

Na visão de Josias de Souza, tudo faria muito sentido não fosse um singelo detalhe: a raiva do eleitor. Em 2018, os caciques continuam fazendo política com os pés no mundo da Lua. Promovem os mesmos cambalachos de sempre. Em órbita, não se deram conta de que uma parcela considerável da população já não parece disposta a fazer o papel de gado. De repente, a grama da enfermaria do Einstein e da cadeia de Curitiba pareceram mais verdes.

Até o momento, as pesquisas apontam Bolsonaro como franco-favorito, mesmo sem ele ter participado de qualquer ato de campanha desde o dia 7 e de seu tempo na TV mal dar para um piscar de olhos. Paralelamente, o pau-mandado de Lula, que até recentemente não passava de um ilustre desconhecido, já domina as intenções de voto no nordeste. Mas aqui vale lembrar que as características culturais e socioeconômicas do povo nordestino dão mais peso à TV do que às redes sociais, sem falar que o dublê de pai dos pobres e criminoso condenado é tão cultuado por lá quanto o padim Ciço. Enfim, a cada minuto nasce um otário neste mundo, e os que nascem no Brasil vêm com título eleitoral e estrelinha do PT enfiada no rabo.  

Segundo O Globo, a campanha de ataques vai se acirrar na reta final, e a julgar pelo que se viu até aqui o capitão gancho pode sobreviver a novas críticas, embora os tucanos insistam em dizer que ele apenas está capitalizando o voto antipetista. A Alckmin resta concentrar seu poder de fogo contra Bolsonaro e Haddad e rezar para ganhar uns votos e roubar outros. 

Mas esse nunca foi o estilo do picolé de chuchu. E cães velhos não aprendem truques novos.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ELEIÇÕES — O DEUS NOS ACUDA DAS DERRADEIRAS SEMANAS



Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.

Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).

Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros dois pontos.

Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro como segunda opção, 13% apontam Marina, 12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.

O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.

Os números não mentem, mas podem estar errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção, pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.

O que há de claro em tudo isso é que nada está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade” (embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao “barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.

O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.

Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e está por onda. Já tivemos a onda Marina, a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem impedir o retorno do PT. E é esse o eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de magia.

Se nada mudar até amanhã, falaremos mais um pouco de Alckmin e seu imprestável partido.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A 20 DIAS DO PRIMEIRO TURNO O CENÁRIO É DESOLADOR



O cenário é desolador: de um lado, o testa-de-ferro do presidiário de Garanhuns se metamorfoseia no próprio para beber de sua escandalosa popularidade; do outro, um extremado de direita, campeão tanto em intenções de voto quanto em rejeição, parece ter garantido um lugar no segundo turno (sabe Deus contra que ele disputará então). É nesse clima de amor e ódio que as eleições batem à porta — faltam menos de 20 dias para o primeiro turno.

O atentado contra a vida do Capitão Caverna demonstra claramente a que ponto chegou a intolerância dos brasileiros, que parecem achar a violência uma alternativa “natural” na solução dos conflitos políticos. O candidato do PSL, por sua vez, bota mais lenha na fogueira, dizendo, dentre outras bobagens, que “é necessário metralhar a petralhada, fuzilar uns 30 mil, a começar pelo ex-presidente FHC”. Não vou fazer aqui um juízo de valor, mas apenas ponderar que tanta truculência pega mal, sobretudo vinda de alguém que postula a presidência desta Banânia.

Haddad e o PT apostam na memória curta do povão, requentando, em seus discursos de campanha, os “bons tempos do governo Lula”, mas se esquecendo, muito convenientemente, que Dilma quase quebrou o Brasil — e só não quebrou porque foi apeada do cargo antes de terminar sua obra. Curiosamente, numa entrevista concedida ontem ao G1, o "laranjão" passou a negar que, se eleito, concederia um indulto presidencial ao comandante da ORCRIM (veja aqui).

