Depois de malhar o PSDB nas postagens de segunda e terça-feira passadas, lembro que o PT foi criado por Lula e
seus asseclas para fazer a diferença
na política. Só que, ao contrário do que prometeu, o partido não só não
combateu a corrupção, mas também a institucionalizou, visando sustentar um
espúrio projeto de poder que levou 12 anos e fumaça para ser interrompido (se é
que foi interrompido, porque o governo Temer
nada mais é do que o “o terceiro tempo” das gestões petistas).
Dilma foi
desposta porque era incompetente. Seus crimes de responsabilidade pesaram menos
que o estelionato eleitoral que
garantiu sua reeleição ― e que foi determinante para levar o povo às ruas ― mas
o principal combustível do processo de impeachment foi a absoluta falta de jogo
de cintura da anta vermelha no trato com os congressistas.
Por ter ocupado cargos gerenciais durante a maior parte de
sua “vida pública”, a nefelibata da mandioca aprendeu a mandar e logo agregou às suas
muitas “virtudes” o pedantismo,
a arrogância e a agressividade. Subordinados afirmam
que ela queria tudo “para ontem” e achava que entendia de qualquer assunto (“Te
dou meio segundo para me trazer essa informação”; “O
que ocê tá falando é besteira”; “Ocês só fazem merda, pô!”, e por
aí afora). Se contrariada, interrompia
prontamente o interlocutor (“Ô, ô, querido, negativo, pode parar já!),
e, em seus rompantes de fúria, chegava a atirar objetos nas pessoas (grampeadores do seu gabinete tiveram
de ser repostos incontáveis vezes).
Segundo um de seus assessores mais
próximos, Dilma “jamais disputou uma prévia nem enfrentou uma campanha antes de virar
presidente; recebeu o cargo numa bandeja e não teve de aprender a seduzir”.
Em síntese: sem saber atirar, ela virou modelo de guerrilheira; sem ter
sido vereadora, virou secretária municipal; sem passar pela Assembleia
Legislativa, virou secretária de Estado, sem estagiar no Congresso, virou
ministra; sem ter inaugurado nada de relevante, faz pose de gerente de país;
sem saber juntar sujeito e predicado, virou estrela de palanque, e sem ter tido
um único voto na vida, virou candidata à Presidência. E ganhou. Duas vezes ― daí eu dizer que o eleitorado tupiniquim
é formado majoritariamente por imbecis, que a cada segundo nasce um imbecil neste
mundo planeta, e que os que nascem no Brasil já vem com título de eleitor.
Michel Temer, por seu
turno, foi deputado federal por não sei quantos mandatos, presidente da Câmara
não sei quantas vezes e presidente do PMDB
por 15 anos. Isso fez dele um verdadeiro mestre em negociar com os parlamentares, mas a coisa mudou depois que a delação explosiva da JBS
o tronou refém do Congresso, sobretudo devido à desesperada compra de votos
para barrar as denúncias da PGR.
Nenhum presidente foi tão
impopular quanto Temer desde a redemocratização desta Banânia. Em vez de entrar
para a história como “o cara que colocou
o país de volta nos trilhos do crescimento”, ele será lembrado como o primeiro presidente denunciado por crime
comum no exercício do cargo. Mas não poderia ser diferente.
Embora tenha montado
uma boa equipe econômica, o emedebista chegou morto à presidência porque só
sabe fazer política, agir e pensar para um Brasil em processo de extinção, onde
presidentes da República recebem em palácio indivíduos à beira do xadrez,
discutem com eles coisas que jamais deveriam ouvir e não chamam a polícia para
levar ninguém preso. Seu governo não existe mais. A atual oposição ― até ontem
governo ― do PT-esquerda também deixou
de existir, sobretudo depois da prisão de Lula.
Os políticos, como classe, não existem mais. O Brasil de
hoje é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda
por um lado e sai merda pelo outro. E o que mais poderia sair? Entre a
porta de entrada, que é aberta nas eleições, e a de saída, quando se muda de
governo, a merda muda de aparência, troca de nome, recebe nova embalagem ― mas
continua sendo merda. Reprocessou-se o governo de Lula, deu no governo
de Dilma; reprocessou-se o governo de Dilma, deu no de Temer.
Não houve, de 2003 para cá, troca do material processado pela usina. Não houve
alternância no poder, e isso inclui o moribundo governo Temer. Continuou igual, nos três, a compostagem de políticos “do
ramo”, empreiteiras de obras públicas, escroques de todas as especialidades,
fornecedores do governo, parasitas ideológicos, empresários declarados
“campeões nacionais” por Lula, por Dilma e pelos cofres do BNDES.
Temer faz parte integral da herança que Lula
deixou para os brasileiros. Tanto quanto Dilma, é pura criação do
ex-presidente, e só chegou lá porque o PT
o colocou na vice-presidência ― ou alguém acha que Temer foi colocado de
vice na chapa de Dilma sem a aprovação de Lula? Ninguém votou nele, não se cansa de dizer a patuleia ignara
desde que Temer assumiu o cargo. Com certeza: quem fez a escolha foi Lula,
ninguém mais. Foi dele o único voto que Temer teve, e o único de que
precisava.
Lula está cumprindo pena na carceragem da PF em Curitiba. Sua sucessora é
constantemente suscitada em denúncia de pessoas íntimas. Se viver o bastante,
certamente terá o mesmo destino de seu criador e mentor. Seu adversário nas
últimas eleições, Aécio Neves, é investigado em 9 inquéritos e réu no STF. O governo e o conjunto da vida
pública passaram a depender integralmente de delegados de polícia, procuradores
públicos e juízes criminais. O voto popular nunca valeu tão pouco: o político
eleito talvez esteja no próximo camburão da Polícia Federal. Os sucessores mais
diretos de Temer podem estar em breve a caminho do pelotão de
fuzilamento; fazem parte da caçamba de dejetos e detritos que há na política
brasileira de hoje.
