Para concluir o raciocínio que eu vinha desenvolvendo nas
últimas postagens:
A exatos 14 dias do primeiro turno, o que se tem é uma “quase
certeza” de que Jair Messias Bolsonaro está escalado para o segundo tempo,
mas não se sabe se o jogo será contra Ciro, Haddad, Alckmin ou Marina.
Em tese, o tucano seria o adversário mais provável, mas na
prática a teoria é outra. Tanto assim que FHC
sugeriu uma união entre os partidos de centro em torno de Alckmin, para evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Haddad. Mas foi em vão: ao contrário do que o grão-mestre do tucanato esperava (ou imaginava,
ou achava que haveria uma chance, por menor que fosse), ninguém se mostrou minimamente interessado em abdicar da própria
candidatura para apoiar a campanha moribunda de um candidato que foi derrotado
por Lula em 2006 e a quem sobra
vontade, mas faltam atitude, firmeza e competitividade.
No sábado 22, o ex-presidente usou o Twitter para dizer que sua
carta foi direcionada “aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos”,
e que há meses defende a criação do que chama de centro popular e progressista.
“Anda há tempo para deter a marcha da
insensatez; como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o
personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico”, ponderou
o tucano dos tucanos — que, aos 87 anos, deveria vestir seu pijama de
bolinhas e assistir às patacoadas de seu contemporâneo Sílvio Santos, que só continua à frente do programa homônimo porque
é o dono da emissora.
Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, disse ser mais fácil “boi
voar de costas” do que o chamado centro se unir no primeiro turno. “O FHC não percebe que ele já passou. A
minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas
que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”. Marina afirmou que o PSDB
passa pelos mesmos problemas do PT e
que “fazer um discurso para que haja uma união e dizer que o figurino cabe no
candidato do seu partido talvez não seja a melhor forma de falar em nome do
Brasil”.
Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.
Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.
Observação: É curioso que um heptarréu condenado e preso fosse campeão absoluto de intenções de voto até a farsa da sua candidatura ser desmontada pelo TSE, enquanto Aécio, que se tornou réu por corrupção passiva e obstrução da justiça em abril deste ano e sequer foi cassado (embora devesse tê-lo sido, mas isso já é outra conversa) se tornou personae no grata a tal ponto que resolveu desistir de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga de deputado federal. Quando mais não seja, isso é a prova provada de como funciona a cabeça da militância petista (se é que petista tem cabeça).
Fato é que a famigerada propaganda eleitoral obrigatória vem
sendo veiculada desde o início deste mês sem
surtir o efeito esperado por Alckmin. Por ser o candidato com
maior tempo de exposição no rádio e na TV, o tucano foi considerado o
presidenciável mais vivo de 2018, mas revelou-se um vivo tão morto que o
eleitorado cativo do PSDB lhe enviou
coroas de flores, migrando maciçamente para Bolsonaro. E o grão-mestre do tucanato, com sua carta da última
quinta-feira, como que jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife do
correligionário.
“Ante a dramaticidade do quadro atual”, ponderou FHC, “ou se busca a coesão política,
com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais
capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de
um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará
ao aprofundamento da crise econômica, social e política.”
Na visão de Josias de Souza, tudo faria muito
sentido não fosse um singelo detalhe: a raiva do eleitor. Em 2018, os caciques
continuam fazendo política com os pés no mundo da Lua. Promovem os mesmos
cambalachos de sempre. Em órbita, não se deram conta de que uma parcela
considerável da população já não parece disposta a fazer o papel de gado. De
repente, a grama da enfermaria do Einstein e da cadeia de Curitiba pareceram
mais verdes.
Até o momento, as pesquisas apontam Bolsonaro como franco-favorito, mesmo sem ele ter participado de qualquer ato de campanha desde o dia 7 e de seu tempo na TV mal dar para um piscar de
olhos. Paralelamente, o pau-mandado de Lula,
que até recentemente não passava de um ilustre desconhecido, já domina as
intenções de voto no nordeste. Mas aqui vale lembrar que as características culturais e
socioeconômicas do povo nordestino dão mais peso à TV do que às redes sociais,
sem falar que o dublê de pai dos pobres e criminoso condenado é tão
cultuado por lá quanto o padim Ciço. Enfim, a cada minuto nasce um otário neste mundo,
e os que nascem no Brasil vêm com título eleitoral e estrelinha do PT enfiada no rabo.
Segundo O Globo, a
campanha de ataques vai se acirrar na reta final, e a julgar
pelo que se viu até aqui o capitão gancho pode sobreviver a novas críticas, embora os tucanos insistam em dizer que ele apenas está capitalizando o voto antipetista.
A Alckmin resta concentrar seu poder
de fogo contra Bolsonaro e Haddad e rezar para ganhar uns votos e roubar outros.
Mas esse nunca foi o estilo do picolé de chuchu. E cães velhos não aprendem
truques novos.
Visite minhas comunidades na Rede .Link: