Mostrando postagens com marcador denúncias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador denúncias. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 9 de julho de 2019

SOBRE A APROVAÇÃO DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA E O PARTO DA MONTANHA DA REVISTA VEJA, ORA ALIADA À ALA ESQUERDISTA EM DEFESA DA SOLTURA DOS CRIMINOSOS E DA PRISÃO DO XERIFE



Após ter sido retalhada, remendada e recosturada pelo relator na Comissão Especial da Câmara, a proposta de reforma da Previdência teve o texto base aprovado por 36 votos a 13 e agora, aos trancos barrancos, segue para o plenário, onde será submetida a dois turnos de votação (e ainda poderá sofrer modificações). Rodrigo Maia diz que o governo já conta com mais que os 308 votos necessários, e acredita que a votação acontece antes recesso parlamentar. O texto final ainda terá de passar pelo crivo do Senado — e voltar à Câmara caso seja alterado — mas a cada dia a sua agonia. Quando nada, o dólar encerrou a semana em expressiva queda, e o Ibovespa bateu um novo recorde histórico (104089.47 pontos no fechamento da sexta-feira, algo jamais visto desde que o índice foi criado, nos anos 1960).

Mudando de um ponto a outro, depois que o “The Interpret” — como Alexandre Borges chama ironicamente o site ultraesquerdista de Glenn Greenwald — e seus esbirros divulgarem mais uma leva de (supostas) trocas de mensagens “tóxicas” entre Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, o ministro parafraseou o poeta romano Horácio (65 a.C. - 8 a.C.) num tuíte: “Parturiunt montes, nascetur ridiculus mus " ("a montanha pariu um ridículo rato", numa tradução livre). A carapuça veste a revista Veja, que em pareceria com o site retrocitado anunciou um tiro de bazuca e soltou um traque. A montanha pariu um rato — ou melhor, uma ninhada —, e todos eles petistas, naturalmente. A festa da rataiada teve seu apogeu na audiência com o ministro na CCJ da Câmara, duas semanas após sua inquisição no Senado. E se a qualidade do nosso Senado já é ruim, a da “Casa do Povo” (que está mais para casa de noca) consegue ser ainda pior.

Por ter sido obtido por via criminosa e enviado ao Intercept por "anonimamente" — ou pelo menos é isso que Greenwald afirma —, o "material tóxico" é imprestável como prova no âmbito jurídico. As "mensagens comprometedoras" foram hackeadas por cibercriminosos contratados por quem tem interesse em destruir a Lava-Jato e denegrir a reputação dos principais responsáveis por desmantelar uma quadrilha de políticos e empresários que assaltaram a nação sob o comando de um populista condenado em três instâncias e, até segunda ordem, preso na Superintendência da PF em Curitiba, de onde continua vomitando seus protestos de inocência. A PF está investigando, mas, à luz do resultado das investigações sobre o atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora, que corre o risco de completar um ano envolto em brumas... enfim, Brasília não é famosa pela celeridade, com provam as decisões do Supremo nos processos da Lava-Jato: até hoje, um único caso foi julgado e um único réu, condenado, mas o competente mandado de prisão ainda não foi expedido. É como se no Planalto Central os segundos, para os poderosos da República, fossem verdadeiras fatias da eternidade.

Falando nos supremos togados, o ministro supremo Luís Roberto Barroso assim se manifestou a propósito do furdunço parido pelo site comuna de Glenn: “Tenho dificuldade em entender a euforia que tomou conta dos corruptos e seus parceiros” — euforia essa estampada no delírio da claque petista, inconformada com a condenação de seu amado líder em três instâncias por corrupção e formação de quadrilha. Para ficar nos exemplos mais notórios, o senador petista pernambucano Humberto Costa chegou a defender a abertura de uma CPI: Agora é pau”, disse essa “impoluta figura”, depois de afirmar que a Lava-Jato está ferida de morte. A inebriada parlamentar comunista carioca Jandira Feghali, por sua vez, vociferou: Esse é um dos maiores escândalos da democracia brasileira”, numa tentativa pândega de desqualificar os efeitos bombásticos e positivos da Lava-Jato, que não só pôs na cadeia políticos do alto escalão e empresários da alta cúpula, como também trouxe de volta aos cofres públicos bilhões de reais surrupiados por Ali-Babalula e seus 400 ladrões.