Um país assim não pode funcionar ― não o tempo inteiro, como
tem sido nos últimos anos. Isso ficou evidente quando a Lava-Jato começou a
enterrar o Brasil Velho, um país cujos “donos” não acreditaram, e tentam não
acreditar até hoje, que aquilo tudo estava mesmo acontecendo. O único Brasil
possível, para eles, é o que tem como única função colocar a máquina
pública a serviço de seus bolsos. E o resultado está aí: um país que não
consegue mais ser governado porque os governantes não conseguem mais esconder
o que fazem, nem controlar a Justiça
e a Lava-Jato.
Para concluir, segue o excerto de um texto magistral do filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé, publicado na
Folha sob o título “O
PT na lata de lixo da história”
O PT é uma praga mesmo. Ele quer fazer do Brasil um circo, já que
perdeu a chance de fazer dele seu quintal para pobres coitados ansiosos por
suas migalhas.
Nascido das bases como
o partido de esquerda que dominou o cenário ideológico pós-ditadura, provando
que a inteligência americana estava certa quando suspeitava de um processo de
hegemonia soviética ou cubana nos quadros intelectuais do país nos anos 1960 e
1970, comportou-se, uma vez no poder, como todo o resto canalha da política
fisiológica brasileira.
Vale lembrar que a
ditadura no Brasil foi a Guerra Fria no Brasil. Quando acabou a Guerra Fria,
acabou a ditadura aqui. E, de lá pra cá, os EUA não têm nenhum grande interesse
geopolítico no Brasil nem na América Latina como um todo (salvo imigração
ilegal). Por isso, deixa ditadores como Chávez
e Maduro torturarem suas populações,
inclusive sob as bênçãos da diplomacia petista de então.
O PT apenas acrescentou à corrupção endêmica certo tons de populismo
mesclado com a vergonha de ter um exército de intelectuais orgânicos
acobertando a baixaria. Esses fiéis intelectuais, sem qualquer pudor, prestam
um enorme desserviço ao país negando a óbvia relação entre as lideranças do
partido e processos ilegítimos de tráfico de influência. Esse exército
vergonhoso continua controlando as escolas em que seus filhos estudam, contando
a história como querem, criando cursos ridículos do tipo “golpe de 2016”.
Qualquer um que
conheça minimamente os “movimentos revolucionários” do século XIX europeu e o
pensamento do próprio Karl Marx sabe
que mentir, inventar fatos que não existem ou contá-los como bem entender fazia
parte de qualquer cartilha revolucionária.
Acompanhei de fora do
Brasil o “circo do Lula”, montado
pelo PT e por alguns sacerdotes
religiosos orgânicos, na falsa missa que envergonhou a população religiosa
brasileira, fazendo Deus parecer um idiota. Estando fora do país, pude ver a
vergonhosa cobertura que muitos veículos internacionais deram do circo do Lula, fazendo o petista parecer um Messias traído por um país cheio de Judas.
Eis um dos piores
papéis que jornalistas orgânicos fazem: mentem sobre um fato, difamando um país
inteiro. Esculhambam as instituições como se fôssemos uma “república fascista
das bananas”. Nossa mídia é muito superior àquela dita do “primeiro mundo”.
A intenção de fazer do
Lula um Jesus, um Mandela, um Santo Padim Pade Ciço é evidente. Para
isso, a falsa missa, com sacerdotes orgânicos rezando para um deus que pensa
que somos todos nós cegos, surdos, estúpidos e incapazes de enxergar a
palhaçada armada pelo PT, foi
instrumento essencial para o circo montado. A própria afirmação de que Lula não seria mais um mero humano, mas
uma ideia, é prova do delírio de uma seita desesperada. Um desinformado
pensaria estar diante de um Concílio de
Niceia perdido no ABC paulista. Se nesses concílios tentava-se decidir a
natureza divina e humana de Jesus,
cá no ABC tentava-se criar a natureza
divina de Lula. Lula, humano e divino, o redentor. Essa tentativa, sim, é típica de
uma república das bananas.
Penso que em 2018 o
país tem a chance de mostrar de uma vez por todas que não vai compactuar com
políticos que querem fazer do Brasil um circo para suas “igrejas”. A praga em
que se constituiu o PT pode ser
jogada na lata de lixo da história neste ano.
Ninguém aqui é ingênuo
de pensar que apenas o PT praticou
formas distintas e caras de tráfico de influência. Todas elas são danosas e
devem ser recusadas em bloco nas eleições deste ano. Mas há um detalhe muito
importante no que se refere ao PT
como um tipo específico de agente único de tráfico de influência sistemático no
Brasil. Você não sabe qual é? Vou lhe dizer.
O PT é o único partido que é objeto de investigação por corrupção a
contar com um exército de intelectuais, artistas, professores, diretores de
audiovisual, jornalistas, sacerdotes religiosos e instituições internacionais
apoiando-o na sua cruzada de continuar nos fazendo escravos de seus esquemas de
corrupção. Esse exército nega frontalmente a corrupção praticada pelo PT e destruirá toda forma de
resistência a ele caso venha, de novo, a tomar o poder.
No ano de 2018 o país
pode, de uma vez por todas, lançar o PT
à lata de lixo da história e amadurecer politicamente, à esquerda e à direita.
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