quarta-feira, 16 de outubro de 2019

CONHEÇA MELHOR SEU PC


SE VOCÊ É A FAVOR DA VIDA, MEUS PARABÉNS. DITO ISSO, VAI CUIDAR DA SUA, QUE DA MINHA CUIDO EU.

Ninguém precisa ser chef  para preparar uma macarronada nem engenheiro mecânico para dirigir um automóvel ou nerd para operar um dispositivo computacional. No alvorecer da computação pessoal, porém, quando não havia interface gráfica nem mouse, a coisa era mais complicada, pois tudo que se fazia era baseado em comandos de prompt digitados no teclado. Por outro lado, mesmo um motorista amador deve saber que é fundamental checar os níveis do fluído de arrefecimento e do óleo do motor regulamente, calibrar os pneus semanalmente, e que não deve esperar de um carrinho popular comprado de terceira mão na bacia das almas a mesma performance de uma Ferrari de última geração.

Mutatis mutandis, o mesmo raciocínio se aplica ao computador, daí ser importante escolher um desktop, notebook, smartphone ou tablet adequado a seu perfil, pois balizar-se somente no preço (no menor preço, melhor dizendo) é insatisfação garantida sem dinheiro de volta.

A popularização dos PCs entre usuários domésticos, no final do século passado, deveu-se principalmente à arquitetura aberta dessa plataforma, que estimulou o mercado cinza numa época em que máquinas “de grife” custavam os olhos da cara. Atualmente, quase ninguém mais recorre à integração caseira, a despeito das vantagens que ela oferece — como escolher a dedo os componentes e ajustar a configuração da máquina às suas preferências, necessidades e possibilidades, entre outras (se esse assunto lhe interessa, não deixe de ler a trinca de postagens que começa aqui).

Da mesma forma como a televisão não aposentou o rádio nem o cinema, o videocassete não aposentou a TV e o smartphone não condenou o PC de mesa ou portátil ao ostracismo, mas reduziu sobremaneira o número de usuários desse modelos. Ainda assim, algumas tarefas são mais difíceis de executar num dispositivo ultraportátil, seja devido a questões de capacidade de processamento e quantidade memória, seja por conta das limitações impostas pela tela de dimensões reduzidas e pelo tecladinho virtual.

Ainda que você não pretenda montar pessoalmente seu próximo computador, não custa ter uma noção elementar que seja de como como essa maravilha da tecnologia funciona, até porque isso é fundamental na hora de escolher o produto mais adequado a seu perfil de usuário.

Para saber o que faz a CPU (que é o processador; a caixa que abriga os componentes internos do computador se chama gabinete), as memórias física e de massa, os subsistemas de vídeo, som e rede e os demais componentes que forma o conjunto, não deixe de pesquisar o Blog, que reúne centenas de postagens (das mais de 4.300 publicadas desde a criação do site) que focam a configuração do hardware e suas sutilezas. Fica a sugestão.   

terça-feira, 15 de outubro de 2019

SANTA DULCE E OS CAROLAS DE ARAQUE


Num país que raciona o pão dos mais pobres para bancar a nababesca folha de pagamento do funcionalismo, que não tem verba sequer para comprar giz para as escolas e esparadrapo para as unidades do SUS (lembra do SUS, que Lula recomendou ao "camarada Obama" que adotasse lá nos EUA, pois era o melhor sistema público de saúde desta galáxia?), é aviltante ver uma corja de políticos (muitos dos quais deveriam estar queimando no fogo do inferno) ir ao Vaticano a expensas do contribuinte para assistir a uma cerimônia religiosa. É o fim da picada!

Foram pelo menos 30 autoridades, segundo publicou o site Poder 360. Na lista (que você pode conferir clicando aqui) figuram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, e mais uma penca de carolas de ocasião.

Como se não bastasse, no afã de participar do trem da alegria (ou esquadrilha, que até rima com quadrilha) suas excelências adiaram mais uma vez a votação da PEC previdenciária. Os seja, os cínicos não votaram assunto de interesse popular e arribaram para Roma a reboque do vice-presidente Hamilton Mourão, que viajou na condição de representante do presidente da República (enquanto Bolsonaro posava de romeiro devoto à padroeira do Brasil). Uma afronta à humildade da canonizada, que certamente reprovaria a revoada.

O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado pediu ao TCU que apure os gastos. Segundo ele, trata-se de um caso “exorbitante e fora da razoabilidade” que “afronta ao princípio da moralidade administrativa” e “serve a balizar o comportamento dos responsáveis pela Administração Pública para que eles, além de cumpriam as exigências legais, observem padrões de boa-fé.” Então tá. 

Fé tem limites. Certas coisas, só vendo para crer.

