Engana-se quem pensa que a banda larga via rede elétrica seja novidade ou ficção científica. Essa tecnologia já existe há algum tempo, e já estava sendo testada nos idos de 2001, quando abordamos o assunto pela primeira vez no saudoso Curso Dinâmico de Hardware.
Partindo da premissa de que dados e eletricidade podem compartilhar o mesmo par de fios de cobre sem interferência mútua (cada um desses serviços utiliza faixas de freqüência diferentes, como acontece com dados e voz na banda larga ADSL), e considerando que a penetração da rede elétrica é maior que a de telefonia e (beeeeeem maior) que a de TV a cabo, essa solução parecia ideal para a incluir digitalmente moradores de áreas rurais muito e afastadas dos grandes centros.
Para compreender como a banda larga pela rede elétrica funciona, cada PC existente na residência ou escritório do usuário deve ter um modem PLC conectado - via USB ou placa de rede Ethernet - e ligado à tomada da rede elétrica (em tese, qualquer tomada dentro da casa, prédio ou escritório se torna um ponto de internet, eliminando as tradicionais barreiras que possm impedir a expansão da rede). Adicionalmente, um demodulador-repetidor instalado junto ao relógio de medição faz o papel de meio de campo entre o "indoor" e o "outdoor", a partir de onde os dados são transmitidos pelo cabeamento da rede elétrica até um concentrador mestre (numa estação de distribuição), e daí trafegam por cabos de fibra óptica até um ponto de acesso a web.
A infra-estrutura necessária para a implementação do serviço já está amplamente instalada (praticamente todas as construções estão conectadas à rede elétrica), evitando gastos e perda de tempo com instalação de cabos. A velocidade é outro ponto positivo, já que é possível alcançar 200 Mbps, sem falar que a criptografia usada - DES de 56 bits - garante boa segurança e privacidade. Além disso, como os dados estão sempre em rede local, não há riscos de sniffing (o demodulador-repetidor fica instalado antes do relógio de medição, dentro do imóvel do cliente, de modo que não há vazamento de informações para a rede externa).
Até algum tempo atrás, quaisquer interrupções ou falhas (causadas pelo acionamento de outros equipamentos elétricos na mesma rede, por exemplo) implicavam perdas irrecuperáveis na transmissão dos sinais, mas o problema parece ter sido sanado nos equipamentos mais modernos. A parte externa do processo ainda não foi regulamentada pela Anatel, mas algumas concessionárias já estão fazendo licitações para testar essa tecnologia.
É esperar para ver.
Em tempo: O programa Olhar Digital (exibido pela RedeTV todos os domingos, às 15:30 h) do último dia 14 apresentou uma matéria muito interessante sobre este assunto. Vale a pena conferir o resumo em http://olhardigital.uol.com.br/central_de_videos/video_wide.php?id_conteudo=7054.