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sábado, 7 de setembro de 2019

A POPULARIDADE DE UM GOVERNO IMPOPULAR



Contrariando as expectativas, mas fiel ao hábito de tomar decisões que causam "frisson" na mídia, Bolsonaro indicou com dez dias de antecedência o substituto de Raquel Dodge no comando da PGR — instituição cuja importância o capitão já comparou com a da Rainha no jogo de Xadrez.

Ainda é cedo para dizer qualquer coisa além do nome do subprocurador — Augusto Aras —, que ele não foi pinçado da "listra tríplice" do Ministério Público e que a indicação parece ter agradado mais aos petistas que à ala pró-Bolsonaro.

Segundo Josias de Souza, desconsidera-se o fato de que, para prevalecer no intrincado processo de escolha, Aras teve de assumir compromissos que tornam seu hipotético petismo um problema secundário. O que mais inquieta são as roldanas que o futuro procurador-geral traz implantadas na cintura. Aras gira conforme a conveniência, e tamanha maleabilidade política atiça os ânimos da corporação dos procuradores num instante em que atual chefe da Procuradoria-Geral enfrenta uma debandada: como eu comentei postagens atrás, o staff criminal da PGR exonerou-se de suas funções justamente porque farejou um odor de enxofre na movimentação da chefe em fim de mandato.

Produzir insensatez é a marca registrada deste governo. Tem sido assim há oito meses e assim será enquanto o capitão comandar esta nau de insensatos. Entre suas mais recentes estultices está o vai-e-vem  sobre o teto dos gastos — num dia, a revisão do teto é um imperativo matemático, na manhã seguinte, o recuo nas redes sociais. Outra é garantir que não vetaria senão o artigo que proíbe policiais de algemar presos, para logo depois admitir que as acolheria 9 das 10 sugestões apresentadas por Sérgio Moro. A partir daí, a quantidade de vetos foi aumentando na proporção direta da aproximação do vencimento do prazo. Num dia, o presidente disse que acolheria todos os dez vetos; no dia seguinte, o cesto de vetos saltou para "quase 20"; na última quinta-feira, vetou 36 artigos de 19 dispositivos da lei.

Observação: Bolsonaro diz que seguiu orientações do seu centrão, um bloco de ministros que inclui o ex-juiz da Lava-Jato. Quem quiser que acredite. Em verdade, o presidente evoluiu em cena com a orelha encostada no asfalto e os olhos grudados nas redes sociais. Notou que o passeio pelo lado obscuro da política pode sair caro. A desfaçatez tem um custo. Para que o capitão se reconcilie com seu discurso, falta tomar distância do filho 01, reacender as luzes do ex-Coaf e abandonar o papel de estorvo da PF e do Fisco.

Incoerências assim que sugerem que o presidente — que, durante a campanha, prometeu acabar com a reeleição — está mais preocupado com as urnas do que com os cofres públicos. Aclamado pelos bolsomínions, que aplaudem tudo que ele diz com a beatitude retardada dos idiotas, o capitão infla seu ego gigantesco e se vê como um César contemporâneo, a quem basta apontar o polegar para baixo para transformar adversários, desafetos e inimigos reais e imaginários em comida de leão.

A três longos anos da próxima disputa presidencial, Bolsonaro e Dória estão em plena campanha. Unidos pelas correntes do antipetismo explícito em 2018, eles assim permaneceram até algum tempo atrás, quando sinais de distanciamento assomaram no horizonte, sobretudo pela dificuldade de o tucano se colocar como candidato sem antagonizar o atual presidente. Em junho, fizeram lado a lado uma demonstração de flexão de braço durante evento na zona sul de São Paulo; dias atrás, trocaram farpas pelas redes sociais.

Bolsonaro chamou Doria de "ejaculação precoce"; Doria respondeu que foi criticado da mesma maneira pelo presidiário Lula quando derrotou Haddad na disputa pela prefeitura de Sampa em 2016. A primeira-dama de São Paulo, Bia Doria, disse que o capitão usa "expressões chulas, que ferem e desrespeitam a família brasileira e a importância do cargo que ocupa". Na mesma linha seguiu o ex-pesselista recém-convertido a tucano Alexandre Frota: O presidente é a broxada do ano e quer falar de ejaculação precoce? Ele fantasia muito, tipo masturbação política”, disse o deputado à Folha.

Bolsonaro, com ciúmes da popularidade de Sérgio Moro — a quem ofereceu o ministério da Justiça para agregar credibilidade à sua promessa de combater implacavelmente a corrupção e os corruptos —, passou a ver no ex-juiz da Lava-Jato uma ameaça a sua reeleição. Moro, por sua vez, vive um inusitado paradoxo: popularíssimo na sociedade, tornou-se impopular no gabinete do presidente da República, cujo prestígio declina. Segundo o Datafolha, a taxa de aprovação do ministro é 25 pontos maior do que a do chefe.

Governos em geral costumam ter um excesso de cabeças e carência de miolos; o de Bolsonaro em particular sofre do mesmo mal, só que opera com uma cabeça só. O capitão é o tipo de político que segue a teoria da palmeira única, que não aceita a ideia de dividir o gramado com outra palmeira, sobretudo se ela tem quase o dobro do seu prestígio. E da inveja para o medo é um pulinho que pode transformar neurose em realidade. Até outro dia, o sonho de Moro era fazer um bom trabalho no ministério e ganhar uma poltrona no STF. Escanteado pelo chefe, passa a enxergar na política sua melhor alternativa.

A mesma pesquisa que exibe a invejável popularidade do ministro da Justiça dá conta de que outros ministros de Estado suplantam o em popularidade. Paulo Guedes cravou 38% de aprovação, e Tarcísio de Freitas, 36%. No momento, além de ser um sub-Moro, Bolsonaro está empatado com o ministro das queimadas, Ricardo Salles (30%), e com o ministro do marxismo cultural, Abraham Weintraub (29%). Talvez fizesse um bem a si mesmo se esquecesse 2022 e se concentrasse no essencial, que é a recuperação da economia.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

PRESOS OS SUSPEITOS DO HACKEAMENTO QUE ABASTECEU O INTERCEPT COM O MATERIAL CRIMINOSO QUE O CONTA-GOTAS MAIS FAMOSO DO BRASIL VEM DIVULGANDO COM O APOIO DA IMPRENSA “CUMPANHÊRA”


A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro Sérgio Moro, do desembargador do TRF-2 Abel Gomes, relator dos processos da Lava-Jato do Rio em 2ª instância, e de outras autoridades, jornalistas e afins. Na chamada Operação Spoofing, foram cumpridos mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em sete endereços dos investigados em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. O inquérito está sendo conduzido pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que, em 2005 e 2006, presidiu o inquérito do Mensalão.

Observação: No âmbito da segurança digital, o termo “Spoofing” designa uma técnica de engenharia social que busca enganar uma rede ou pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação espúria é confiável.

No início de junho, o Sérgio Moro informou à PF que seu telefone foi invadido depois que ele atendeu uma ligação proveniente do próprio número. O ex-juiz da Lava-Jato já afirmou que a invasão virtual foi realizada por um grupo criminoso organizado, cujo objetivo é invalidar condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, interromper investigações em andamento ou “simplesmente atacar instituições”. Por conta da exploração sensacionalista das supostas mensagens trocadas com procuradores da força-tarefa, o ora ministro da Justiça foi submetido a duas longas sessões de inquisição, uma no Senado e outra na Câmara dos Deputados, durante as quais foi duramente achincalhado por parlamentares petistas e de outros partidos de esquerda.

Também em junho, Deltan Dallagnol relatou a amigos que um hacker teve livre acesso à sua conta no Telegram por pelo menos dois dias, e que tentou acessar também seus emails. Na mesma época o telefone de Rodrigo Janot foi hackeado, mas o invasor não teve sucesso porque o ex-PGR não atendeu às insistentes ligações nem acessou os códigos — segundo Janot, no final de abril um hacker tentou acessar, por mais de dez horas, tanto suas redes sociais quanto suas contas bancárias.

Em maio, Ronaldo Queiroz, ex-chefe de gabinete substituto do ex-procurador-geral, e dois ex-auxiliares de Janot relataram ao GLOBO que haviam sido vítimas de ataques, a exemplo de Eduardo El Hage, coordenador da Lava-Jato no Rio, que reagiu rapidamente à tentativa de invasão e impediu que seu celular fosse utilizado pelo invasor. Também foram hackeados os procuradores Januário Paludo, Danilo Dias e Andrey Borges de Mendonça. Em Curitiba, o procurador Paulo Galvão recebeu uma ligação no meio da noite e, sem atentar para o risco, seguiu as instruções do hacker. Quando se deu conta, o aparelho já havia sido invadido, mas não se sabe se o criminoso teve ou não tempo de copiar os dados.

Também em maio, a Lava-Jato em São Paulo confirmou que dois procuradores sofreram tentativa de hackeamento, mas perceberam a tempo e bloquearam os ataques. A ex-coordenadora Thaméa Danelon recebeu mensagens de que uma nova sessão do Telegram estava sendo aberta e derrubou a sessão quatro vezes. Delegados federais de São Paulo também sofreram tentativas de invasão: o telefone do conselheiro do CNMP Marcelo Weitzel, por exemplo, e enviou mensagens a José Robalinho, ex-presidente da Associação Nacional de Procuradores. O jornalista Gabriel Mascarenhas, repórter da coluna de Lauro Jardim, teve sua conta no Telegram invadida em 11 de maio, e o criminoso se passou por ele para enviar mensagens intimidadoras ao procurador regional da República Danilo Pinheiro Dias.

Os suspeitos que foram presos nesta terça-feira são Gustavo Henrique Elias Santos — que já respondeu por porte ilegal de arma —, sua mulher, SuelenWalter Delgatti Neto Danilo Cristiano Marques — conhecido em Araraquara pelo envolvimento em golpes na internet. De acordo com a PF, a gangue foi responsável por centenas de invasões a celulares de autoridades governamentais ou ligadas a elas. As investigações, que seguem em sigilo na Justiça Federal do DF, buscam apurar também o que foi feito com o material que não tem relação com a Lava-Jato. A PF ainda avalia se os presos serão transferidos para Brasília ou se permanecerão em São Paulo.

No último dia 22 foi a vez de Paulo Guedes ser hackeado — ele não usa o Telegram, mas o invasor criou uma conta para se passar pelo ministro. Na véspera, a deputada Joice Hasselmann relatou pelas redes sociais ter recebido ligações do seu próprio número (mais detalhes nesta postagem), e que mensagens foram enviadas a partir de sua conta no aplicativo para o jornalista Lauro Jardim.

De acordo com José Nêumanne, cair no conto de vigaristas que hackearam mais de mil telefones de autoridades e jornalistas, conforme revelou a PF ao desencadear a Operação Spoofing, foi o erro da mídia brasileira denunciado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. Para o jornalista de televisão Fernando Coelho, a imprensa ganhou poder usando astúcia de repórteres e o perde deixando-se manipular por escroques. Mário Sabino qualificou o episódio como a maior vergonha da História de nossos meios de comunicação. E os três estão certos (para ouvir o comentário na íntegra, clique aqui).

Segundo Merval Pereira, o alcance do ataque deixa claro que o crime nada tem de amador. A partir da certeza de que os suspeitos foram realmente os responsáveis, a PF deverá apurar quem contratou os hackers, quem os pagou e quem entregou o conteúdo ligado à Lava-Jato a Verdevaldo, bem como o que foi feito do material que não tem ligação direta com a força-tarefa.

terça-feira, 9 de julho de 2019

SOBRE A APROVAÇÃO DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA E O PARTO DA MONTANHA DA REVISTA VEJA, ORA ALIADA À ALA ESQUERDISTA EM DEFESA DA SOLTURA DOS CRIMINOSOS E DA PRISÃO DO XERIFE



Após ter sido retalhada, remendada e recosturada pelo relator na Comissão Especial da Câmara, a proposta de reforma da Previdência teve o texto base aprovado por 36 votos a 13 e agora, aos trancos barrancos, segue para o plenário, onde será submetida a dois turnos de votação (e ainda poderá sofrer modificações). Rodrigo Maia diz que o governo já conta com mais que os 308 votos necessários, e acredita que a votação acontece antes recesso parlamentar. O texto final ainda terá de passar pelo crivo do Senado — e voltar à Câmara caso seja alterado — mas a cada dia a sua agonia. Quando nada, o dólar encerrou a semana em expressiva queda, e o Ibovespa bateu um novo recorde histórico (104089.47 pontos no fechamento da sexta-feira, algo jamais visto desde que o índice foi criado, nos anos 1960).

Mudando de um ponto a outro, depois que o “The Interpret” — como Alexandre Borges chama ironicamente o site ultraesquerdista de Glenn Greenwald — e seus esbirros divulgarem mais uma leva de (supostas) trocas de mensagens “tóxicas” entre Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, o ministro parafraseou o poeta romano Horácio (65 a.C. - 8 a.C.) num tuíte: “Parturiunt montes, nascetur ridiculus mus " ("a montanha pariu um ridículo rato", numa tradução livre). A carapuça veste a revista Veja, que em pareceria com o site retrocitado anunciou um tiro de bazuca e soltou um traque. A montanha pariu um rato — ou melhor, uma ninhada —, e todos eles petistas, naturalmente. A festa da rataiada teve seu apogeu na audiência com o ministro na CCJ da Câmara, duas semanas após sua inquisição no Senado. E se a qualidade do nosso Senado já é ruim, a da “Casa do Povo” (que está mais para casa de noca) consegue ser ainda pior.

Por ter sido obtido por via criminosa e enviado ao Intercept por "anonimamente" — ou pelo menos é isso que Greenwald afirma —, o "material tóxico" é imprestável como prova no âmbito jurídico. As "mensagens comprometedoras" foram hackeadas por cibercriminosos contratados por quem tem interesse em destruir a Lava-Jato e denegrir a reputação dos principais responsáveis por desmantelar uma quadrilha de políticos e empresários que assaltaram a nação sob o comando de um populista condenado em três instâncias e, até segunda ordem, preso na Superintendência da PF em Curitiba, de onde continua vomitando seus protestos de inocência. A PF está investigando, mas, à luz do resultado das investigações sobre o atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora, que corre o risco de completar um ano envolto em brumas... enfim, Brasília não é famosa pela celeridade, com provam as decisões do Supremo nos processos da Lava-Jato: até hoje, um único caso foi julgado e um único réu, condenado, mas o competente mandado de prisão ainda não foi expedido. É como se no Planalto Central os segundos, para os poderosos da República, fossem verdadeiras fatias da eternidade.

Falando nos supremos togados, o ministro supremo Luís Roberto Barroso assim se manifestou a propósito do furdunço parido pelo site comuna de Glenn: “Tenho dificuldade em entender a euforia que tomou conta dos corruptos e seus parceiros” — euforia essa estampada no delírio da claque petista, inconformada com a condenação de seu amado líder em três instâncias por corrupção e formação de quadrilha. Para ficar nos exemplos mais notórios, o senador petista pernambucano Humberto Costa chegou a defender a abertura de uma CPI: Agora é pau”, disse essa “impoluta figura”, depois de afirmar que a Lava-Jato está ferida de morte. A inebriada parlamentar comunista carioca Jandira Feghali, por sua vez, vociferou: Esse é um dos maiores escândalos da democracia brasileira”, numa tentativa pândega de desqualificar os efeitos bombásticos e positivos da Lava-Jato, que não só pôs na cadeia políticos do alto escalão e empresários da alta cúpula, como também trouxe de volta aos cofres públicos bilhões de reais surrupiados por Ali-Babalula e seus 400 ladrões.

Faz parte da democracia aturar esse tipo de coisa, lembra Rodrigo Constantino em artigo publicado na Gazeta do Povo. Afinal, todos merecem representação na política democrática, inclusive os canalhas. E eles estavam muito bem representados lá. Defensores de ditadores sanguinários, de traficantes, de terroristas, de marginais, de corruptos, enfim, a bancada vermelha tratou Moro como se ele fosse o verdadeiro bandido ali...

Ao convidar Moro para o ministério, Bolsonaro sabia que estaria politizando a Lava-Jato, e o hoje ministro também sabia disso ao aceitar o cargo. Mas não há razão para duvidar de sua sinceridade: Moro abriu mão de 22 anos de carreira na magistratura em prol de uma missão de vida, que é combater a corrupção. E nessa caminhada precisa aguentar ataques abjetos à sua integridade feitos por cúmplices dos corruptos que mandou para a cadeia. E não só manteve a calma durante a Santa Inquisição, como demonstrou que está se tornando “mais político” a cada dia. Quando Gleisi Hoffmann o questionou sobre eventuais contas no exterior, o ministro simplesmente lembrou que não era ele ali o réu por corrupção, deixando claro nas entrelinhas a situação de “Narizinho”, também identificada como “Coxa” e “Amante” nas planilhas do departamento de propina da Odebrecht, que, além de ter contas a acertar com a Justiça, defende o tiranete Nicolás Maduro e outros imprestáveis como ele. Em outro momento, Moro disse que, segundo a lógica da patuleia, seria preciso soltar todos os presos pela Lava-JatoSergio Cabral, Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha e tantos outros injustiçados perseguidos pelo juiz parcial. Silêncio atônito na casinha, seguido de uivos de protesto.

Observação: Enquanto a extrema esquerda armava o circo, Palocci confessava, em sessão secreta da CPI do BNDES, que as gestões do PT distribuíram para as empresas amigas nada menos que R$ 500 bilhões. O ex-ministro de Lula disse ainda que o ex-presidente era o grande articulador do esquema de corrupção no banco.

O fato é que os comparsas de Lula querem convencer o país de que Moro é o vilão da história e que, por isso, Lula deve ser solto. "Esquecem-se" muito convenientemente de que, no caso do tríplex, a condenação foi ratificada em segunda e terceira instâncias, e por unanimidade; se houve divergência, foi somente em relação à dosimetria de pena, que o TRF-4 aumentou e o STJ reduziu para pouco menos do que Moro havia estabelecido originalmente. Não fosse trágico, seria cômico.

Os parlamentares que repudiam veementemente o comportamento do ex-juiz da Lava-Jato, de duas uma: ou são esquerdistas fanáticos e, portanto, defensores do picareta dos picaretas, ou são eles próprios — corja nefasta de picaretas imprestáveis — integrantes da confraria de investigados, indiciados e réus na Justiça criminal. E o pior é que nós os elegemos, ainda que indiretamente em alguns casos — por exemplo, de carona com o Palhaço Tiririca ou outra aberração em que votamos com a intenção de protestar —, mas isso é outra conversa.

Observação: Certa vez, Pelé disso que o brasileiro não sabe votar, e foi muito — e injustamente — criticado por isso: os eleitores desses vagabundos são parte do povo. Mas não dá para aplaudir os representantes do outro lado: salvo raras exceções, o nível é péssimo. Basta olhar para nosso Parlamento para ter calafrios. Mas, como dizia Churchill, se cinco minutos de conversa com um eleitor médio é o melhor argumento contra a democracia, essa mesma democracia é o pior regime que existe, exceto todos os outros já testados.

Continuamos amanhã. Bom final de feriadão a todos.