SE NÃO É
VANTAJOSO, NUNCA ENVIE SUAS TROPAS; SE NÃO LHE RENDE GANHOS, NUNCA UTILIZE SEUS
HOMENS; SE NÃO É UMA SITUAÇÃO PERIGOSA, NUNCA LUTE UMA BATALHA PRECIPITADA.
O HDR (sigla de High Dynamic Range, ou Grande Alcance Dinâmico, em português)
é um recurso relativamente comum em câmeras fotográficas digitais, inclusive de
smartphones, que chega gora aos televisores com o propósito de aprimorar a
experiência do usuário ao assistir a filmes, séries e outros conteúdos.
Conforme eu
disse no post anterior, o 4K
aprimora sobremaneira a exibição de imagens, proporcionando maior nitidez e
brilho e menor variação de cores, ao passo que o HDR torna as imagens exibidas na tela da TV bem mais fiéis às que
enxergamos no mundo real, ampliando sua gama de detalhes, enriquecendo as
cores, produzindo brancos mais brilhantes, pretos mais escuros e tons de cinza
mais bem definidos.
Em outras
palavras, o conteúdo HDR em HDTVs HDR-compatíveis fica mais
brilhante e mais escuro ao mesmo tempo; as diferenças entre o verde e o azul
são mais nítidas, e as cores, mais profundas e vívidas, sem tons saturados e
com detalhes finos em superfícies brilhantes mais “limpos”. Uma imagem do sol,
por exemplo, tons amarelados e alaranjados bem definidos, você não verá apenas
o borrão branco que é exibido pelos televisores com os padrões atuais.
Note que nem
todos os aparelhos de TV de alta definição são capazes de reproduzir conteúdo
em HDR, e nem todos os conteúdos são
compatíveis com essa tecnologia. Em outras palavras, os ganhos proporcionados
pelo HDR dependem de um compromisso
conjunto da fonte do conteúdo e do aparelho de TV ― ou seja, de nada
adianta investir pesado num televisor compatível com a tecnologia se o conteúdo
a que você tem acesso não oferece a necessária contrapartida. Além disso, caso
você pretenda assistir a filmes em discos Blu-ray
gravados no novo formato, precisará comprar também um leitor ULTRA HD BLU-RAY ― como o Samsung UBD- K8500, por exemplo ―, que
custa caro e é difícil de encontrar.
Observação: O conteúdo HDR já está disponível em serviços de streaming
como o Netflix (na série original Marco Polo, por exemplo), mas requer
uma conexão de internet rápida e confiável ― se o fluxo não for bom, você não
será capaz de ver o filme ou programa desejado em HDR, mesmo que ele esteja disponível e o seu televisor lhe ofereça
suporte. Jogos de computador já apresentam essa tecnologia há algum tempo, e os
consoles PS4 e Xbox One são capazes de
aproveitar o HDR na reprodução de
imagens de games desenvolvidos para tirar proveito do grande alcance dinâmico.
Televisores
com suporte ao HDR são identificados
por um selo criado para determinar padrões mínimos de qualidade e
performance para TVs 4K. É possível encontrar modelos identificados
tanto como HD Premium quanto como Dolby Visão, conforme o fabricante. O HDR10 é o padrão homologado pela Alliance
UHD, enquanto que o Dolby Vision
é um formato proprietário da Dolby. Embora
os fabricantes de televisores, produtoras de conteúdo (como os Estúdios Disney, Fox e Warner) e serviços
de streaming (como o Netflix)
estejam apostando suas fichas no HDR,
a prudência recomenda esperar essa tendência se firmar, para não correr o risco
de investir pesado na “tecnologia errada” e depois se arrepender ― como
aconteceu nos anos 1980, quando muita gente comprou VCRs BETAMAX e o formato
que se tornou padrão de mercado foi o VHS,
ou bem mais recentemente, com os televisores 3D.
