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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

DE VOLTA À AUTENTICAÇÃO EM DOIS FATORES


NÃO SOU PRECONCEITUOSO, MAS SUPERIOR.

Diz um velho ditado que o que abunda não excede; outro, que é melhor pecar por ação que por omissão; outro, ainda, que seguro morreu de velho. Então vamos lá:

A vaza-jato, como ficou conhecido o vazamento de mensagens obtidas de forma criminosa (mediante hackeamento de aproximadamente 1000 smartphones de autoridades) e divulgadas seletivamente pelo site Intercept, trouxe preocupação a usuários de aplicativos mensageiros, como o Telegram e o WhatsApp.

Uma das maneiras de aprimorar a segurança desses programas (e de diversos serviços online) é a dupla autenticação, até porque não é boa política confiar apenas numa simples senha alfanumérica, não importa quão segura ela pareça ser — menos pela "insegurança" propriamente dita das senhas e mais pela negligência dos usuários, que não raro criam senhas robustas — isto é, difíceis de memorizar —, mas as anotam num post-it que candidamente colam na moldura do monitor do PC, por exemplo.

Outras prática a evitar, a despeito da comodidade que ela proporciona (conforto e segurança raramente andam de mãos dadas), é usar a mesma senha para se logar em diversos serviços — e, pior ainda, salvá-la no navegador, para que seja preenchida automaticamente sempre que necessário. Mesmo que só você utilize seu PC (ou smartphone, que não deixa de ser um computador), bisbilhoteiros não faltam, e alguém sempre pode se aproveitar... enfim, acho que já me fiz entender.   

sequestro de contas em redes sociais tem sido uma prática recorrente, e uma maneira de dificultá-lo é justamente a autenticação em dois fatores (conforme já frisei uma porção de vezes, mas volto a repetir em atenção aos recém-chegados). Por autenticação de dois fatores (ou 2FA), entenda-se a criação de uma camada adicional de segurança de login, que visa limitar ao legítimo usuário o acesso a um aplicativo ou serviço, mesmo se alguém descobrir a senha. O segundo fator é um código de segurança que não precisa ser memorizado, pois é criado aleatoriamente a cada login e pode ser recebido por SMS ou email, ou mesmo gerado num aplicativo (soft token) ou num dispositivo específico para esse fim (hard token).

Apps de troca de mensagens, como os populares WhatsApp e o Telegramoferecem nativamente o recurso, mas é preciso ativá-lo para uso. Em smartphones com Android 7 e versões superiores pode ser usado como chave de segurança um mecanismo que combina a localização do GPS com o sensor de proximidade conectado pelo Bluetooth. As contas no Facebook e Instagram também oferecem a opção, e uma maneira universal de gerar o código de segurança é recorrer ao aplicativos Google Authenticator e Microsoft Authenticator. Os dois funcionam como geradores de códigos aleatórios para proteger as contas de redes sociais, email, entre outros tipos de serviço online.

Atualmente diversos mecanismos de controle de acesso suportam a autenticação de dois fatores, mas, de novo, é preciso ativar essa segunda camada de segurança. Convém fazê-lo o quanto antes; depois não adianta chorar.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

DE VOLTA À AUTENTICAÇÃO EM DUAS ETAPAS

SE FERRADURA TROUXESSE SORTE, BURRO NÃO PUXAVA CARROÇA.

O material obtido criminosamente pelo grupo de hackers pé-de-chinelo (se é que somente os quatro suspeitos presos foram os responsáveis por invadir quase 1000 celulares de altas autoridades da República) e “entregue de mão beijada” ao criador do panfleto digital proselitista The Intercept — que vem vazando seletivamente trechos fora de contexto e possivelmente adulterados — é mais uma prova cabal de que segurança absoluta no universo digital é mera cantilena para dormitar bovinos.

Mesmo que a investigação ainda esteja em curso e os detalhes continuem sob segredo de Justiça, o que já foi divulgado deixa claro que as vítimas não se preocuparam em ativar a autenticação em duas etapas no Telegram e tampouco utilizaram o “chat privado”, no qual as mensagens são encriptadas e desaparecem automaticamente segundos ou minutos depois de lidas. Como a maioria de nós, Moro, Dallagnol e os demais envolvidos no furdunço privilegiaram a comodidade em detrimento da segurança, e o grande problema com as consequências é que elas vêm depois. 

