Antes de se sagrar escudeiro de
Michel
Temer, o deputado
Carlos Marun se desmanchava em rapapés para o
ex-todo poderoso
Eduardo Cunha. Quando
o ex-presidente da Câmara foi cassado ― não pelos crimes que cometeu, mas por
ter mentido a seus pares ―, o
hipopótamo
dançarino não só votou contra, mas foi o único deputado no plenário a
defender o correligionário. Depois que
Cunha
foi preso,
Marun se tornou o
pitbull do
Temer e relator da
CPI
da
JBS ― mesmo tendo recebido
R$ 103 mil reais em doações do
frigorífico e sendo alvo de um processo por improbidade administrativa (acusado
de beneficiar uma empresa de software em contratos de
R$ 16,6 milhões).
O gaúcho
Carlos Eduardo Xavier Marun
é descendente de imigrantes libaneses. Formou-se em Engenharia e, nos anos
1980, trocou
Alegrete (RS) pelo
Mato Grosso do Sul. Elegeu-se deputado
federal em 2015 e teve uma ascensão meteórica: em menos de 3 anos, conquistou
uma cadeira no 4ª andar do Palácio do Planalto.
No mês passado,
Marun chegou a
pedir o impeachment do ministro
Barroso
― por “ter sido contaminado por suas preferências políticas”. Semanas atrás,
quando a procuradora-geral mandou prender amigos íntimos de
Temer, o pitbull palaciano rosnou que
Raquel Dodge integrava “um complô para
depor o presidente”. Mas a cereja do bolo foi
a infeliz dancinha em plenário ―
com direito a rebolado de quadril ― da marchinha “
Tudo está em seu lugar”, de
Benito
Di Paula, para comemorar a rejeição da segunda denúncia oferecida contra o
amigo
Michel por
Rodrigo Janot.
Até assumir a vaga de deputado, em 2015, o patrimônio declarado de
Marun resumia-se a duas cadernetas de
poupança e um
Citroën Picasso. Mal
chegava a
R$ 100 mil. Já no primeiro
ano de mandato, o emedebista comprou uma casa de mais de 200 metros quadrados num
luxuoso condomínio em
Campo Grande,
que foi registrada por mais de
R$ 1
milhão. Em 2016, os negócios continuaram a prosperar ― em meio à recessão
que obrigou diversas empresas a fechar as portas, a família
Marun lançou uma “assessoria
empresarial” voltada para países árabes.
Segundo a jornalista
Débora
Bergamasco,
Marun tornou-se o
Silvio Costa ― deputado rouco e
histriônico defensor de
Dilma ―
de
Michel Temer, atribuindo-se
espontaneamente o múnus de defender o presidente das duas denúncias da
PGR. Como relator da
CPI da
JBS, utilizou a caneta, o microfone e os holofotes para fazer
implacáveis críticas ao
MPF,
atirando mais precisamente contra
Janot
― que se tornou
persona non grata entre a maioria dos
parlamentares. Em dezembro passado, pediu o indiciamento do ex-procurador-geral,
do procurador
Eduardo Pelella e do
agora advogado
Marcello Miller ― a
repercussão foi péssima até mesmo entre governistas, levando o cão de guarda a
retirar o tópico do texto em troca da aprovação de seu relatório.
Fato é que
Michel Temer está
muito mal assessorado. Nos últimos dias, cometeu erros crassos a pretexto de
tentar reverter sua impopularidade, que ombreia com a de
Collor e
Dilma durante
os respectivos impeachments. Um presidente que convoca uma rede nacional de
rádio e TV para celebrar o
Dia do
Trabalhador e pede “esperança” aos mais de 13 milhões de desempregados não
tem noção da tragédia que se espalha pelo país, pouco importando que o grosso
do desemprego se deva a erros anteriores a sua gestão. E ainda que sua equipe
econômica tenha conseguido reduzir a inflação e os juros e aprovar alguns
projetos importantes, a recuperação não veio com a intensidade e a velocidade
esperadas.