Faz parte da democracia aturar esse tipo de coisa, lembra Rodrigo Constantino em artigo publicado na Gazeta do Povo. Afinal, todos merecem representação na política democrática, inclusive os canalhas. E eles estavam muito bem representados lá. Defensores de ditadores sanguinários, de traficantes, de terroristas, de marginais, de corruptos, enfim, a bancada vermelha tratou Moro como se ele fosse o verdadeiro bandido ali...

Ao convidar Moro para o ministério, Bolsonaro sabia que estaria politizando a Lava-Jato, e o hoje ministro também sabia disso ao aceitar o cargo. Mas não há razão para duvidar de sua sinceridade: Moro abriu mão de 22 anos de carreira na magistratura em prol de uma missão de vida, que é combater a corrupção. E nessa caminhada precisa aguentar ataques abjetos à sua integridade feitos por cúmplices dos corruptos que mandou para a cadeia. E não só manteve a calma durante a Santa Inquisição, como demonstrou que está se tornando “mais político” a cada dia. Quando Gleisi Hoffmann o questionou sobre eventuais contas no exterior, o ministro simplesmente lembrou que não era ele ali o réu por corrupção, deixando claro nas entrelinhas a situação de “Narizinho”, também identificada como “Coxa” e “Amante” nas planilhas do departamento de propina da Odebrecht, que, além de ter contas a acertar com a Justiça, defende o tiranete Nicolás Maduro e outros imprestáveis como ele. Em outro momento, Moro disse que, segundo a lógica da patuleia, seria preciso soltar todos os presos pela Lava-JatoSergio Cabral, Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha e tantos outros injustiçados perseguidos pelo juiz parcial. Silêncio atônito na casinha, seguido de uivos de protesto.

Observação: Enquanto a extrema esquerda armava o circo, Palocci confessava, em sessão secreta da CPI do BNDES, que as gestões do PT distribuíram para as empresas amigas nada menos que R$ 500 bilhões. O ex-ministro de Lula disse ainda que o ex-presidente era o grande articulador do esquema de corrupção no banco.

O fato é que os comparsas de Lula querem convencer o país de que Moro é o vilão da história e que, por isso, Lula deve ser solto. "Esquecem-se" muito convenientemente de que, no caso do tríplex, a condenação foi ratificada em segunda e terceira instâncias, e por unanimidade; se houve divergência, foi somente em relação à dosimetria de pena, que o TRF-4 aumentou e o STJ reduziu para pouco menos do que Moro havia estabelecido originalmente. Não fosse trágico, seria cômico.

Os parlamentares que repudiam veementemente o comportamento do ex-juiz da Lava-Jato, de duas uma: ou são esquerdistas fanáticos e, portanto, defensores do picareta dos picaretas, ou são eles próprios — corja nefasta de picaretas imprestáveis — integrantes da confraria de investigados, indiciados e réus na Justiça criminal. E o pior é que nós os elegemos, ainda que indiretamente em alguns casos — por exemplo, de carona com o Palhaço Tiririca ou outra aberração em que votamos com a intenção de protestar —, mas isso é outra conversa.

Observação: Certa vez, Pelé disso que o brasileiro não sabe votar, e foi muito — e injustamente — criticado por isso: os eleitores desses vagabundos são parte do povo. Mas não dá para aplaudir os representantes do outro lado: salvo raras exceções, o nível é péssimo. Basta olhar para nosso Parlamento para ter calafrios. Mas, como dizia Churchill, se cinco minutos de conversa com um eleitor médio é o melhor argumento contra a democracia, essa mesma democracia é o pior regime que existe, exceto todos os outros já testados.

Continuamos amanhã. Bom final de feriadão a todos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

CRISE? QUE CRISE?