Habilitar a autenticação em duas etapas é fundamental para garantir a segurança de contas e logins, seja em aplicativos mensageiros, como o WhatsApp e o próprio Telegram, seja em redes sociais, serviços e webmail e tudo mais que envolva dados “sensíveis”. Na maioria dos serviços, essa proteção adicional funciona por meio de um código numérico (token) registrado em aplicativos específicos, como Google Authenticator, Authy ou 1Password. Assim, sempre que se conectar usando um novo dispositivo, o usuário terá de informar o token para concluir o processo de login; se alguém descobrir sua senha, esse alguém só conseguirá acessar suas informações se obtiver também esse código adicional. 

A questão é que o envio do código pode ser feito por email ou SMS, e por ser essa a opção mais prática, ela é adotada por 9 em cada dez internautas. Mas praticidade e segurança nem sempre caminham juntas.

Por padrão, sempre que um email ou torpedo é recebido, o smartphone exibe uma notificação, mesmo que o bloqueio da tela esteja ativado. E é aí que mora o perigo. A Forbes publicou um vídeo de um grupo de hackers da Positive Technologies mostrando como foi possível acessar uma carteira de bitcoin na Coinbase por meio de interceptação de SMS.

Tudo começa quando os pesquisadores tentam recuperar a senha de uma conta do Gmail. Após obterem alguns dados (como nome e sobrenome) da “vítima”, eles solicitam um SMS com o código de recuperação, que é interceptado por meio de uma ferramenta. Depois que o Google confirma a identidade do usuário, é só mudar a combinação da conta. Feito isso, bastou entrar na Coinbase e acessar o “Esqueci minha senha”: o serviço de carteira de criptomoedas enviou um link de troca de senha, e a alteração foi realizada sem a menor dificuldade. Confira (são apenas 3 minutos):



Com informações do site Tecnoblog.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM — 4.ª PARTE


0 CASAMENTO É O TÚMULO DO AMOR E O COVEIRO DA PAIXÃO.

À luz do que vimos nos capítulos anteriores, o WhatsApp e o Telegram podem ser menos ou mais seguros, dependendo de como os usamos e, principalmente, como os configuramos. Alguns ajustes aprimoram a segurança, mas limitam algumas funções do aplicativo, acarretando certo desconforto para o usuário. No entanto, segurança e comodidade podem não ser conceitos mutuamente excludentes, mas raramente andam de mãos dadas.

Segurança absoluta no universo digital é mera cantilena para dormitar bovinos. Sobretudo depois que o acesso doméstica à Internet se tornou popular. E ter um computador (e, nunca é demais lembrar, smartphones e tablets também são computadores, só que de dimensões reduzidas) e usá-lo offline seria o mesmo que pilotar uma Harley Davidson somente no quintal de casa.
Quem realmente se preocupa com privacidade deve abrir mão de programas mensageiros, do correio eletrônico e até do telefone. Como diz a sabedoria popular, jamais se deve deixar a mão esquerda saber o que a direita está fazendo; afinal, segredo entre três, só mantando dois.

O aplicativo de troca de mensagens Signal é considerado pelos especialistas como o mais confiável da categoria (a versão para Android pode ser baixada a partir deste link), mas você dificilmente convencerá a galera a abandonar o WhatsApp, e pode acabar falando sozinho.

Tanto o WhatsApp quanto o Telegram são relativamente seguros se você seguir fielmente as diretrizes recomendadas por seus desenvolvedores (clique aqui e aqui para acessar suas políticas de segurança). Se você trocar um pelo outro sem implementar as devidas configurações de segurança e, principalmente, sem se livrar de seus maus hábitos de usuário (que você certamente tem), trocará seis por meia dúzia.  Resguardadas as devidas diferenças, isso se aplica também ao Windows, ao iOS e ao Android, até porque não existe software perfeito nem 100% seguro; o que existe são maneiras aprimorar sua segurança.

Manter sistema e aplicativos atualizados é primordial, como também instalar uma boa suíte de segurança — que pode não ser um remédio para todos os males, mas ninguém ainda descobriu alternativa melhor. No caso dos dispositivos móveis, o maior problema está nos aplicativos. Portanto, instale somente o que for realmente necessário e faça o download do Google Play ou da App Store — isso não elimina o risco de levar gato por lebre, mas o minimiza consideravelmente. E todo cuidado é pouco ao conceder permissões aos programinhas — uma simples lanterna, por exemplo, não tem motivo para solicitar acesso a suas mensagens, fotos e lista de contatos.

Mesmo o usuário mais precavido pode vir a ser infectado por spyware ou outros código maliciosos que tais. Kevin Mitnick, considerado “o papa dos hackers“ nos anos 1980, ensinou que “computador seguro é computador desligado, e mesmo assim um hacker competente sempre descobre um jeito de levar o usuário a ligá-lo. Portanto, se você suspeitar que seu smartphone foi invadido, restaure imediatamente as configurações de fábrica.
Veja dicas do professor em engenharia de software João Gondim, da UnB, sobre como evitar uma invasão ao seu celular.


Windows, Gmail, Facebook, WhatsApp e outros programas e webservices se tornam mais seguros se você configurar a autenticação em duas etapas (2FA). Em linhas gerais, trata-se de uma camada adicional de segurança que visa impedir um acesso não autorizado, mesmo que a senha do usuário tenha sido comprometida. Habilitando esse recurso, tanto você quanto um invasor que consiga descobrir sua password terá de informar, além da senha propriamente dita, um código gerado automaticamente, que vale para um único acesso. Esse código é enviado para o endereço de email que você cadastrou, por SMS para o número do celular que você informou ao habilitar o recurso, ou qualquer outra maneira que você tenha escolhido. 

Clique aqui para saber como fazer essa configuração no WhatsApp; no Telegram, em Configurações, selecione Privacidade e Segurança > Verificação em duas etapas > Configurar senha adicional, defina uma senha de acesso e toque no botão na parte de cima da tela para avançar. Repita a senha para confirmar e, em seguida, crie uma dica de senha, informe um endereço de email (para facilitar a recuperação da senha) e, na tela seguinte, digite o código enviado para o seu email, para confirmar que você tem acesso a ele. Para finalizar, toque uma última vez no botão com ícone de visto na parte de cima.

Observação: A 2FA não assegura proteção infalível, mesmo porque seu email funciona como instrumento de resgate da senha, podendo se tornar um vetor de ataque se a senha a senha que dá acesso os serviço de webmail for quebrada (para saber sobre senhas, gerenciadores de senhas e dicas para criar combinações seguras e, ao mesmo tempo, fáceis memorizar, reveja a sequência de postagens iniciada por esta aqui).

quinta-feira, 11 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM — 3ª PARTE

A RELIGIÃO É AQUILO QUE IMPEDE OS POBRES DE MATAR OS RICOS.

Depois que constantes vazamentos provocaram uma enxurrada de reclamações, o Facebook aprimorou a segurança do WhatsApp, que até então era frágil a ponto de permitir que as conversas fossem grampeadas em qualquer rede Wi-Fi com um programinha elementar. Já no Telegram a criptografia e o chat secreto frustravam os grampos eletrônicos mais sofisticados. Mas não há nada como o tempo para passar.

O WhatsApp conta hoje com uma tecnologia de embaralhamento de mensagens copiada do Signal, que muitos analistas consideram o melhor aplicativo da categoria e cujo uso eu recomendo se você realmente faz questão de privacidade em suas comunicações (a versão para Android pode ser baixada a partir deste link). Já o Telegram, mesmo sendo pioneiro em chats secretos criptografados, focou a comodidade, privilegiando o uso em múltiplos dispositivos e o armazenamento centralizado das conversas. Isso facilita a migração, mas compromete a segurança de quem não ativa os recursos de proteção avançados.

Diante do exposto e de tudo mais que foi dito nos capítulos anteriores, quando a pergunta é “qual das duas plataformas é a mais segura”, a resposta é “depende”, sobretudo da maneira como o usuário configura e utiliza o aplicativo.

Muita gente não ativa os recursos avançados do Telegram porque os desconhece ou porque não quer abrir mão de determinadas funções e conveniências. No “chat secreto”, por exemplo, as mensagens são encriptadas, não podem ser reencaminhadas e são apagadas automaticamente segundos ou minutos depois de lidas. A criação de grupos, que no modo “normal” pode reunir até 200 mil usuários, é proibida no privado — o que nos leva a concluir que Moro e os procuradores da Lava-Jato não se valeram desse e dos demais recursos de segurança disponíveis no aplicativo, talvez porque a ativação exija a criação de uma senha que terá de ser informada a cada nova sessão. Isso pode ser aborrecido, mas é indispensável do ponto de vista da segurança. Infelizmente, o grande problema com as consequências é que elas vêm depois.

Se você optar pelo Telegram porque quer privacidade, use o chat secreto e ative autenticação em dois fatores. Faça-o a partir da aba "privacidade e segurança", que, dentre outras coisas, permite definir quem pode saber se você está online, ver sua foto de perfil e número de telefone, ajustar o tempo que seu histórico deve permanecer nos servidores se sua conta ficar inativa, e assim por diante.