SEU CARRO TEM ANTIVÍRUS?


ÀS VEZES AS LEIS PRESTAM TANTO QUANTO AS PESSOAS ENCARREGADAS DE APLICÁ-LAS.

Vírus de computador — ou “malware” (de malicious software), pois para se enquadrar na categoria do vírus os códigos precisam preencher alguns requisitos, como foi explicado nesta postagem — são programas como outros quaisquer; a diferença fica por conta das instruções maliciosas ou destrutivas definidas por seus criadores. Usar um aplicativo de Internet Security (que combine um antimalware com firewall e outras ferramentas de segurança) não garante 100% de proteção, mas continua sendo a melhor solução, pelo menos até que alguém crie outra melhor.

Escusado descer a detalhes, até porque a segurança digital sempre foi o carro chefe aqui do Blog e boa parte das 4.300 postagens publicadas foca esse tema. Mas não custa relembrar que os riscos transcendem o uso do PC convencional (desktop ou notebook), ameaçando também usuários de smartphones, tablets, enfim... Isso porque qualquer dispositivo dispositivo controlado por um sistema operacional pode ser “infectado” (ou seja, executar códigos maliciosos), e os riscos vem crescendo em progressão geométrica com a popularização — ainda incipiente, mas enfim... — da “internet das coisas”.

Veículos nacionais de fabricação recente são bem mais sofisticados do que as “carroças” do final do século passado, notadamente devido à tecnologia embarcada. Mesmo os modelos básicos, de entrada de linha, contam atualmente com injeção eletrônica de combustível, freios ABS, vidros e travas elétricas e outros mimos impensáveis no tempo dos fuscas, brasílias, chevettes, corcéis e assemelhados.

Como forma de atrair o público mais jovem, que é mais ligado em tecnologia — e cada vez menos interessado em ter um carro para chamar de seu —, as montadoras vêm investindo pesado para conectar seus produtos à Internet. O problema é que isso tem gerado mais medo do que qualquer outra coisa, sobretudo no mercado americano, onde se vêm descobrindo dia sim, outro também, brechas de segurança que, pelo menos em tese, permitem aos crackers invadir os sistemas que controlam os veículos.

Observação
Qualquer software pode ser hackeado e tudo indica que os invasores têm potencial para acessar remotamente aplicações de veículos conectados. McAfee (divisão da INTEL responsável pelo desenvolvimento de ferramentas de segurança) reuniu um grupo de hackers conhecidos numa garagem, em algum lugar da costa oeste dos EUA, visando testar vulnerabilidades eletrônicas que poderiam expor veículos à ação dos malfeitores digitais. A conclusão foi de que a proteção contra esses riscos não vem recendo a merecida atenção por parte das montadoras, propiciando ações que vão do simples furto a colisões com consequências fatais. Como é praticamente impossível prevenir um ataque, razão pela qual o jeito é responder rapidamente com soluções que fechem as brechas conhecidas — e torcer para que outras não sejam descobertas e exploradas pelos cibercriminosos antes que os desenvolvedores dos aplicativos as identifiquem e corrijam.

Por enquanto, os veículos fabricados aqui pelas nossas bandas são relativamente seguros, e os modelos importados dos EUA não vêm com modem (dispositivo que provê conexão com a Internet e serve de porta de acesso para invasores), dada a má qualidade da infraestrutura brasileira de telecomunicações. Em outras palavras, nosso atraso tecnológico acaba funcionando como “ferramenta de segurança”.

Os veículos podem ser infectados de diversas formas, como através de um CD ou pendrive contaminado, por exemplo. Quando o usuário insere a mídia na leitora para ouvir as músicas, o código malicioso é executado pelo sistema de som do carro e percorre o restante da rede até infectar componentes críticos. Existem casos documentados de "autodestruição" — o código da inicia a uma contagem regressiva de 60 segundos, que é exibida na tela multimídia veículo, e, quando atinge o zero, desliga os faróis, trava as portas, interrompe o funcionamento do motor e libera (ou aciona, conforme o caso) os freios do carro.

Os ataques podem se valer também da tecnologia Bluetooth (transmissão de dados sem fio), de redes de telefonia móvel, da Onboard Diagnostics Port (porta de diagnóstico dos veículos) e por aí afora. A SAE International criou uma comissão formada por mais de 40 especialistas para descobrir maneiras de prevenir, detectar e neutralizar as ameaças. Segundo Bruce Snell, supervisor dos sistemas de segurança da McAfee, “se o laptop trava, o usuário pode ter um dia ruim de trabalho, mas se o carro trava, ele pode perder a vida". E ele complementa: “Não acho que as pessoas precisem entrar em pânico agora, mas o futuro é realmente assustador". Animador, pois não?