Dos demais postulantes ao Planalto, Ciro, Marina e Alckmin fazem de tudo para granjear votos entre os indecisos. O tucano, insípido a mais não poder (daí seu apelido de “picolé de chuchu”), acreditava — ou dizia acreditar — que sua campanha decolaria com a propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV. Não foi o que aconteceu, e agora, bombardeado até mesmo por colegas de partido, trabalha com uma nova data para o “arranque”: 20 de setembro. E, dizem, torce para que Haddad cresça ainda mais nas pesquisas, apostando que o medo do PT (e de Bolsonaro não ser capaz de vencer o laranja do presidiário) levará o levará [Alckmin] ao segundo turno. Resta combinar com os eleitores.

Voltando aos líderes das pesquisas: Merval Pereira lembrou em sua coluna da última terça-feira que os fantasmas de Lula e Bolsonaro assombram o segmento razoavelmente esclarecido da população. Fantasmas, diz ele, porque, ainda que por razões diferentes, ambos estão afastados da campanha; o primeiro por estar cumprindo pena, o segundo por estar num leito da unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, sem previsão de alta e muito menos de voltar às atividades de campanha. Pondera ainda o jornalista que um fantasma da história recente deste país, que foi a escolha dos vices, aterroriza ainda mais os cidadãos de bem: supondo Bolsonaro fosse eleito e não estivesse em condições de assumir a presidência em janeiro, quem governaria seria o polêmico General Mourão, que fala de autogolpe como se falasse que vai ali na esquina e já volta.

Seria uma repetição como farsa da tragédia de Tancredo. E o que dizer de Haddad, que tem como vice a Manuela d’Ávila, política inexperiente do radical PCdoB? Outros fantasmas assombram, como a possibilidade de um autogolpe, seja por parte de Bolsonaro, que já tem militares da reserva defendendo abertamente a intervenção “em caso de caos”, seja por parte do PT, cujos dirigentes já anunciam que a prioridade é inocentar Lula, mas não através de recursos ao Judiciário, e sim pela iniciativa do novo presidente de indultá-lo, o que seria um golpe contra o Estado de Direito. Não à toa os dois falam em golpe. Primeiro foi o PT, que dizia que “eleição sem Lula é golpe”. Agora é Bolsonaro, que põe em dúvida a lisura do pleito, sugerindo que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Triste Brasil!

Para concluir, segue um texto (brilhante como sempre) do jornalista J.R. Guzzo:

O cidadão é alarmado, de cinco em cinco minutos, por bulas de advertência que afirmam que a eleição, a democracia e a Constituição estão sendo ameaçadas. Mas, por trás das notas oficiais e das outras mentiras prontas que são normalmente utilizadas para enganar o brasileiro comum, quem está realmente querendo destruir as eleições de outubro? Uma coisa é certa, segundo se pode verificar pelos fatos à vista do público: não são os generais do Exército, sejam eles da reserva ou da ativa, ou os oficiais de quaisquer das três Armas. A turma que quer virar a mesa, hoje, está exatamente do outro lado. Eles gritam “cuidado com o golpe”, com a “pregação do ódio”, com o “discurso totalitário” etc. etc. Mas parecem cada vez mais com o batedor de carteira que, para disfarçar o que fez, sai gritando “pega ladrão”.

É impossível cometer uma violência tão espetacular numa campanha eleitoral quanto a tentativa de assassinato praticada contra o candidato Bolsonaro — mais que isso, só matando. O homem perdeu quase metade do sangue depois que a faca do criminoso rasgou seus intestinos, o cólon e artérias vitais. Sofreu cirurgia extensa, demorada e altamente arriscada — e passará por outras. Só está vivo por um capricho da fortuna, mas foi posto para fora da campanha eleitoral justamente no momento mais decisivo. Poderia haver alguma agressão maior ou pior do que essa contra um candidato? É claro que não.