No WhatsApp, como o histórico de conversas é armazenado no próprio aparelho, apagá-lo de tempos em tempos não só aprimora a segurança como libera espaço precioso na memória interna do telefone. E não deixe de ativar a autenticação em dois fatores (clique aqui para saber como fazer isso).

Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. Qualquer fã de filmes policiais com foco na Cosa Nostra (ramificação da Máfia siciliana que dominou a costa leste dos EUA durante boa parte do século passado) sabe que “assuntos sensíveis” devem ser tratados pessoalmente, de preferência numa caminhada ao ar livre, longe de olhos e ouvidos curiosos. Telefones, só os públicos, apenas para recados urgentes e sem jamais mencionar nomes. Como dizia Tancredo Neves, "telefone só serve para marcar encontro, e assim mesmo no lugar errado". Portanto, reunião só na sauna e com todo mundo nu.

Telegram afirma que protege as mensagens tanto no envio quando no armazenamento, que jamais compartilhou um único byte com terceiros, que nenhuma maneira de corromper sua encriptação foi descoberta até hoje e que seus servidores não foram invadidos, além de indicar uma página onde explica como manter seguro o conteúdo das conversas. Pelo visto, Moro, Dallagnol e os demais envolvidos nesse carnaval midiático foram relapsos e deram sopa para o azar. Se tivessem usado o "chat secreto", suas mensagens teriam sido encriptadas e apagadas automaticamente segundos ou minutos após a leitura.

Especula-se que o acesso não autorizado ao aparelho de Moro e seu grupo de interlocutores se deu através de malwares (códigos maliciosos), mas é igualmente possível que as linhas tenham sido comprometidas e os SMS com os códigos de login no Telegram, interceptados. A propósito, é bom lembrar que quando o celular é invadido o invasor obtém acesso total ao dispositivo, podendo capturar tudo que é digitado e visto na tela. Portanto, quem não quer correr riscos deve evitar qualquer meio de comunicação eletrônica.

Cibercriminosos costumam explorar de falhas no sistema operacional e nos próprios aplicativos para instalar spywares (programinhas espiões). Em maio, por exemplo, uma brecha de segurança descoberta no WhatsApp permitia que, através de chamadas feitas para o número da vítima, os crackers instalassem códigos maliciosos tanto em aparelhos com sistema Android quanto com iOS. OParte inferior do formulário WhatsApp recomendou enfaticamente aos usuários que migrassem para a versão mais recente do aplicativo, na qual o bug havia sido corrigido (mais detalhes nesta postagem).

Confira no vídeo abaixo como a invasão é feita em celulares com sistema Android — que é o mais visado por estar presente em 85,1% dos dispositivos móveis comercializados no ano passado, bem à frente do iOS, que abocanha apenas 14,9% do mercado.


Outra técnica antiga, mas extremamente sofisticada e largamente utilizada por cibercriminosos experientes, o SS7 (Sistema de Sinalização 7) tem brechas que permitem a captação de ligações, mensagens e localização do usuário. O número de telefone é clonado sem que seja necessário o contato com a operadora de telefonia ou o furto do telefone em si (clique aqui para assistir a um clipe que simula a operação).

Continua na próxima postagem.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM — 2ª PARTE


LIFE IS SHORT, GO NUTS!

WhatsApp e Telegram são ambos aplicativos mensageiros, mas cada qual funcionam à sua maneira. O Telegram é mais parecido com o Facebook Messenger e com o Skype do que com o Zap, mas isso já é outra conversa. Para ficar num rápido comparativo, temos que:
— O código-fonte do WhatsApp é fechado (ou proprietário), ao passo que o do Telegram é aberto (embora seja protegido por forte criptografia nos servidores).

No Zap, as mensagens são encriptadas e salvas no telefone do usuário; no Telegram, elas seguem abertas e são armazenadas na “nuvem” de servidores online que a empresa mantém espalhados pelo mundo. Esse histórico só é excluído sob demanda ou quando o usuário deixa de acessar o aplicativo por 6 meses (ou outro período definido pelo próprio usuário).

O WhatsApp não permite ativar a conta em mais de um aparelho com o mesmo número, e ainda que o modo WhatsApp Web possa ser acessado pelo computador, ele só funciona se o smartphone estiver ligado e conectado à Internet. Já o Telegram não limita o uso a um dispositivo que atue como central — ou seja, a mesma conta pode ativada simultaneamente em vários aparelhos —, e o modo Telegram Web funciona mesmo com o celular desligado ou ligado, mas não conectado à Internet. Isso é cômodo, pois permite ao usuário que esquecer o telefone em casa ou ficar sem bateria, por exemplo, dar sequência às conversas a partir de outro dispositivo (smartphone, tablet ou PC), mas a questão é que comodidade e segurança não andam de mãos dadas.

No WhatsApp, também é possível salvar o histórico das conversas “em nuvem”. No entanto, ao contrário do que ocorre não Telegram, isso não é feito por padrão — ou seja, o usuário precisa ativar o recurso —, e histórico não é armazenado nos servidores do Zap, mas sim salvos num arquivo criado no Google Drive, no caso do sistema operacional do smartphone ser o Android, ou no iCloud, caso seja o iOS. Demais disso, para aceder a esse histórico é preciso ter acesso à conta no aplicativo e fornecer a senha que protege o arquivo no Google Drive ou no iCloud, conforme o caso. Assim, se sua conta no WhatsApp for sequestrada, o criminoso pode até se passar por você, mas só botará as patas no seu histórico de conversas se conseguir descobrir a senha que você criou.

No Telegram, se não tiver acesso físico a um smartphone desbloqueado e conectado ao serviço, o invasor pode tentar se passar pelo dono da linha e pedir a transferência para outro chip com o mesmo número (clonagem). Pode também recorrer ao "phishing" (mais detalhes nesta postagem) para infectar o dispositivo-alvo com algum tipo de software malicioso (trojan, spyware etc.), mas a maneira mais simples é se aproveitar de um descuido do dono do aparelho — que precisa estar ligado e com o programa aberto — para obter um código de ativação e autenticar o acesso em seu próprio dispositivo. Se conseguir, ele terá acesso total à conta, podendo visualizar o histórico armazenado em nuvem a partir de qualquer dispositivo — e causar um problemão danado ao legítimo usuário do aplicativo.

Observação: Já perdi a conta de quantas postagens publiquei sobre como criar senhas fortes e fáceis de memorizar, mas não custa lembrar que de nada adianta uma senha complexa, que um cracker levaria meses ou anos para quebrar, se você a anotar num post-it e grudá-lo na moldura da tela do seu monitor.

No WhatsApp, a maneira mais fácil de obter acesso às mensagens antigas de outra pessoa é iniciando uma sessão no WhatsApp Web, mas, como já foi dito, além de acesso completo ao celular, é preciso saber a senha do arquivo criado nos servidores do Google ou da Apple, conforme a plataforma. E isso no caso de esse backup existir, pois, também como já foi dito, o usuário só o cria se quiser. Já no Telegram, quem obtiver acesso à linha do telefone e conseguir ativar a conta poderá visualizar o histórico de mensagens.

Observação: Claro que tanto num caso como no outro há maneiras mais sofisticadas de se obter acesso não autorizado às conversas, mas elas envolvem um grau de expertise que foge aos usuários comuns e ao escopo desta despretensiosa abordagem.

Continua na próxima postagem.

terça-feira, 9 de julho de 2019

SOBRE A APROVAÇÃO DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA E O PARTO DA MONTANHA DA REVISTA VEJA, ORA ALIADA À ALA ESQUERDISTA EM DEFESA DA SOLTURA DOS CRIMINOSOS E DA PRISÃO DO XERIFE



Após ter sido retalhada, remendada e recosturada pelo relator na Comissão Especial da Câmara, a proposta de reforma da Previdência teve o texto base aprovado por 36 votos a 13 e agora, aos trancos barrancos, segue para o plenário, onde será submetida a dois turnos de votação (e ainda poderá sofrer modificações). Rodrigo Maia diz que o governo já conta com mais que os 308 votos necessários, e acredita que a votação acontece antes recesso parlamentar. O texto final ainda terá de passar pelo crivo do Senado — e voltar à Câmara caso seja alterado — mas a cada dia a sua agonia. Quando nada, o dólar encerrou a semana em expressiva queda, e o Ibovespa bateu um novo recorde histórico (104089.47 pontos no fechamento da sexta-feira, algo jamais visto desde que o índice foi criado, nos anos 1960).