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

VALHALA FICA LÁ EM CIMA, MAS O BURACO É MAIS EMBAIXO



Asgard é o correspondente nórdico do Monte Olimpo da mitologia grega; Valhala, um majestoso e enorme salão com 540 portas, dominado pelo deus Odin; Loki, o deus da trapaça e da travessura. Isso me veio à mente junto com um versinho infantil "Caguri cagou, caiu na merda e se afogou   quando li um texto de Josias de Souza,  Vamos aos porquês.

O supremo togado que preside todos os togados supremos foi buscar lã e saiu tosquiado. A pretexto de resguardar a imagem do STF e proteger os seus membros, abriu em março uma investigação para apurar fake news e ameaças contra as togas. Decorridos sete meses, o processo revela-se uma gambiarra jurídica com potencial para eletrocutar a supremacia da Corte.

Escolhido pelo Odin de toga para atuar como relator do caso, Loki de Moraes decidiu fatiar o inquérito. Procuradores e juízes que operam na primeira instância trataram o processo de Valhala contra fake news como uma espécie de fake inquérito, e pelo menos três dessas fatias foram arquivadas.

Dois arquivamentos ocorreram em São Paulo. Em nota, o Ministério Público disse ter identificado "vício de origem e de forma" na iniciativa do monarca de Asgard. A investigação não poderia ter nascido no Judiciário, sem requisição da polícia e sem a participação da Procuradoria. De resto, as pessoas investigadas não dispunham do foro privilegiado, e que o Supremo não só acumulou os papéis de vítima, investigador e julgador, como contrariou o devido processo legal ao instaurar a investigação ex officio e descrever o objeto da apuração de forma ampla e genérica.

O terceiro arquivamento se deu na cidade mineira de Pouso Alegre, onde a Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público que apontava aberrações jurídicas em séria: violação do princípio do juiz natural, violação do sistema acusatório, alijamento da Procuradoria da investigação e a escolha sem sorteio do deus da trapaça como relator do caso.

As anomalias já haviam sido apontadas pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge, mas Odin ignorou se pedido de arquivamento do inquérito secreto. Na época, Loki reagiu às críticas como se alguma coisa lhe tivesse subido à calva pelo elevador de serviço: "Pode espernear à vontade, pode criticar à vontade", disse. "Quem interpreta o regimento do Supremo é o Supremo. O presidente abriu, o regimento autoriza, o regimento foi recepcionado com força de lei, e nós vamos prosseguir". Deu no que está dando.

A divindade poderia ter requisitado na origem, à PGR, a abertura de inquéritos. Preferiu agir por conta própria. Escorou-se no artigo 43 do regimento interno do STF, que atribui poderes para defender a Corte contra "infrações à lei penal ocorridas na sede ou dependência do tribunal", tratando todo o mapa do Brasil como uma versão hipertrofiada da sede da Suprema Corte. Aos pouquinhos, a investigação secreta foi ganhando características de um inquérito multiuso. Serviu para censurar uma notícia da revista eletrônica Crusoé (pressionado, o calvo teve de recuar, liberando a veiculação. Incluíram-se também no rol de investigados auditores do Fisco e procuradores da Lava-Jato.

O ministro Marco Aurélio estrilou: "O que ocorre quando nos vem um contexto que sinaliza prática criminosa? Nós oficiamos o procurador-geral da República, nós oficiamos o estado-acusador. Somos estado-julgador. E devemos manter a necessária equidistância quanto a alguma coisa que surja em termos de persecução criminal".

Relator de ações protocoladas no Supremo contra o inquérito secreto, o ministro Edson Fachin pede desde maio a inclusão do tema na pauta de julgamentos do plenário. Dono da pauta, o presidente togado dos togados presididos se abstém de marcar a data. Embevecido por um sentimento de supremacia que exclui o componente da dúvida, parece cultivar o mito da excepcionalidade. Mas mesmo na suprema Valhala, apinhada de semideuses, é inédita essa pretensão de ser uma potência moral que só deve contas a sua própria noção de superioridade.

Igualmente inédita é a fidelidade com que Loki se dispõe a ceder sua mão de obra e seu gênio jurídico à onipotência do chefe. Mais um pouco e ele terá de converter a si próprio e ao grande Odin em alvos do inquérito sigiloso. No momento, nenhum outro brasileiro ofende mais o Supremo do que os responsáveis pelo inquérito que apura ataques ao Tribunal.

Com Josias de Souza.

QUE FONTE É ESSA?

SE NÃO FOR PARA FAZER DIREITO, NEM COMECE.

Vimos uma maneira simples e rápida de salvar imagens publicadas em websites; agora veremos como descobrir o nome de fontes usadas em sites, arquivos, livros, banners, folhetos, anúncios, cartazes, entre outros.

