Li recentemente que o Facebook
é apontado como culpado em um de cada três divórcios no Reino Unido (nos EUA, a
proporção é de um para cinco), e que, embora nossa legislação não exija “justa
causa” para encerrar um casamento, muitos brasileiros buscam na Web provas de infidelidade que lhes permitam escapar do pagamento da pensão ou
favorecer a própria posição na partilha dos bens.
A meu ver, o maior responsável pelo divórcio é o próprio casamento, cuja origem se perde na
pré-história da humanidade, mas que pouco evoluiu nos últimos séculos. Claro
que o modelo atual, criado na Roma antiga e “aprimorado” pela Igreja, na Idade
Média, difere sobremaneira do “acasalamento” imposto aos nossos antepassados
mais remotos pelo instinto de
perpetuação da espécie. No entanto, se já não arrastamos nossas “eleitas”
pelos cabelos nem nos unimos a cônjuges escolhidos por nossas famílias à luz de
interesses políticos e/ou sociais, ainda convivemos com preceitos pra lá de
anacrônicos.
Viver em sociedade só é possível quando se respeita o
próximo, e por isso existem leis que resguardam os direitos individuais e os
limitam em prol do interesse coletivo. Por outro lado, como o mundo é dinâmico
e os costumes mudam com o passar do tempo, as normas comportamentais devem ser
revistas e atualizadas, ou se divorciarão (desculpem o trocadilho)
inevitavelmente do espírito que norteou sua criação.
O mundo evoluiu mais nos últimos 50 anos do que nos 20
séculos anteriores, e se nossa legislação vem se adaptado aos novos contextos,
o mesmo não ocorre com o arcaico Sacramento
do Matrimônio, que ainda têm a procriação como finalidade precípua e a
indissolubilidade como um de seus principais pilares. Isso sem mencionar que relacionamentos são complicados. Alguns
funcionam bem enquanto espontâneos, mas azedam no instante em que se tornam
compulsórios (notadamente devido à falsa idéia de que pessoa com quem nos casamos se torne propriedade nossa). Querer eternizá-los é o primeiro passo para
transformar convivências baseadas em
parceria e cumplicidade em coexistências
insípidas e letárgicas. Como dizia Vinicius
de Moraes, do alto da experiência advinda de nove casamentos, “que não seja imortal, posto que é chama, mas
que seja infinito enquanto dure”.
Para concluir, vale lembrar que os homens traem desde que o
mundo e mundo. Quando não havia Internet, não faltavam prostíbulos, barzinhos,
festinhas de embalo, “matadouros” divididos com amigos e desculpas
inverossímeis para chegar tarde em casa ou se ausentar durante um ou outro
final de semana. Muitas esposas carregavam os chifres sem reclamar, pois seu
papel na sociedade, até meados do século passado, consistia basicamente em
procriar, cuidar da casa e dos filhos e satisfazer os desejos de seu amo e
senhor. Com a liberação feminina e a luta pela igualdade de direitos, todavia,
as mulheres começaram a dar o troco, seja por vingança, seja devido à falta de
carinho e atenção por parte dos maridos. Para aquelas que se contentam com
casos extraconjugais virtuais, as redes
sociais são sopa no mel, ao passo que para os homens a Net representa
apenas mais um meio de encontrar
parceiras dispostas a consumar o ato ao vivo e em cores.
Comentários serão bem vindos; um ótimo dia a todos e até
mais ler.