Mudando de um ponto a outro, depois que o “The Interpret” — como Alexandre Borges chama ironicamente o site ultraesquerdista de Glenn Greenwald — e seus esbirros divulgarem mais uma leva de (supostas) trocas de mensagens “tóxicas” entre Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, o ministro parafraseou o poeta romano Horácio (65 a.C. - 8 a.C.) num tuíte: “Parturiunt montes, nascetur ridiculus mus " ("a montanha pariu um ridículo rato", numa tradução livre). A carapuça veste a revista Veja, que em pareceria com o site retrocitado anunciou um tiro de bazuca e soltou um traque. A montanha pariu um rato — ou melhor, uma ninhada —, e todos eles petistas, naturalmente. A festa da rataiada teve seu apogeu na audiência com o ministro na CCJ da Câmara, duas semanas após sua inquisição no Senado. E se a qualidade do nosso Senado já é ruim, a da “Casa do Povo” (que está mais para casa de noca) consegue ser ainda pior.

Por ter sido obtido por via criminosa e enviado ao Intercept por "anonimamente" — ou pelo menos é isso que Greenwald afirma —, o "material tóxico" é imprestável como prova no âmbito jurídico. As "mensagens comprometedoras" foram hackeadas por cibercriminosos contratados por quem tem interesse em destruir a Lava-Jato e denegrir a reputação dos principais responsáveis por desmantelar uma quadrilha de políticos e empresários que assaltaram a nação sob o comando de um populista condenado em três instâncias e, até segunda ordem, preso na Superintendência da PF em Curitiba, de onde continua vomitando seus protestos de inocência. A PF está investigando, mas, à luz do resultado das investigações sobre o atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora, que corre o risco de completar um ano envolto em brumas... enfim, Brasília não é famosa pela celeridade, com provam as decisões do Supremo nos processos da Lava-Jato: até hoje, um único caso foi julgado e um único réu, condenado, mas o competente mandado de prisão ainda não foi expedido. É como se no Planalto Central os segundos, para os poderosos da República, fossem verdadeiras fatias da eternidade.

Falando nos supremos togados, o ministro supremo Luís Roberto Barroso assim se manifestou a propósito do furdunço parido pelo site comuna de Glenn: “Tenho dificuldade em entender a euforia que tomou conta dos corruptos e seus parceiros” — euforia essa estampada no delírio da claque petista, inconformada com a condenação de seu amado líder em três instâncias por corrupção e formação de quadrilha. Para ficar nos exemplos mais notórios, o senador petista pernambucano Humberto Costa chegou a defender a abertura de uma CPI: Agora é pau”, disse essa “impoluta figura”, depois de afirmar que a Lava-Jato está ferida de morte. A inebriada parlamentar comunista carioca Jandira Feghali, por sua vez, vociferou: Esse é um dos maiores escândalos da democracia brasileira”, numa tentativa pândega de desqualificar os efeitos bombásticos e positivos da Lava-Jato, que não só pôs na cadeia políticos do alto escalão e empresários da alta cúpula, como também trouxe de volta aos cofres públicos bilhões de reais surrupiados por Ali-Babalula e seus 400 ladrões.

Faz parte da democracia aturar esse tipo de coisa, lembra Rodrigo Constantino em artigo publicado na Gazeta do Povo. Afinal, todos merecem representação na política democrática, inclusive os canalhas. E eles estavam muito bem representados lá. Defensores de ditadores sanguinários, de traficantes, de terroristas, de marginais, de corruptos, enfim, a bancada vermelha tratou Moro como se ele fosse o verdadeiro bandido ali...

Ao convidar Moro para o ministério, Bolsonaro sabia que estaria politizando a Lava-Jato, e o hoje ministro também sabia disso ao aceitar o cargo. Mas não há razão para duvidar de sua sinceridade: Moro abriu mão de 22 anos de carreira na magistratura em prol de uma missão de vida, que é combater a corrupção. E nessa caminhada precisa aguentar ataques abjetos à sua integridade feitos por cúmplices dos corruptos que mandou para a cadeia. E não só manteve a calma durante a Santa Inquisição, como demonstrou que está se tornando “mais político” a cada dia. Quando Gleisi Hoffmann o questionou sobre eventuais contas no exterior, o ministro simplesmente lembrou que não era ele ali o réu por corrupção, deixando claro nas entrelinhas a situação de “Narizinho”, também identificada como “Coxa” e “Amante” nas planilhas do departamento de propina da Odebrecht, que, além de ter contas a acertar com a Justiça, defende o tiranete Nicolás Maduro e outros imprestáveis como ele. Em outro momento, Moro disse que, segundo a lógica da patuleia, seria preciso soltar todos os presos pela Lava-JatoSergio Cabral, Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha e tantos outros injustiçados perseguidos pelo juiz parcial. Silêncio atônito na casinha, seguido de uivos de protesto.

Observação: Enquanto a extrema esquerda armava o circo, Palocci confessava, em sessão secreta da CPI do BNDES, que as gestões do PT distribuíram para as empresas amigas nada menos que R$ 500 bilhões. O ex-ministro de Lula disse ainda que o ex-presidente era o grande articulador do esquema de corrupção no banco.

O fato é que os comparsas de Lula querem convencer o país de que Moro é o vilão da história e que, por isso, Lula deve ser solto. "Esquecem-se" muito convenientemente de que, no caso do tríplex, a condenação foi ratificada em segunda e terceira instâncias, e por unanimidade; se houve divergência, foi somente em relação à dosimetria de pena, que o TRF-4 aumentou e o STJ reduziu para pouco menos do que Moro havia estabelecido originalmente. Não fosse trágico, seria cômico.

Os parlamentares que repudiam veementemente o comportamento do ex-juiz da Lava-Jato, de duas uma: ou são esquerdistas fanáticos e, portanto, defensores do picareta dos picaretas, ou são eles próprios — corja nefasta de picaretas imprestáveis — integrantes da confraria de investigados, indiciados e réus na Justiça criminal. E o pior é que nós os elegemos, ainda que indiretamente em alguns casos — por exemplo, de carona com o Palhaço Tiririca ou outra aberração em que votamos com a intenção de protestar —, mas isso é outra conversa.

Observação: Certa vez, Pelé disso que o brasileiro não sabe votar, e foi muito — e injustamente — criticado por isso: os eleitores desses vagabundos são parte do povo. Mas não dá para aplaudir os representantes do outro lado: salvo raras exceções, o nível é péssimo. Basta olhar para nosso Parlamento para ter calafrios. Mas, como dizia Churchill, se cinco minutos de conversa com um eleitor médio é o melhor argumento contra a democracia, essa mesma democracia é o pior regime que existe, exceto todos os outros já testados.

Continuamos amanhã. Bom final de feriadão a todos.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM


SEGREDO ENTRE TRÊS, SÓ MATANDO DOIS.

A sequência de denúncias espúrias feitas pelo Intercept Brasil foi assunto de diversas postagens ao longo das últimas semanas. Na maioria delas, o foco foram os aspectos jurídico-políticos desse furdunço; nesta, o moto é a segurança dos aplicativos de comunicação instantânea, já que foi a partir do Telegram que o(s) criminoso(s) tiveram acesso ao histórico de conversas dos envolvidos. 

Observação: Intercept e seu comandante, o esquerdista norte-americano Glenn Greenwald, vêm sendo aplaudidos por esquerdopatas, políticos corruptos e palpiteiros de raciocínio raso — tão raso que uma formiguinha atravessaria sem sequer molhar as canelinhas —, mas não se pode perder de vista o fato de que as "revelações bombásticas" provêm da uma fonte anônima, e tanto quem roubou os arquivos quanto o próprio Gleen e seus esbirros podem ter editado as conversas para encaixá-las na moldura de seus interesses espúrios. 

Programas “mensageiros” surgiram às dezenas quando o acesso à Internet se popularizou entre usuários domésticos. O saudoso ICQ, por exemplo, foi o queridinho dos internautas até o MSN Messenger destroná-lo. Depois de reinar durante anos, amealhar 230 milhões de usuários (34 milhões só no Brasil), em 2013 o popular mensageiro da Microsoft foi incorporado ao Skype, que também pertence à empresa de Redmond.

No âmbito dos celulares, mesmo os “dumbphones” da era pré-iPhone ofereciam um serviço rudimentar de mensagens de texto — SMS, de “Short Message Service” — que foi condenado ao ostracismo mais adiante, com o surgimento de alternativas tecnologicamente superiores, como o popular WhatsApp, que contabiliza mais de 1,5 bilhão de usuários (120 milhões só no Brasil). Já o Telegram era bem pouco conhecido da tribo tupiniquim antes de essa novela dos vazamentos entrar em cartaz. Vamos aos detalhes.  

Em 2013, após serem “convidados” a vender a rede social VKontakte ao grupo Mail.ru, ligado ao governo russo, os irmãos Nikolai e Pavel Durov deixaram o país e usaram parte dos US$ 260 milhões que receberam para desenvolver um aplicativo de mensagens capaz de resistir às investidas dos espiões russos. E assim nascia o Telegram, cuja rapidez na entrega das mensagens e, principalmente, a promessa de inviolabilidade — a empresa oferece US$ 300 mil a quem conseguir quebrar seus protocolos de encriptação — conquistaram centenas de milhares de usuários. Diante da recusa dos desenvolvedores a abrir o código fonte do aplicativo, o presidente russo Vladimir Vladimirovitch Putin proibiu seu uso em todo o território russo.