O fato é que a tentativa de homicídio, cometida por um cidadão que foi militante durante sete anos da extrema esquerda, como membro do PSOL, desarrumou todo o programa contra a boa ordem da eleição presidencial. O roteiro, desde sempre, prevê que a esquerda fique no papel de vítima e Lula no de mártir, “proibido” de se candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o contrário: a vítima acabou sendo justamente quem estava escalado para o papel de carrasco.

A opção da esquerda para enfrentar a nova realidade parece estar sendo “dobrar a meta”. Nada representa com tanta clareza essa radicalização quanto o esforço para fazer com que as pessoas acreditem que a tentativa de matar Bolsonaro foi apenas um incidente de campanha, “um atentado a mais”, coisa de um doidão que podia fazer o mesmo com “qualquer um” — na verdade uma coisa até natural, diante da “pregação da violência” na campanha. Ninguém foi tão longe nessa trilha quanto a responsável por uma “Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão”, repartição pública que você sustenta na Procuradoria-Geral da República. Depois de demorar quatro dias inteiros para abrir a boca sobre o crime, a procuradora Deborah Duprat soltou uma nota encampando a história de que houve “mais um ataque”. E quais foram os outros? Segundo a procuradora, o “tiro” que teria sido disparado meses atrás na lataria inferior de um ônibus no qual Lula circulava tentando fazer campanha no Paraná, escorraçado de um lado para outro pelos paranaenses.

Que tiro foi esse? Tudo o que se tem até agora a respeito, em termos de provas materiais, é um buraco na carroceria do ônibus — não há arma, não há autor, não há testemunha, não há nada. Mas a procuradora acha que isso é a mesma coisa que a agressão que quase matou Jair Bolsonaro. Acha também que a história se “conecta” com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco — vítima, possivelmente, de um acerto de contas entre criminosos. Enfim, joga a culpa da facada no próprio Bolsonaro, por elogiar “o passado ditatorial” do Brasil e ser contra as “políticas de direitos humanos”. Não chega nem a ser uma boa mentira — é apenas má-fé, como a “ordem da ONU” para o Brasil deixar Lula ser candidato, ressuscitada mais uma vez.

Se há um país que está em dia com as suas obrigações junto à ONU, esse país é o Brasil. Acaba de cumprir, entre 2004 e 2017, treze anos de missão de paz no Haiti, em que participaram 38 000 militares brasileiros — dos quais 25 morreram. Seu desempenho foi aplaudido como exemplar; não houve um único caso de violência ou desrespeito aos direitos humanos de ninguém, do começo ao fim da operação. Mas o Complexo Lula-PT-esquerda prega que o Brasil é um país “fora da lei” internacional, por não obedecer a dois consultores de um comitê da ONU que decidiram anular a Lei da Ficha-Limpa. Estão, realmente, apostando tudo na desordem.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A BOLA DE CRISTAL DAS PESQUISAS ELEITORAIS



A pouco mais de 20 dias das eleições, não há nada de novo no front senão o fato de a propaganda política obrigatória dos presidenciáveis estar apinhada de acusações de parte a parte. Infelizmente, isso nada acrescenta de produtivo. Claro que os eleitores “mais esclarecidos” não dão bola para esse famigerado horário político, mas o grosso da população depende dele para se informar, e é aí que a porca torce o rabo.

Depois que o PT finalmente exorcizou o egun mal despachado — ao menos oficialmente, já que Haddad, o poste, não passa do alter ego, da marionete, do títere, do pau mandado, do esbirro, do capacho do cafetão da hipocrisia preso em Curitiba, como o ex-prefeito deixou bem claro em seu primeiro pronunciamento como candidato, as pesquisas de continuam apontando Bolsonaro como o franco favorito. Mas quem ele enfrentará no segundo turno é uma incógnita, e aí é que são elas.