Observação: Isso pode ser útil caso você goste de um tipo de letra, queira utilizá-lo para algum fim — ou mesmo editar a imagem mediante a alteração do texto exibido —, mas não tem a menor ideia do nome da fonte.

Veja como proceder:

1) Salve a imagem desejada no seu desktop, como explicado no post anterior;


3) Arraste a imagem e solte-a no campo respectivo (note que também é possível clicar no link exibido na página e fazer o upload da figura).

4) Feito isso, siga as instruções na tela — basicamente, basta clicar no botão azul e aguardar a identificação da fonte. O resultado não é 100% perfeito, mas a precisão é aceitável.

O site oferece o serviço de compra, mas há opções gratuitas, sem mencionar que você pode buscar o resultado na Internet; há diversos sites que oferecem o download gratuito de fontes para textos e projetos gráficos.

Observação: o site também disponibiliza apps gratuitos para os sistemas móveis Android e iOS.

domingo, 13 de outubro de 2019

LEGISLATIVO MUNICIPAL — É OU NÃO O FIM DA PICADA?



O brasileiro trabalha 153 dias por ano, em média, só para pagar impostos, e a somatória de tributos municipais, estaduais e federais consome 41,80% de sua renda. Boa parte do que é arrecadado pelos municípios e a eles repassado se esvai pelo ralo do funcionalismo.

Cidades com menos de 1 milhão de habitantes podem ter entre 9 e 21 vereadores (a título de comparação, São Paulo, que é a maior e mais populosa cidade do Brasil, ocupa 1.521 km2, tem cerca de 13 milhões de habitantes e conta com 55 vereadores). Santa Cruz de Minas (MG), com 3 km2 de área, é o menor dos 5.570 municípios tupiniquins. Bora (SP) é 40 vezes maior, mas sua população (800 habitantes) é dez vezes menor. Ambos contam 9 vereadores.

O salário do vereador varia conforme o número de habitantes e a receita do município. O valor é calculado levando-se em conta a Lei Orgânica do Município e a Constituição Federal; dependendo do tamanho da cidade, suas excelências podem ganhar entre 20% e 75% do salário de um deputado estadual. A Constituição determina que o total gasto com a remuneração dos vereadores não ultrapasse 5% da receita do município, e que a Câmara Municipal não pode gastar mais de 70% da sua receita com a folha de pagamento, incluindo os gastos com subsídios dos nobres edis. Mas isso nem sempre é observado, e a diferença é coberta com repasses estaduais e federais, cuja destinação deveria ser bem outra.

Em tese, o vereador representa os interesses da população do município. Suas principais funções são fiscalizara a atuação do prefeito e apresentar (e votar) projetos de lei e emendas à legislação em vigor. Em síntese, os edis representam, no âmbito municipal, o mesmo papel dos deputados em nível estadual. Na prática, todavia, a maioria deles — como a maioria dos demais políticos — se elege para roubar e rouba para se reeleger.

Entre 30 de setembro e o último dia 4, o Jornal da Band apresentou a série “Vereadores para quê?”. Quem se der ao trabalho de pesquisar irá encontrar os vídeos no YouTube. Recomendo assistir. Talvez nas eleições do ano que vem a gente possa melhorar um pouco a qualidade do nosso legislativo e, nas subsequentes, fazer o mesmo nas esferas estadual e federal. Isso se até lá ainda houver um Brasil no mapa.

Ainda sobre a novela do ingresso (ou não ingresso, melhor dizendo) do Brasil na OCDE:

Em nota, o governo americano reitera o apoio ao pleito brasileiro de entrar na OCDE, mas insinua que falta algo ao país. A insinuação está nas entrelinhas do trecho que elogia "os esforços contínuos do Brasil em relação às reformas econômicas, melhores práticas e conformidade com as normas" da OCDE. Ora, se é assim, porque a Casa Branca deu aval à Argentina? Não é preciso ser um gênio ou economista para entender três coisas:

1) A economia brasileira, por pior que seja, está em melhores condições do que a economia argentina. Portanto, não foi por falta de reformas econômicas que o apoio dos Estados Unidos não veio;

2) Se a Argentina, às voltas com o caos financeiro e a perspectiva de reviravolta política, pode ingressar no clube dos ricos, é óbvio que o selo de membro da OCDE não transformaria o Brasil em país desenvolvido nem no universo paralelo de Bolsonaro;

3) O Brasil faria melhor se baixasse o facho e permanecesse membro da OMC, usufruindo de todas as vantagens tarifárias concedidas aos países em desenvolvimento.

Sobre as manifestação dos esquerdopatas, que pedem "Justiça para Lula", assistam ao clipe a seguir: