É CARNAVAL! VAMOS PULAR ATÉ O BRASIL MELHORAR.
Com o fim do recesso do Legislativo, Arthur Lira está de novo no noticiário, pleiteando, cobrando, exigindo... Sua nova ameaça de aplicar rasteiras no governo se deve à hipotética falta de um articulador político no Planalto. Mas a alegação é tão falsa quando o espírito público do alegante. Há no governo uma inflação de articuladores, além, é claro do Sun Tzu de Atibaia, que acontece de ser o verdadeiro alvo de Lira. A despeito do que afirma o imperador da Câmara, essa falastrice de melhorar a comunicação entre os Poderes é impulsionada pelo vil metal — invenção humana sem a qual Lira não daria a Lula e seus articuladores nem um bom-dia.
Centrão e adjacências se autoconcederam R$ 53 bilhões em emendas orçamentárias para 2024, o Planalto vetou R$ 5,6 bilhões. Lira ficou puto. Segundo ele, a "burocracia técnica" de Brasília "não foi eleita" e "não gasta sola do sapato percorrendo pequenos municípios" como os parlamentares. O raciocínio ignora dois fatos: 1) Lula também foi batizado nas urnas; 2) A Constituição atribuiu ao Legislativo o dever de aprovar o Orçamento, mas não retirou do Executivo a prerrogativa de executá-lo. De resto, proliferam no Congresso dois tipos de parlamentares: os pouco adestrados para usar o dinheiro alheio, que o desperdiçam, e os adestrados em excesso, que o subtraem. Lira é do tipo que destina verbas à compra superfaturada de kits de robótica para escolas alagoanas que não dispõem de Internet nem de saneamento básico. Pilhado, providencia para que o Supremo envie provas vivas para o arquivo morto. Isso não é falta de coordenação política, é caso de polícia!
O Brasil é conhecido como o "país do Carnaval, mas essa festa pagã foi trazida da Europa. Com os colonizadores, veio o entrudo; na sequência, vieram os cordões, ranchos, bailes de salão, corsos, afoxés, frevos e maracatus. O nome provém da expressão latina carnis levale — o jejum da carne e de outros prazeres mundanos que a igreja proíbe durante a Quaresma.
Observação: Desde priscas eras que a santa madre Igreja induz os fiéis a acreditar que os maus serão punidos e os bons, recompensados (não necessariamente "nesta vida"). Mas o Vaticano jamais enfrentou a chaga da pedofilia em suas entranhas, e os templos evangélicos estão apinhados de pastores "papa-dízimo", mais sujos do que pau-de-galinheiro.
O abuso do álcool durante o Carnaval é notório. E as consequências sempre vêm depois, como ensinou o Conselheiro Acácio. Dor de cabeça, tontura, fadiga e náuseas são alguns dos desconfortos que acometem os bocas-de-litro na manhã seguinte ao pifão. Mas eles não são causados pelo "canapé com jeitão de vencido" ou pelo "camarão estragado no recheio da empadinha" (que parecia tão fresquinha!). O nome desse conjunto de sintomas é ressaca, e a ressaca sucede ao porre como o dia sucede à noite. É tão infalível quanto a morte e os impostos. Quanto mais você bebe, mais severo é o castigo na manhã seguinte (ou ao longo de todo o dia seguinte, pois há casos em que essa entrevista com o diabo dura mais de 24 horas).
Se a abstinência não é uma opção para você durante o Reinado de Momo, forre o estômago antes de beber e alterne as doses de manguaça com copos d’água, suco ou refrigerante. Mas não exagere, ou parte do que você ingeriu se tornará parte da decoração do salão e da fantasia dos foliões mais próximos.
O álcool da cerveja é o mesmo do uísque, do vinho, da vodca, do conhaque, e por aí afora. O que muda é a concentração. Quem está sempre em guerra com a balança deve ter em mente que uma latinha de cerveja (ou uma garrafinha tipo long neck) contém de 150 a 200 Kcal. Para queimá-las, uma pessoa de 70 quilos precisa andar pelo menos dois quilômetros. Claro que folião que se preza pula feito perereca, mas, ao contrário do dinheiro, calorias são mais fáceis de ganhar que de gastar.