Observação: Tenho cá minhas reservas em relação a pesquisas feitas por amostragem, sobretudo num país de dimensões continentais e realidades socioeconômicas muito distintas. Digam o que disserem os institutos responsáveis, não há como comparar suas abordagens a um exame de sangue, onde alguns decilitros permitem avaliar a saúde do paciente. Não vejo como as respostas fornecidas por dois ou três mil entrevistados em algumas centenas de localidades possam ser tomadas como um indicativo seguro do que farão 147 milhões de eleitores espalhados por 5.600 municípios. Basta lembrar que João Doria, ora candidato a governador de São Paulo, era apontado como inviável pelas pesquisas eleitorais de 2016 e derrotou Fernando Haddad logo no primeiro turno das eleições municipais daquele ano.  

A última pesquisa Datafolha favoreceu Ciro Gomes e foi cruel com Marina Silva. Mas ambos colheram frutos políticos da prisão do ex-governador tucano Beto Richa (e esposa) e do depoimento Antonio Palocci. Bolsonaro tem votos consolidados, embora sua imagem ainda possa ser desconstruída, sobretudo porque ele está temporariamente impedido de participar de atos de campanha. Alckmin voltou a crescer em São Paulo, mas sua notória sensaborice não ajuda em nada, sem falar que a imagem do PSDB não é muito melhor do que a do PT e outros partidos mergulhados até os beiços no lamaçal da corrupção. Dos demais candidatos que aparecem entre os mais cotados não há muito o que dizer (uma pena, pois Amoedo seria uma alternativa interessante). Já dentre os que arrastam a lanterninha, o cabo Daciolo e Vera Lúcia... bem, seria mais apropriado falar deles na seção de humor negro, caso este Blog tivesse uma.

Voltando a Haddad, que tem vinte e poucos dias para mostrar que não é o “Andrade”, é curioso notar que ele vale do jogo de palavras “Lula é Haddad e Haddad é Lula”. Resta saber quem é o sujeito da frase, ou por outra, se um é o outro e o outro é o um, quem mandará no país se o partido vencer a disputa eleitoral? Indagado sobre o tema, Haddad sai pela tangente dizendo ser o candidato de um "projeto coletivo”. Ciro Gomes diz que, se eleito fosse, o petista seria um “presidente por procuração”. Em carta ao ex-prefeito, o próprio Lula disse a mesma coisa, ainda que com outras palavras: “Você vai me representar nessa caminhada de volta à presidência da República, para realizar novamente o governo do povo e da esperança”. Traduzindo: Lula deixa claro que Haddad o representa, mas quando fala “na caminhada de volta à presidência” está se referindo a ele mesmo, não ao candidato formal do partido.

Observação: Ciro foi além nos ataques. Sobre o general Mourão, vice na chapa do PSL, disse várias vezes que o militar da reserva é um jumento de carga, e que o “Exército de Caxias deve estar com vergonha”. Não satisfeito, disse ainda que os filhos de Bolsonaro são “estranhíssimos”, e que o candidato do PSL não aprendeu nada com o atentado que sofreu (referindo-se à foto do ex-capitão no hospital, fazendo seu gesto de imitar com as mãos armas em punho).

Na avaliação de Helio Gaspari, o PT perdeu pelo menos uma semana de propaganda ao esticar desnecessariamente a corda e levar seu ora candidato a entrar no jogo com o patrimônio dos bons tempos de Lula e com a bola de ferro das malfeitorias do petismo. O próprio Haddad também perde tempo embrulhando o mensalão e as petrorroubalheiras numa delirante teoria da conspiração. PT e Bolsonaro sonham em chegar ao segundo turno tendo o outro como adversário. Mas todas as projeções feitas com base nas famigeradas pesquisas nos levam à mesma pergunta: qual será a capacidade de transferência de Lula? Bolsonaro tem 24%; Ciro, Marina e Alckmin, somados, 34%. Haddad tira o tom de fantasia em que o PT envolveu sua participação na disputa. É tão pesado quanto o foi Dilma na sua primeira campanha, mas enquanto o poste de 2010 tinha a alavanca do poder e do sucesso lulista, o ex-prefeito de São Paulo depende do prédio da carceragem de Curitiba.

Para Ascânio Seleme, o quadro atual aponta que Ciro, Alckmin e Haddad são os candidatos a derrotar Bolsonaro. Marina muito provavelmente estará fora do segundo turno, e o capitão do PSL deverá chegar lá, mas apenas para perder no dia 28 de outubro — apesar de ser líder em todas as pesquisas de intenção de votos, ele não é o favorito desta eleição. Ciro cresceu nas pesquisas, chegando a se isolar no segundo lugar (segundo o Datafolha). Alckmin e Haddad só o alcançam no limite da margem de erro. Mas isso não garante que que ele passe para o segundo turno, mesmo tendo a mais baixa rejeição entre os concorrentes. Até porque sua coligação é ridícula em tamanho, tendo apenas o Avante ao seu lado, e com pouco tempo de TV terá de se valer do noticiário e dos debates para se manter bem posicionado na disputa.

Dentre os três contendores de Bolsonaro, Alckmin é o mais pesado, o mais difícil de ser carregado, mas também o que tem mais tempo de exposição na propaganda obrigatória. Resta saber como ele irá administrar essa vantagem, se retomará os ataques a Bolsonaro levando ao eleitor o caráter homofóbico e misógino do candidato do PSL e a ideia de que armar a população resolve o problema da segurança. Trata-se de um trunfo arriscado, poi o menor deslize pode parecer contraditório, já que, no aspecto econômico, Bolsonaro (leia-se Paulo Guedes) e Alckmin são parecidos. Demais disso, o inimigo em quem Alckmin deve bater é o PT, já que Haddad vem crescendo na sombra de Lula — ainda que precise comer muito feijão para superar Alckmin, Marina e, sobretudo, Ciro, seu principal adversário e com quem divide os votos da esquerda, dos órfãos de Lula (*). Haddad só voltará a ser Haddad se for eleito. Antes disso, será o estepe do ex-presidente preso. Detalhe: o discurso de sua candidatura vai centrar mirar no governo Temer, a quem culpará por todos os problemas criados pela gestão de Dilma. Aliás, PT e Haddad vão fingir que Dilma nunca existiu — um discurso tão fácil quanto falso, mas que, sem desmentidos dos demais candidatos, poderá até colar.

(*) Estima-se que, com Lula fora do páreo, quatro de cada 10 eleitores terão de escolher outro candidato, e para evitar que Haddad leve todos esses votos, Ciro precisa precisa desgastá-lo sem melindrar os órfãos do lulismo. O cangaceiro de Pindamonhangaba já tentou fazer isso em recente sabatina promovida por O GLOBO, batendo no candidato do PT mas poupando quem o escolheu: “O Brasil não precisa de um presidente por procuração. O Brasil não aguenta uma outra Dilma”, disse, ao mesmo tempo em que enaltecia Lula, a quem chamou de “amigo de longa data” e a quem teria apoiado em todos os momentos nos últimos 16 anos. Disse ainda que “é preciso ‘relativizar” os erros do ex-presidente, que estaria isolado na cadeia e cercado de puxa-sacos. Marina, por seu turno, defendeu a condenação do ex-presidente que a nomeou ministra do Meio Ambiente em 2003. “Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção”, ponderou, além de afirmar que apoiou o impeachment por convicção: “Houve crime de responsabilidade”. Ela repetiu o discurso de que a reeleição de Dilma teria sido uma fraude devido ao uso de caixa dois, mas não mencionou as delações da Odebrecht que também ligaram a prática à campanha de Eduardo Campos, de quem foi vice até o acidente aéreo que o matou, a menos de 3 meses do primeiro turno das eleições de 2014. Em queda nas pesquisas, a sonhática indicou que não está disposta a cortejar o eleitorado lulista para permanecer viva na disputa. Ninguém pode alegar surpresa. Ela já havia escolhido este caminho há quatro anos, quando apoiou Aécio Neves no segundo turno da eleição.

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