A princípio,
o HDR deverá ser mais comum em
televisores LED, já que a tecnologia
OLED ainda é refratária à implementação
dessa técnica. Todavia, a LG já apresentou
modelos OLED com HDR na CES 2016. Demais disso, embora o HDR esteja vinculado a TVs e monitores 4K, isso não significa que a indústria
não possa integrá-lo a modelos com resolução Full HD, que são bastante procurados (e a integração da nova
tecnologia nessas telas agregaria valor ao produto). Por outro lado, nenhum
fabricante apresentou unidades com resolução 1080p e HDR na CES 2016, e como a feira não só
antecipa lançamentos do ano todo, mas também aponta tendências para a indústria, a conclusão me parece óbvia.
Resumo da ópera: Melhor ir devagar com o andor, que o santo é de barro. Como eu costumo
dizer, “os pioneiros são reconhecidos
pela flecha espetada no peito”― pense nisso antes de abrir a carteira e
sacar seu poderoso cartão de crédito.
Com conteúdo
da OFICINA DA NET e do
portal TECHTUDO
O Planalto acompanhou apreensivo as manifestações do último
domingo, e só respirou aliviado após constatar que o alvo dos protestos não era
o chefe do Executivo, mas os presidentes da Câmara e do Senado. Mesmo assim,
visando resguardar seu terno bem talhado dos respingos da caca, Temer tentou demover Renan Calheiros de
avalizar as medidas anticorrupção aprovadas à sorrelfa
pela Câmara na última quarta-feira ― o que, na avaliação da presidente
do Supremo, agravaria ainda mais a
crise entre os Poderes. Mas o presidente do Senado se manteve irredutível, e Temer preferiu não insistir, “em
respeito à independência dos Poderes”.
No final da tarde de ontem, porém, o senador alagoano foi apeado
da presidência do Congresso por uma decisão monocrática de Marco Aurélio Mello. Resta agora saber se o plenário do STF manterá ou não a liminar do
ministro.
Observação: No início do mês passado, durante o
julgamento de uma ação movida pela Rede
para impedir que réus em processos penais ocupem cargos que os coloquem na linha
sucessória da presidência da República, Dias Toffoli pediu vistas
do processo e obstruiu a votação quando 6 ministros já se haviam posicionado a
favor proibição. Toffoli tem até o
próximo dia 21 para devolver os autos, mas ninguém leva isso muito a sério no Supremo,
e como o Judiciário entra em recesso véspera... Já viu, né?
Manter Renan na
presidência do Senado contribui para a péssima imagem do Legislativo, até
porque o senador é investigado em 12
inquéritos ― 8 dos quais no âmbito da Lava-Jato
― e réu em um deles, por crime de peculato
(desvio de verba pública para uso pessoal). Rodrigo Maia, por seu turno, teve a imagem “arranhada” por avalizar
a maracutaia tramada durante a madrugada do último dia 30, quando a qual a
Câmara desconstruiu o relatório do deputado Onyx Lorenzoni e enxertou emendas revanchistas e espúrias de
parlamentares no assim chamado “pacote anticorrupção”.
Tanto Renan
quanto Maia são íntimos de Michel Temer, e uma crise em torno
deste último preocupa especialmente o Planalto, na medida em que compete ao
presidente da Câmara acolher ou rejeitar pedidos
de impeachment contra o presidente da República. Ambos disseram achar
legítimas as manifestações do último domingo ― pelo menos da boca para fora ―,
e a Secretaria Especial de
Comunicação Social da Presidência da República salientou o comportamento
exemplar dos manifestantes e a importância de os Poderes da República estarem
sempre atentos às reivindicações da população. Mas a verdade é que a classe
política quer ― e muito ― impor limites à atuação de juízes e procuradores,
notadamente diante da temida Delação do
Fim do Mundo.
Nesse cenário conturbado, tanto Temer quanto a nação estão entre
a cruz e a caldeirinha, pois a PEC
241, pautada para votação na semana que vem, precisa ser aprovada. Se o
petralha Jorge Viana aproveitar o
afastamento de Renan para mudar a
pauta do Senado e quebrar o Brasil, o PT
vai apanhar novamente nas ruas e nas urnas, mas o maior perigo, neste momento,
é Renan retomar o comando do
Congresso e sair atirando para todos os lados.
Minutos atrás, Veja
noticiou em seu site que Renan se
recusou a assinar a notificação judicial que o informa de seu afastamento e
costurou uma decisão em que a Mesa
Diretora do Senado se recusa a cumprir, de forma imediata, a liminar do
ministro Marco Aurélio. Uma segunda
versão mais branda foi redigida em seguida, como se para não afrontar (ainda
mais) o Judiciário e escancarar o embate institucional já colocado. Jorge Viana, primeiro vice-presidente e
sucessor de Renan, só assinou o
documento depois que ressalva de que “a Mesa não tomaria qualquer providência
relativa ao cumprimento da decisão monocrática” foi retirada do texto.
Diante da turbulência provocada por esse monumental
imbróglio, a primeira sessão de discussão da PEC dos Gastos, que estava
prevista para esta terça-feira, acabou sendo suspensa. O plenário do STF deverá se pronunciar amanhã, mas,
se em maio deste ano a nossa mais alta Corte suspendeu o mandato do réu Eduardo Cunha e o afastou da
Presidência da Câmara porque ele estava obstruindo a Justiça, agora o réu Renan Calheiros, que tentava
obstruir a Justiça na Presidência do Senado, também precisa ser afastado. Ou
não?
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O ABACAXI DE TEMER ― E A ANGÚSTIA DA NAÇÃO BRASILEIRA
Como se não bastasse a herança maldita dos 13 anos de
administração petista, o desemprego nas alturas, a inflação descontrolada e as
perspectivas de crescimento do PIB
sendo revistas (para baixo) mês após mês, Michel
Temer precisa agora se preocupar em reconduzir Renan Calheiros à
presidência do Congresso para aprovar sem percalços a PEC dos Gastos.
Marco Aurélio Mello
justificou sua posição lembrando que o Supremo tinha decidido por maioria
absoluta que um réu não poderia ocupar cargo na linha sucessória da Presidência
― leia a seguir um excerto de seu despacho:
“Os seis ministros concluíram pelo acolhimento do pleito formalizado na
inicial da arguição de descumprimento de preceito fundamental, para assentar
não poder réu ocupar cargo integrado à linha de substituição do Presidente da
República. O tempo passou, sem a retomada do julgamento. Mais do que isso, o que
não havia antes veio a surgir: o hoje Presidente do Senado da República,
senador Renan Calheiros, por oito votos a três, tornou-se réu, e mesmo
diante da maioria absoluta já formada, continua na cadeira de presidente do
Senado, ensejando manifestações de toda ordem, a comprometerem a segurança
jurídica”.
Embora Jorge Viana
― virtual sucessor de Renan na
presidência do Senado ― tenha declarado publicamente que não vai se precipitar,
fontes próximas a ambos dão conta de que, embora compreensivo dos riscos, o
petralha, por puro revanchismo, pretende, sim, suspender a pauta de votações
dos projetos de interesse do governo. Como se vê, o que menos preocupa nossa abjeta classe política são os interesses da
Nação.
Resta saber agora como se posicionará o plenário do STF. Na avaliação de Reinaldo Azevedo, devemos torcer por Renan (ruim com ele, pior sem ele),
pois depô-lo da presidência do Senado será entregar o comando ao PT: a menos de quatro meses do fim do
mandato, não haverá nova eleição; Viana
seguirá presidente até fevereiro, e, se quiser, poderá mudar da agenda quando
faltam apenas nove dias para o recesso ― e já avisou que não se compromete com a votação da PEC 241. Em suma: ao tentar
depor Renan, o ministro Marco Aurélio dá sobrevida à agenda do PT, que foi derrotada no Congresso, no
tribunal e nas ruas.
Já para Merval
Pereira, colunista político de O
Globo, o governo tem maioria, Viana
tem limites para adiar a votação e o regimento, para enquadrá-lo. Demais disso,
mesmo podendo manobrar para adiar a votação da PEC, não combina com o senador ficar apenas 15 dias na presidência
e bagunçar o país.
Vamos continuar acompanhando para ver quem tem razão.
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