Prosseguindo com o que dizíamos na postagem anterior, comprar um PC de "grife" nem sempre é garantia de um bom negócio. Com a intenção de lançar produtos competitivos, alguns fabricantes privilegiam um processador robusto (para atrair o consumidor) e espremem os demais componentes no pouco que sobra do orçamento (nada muito diferente do que fazem alguns integradores domésticos, conforme temos salientado insistentemente na mídia impressa e aqui do blog).
CPUs poderosas só serão capazes de mostrar todo seu poder de fogo se contarem com a contrapartida dos demais componentes, notadamente das memórias e do disco rígido, sem falar na placa-mãe e respectivo chipset - lembre-se da analogia da orquestra e seu maestro.
Então, não se atenha somente ao processador; avalie cuidadosamente a configuração global da máquina e só então tome sua decisão.
A propósito, uma matéria publicada recentemente pelo articulista Dan Tynan na PCWorld dos EUA dá conta disso, como você pode inferir do excerto transcrito a seguir:
"Sistemas caríssimos e nada potentes, componentes que quebravam tão logo terminasse o prazo de garantia, horas desperdiçadas em telefonemas com atendentes do suporte ao consumidor... tudo isso foi levado em conta na elaboração do ranking dos 10 piores PCs de todos os tempos.
O Dell Dimension 4600 (lançado em 2003) foi concebido como uma máquina mediana, mas sua fonte de alimentação pifava logo depois de um ano, e o serviço de atendimento ao cliente da Dell apontava erroneamente o problema como sendo falha da placa-mãe. Na época, os fóruns de suporte dessa conceituada empresa ficaram entupidos de reclamações, mas ela se recusa até hoje a admitir defeitos com a fonte de energia.
O New Internet Computer era barato, mas quase inútil. Lançado em agosto de 2000, quando a banda larga ainda engatinhava, o NIC dependia da conexão discada. Sem HD e com sistema Linux em CD, não havia como instalar um software para trabalhar offline. Apesar de ter sido cogitado como um substituto do PC, o NIC vendeu menos de 50 mil unidades - um número desanimador diante da expectativa do fabricante de 5 milhões de unidades no primeiro ano de comercialização. O fracasso resultou na falência da empresa (em junho de 2003).
Em 1999, a eMachines saiu do nada para se tornar uma dos cinco grandes fabricantes de PCs dos Estados Unidos, graças à sua capacidade de vender sistemas baratos (custavam 399 dólares, sem monitor). O cliente podia até obter o eTower 366c “gratuitamente”, desde que assinasse um contrato de três anos com um provedor de acesso discado à internet (ao valor de 750 dólares). Aqueles que se entusiasmaram não demoraram a descobrir que a barganha não valia a pena: ventoinhas barulhentas, problemas com a fonte de alimentação, modem de péssima qualidade e suporte técnico deficiente eram alguns dos (muitos) problemas detectados. Alguns consumidores informavam até que seus eTowers simplesmente se ligavam sozinhos, no meio da noite (a qualidade dos produtos melhorou depois que a empresa mudou de dono, em 2001, e a partir da fusão com a Gateway, em 2004).
O Commodore VIC 20 (lançado em 1981) foi o primeiro computador pessoal a vender mais de um milhão de unidades e o primeiro PC que Linus Torvalds (o idealizador do Linux) usou. Ele oferecia apenas 3,5 kB de memória utilizável – numa época em que a maior parte dos computadores disponibilizava pelo menos 16KB - e exibia 22 caracteres de texto por linha, além de seus gráficos serem rudimentares até mesmo para os padrões do início da década de 1980. O produto teve vida curta e logo saiu das prateleiras, sendo sucedido pelo Commodore 64, mais potente e merecedor de devoção.
O PS/1 (1990/94) foi a segunda investida da IBM na criação de um PC popular, na seqüência do desastroso PCjr. Mas, ao que tudo indica, ele não trouxe grande melhorias. Entre outras “brilhantes” novidades, o PS/1 original trazia a fonte de alimentação dentro do monitor (o que tornava a troca de displays impossível) e não aceitava os padrões de placas ISA (o que impossibilitava upgrades - modelos posteriores eram mais compatíveis). Em 1994, a IBM abandonou o PS/1 e tentou ganhar mercado apresentando a linha Aptiva, que também foi um fracasso, levando a empresa a desistir desse conceito em 2000.Grande parte dos fãs do iPod provavelmente não têm idade para se lembrar da época em que Steve Jobs não era tido como um gênio.
O Apple III (1980/84) foi um fiasco, em grande parte devido às exigências de Jobs em relação ao design. De acordo com vários relatos, Jobs insistiu que a máquina fosse montada sem uma ventoinha (em vez disso, o case de alumínio do sistema dissiparia o calor; um erro que a Apple repetiu com o Mac G4 Cube, em 2000). Para piorar, o Apple III comprimia muitos componentes num case pequeno. Conforme o sistema se superaquecia, a borda dos circuitos entortava e os chips pulavam de seus encaixes. A forma de consertar o problema era curiosa: os usuários deveriam deixar o PC cair, de leve, para que os chips voltassem ao lugar. Os preços variavam entre 4 mil e 7 mil dólares, dependendo da configuração. A empresa foi forçada a substituir os primeiros 14 mil Apple III que lançou e reprojetou duas vezes o computador - mas a máquina nunca perdeu a fama de compra ruim".
Bom dia a todos e até amanhã.