Observação: A segurança do Telegram não conquistou apenas organizações terroristas, pedófilos, traficantes e quem mais atue à margem da lei, mas também um grande número de “usuários comuns” que não veem com bons olhos a falta de transparência de Mark Zuckerberg na coleta e utilização dos dados das contas do Facebook e, por tabela, do WhatsApp, que pertence ao Facebook desde 2014.

Lá pelos idos de 2015, uma inusitada decisão judicial determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil. O Facebook conseguiu cassar a liminar e restabelecer o serviço, mas o episódio se repetiu outras vezes, inclusive no ano seguinte, criando um clima de incerteza que levou muitos usuários a buscar alternativas (mais detalhes nesta postagem). E como sói acontecer em casos assim, houve quem continuasse a usar as alternativas depois que os bloqueios da opção original deixaram de acontecer.

É difícil dizer se o Telegram é mais seguro que o WhatsApp ou vice-versa (detalhes na próxima postagem). Em última análise, quem não quer correr riscos deve dispensar qualquer meio de comunicação eletrônica. Se isso lhe parecer uma solução por demais radical, fique com o Signal, que é considerado o melhor aplicativo da categoria (a versão para Android pode ser baixada a partir deste link).

Continua na próxima postagem, que será publicada na quarta-feira; amanhã, 9 de julho, é feriado em São Paulo, pois comemora-se o 87.º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932 — o maior confronto armado do século XX no Brasil, que mobilizou 100 mil homens e mulheres, entre tropas paulistas e federais, e resultou em quase 800 mortes (número superior ao das baixas contabilizadas durante a participação do Brasil na Segunda Grande Guerra).

Um ótimo feriado a todos e até quarta.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

ANDROID VS. IPHONE

UM MONTE DE FEZES COBERTO DE GLACÊ NÃO É UM BOLO DE CASAMENTO, APENAS UM MONTE DE FEZES COM COBERTURA.

O iOS foi desenvolvido pela Apple para funcionar apenas com o iPhone e assemelhados (iPad e Apple Watch). O Android  foi concebido pelo Google para operar aparelhos de diversas marcas e modelos — como o smartphone Samsung usado pelo ex-juiz Sérgio Moro, a partir do qual um grupo de cibercriminosos financiados sabe-se lá por quem obteve acesso ao histórico de conversas do ex-juiz no Telegram.

Diferentemente do WhatsApp, que salva esse histórico no próprio aparelho do usuário, no aplicativo russo o armazenamento é feito na nuvem, ou seja, nos servidores que a empresa mantém espalhados pelo mundo (volto a essa questão numa próxima postagem).

Enquanto o código do iOS é proprietário e a Apple tem total controle sobre o sistema, no smartphone do ministro da Justiça a Samsung controla apenas a distribuição do Android, que conta com a colaboração de quase uma centena de fornecedores diferentes e diversas versões para os mais variados dispositivos.

A loja de apps do Google (Play Store ) é menos rigorosa do que a da Apple (App Store) no que concerne aos programas que distribui. Isso torna o Android mais suscetível a incidentes de segurança, embora não signifique necessariamente que usuários do iOS estão 100% protegidos, mas apenas que a empresa da Maçã estabelece regras de mais rígidas para os desenvolvedores de aplicativos.

É importante ressaltar que as permissões solicitadas pelos aplicativos podem dar pistas de propósitos maliciosos. Uma simples lanterna não tem justificativa para pedir acesso ao microfone, à câmera e à lista de contatos do usuário, por exemplo. Portanto, seja seletivo na hora de instalar os programinhas, procure baixá-los preferencialmente de repositórios seguros e conceder somente as permissões necessárias ao seu funcionamento. Se essa restrição impedir o programa de funcionar, procure uma alternativa que não inclua “pegadinhas” em seu código.

Por ser o sistema operacional para dispositivos móveis mais utilizado no mundo, o Android é também o mais visado por cibercriminosos e mais suscetível a alterações maliciosas. Além disso, o Google não o atualiza com a mesma frequência que a Apple atualiza o iOS. Dependendo da versão do Android que vem instalada de fábrica, sobretudo se o aparelho for de entrada de linha (leia-se mais barato), talvez nem seja possível atualizar o sistema. E como o barato sai caro...

Volto numa próxima postagem com algumas considerações sobre a segurança do Telegram e do popular WhatsApp. Até lá.