Já nem sei quantas vezes modifiquei este texto ou adiei sua publicação, tantos foram os fatos e versões que se sucederam desde que a Folha denunciou a laranjada do PSL nas eleições, transformando o cenário político numa espécie de figura produzida num caleidoscópio. E se a novela Fabrício Queiroz/Flávio Bolsonaro — que ainda não terminou — já continha elementos bastantes para preocupar o núcleo do governo, este novo folhetim está aí para provar que nada é tão ruim que não possa piorar.

Até onde a vista alcança, a crise que culminou com a exoneração do secretário-geral da Presidência se deve em grande medida a Carlos Bolsonaro, que nunca simpatizou com Bebianno e sempre teve ciúmes de sua influência sobre o pai. A essa antipatia se acirrou o filho do capitão se viu sem cargo no governo, enquanto o desafeto ganhou um ministério. Aliás, de tudo que vi, li e ouvi sobre esse rebosteio, nada supera o tuíte do impagável J.R. Guzzo, que reproduzo a seguir:

 “Ninguém na oposição está conseguindo prejudicar mais o trabalho do governo do que os três filhos do presidente. Não importam as intenções de cada um, mas sua conduta pública; o que fazem está sabotando o país. Ou Bolsonaro faz os três se calarem, hoje, ou vira um banana completo.”   

Cabe ao Presidente da República escolher seus ministros e demiti-los a qualquer momento, a seu talante. Mas a demissão serôdia de Bebianno, oficializada quase uma semana depois de a Folha denunciar o laranjal do PSL, produziu uma crise que talvez não tivesse existido se Carlos Bolsonaro não se aproveitasse da situação para se vingar do desafeto, desmentindo as conversas que ele afirmou ter tido com o Presidente, como forma de minimizar o estrago produzido pela denúncia da Folha.

Bebianno foi um dos primeiros a vislumbrar o potencial da candidatura de Jair Bolsonaro, a quem auxiliou de diversas maneiras ao longo do trajeto que o levou o capitão da Câmara ao Planalto. Ele nega as irregularidades, afirmando que não, como presidente nacional do PSL, não escolheu as candidatas que receberam dinheiro do partido, já que isso é prerrogativa dos diretórios regionais. Se a mágoa pode transformá-lo em “homem-bomba”, bem, sabemos que conhecimento é poder

Pelo visto, nem a nota lacônica lida pelo porta-voz da Presidência, na última segunda-feira, agradecendo os valorosos serviços prestados pelo ex-ministro, nem o pronunciamento feito em seguida pelo próprio Presidente, que elogiou tanto a atuação de Bebianno na campanha quanto sua dedicação ao cargo que ocupou por 50 dias, tiveram o condão de evitar a sucessão de desdobramentos que a mídia vem explorando alegremente, com destaque para os áudios que Veja divulgou na última terça-feira, e que, salvo melhor juízo, desmentem a versão de Carlos Bolsonaro (endossada pelo próprio Presidente), sobre Bebianno não teria conversado com o chefe. A menos, naturalmente, que não se considere como conversa uma troca de mensagens feita pelo WhatsApp, mas isso seria flertar com o ridículo. A pergunta é: Quem mentiu em toda essa história? Responda quem souber.

Observação: O jornalista Augusto Nunes, durante a transmissão do programa OS PINGOS NOS IS, na Rádio Jovem Pan, assumiu a responsabilidade pela divulgação dos áudios com as conversas por WhatsApp entre Bolsonaro e Bebianno, que lhe foram repassados pelo próprio ex-presidente do PSL.

Sem passado político nem mandato popular, Bebianno só ganhou maior protagonismo devido aos recorrentes entreveros com zero dois, a quem o Presidente se refere carinhosamente como “meu pitbull” — aliás, Carluxo anunciou praticamente todos os ministros pelo Twitter, com exceção de Bebianno, com quem disputava desde a campanha o controle da comunicação digital do capitão. Por outro lado, sua exoneração preocupa políticos, militares e assessores mais próximos do núcleo do governo, que receiam ter suas conversas privadas vazadas para o público pelos filhos do capitão, que usam suas contas no Twitter como metralhadoras giratórias sem controle, mirando em qualquer um.  

