segunda-feira, 8 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM


SEGREDO ENTRE TRÊS, SÓ MATANDO DOIS.

A sequência de denúncias espúrias feitas pelo Intercept Brasil foi assunto de diversas postagens ao longo das últimas semanas. Na maioria delas, o foco foram os aspectos jurídico-políticos desse furdunço; nesta, o moto é a segurança dos aplicativos de comunicação instantânea, já que foi a partir do Telegram que o(s) criminoso(s) tiveram acesso ao histórico de conversas dos envolvidos. 

Observação: Intercept e seu comandante, o esquerdista norte-americano Glenn Greenwald, vêm sendo aplaudidos por esquerdopatas, políticos corruptos e palpiteiros de raciocínio raso — tão raso que uma formiguinha atravessaria sem sequer molhar as canelinhas —, mas não se pode perder de vista o fato de que as "revelações bombásticas" provêm da uma fonte anônima, e tanto quem roubou os arquivos quanto o próprio Gleen e seus esbirros podem ter editado as conversas para encaixá-las na moldura de seus interesses espúrios. 

Programas “mensageiros” surgiram às dezenas quando o acesso à Internet se popularizou entre usuários domésticos. O saudoso ICQ, por exemplo, foi o queridinho dos internautas até o MSN Messenger destroná-lo. Depois de reinar durante anos, amealhar 230 milhões de usuários (34 milhões só no Brasil), em 2013 o popular mensageiro da Microsoft foi incorporado ao Skype, que também pertence à empresa de Redmond.

No âmbito dos celulares, mesmo os “dumbphones” da era pré-iPhone ofereciam um serviço rudimentar de mensagens de texto — SMS, de “Short Message Service” — que foi condenado ao ostracismo mais adiante, com o surgimento de alternativas tecnologicamente superiores, como o popular WhatsApp, que contabiliza mais de 1,5 bilhão de usuários (120 milhões só no Brasil). Já o Telegram era bem pouco conhecido da tribo tupiniquim antes de essa novela dos vazamentos entrar em cartaz. Vamos aos detalhes.  

Em 2013, após serem “convidados” a vender a rede social VKontakte ao grupo Mail.ru, ligado ao governo russo, os irmãos Nikolai e Pavel Durov deixaram o país e usaram parte dos US$ 260 milhões que receberam para desenvolver um aplicativo de mensagens capaz de resistir às investidas dos espiões russos. E assim nascia o Telegram, cuja rapidez na entrega das mensagens e, principalmente, a promessa de inviolabilidade — a empresa oferece US$ 300 mil a quem conseguir quebrar seus protocolos de encriptação — conquistaram centenas de milhares de usuários. Diante da recusa dos desenvolvedores a abrir o código fonte do aplicativo, o presidente russo Vladimir Vladimirovitch Putin proibiu seu uso em todo o território russo.

Observação: A segurança do Telegram não conquistou apenas organizações terroristas, pedófilos, traficantes e quem mais atue à margem da lei, mas também um grande número de “usuários comuns” que não veem com bons olhos a falta de transparência de Mark Zuckerberg na coleta e utilização dos dados das contas do Facebook e, por tabela, do WhatsApp, que pertence ao Facebook desde 2014.

Lá pelos idos de 2015, uma inusitada decisão judicial determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil. O Facebook conseguiu cassar a liminar e restabelecer o serviço, mas o episódio se repetiu outras vezes, inclusive no ano seguinte, criando um clima de incerteza que levou muitos usuários a buscar alternativas (mais detalhes nesta postagem). E como sói acontecer em casos assim, houve quem continuasse a usar as alternativas depois que os bloqueios da opção original deixaram de acontecer.

É difícil dizer se o Telegram é mais seguro que o WhatsApp ou vice-versa (detalhes na próxima postagem). Em última análise, quem não quer correr riscos deve dispensar qualquer meio de comunicação eletrônica. Se isso lhe parecer uma solução por demais radical, fique com o Signal, que é considerado o melhor aplicativo da categoria (a versão para Android pode ser baixada a partir deste link).

Continua na próxima postagem, que será publicada na quarta-feira; amanhã, 9 de julho, é feriado em São Paulo, pois comemora-se o 87.º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932 — o maior confronto armado do século XX no Brasil, que mobilizou 100 mil homens e mulheres, entre tropas paulistas e federais, e resultou em quase 800 mortes (número superior ao das baixas contabilizadas durante a participação do Brasil na Segunda Grande Guerra).

Um ótimo feriado a todos e até quarta.