A ressaca tende a se manifestar de 6 a 8 horas depois do pifão. A duração do desconforto varia de pessoa para pessoa e depende da quantidade de manguaça ingerida. Por alguma razão, os sintomas costumam surgir depois que o álcool é metabolizado. Então, a menos que você entre em coma alcoólica (caso em que se deve procurar um pronto-socorro), deixe o organismo processar naturalmente o excesso de álcool (ou regurgitá-lo). Nesse entretempo, evite comidas ácidas, gordurosas ou de difícil digestão. Torradas com mel ou geleia no café da manhã, uma sopa ou salada de legumes cozidos no almoço, muito líquido e uma boa dose de paciência irão deixá-lo "pronto pra outra".
Ao contrário do que afirmam os bebuns de carteirinha, ressaca não se cura com mais álcool. Um trago ou dois podem aliviar os sintomas no curto prazo — e servir de justificativa para tomar mais manguaça ao acordar, mesmo quando não se está de ressaca. Mas em algum momento o nível de álcool no organismo terá de baixar.
Observação: Uma possível exceção é o Bloody Mary — receita criada pelo francês Fernand Petiot, que pilotava o balcão do Harry’s New York Bar nos anos de 1920. A mistureba leva vodca, suco de tomate e de limão, pimenta (do reino e tabasco), gelo e sal, e é tiro e queda na cura da ressaca. Ou pelo menos é o que juravam manguaceiros notórios, como Frank Sinatra, Judy Garland, Humphrey Bogart, Sammy Davis Jr., Jerry Lewis, Dean Martin e Liz Taylor, todos fãs de carteirinha da beberagem que, durante a vigência da Lei Seca, foi a saída perfeita para confundir autoridades. (O nome viria em 1934, no bar nova-iorquino do Hotel St. Regis Sheraton, nos Estados Unidos.)
Se você for apanhado pela "mardita", manter o organismo hidratado diminui a concentração do álcool e facilita sua metabolização, minimizando os sintomas e compensando parte da perda de água pela urina, diarreia ou vômito (que causa a famosa secura na boca, geralmente acompanhada do gosto de corrimão de escada de repartição pública). Além de beber muita água (natural, gelada, com ou sem gás), café e chá pode ajudar, já que a cafeína bloqueia os receptores de adenosina. Mas fuja de chazinhos "milagrosos", como o de hibisco, e de outras misturebas "mágicas", como suco verde, de quinoa etc. Se você gosta de chá, tome o chá que você costuma tomar. Se não gosta, tome água de coco, que é o melhor hidratante natural que existe.
Observação: Analgésicos aliviam a dor de cabeça, mas os que têm o acetaminofeno como princípio ativo (como é o caso do Tylenol, Dôrico, Sonridor e Paracetamol) castigam ainda mais o fígado do bebum.
Prefira refrigerantes normais a dietéticos, pois o acúcar (glicose) ajuda a metabolizar o excesso de álcool. Mas evite tomar cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas — elas até aplacam a sede carrasca, mas não reidratam o organismo (antes pelo contrário). E como o álcool precisa de carboidratos para ser processado (donde a coma alcoólica ser tratada com injeção de glicose), evitar massas e assemelhados para "compensar" as calorias da bebida e evitar um indesejável ganho de peso não é uma boa ideia.
Observação: A Safety Shot é uma bebida de sabor cítrico que promete cortar o teor de álcool no sangue pela metade em apenas 30 minutos. Segundo o fabricante, ela neutraliza os efeitos do álcool já absorvido, reduz a absorção do que resta no intestino e hidrata o organismo, mitigando os efeitos da ressaca e proporcionando uma sensação de bem-estar.
Bom Carnaval.