Parafraseando o Major Olímpio, líder do PSL no Senado, “Bolsonaro precisa fazer uma modulação do papel de pai com o papel de Presidente, assim como seus filhos têm que fazer o mesmo. Qualquer espécie de confusão entre esses papéis pode ser realmente desgastante em alguns episódios. Mesmo assim, o senador afirma que a saída de Bebianno não deve atrapalhar a articulação política do governo para aprovar a reforma da Previdência e o pacote de medidas anticrime. Parafraseando a mim mesmo, urge livrar o governo dessa aura de pseudo realeza e conscientizar os pseudo príncipes de que eles devem cuidar de seus próprios mandatos e deixar o comando da nação a cargo de quem foi eleito para comandá-la.

Nesse meio tempo, a Folha critica a Globo e classifica o SBT e a Record de emissoras “chapa-branca”. Para quem aprecia esse tipo de "jornalismo", recomendo dar uma lida nesta matéria. Antes de encerrar, algumas linhas da lavra de Augusto Nunes e, em seguida, a opinião de Josias de Souza

"O preço pago por Jair Bolsonaro para livrar-se de um ministro que nada fez de errado merece ser festejado por quem torce para que o governo dê certo. Na semana passada, o vereador Carlos Bolsonaro, que desencadeou a crise ao chamar Gustavo Bebianno de mentiroso, foi enfim devolvido ao local do emprego. E reapareceu na Câmara Municipal do Rio depois de meses de sumiço. Levou com ele o primo Leonardo Rodrigues de Jesus, vulgo Leo Índio.

Desde 1º de janeiro, quando desfilou no Rolls Royce presidencial com os pés sobre o banco traseiro, Carlos Bolsonaro permaneceu 24 horas por dia ao lado do pai. Hospedado no Palácio da Alvorada, ia de manhã para o Palácio do Planalto e ficava até o fim do expediente acampado no gabinete presidencial. Essa rotina só foi interrompida com a viagem do chefe de governo a Davos.

Carlos não desgrudou do pai nem mesmo no período em que Bolsonaro permaneceu hospitalizado, recuperando-se da terceira cirurgia desde o atentado ocorrido em Juiz de Fora. Léo Índio, por sua vez, foi 58 vezes ao Palácio do Planalto nos 49 dias de novo governo. A menos que tenha usado a alcunha como currículo para virar assessor especial para questões indígenas, ele não ocupa nenhum cargo oficial. Carlos e Léo Índio sumiram do Planalto. São duas ausências que preenchem uma lacuna. Ou duas."

Segue o texto de Josias de Souza:

"O vídeo divulgado pelo Presidente após o anúncio oficial da exoneração de Bebianno foi gravado por exigência do ex-ministro. O teor do pronunciamento foi minuciosamente negociado, com direito rasgados elogios. Em troca do silêncio do ora desafeto, Bolsonaro ladrilhou com pedrinhas de brilhante o caminho percorrido por Bebianno desde a coordenação da campanha presidencial até a poltrona de ministro, passando pelo período em que exerceu o comando de um PSL cítrico. Apenas os dois conhecem na plenitude os segredos que compartilham, mas o desfecho da negociação sinaliza o potencial destrutivo de uma eventual inconfidência.

Numa articulação que teve o ministro Onyx Lorenzoni como principal intermediário, Bebianno esclareceu que não aceitaria calado a "humilhação" de ser exonerado sob as pechas de desleal, incompetente e corrupto. Inicialmente, Bolsonaro deu de ombros, mas as conversas do final de semana suavizaram suas convicções. O Bolsonaro implacável com "todos aqueles que tentam praticar corrupção no Brasil" perdeu-se em algum lugar no trajeto que separa o entrevistado da Record do leitor de teleprompter da última segunda-feira. Acabrunhado com o resultado de sua metamorfose, o ex-Bolsonaro se absteve de reproduzir nas redes sociais o vídeo de sua contrição, comportando-se como um Narciso que acha feio o que deixou de ser o espelho dos habitantes de sua bolha no Twitter."

sábado, 19 de janeiro de 2019

MÃOS LIMPAS E MÃOS SUJAS



A “Operação Lava-Toga” vem aí, diz a revista digital Crusoé. Acordos de colaboração estão sendo fechados, e outros servirão de base para abertura de novos inquéritos — envolvendo, inclusive, membros das mais altas instâncias do Judiciário tupiniquim. Segundo a Lauro Jardim, as prioridades número um, dois e três da Lava-Jato no Rio, neste ano que se inicia, serão o Judiciário, o Judiciário e o Judiciário. Apurações precisam ser feitas e os culpados, punidos. Mas é lamentável que o Judiciário — derradeiro depositário da confiança dos brasileiros de bem — venha sendo tragado pelo mar de podridão revelado pala Lava-Jato e congêneres, que já engoliu o Legislativo e o Executivo.

O Congresso Nacional é um covil. Nada menos que 38 dos 81 senadores e 160 dos 513 deputados são réus, denunciados ou investigados. No Planalto, dos cinco presidentes da República eleitos pelo voto direto desde a redemocratização — Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro —, dois foram impichados e um está cumprindo pena. Michel Temer não faz parte da lista porque ascendeu ao cargo com o afastamento da titular, mas conseguiu entrar para a história como o primeiro mandatário denunciado 3 vezes, no exercício do cargo, por crimes comuns.

Jair Bolsonaro, atual fiador das esperanças dos brasileiros, foi empossado sob suspeitas de “pedágio” no gabinete do filho número 1. As denúncias não o envolvem diretamente, mas isso não muda o fato de que Fabrício Queiroz, em cuja conta bancária o COAF identificou “movimentações atípicas”, ser amigo da família há décadas e ter feito depósitos para a hoje primeira-dama. 

O imbróglio poderia ser facilmente explicado pelo próprio ex-assessor — supondo que haja realmente uma explicação plausível —, mas ele desapareceu e depois alegou que problemas de saúde o impediram de prestar esclarecimentos ao MP. Dias atrás, o ministro Luiz Fux, decidindo sobre um pedido da defesa de Flávio Bolsonaro, determinou a suspensão da investigação até que o Supremo volte do recesso. Vale frisar que os “fatos suspeitos” que deram início a todo esse salseiro ocorreram quando o filho do Presidente era deputado federal, não estando cobertos, portanto, pela prerrogativa de foro a que ele tem direito como senador eleito (volto a esse assunto mais adiante).

Compra de sentenças e concessão de promoções em troca de decisões judiciais são práticas tão antigas quanto a própria corrupção. A história recente está recheada exemplos, como relembra magistralmente José Nêumanne no artigo No Supremo pela porta dos fundos, que discorre sobre a estapafúrdia liminar concedida pelo ministro supremo Marco Aurélio Mello no apagar das luzes do ano judiciário de 2018, com o nítido propósito de soltar Lula. Assinale-se que o magistrado foi indicado para o STF pelo ex-presidente Collor, de quem é primo, mas sua filha foi nomeada desembargadora pela ex-presidanta Dilma, e por indicação do ex-governador Sérgio Cabral, hoje condenado a mais de 100 anos de prisão.

Escritórios ligados a pelo menos dois ministros do STJ receberam mais de R$ 13 milhões da Fecomércio no período em que ela protagonizou uma guerra de liminares no tribunal. A banca que defende Lula, comandada pelos bambambãs Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, amealhou R$ 38 milhões para um contrato destinado a obter uma “solução política” nos tribunais — e incluiu até a intermediação de um doleiro. O desembargador Francisco Cesar Asfor Rocha, ex-presidente do STJ, teria recebido (segundo a mais recente delação de Antonio Palocci) R$ 5 milhões da Construtora Camargo Corrêa para barrar a operação Castelo de Areia, e o acerto teria sido arranjado por Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça de Lula entre 2003 e 2007.

Durante o julgamento da ação penal 470, conhecida como processo do mensalão, o então ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, aliviou a barra do chefe da quadrilha (que anos antes o indicara para o STF), embora tenha contribuído para a condenação de petistas de alto coturno, como Dirceu, Genoíno, Vaccari, e Delúbio

Em 2016, Ricardo Lewandowski, então presidente do Supremo, mancomunou-se com o PT e com senador Renan Calheiros, então presidente do Congresso, para fatiar a votação do impeachment de Dilma e preservar seus direitos políticos (detalhes na minha postagem de 31/08/2016). 

A pretexto de uma fantasiosa “plausibilidade” de revisão da condenação de José Dirceu nas instâncias superiores, a segunda turma do STF decidiu que o o ex-guerrilheiro-mensaleiro-petroleiro permanecesse em liberdade até o julgamento de seus recursos. Dias Toffoli, então membro da segunda turma e hoje presidente da Corte, mandou para casa o ex-deputado ladrão Paulo Maluf, condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão por desvio e ocultação de dinheiro num processo que se arrastou por décadas. Nesse caso específico, o habeas corpus foi concedido de ofício, por razões humanitárias, embora a sentença condenatória já tivesse transitado em julgado. Segundo a defesa, Maluf estaria à beira do desencarne, mas agora passa muito bem, obrigado, em sua luxuosa mansão nos Jardins (bairro nobre da capital paulista). Se o pulha está mesmo morrendo, deve ser de rir dos trouxas que acreditaram na Justiça (aliás, vocês têm ideia de quanto roubaram José Dirceu e Paulo Maluf?).

Em entrevista concedida à Folha no ano passado, o ministro supremo Luís Roberto Barroso afirmou com todas as letras que “há no Supremo gabinete distribuindo senha para soltar corrupto, sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos”. Se a cartilha de Sérgio Moro for seguida por procuradores e magistrados, muito desse esquema de corrupção ainda virá à tona.

Winston Churchill, num discurso feito em 1942 sobre enfrentar situações que não podem gerar nem desânimo e nem tranquilidade excessiva, cunhou a seguinte pérola: “isto não é o fim, nem mesmo o começo do fim, mas talvez seja o fim do começo”. A conferir.

Para não encompridar ainda mais esta postagem, deixo para falar amanhã sobre os mais recentes desdobramentos do caso Fabrício Queiroz/Flávio Bolsonaro.  

sexta-feira, 18 de maio de 2018

MICHEL TEMER E SEU GOVERNO ZUMBI



Pelo calendário oficial, diz uma matéria publicada em O GLOBO na última quinta-feira, o mandato de Michel Temer termina no dia 31 de dezembro deste ano, mas, na vida real, seu governo morreu na noite de 17 de maio do ano passado, quando o terremoto provocado pelas revelações da delação da JBS abalou as estruturas de uma gestão à qual sempre faltou a legitimidade das urnas. A partir de então, sua excelência deixou de ser um presidente que se pretendia reformista para virar um político que usaria todos os meios junto ao Congresso para não cair.

Cinco dias antes de a bomba explodir, Temer comemorara seu primeiro ano de governo, e apesar da popularidade esquelética (em abril de 2017, o Ibope lhe atribuía míseros 10% de aprovação), articulava um discurso em tom triunfante, exaltando a aprovação da PEC dos gastos públicos, a queda da inflação e a redução da Selic. Naquele cenário, a reforma da Previdência eram favas contadas ― ainda que o texto original fosse relativamente atenuado, ninguém, nem mesmo a oposição, duvidava da força de Temer para fazê-la passar no Congresso.

Mesmo que as ruas não lhe sorrissem, Temer era o senhor do Congresso. No discurso do dia 12 de maio do ano passado, disse estar seguro de que “ao completar nosso segundo ano de governo, teremos um país reestruturado e muito mais feliz”. Mas o presidente que arriscou essa profecia foi o mesmo que meses antes recebera Joesley Batista para a fatídica conversa a dois no Palácio do Jaburu, e quando o diálogo veio a público, passou a viver em função de três objetivos: não cair, não cair e não cair.

Especialista na arte de conhecer os desejos dos parlamentares, Temer negociou tudo o que podia para sepultar as duas denúncias do então procurador-geral Rodrigo Janot. Venceu a parada na Câmara e se manteve no cargo, mas seu governo, desde a noite de 17 de maio de 2017, virou um zumbi. A partir de então, seu capital político, fortalecido pela liderança na articulação para depor sua predecessora, passou a ter outra função: a sobrevivência virou pauta única.

Presidente da Câmara por três vezes, Temer conhece o Legislativo como poucos. Sabia que precisava atuar em dois campos para conseguir evitar que 342 deputados autorizassem o Supremo a processá-lo. O discurso da continuidade era necessário, mas o mais importante era manter a base satisfeita com a moeda típica da coalizão: cargos, emendas e obras nas bases dos parlamentares. Dois ministros chegaram a sondar um cacique do PSDB com a ideia de derrubar o governo, mas, abatidos pelas fortes acusações contra Aécio Neves, os tucanos mais graúdos resistiram e, com o tempo, o partido rachou.

A estratégia da tropa de choque do Planalto foi atuar no varejo e conquistar o coração do baixo clero. Todavia, vendo o governo nas cordas, os parlamentares se aproveitaram para conseguir benesses na véspera do ano eleitoral. Um ministro conta que, entre as demandas, houve quem solicitasse a aprovação de uma obra de R$ 300 milhões

Os ministros políticos pressionavam a área técnica pela liberação de emendas. Em junho e julho foram empenhados R$ 4,2 bilhões, mais de 60% do previsto para o ano. O ritmo caiu em agosto para R$ 200 milhões, depois que, no dia 2 daquele mês, Temer venceu a primeira batalha. Entre setembro e outubro, quando a segunda acusação foi rejeitada, o governo empenhou mais R$ 900 milhões.

Para sepultar as denúncias, Temer empenhou capital político demais para exigir do Congresso a aprovação da impopular reforma da Previdência. Houve até articulações para tentar ressuscitar o tema, mas a intervenção do Rio o sepultou em definitivo. Ainda se fala em suspender a medida por alguns dias para votar a PEC, mas isso é tão improvável quanto a alegada candidatura do peemedebista à reeleição em no pleito de outubro. Na vida real, o governo naufragou. Só as investigações é que não sucumbiram.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

LULA E O “NÓS X ELES”


A dicotomia na política não foi criada por Lula, mas se disseminou graças a ele e a seu espúrio partido. Hoje inimigos figadais, coxinhas e mortadelas se digladiam no campo de batalha das redes sociais. Só que nada têm a comemorar: quando um lado festeja as desventuras do outro, logo é desautorizado pelo avanço das investigações e contrariado pela inevitável inversão no viés dos fatos.

Essa conversa mole de Lula ser inocente, perseguido, injustiçado e, pior, postulante à presidência da Banânia revolta até estômago de avestruz. Mas a postura fleumática de Temer ― que não é réu e nem foi condenado, mas já foi denunciado duas vezes no exercício do cargo ― não lhe fica atrás. Todavia, defender a anulação do impeachment e a volta de Dilma é tão absurdo quanto saudar a mandioca, reverenciar o ET de Varginha ou acreditar que o comandante máximo da ORCRIM é o pai do povo, o salvador da pátria, o portador da luz e dono absoluto da verdade. Aliás, é patético o último bordão criado pela alma viva mais honesta da galáxia, que agora diz preferir a morte a contar uma mentira ao povo brasileiro.

Há quem diga que o crápula vermelho deveria concorrer, pois somente sua derrota acachapante nas urnas exorcizaria o mito de grande estadista vítima da conspiração das “zelites”, da Globo, da Justiça e da ponte que o partiu. A questão é que isso exigiria o sobrestamento de todas as acusações contra ele. Mesmo numa republiqueta de bananas, a Lei determina que bandido seja julgado pela Justiça, não pelas urnas.

Lula sempre foi mestre em iludir os menos informados, mas seu carisma minguou. Na recente caravana pelo Nordeste ― onde a pobreza é mais acentuada e o eleitorado, mais facilmente manipulado, o petista voltou a ser o que era antes de 2002: um candidato de piso alto e teto baixo (o piso alto lhe daria um lugar no segundo turno; o teto baixo lhe retiraria chances de vitória).
Demais disso, não devemos confundir o Brasil dos nossos dias com o de 2002. Naquela época, o petralha contava com marqueteiros de primeiro time para criar a imagem do “Lulinha Paz e Amor”; hoje, faz mais o gênero jararaca. E tanto Duda Mendonça quanto João Santana já não estão disponíveis para auxiliá-lo.

