Após ter sido retalhada, remendada e recosturada pelo relator na
Comissão Especial da Câmara, a proposta de reforma da Previdência
teve
o texto base aprovado por 36 votos a 13 e agora, aos trancos barrancos, segue para o
plenário, onde será submetida a dois turnos de votação (e ainda poderá
sofrer modificações).
Rodrigo Maia diz que o governo já conta com mais que os 308 votos
necessários, e acredita que a votação acontece antes recesso
parlamentar. O texto final ainda terá de passar pelo crivo do Senado — e voltar à Câmara caso seja alterado — mas a cada dia a sua agonia. Quando
nada, o dólar encerrou a semana em expressiva queda, e o
Ibovespa bateu um novo recorde histórico (104089.47 pontos no fechamento da sexta-feira, algo jamais visto
desde
que o índice foi criado, nos anos 1960).
Mudando de um ponto a outro, depois que o “The Interpret” — como Alexandre Borges chama ironicamente o
site ultraesquerdista de Glenn Greenwald
— e seus esbirros divulgarem mais uma leva de (supostas) trocas de mensagens “tóxicas”
entre Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, o ministro parafraseou
o poeta romano Horácio (65 a.C. - 8
a.C.) num tuíte: “Parturiunt montes, nascetur ridiculus mus "
("a montanha pariu um ridículo rato", numa tradução livre). A carapuça veste a revista Veja, que em pareceria com o site
retrocitado anunciou um tiro de bazuca e soltou um traque. A montanha pariu um
rato — ou melhor, uma ninhada —, e todos eles petistas, naturalmente. A festa da
rataiada teve seu apogeu na audiência com o ministro na CCJ da Câmara, duas semanas após sua inquisição no Senado. E se a qualidade do nosso Senado já é ruim, a da “Casa do Povo” (que está mais para casa de noca)
consegue ser ainda pior.
Por ter sido obtido por via criminosa e enviado ao Intercept
por "anonimamente" — ou pelo menos é isso que Greenwald afirma —, o "material tóxico" é imprestável como prova no
âmbito jurídico. As "mensagens comprometedoras" foram hackeadas por cibercriminosos contratados por quem tem
interesse em destruir a Lava-Jato e denegrir
a reputação dos principais responsáveis por desmantelar uma quadrilha de
políticos e empresários que assaltaram a nação sob o comando de um populista
condenado em três instâncias e, até segunda ordem, preso na Superintendência da PF em Curitiba, de
onde continua vomitando seus protestos de inocência. A PF está investigando, mas, à luz do resultado das investigações sobre o atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora, que corre o risco de completar um ano envolto em brumas... enfim, Brasília não é famosa pela celeridade, com provam as decisões do Supremo nos processos da Lava-Jato: até hoje, um único caso foi julgado e um único réu, condenado, mas o competente mandado de prisão ainda não foi expedido. É como se no Planalto Central os segundos, para os poderosos da República, fossem verdadeiras fatias da eternidade.
Falando nos supremos togados, o ministro supremo Luís Roberto Barroso assim se
manifestou a propósito do furdunço parido pelo site comuna de Glenn: “Tenho dificuldade em entender a euforia que tomou conta dos
corruptos e seus parceiros” — euforia essa estampada no delírio da claque
petista, inconformada com a condenação de seu amado líder em três instâncias
por corrupção e formação de quadrilha. Para ficar nos exemplos mais
notórios, o senador petista pernambucano Humberto Costa chegou a defender a abertura de uma CPI:
“Agora é pau”, disse essa “impoluta figura”, depois de afirmar que a Lava-Jato está ferida de morte. A inebriada
parlamentar comunista carioca Jandira
Feghali, por sua vez, vociferou: “Esse
é um dos maiores escândalos da democracia brasileira”, numa tentativa pândega de desqualificar os efeitos bombásticos e positivos da Lava-Jato, que não só pôs na cadeia
políticos do alto escalão e empresários da alta cúpula, como também trouxe de volta aos
cofres públicos bilhões de reais surrupiados por Ali-Babalula e seus 400 ladrões.
Faz parte da democracia aturar esse tipo de coisa, lembra Rodrigo Constantino em artigo publicado
na Gazeta do Povo. Afinal, todos
merecem representação na política democrática, inclusive os canalhas. E eles
estavam muito bem representados lá. Defensores de ditadores sanguinários, de
traficantes, de terroristas, de marginais, de corruptos, enfim, a bancada
vermelha tratou Moro como se ele
fosse o verdadeiro bandido ali...
Ao convidar Moro
para o ministério, Bolsonaro sabia
que estaria politizando a Lava-Jato,
e o hoje ministro também sabia disso ao aceitar o cargo. Mas não há razão para duvidar
de sua sinceridade: Moro abriu mão de 22 anos de carreira na magistratura em prol de uma missão de
vida, que é combater a corrupção. E nessa caminhada precisa aguentar ataques
abjetos à sua integridade feitos por cúmplices dos corruptos que mandou para a
cadeia. E não só manteve a calma durante a Santa Inquisição, como demonstrou que está se tornando “mais
político” a cada dia. Quando Gleisi
Hoffmann o questionou sobre eventuais contas no exterior, o ministro simplesmente
lembrou que não era ele ali o réu por corrupção, deixando claro nas entrelinhas
a situação de “Narizinho”, também identificada
como “Coxa” e “Amante” nas planilhas do departamento de propina da Odebrecht, que, além de ter contas a
acertar com a Justiça, defende o tiranete Nicolás
Maduro e outros imprestáveis como
ele. Em outro momento, Moro
disse que, segundo a lógica da patuleia, seria preciso soltar todos os presos
pela Lava-Jato — Sergio Cabral, Marcelo Odebrecht, Eduardo
Cunha e tantos outros injustiçados perseguidos pelo juiz parcial. Silêncio atônito
na casinha, seguido de uivos de protesto.
Observação:
Enquanto a extrema esquerda armava o
circo, Palocci confessava, em sessão secreta da CPI do BNDES, que as gestões do PT distribuíram para as empresas amigas nada menos que R$ 500 bilhões. O ex-ministro de Lula disse ainda que o ex-presidente
era o grande articulador do esquema de corrupção no banco.
O fato é que os comparsas de
Lula querem convencer o país de que
Moro é o vilão da história e que, por isso,
Lula deve ser solto. "Esquecem-se" muito convenientemente de que, no caso do tríplex, a condenação foi ratificada em segunda e terceira instâncias, e por unanimidade; se houve divergência, foi somente em relação à dosimetria de pena, que o
TRF-4 aumentou e o
STJ reduziu para pouco menos do que
Moro havia estabelecido originalmente. Não fosse trágico,
seria cômico.
Os parlamentares que repudiam veementemente o comportamento do ex-juiz da
Lava-Jato, de duas uma: ou são esquerdistas fanáticos e, portanto, defensores do picareta dos picaretas, ou são eles próprios — corja nefasta de picaretas imprestáveis — integrantes da confraria de investigados, indiciados e réus na Justiça criminal. E o pior é que nós os elegemos, ainda que indiretamente em alguns casos — por exemplo, de carona com o
Palhaço Tiririca ou outra aberração em que votamos com a intenção de protestar —, mas isso é outra conversa.
Observação:
Certa vez, Pelé disso que o brasileiro não sabe votar, e foi muito — e injustamente — criticado por isso: os eleitores desses vagabundos
são parte do povo. Mas não dá para aplaudir os representantes do outro
lado: salvo raras exceções, o nível é péssimo. Basta olhar para nosso
Parlamento para ter calafrios. Mas, como dizia
Churchill, se cinco minutos de
conversa com um eleitor médio é o melhor argumento contra a democracia, essa
mesma democracia é o pior regime que existe, exceto todos os outros já
testados.
Continuamos amanhã.
Bom final de feriadão a todos.