Na opinião de
Merval Pereira, o
anúncio do aumento do
Bolsa Família ―
que só entrará em vigor em julho ― não traz esperanças nem a quem vive do
sustento governamental, e anunciá-lo agora foi outro equívoco de quem está
ansioso para melhorar sua aceitação pública. Mas comparecer ao local do
desmoronamento de um prédio ocupado por movimentos populares em São Paulo foi a
quintessência da falta de noção (conforme eu mencionei no post anterior,
Temer compareceu a um local minado politicamente
e teve que sair de lá às pressas). Parece a piada onde o sujeito muda de
calçada apenas para escorregar numa casca de banana.
Quanto a
Lula, a tal “comoção
nacional” com sua prisão ― preocupação do ministro
Marco Aurélio Mello ― não foi observada sequer neste melancólico 1º
de Maio. Mesmo sendo insuflados pelos irresponsáveis caciques petistas que
sobraram fora da cadeia, as lideranças sindicais não se deixaram levar pelo
radicalismo, deixando claro que o molusco indigesto perdeu grande parte de sua
capacidade de mobilizar a população.
Ainda assim,
Gleisi Hoffmann,
Lindbergh Farias,
Humberto Costas e outros petralhas ― cujos discursos, trocados por
merda, ainda seriam caros ― insistem em confrontar a Justiça, na vã esperança
de tentar tirar seu amado líder da cadeia e fortalecer uma campanha
presidencial da qual o
bandido de
Garanhuns certamente não participará. As tentativas dos últimos dias, com chicanas
e mais chicanas, vêm sendo derrubadas uma a uma. O showmício em Curitiba mostra
bem o isolamento do
PT: apenas
Boulos e
Manuela D’Ávila, candidatos de esquerda, compareceram. O suposto
provável substituto de
Lula na
campanha,
Jaques Wagner, defende a
aliança com
Ciro Gomes e fala em
aproximação até mesmo com
Joaquim Barbosa,
que, durante o julgamento do mensalão, chamou o
PT de
organização criminosa.
Uma das maiores virtudes de
Lula sempre
foi a capacidade de enganar as pessoas mais humildes com argumentos populistas. Mas, para se aproveitar da boa-fé dos desassistidos e menos esclarecidos, o demiurgo
ofendeu a inteligência de muita gente, que passou a vê-lo como
cínico,
oportunista, explorador e mentiroso. Apostar na ignorância eterna da maioria
da sociedade talvez tenha sido seu maior erro. Embora jamais tivesse chegado onde
chegou sem sua vocação inata para ludibriar os ignorantes num tempo em que não
havia internet, o petralha subestimou o
avanço dos meios de comunicação e o acesso a
dispositivos conectados, que tornaram as pessoas menos "trouxas".
Com isso, seus admiradores foram aos poucos se familiarizando com o verdadeiro
Lula, que não conseguiu se
"reinventar" e prosseguiu com sua retórica demagógica e corrupção
desenfreada, confiando na fidelidade de seus cúmplices, achando que eles jamais
entregariam os podres do lulopetismo ― o que, em tese, lhe garantia sigilo
sobre as falcatruas em que se envolveu. Mas aí vieram a
Lava-Jato e a perseverança extraordinária dos procuradores
e do juiz
Sergio Moro.
Réu em sete
ações penais, condenado na primeira delas por corrução e lavagem de
dinheiro, o molusco eneadáctilo descobriu na prática qual é o fim de qualquer
criminoso. O prodígio que alcançou notoriedade mundial se vê agora na condição
de condenado pela justiça, com bens confiscados, preso e rejeitado
pela sociedade ― menos pela patuleia incorrigível, que, por algum motivo insondável, continua acreditando no seu besteirol.
Por questões de espaço, vamos deixar
Jucá para uma próxima vez.
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