Em 2002, José Alencar ajudou a dispersar o receio de um governo norteado pelas ideias radicais e inconsequentes do PT, e a Carta ao Povo Brasileiro ― idealizada, vejam só, por Antonio Palocci, que agora corre o risco de ser expulso do partido por ter entregado o chefe ― sugeria que o sindicalista, se eleito fosse, manteria compromissos internacionais, contratos e metas de superávit primário. Isso foi decisivo para a conquista do apoio de parte do empresariado, obtenção de financiamento de campanha, e conquista de votos de parte da classe média (inclusive nas regiões Sudeste e Sul) resolveu dar uma chance ao “candidato do povo” ― que hoje figura como o mais rejeitado da lista de pretensos presidenciáveis.

Em 2005, quando o Mensalão veio a público, Lula abandonou os feridos no campo de batalha e conseguiu convencer a militância de que a bandalheira fora necessária, que o PT não era corrupto ― os outros é que eram ―, e que ele precisava de apoio para governar e implementar seus programas sociais. Uma falácia que dificilmente colaria nestes tempos de Lava-Jato, com o sacripanta colecionando processos e batendo na mesma tecla da perseguição política.
Mas não são só a militância petista, composta de áulicos incorrigíveis, que se deixa ludibriar pelo besteirol que abunda na mídia e nas redes sociais, como se pode inferir da postura dos extremistas “de direita”. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:



sexta-feira, 15 de setembro de 2017

LULA, DILMA, PT E A CALAMITOSA SITUAÇÃO DO BRASIL

Lula e Dilma governaram o Brasil de 2003 até maio do ano passado. Aí veio Temer ― outra calamidade nacional, mas que foge ao escopo desta postagem.

Lula é réu em 6 ações penais e alvo de três denúncias. No processo que trata do famoso tríplex no Guarujá ― ora em grau de recurso no TRF-4 ― o molusco foi sentenciado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também foram condenados nessa ação o empreiteiro Marcelo Odebrecht, o ex-ministro Antonio Palocci e seu ex-assessor Branislav Kontic, Roberto Teixeira, compadre e advogado do ex-presidente, e outras figuras menos notórias.

Em agosto passado, Moro acolheu nova denúncia contra o petralha, desta feita por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). Outros três processos tramitam na Justiça Federal do Distrito Federal. No primeiro, aberto em julho de 2016, a alma viva mais honesta da galáxia responde por obstrução da Justiça ― pela compra do silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras; no segundo, fruto da Operação Janus, os crimes são de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de influência; no terceiro, originário da Operação Zelotes, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Dias atrás, a PGR ofereceu nova denúncia contra Lula e Dilma, no STF, por formação de organização criminosa, baseada em crimes praticados contra a Petrobras entre 2002 e 2016. Também foram denunciados o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega, Edinho Silva, Gleisi Hoffmann (hoje senadora pelo Paraná, ré no STF e presidente do PT) e seu marido, Paulo Bernardo.

Janot também denunciou Lula e Dilma por obstrução da Justiça ― com base na nomeação do petista para a Casa Civil, em março de 2016, com o propósito de lhe garantir foro privilegiado. As acusações foram apresentadas ao STF, mas o ministro Fachin decidiu enviá-las à primeira instância da Justiça Federal no Distrito Federal.

O MPF voltou a denunciar Lula na última segunda-feira. Foi a segunda acusação apresentada contra ele na Operação Zelotes. De acordo com os procuradores, o ex-presidente e o ex-ministro Gilberto Carvalho cometeram crime de corrupção passiva ao pedirem 6 milhões de reais em propinas para viabilizar a elaboração e a edição da MP 471/09, que prorrogou por cinco anos benefícios tributários às empresas do setor automobilístico.

Como se vê, um currículo de respeito. E ainda assim tem gente capaz de votar nesse sujeito ― caso ele realmente consiga disputar a presidência nas próximas eleições.

Com gente assim, não é de estranhar que o país esteja na merda que está.

VISITE MINHAS COMUNIDADES NA REDE .LINK:

http://informatica.link.blog.br

http://cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br

http://acepipes-guloseimas-e-companhia.link.blog.br