SEGREDO ENTRE
TRÊS, SÓ MATANDO DOIS.
A sequência de denúncias espúrias feitas pelo Intercept Brasil foi assunto de diversas postagens ao longo das
últimas semanas. Na maioria delas, o foco foram os aspectos jurídico-políticos
desse furdunço; nesta, o moto é a segurança dos aplicativos de comunicação
instantânea, já que foi a partir do Telegram que o(s) criminoso(s) tiveram
acesso ao histórico de conversas dos envolvidos.
Observação: O Intercept e seu comandante, o esquerdista norte-americano Glenn Greenwald, vêm sendo aplaudidos por
esquerdopatas, políticos corruptos e palpiteiros de raciocínio raso — tão raso
que uma formiguinha atravessaria sem sequer molhar as canelinhas —, mas não se pode perder de vista o fato de que as "revelações bombásticas" provêm da uma fonte anônima, e tanto quem roubou os arquivos
quanto o próprio Gleen e seus
esbirros podem ter editado as conversas para encaixá-las na moldura de seus interesses
espúrios.
Programas “mensageiros” surgiram às dezenas quando o acesso à Internet se popularizou entre usuários domésticos. O saudoso ICQ,
por exemplo, foi o queridinho dos internautas até o MSN Messenger destroná-lo. Depois de reinar durante anos, amealhar 230
milhões de usuários (34 milhões só no Brasil), em 2013 o popular mensageiro da Microsoft foi incorporado ao Skype, que também pertence à empresa de Redmond.
No âmbito dos celulares, mesmo
os “dumbphones” da era pré-iPhone
ofereciam um serviço rudimentar de mensagens de texto — SMS, de “Short Message Service” — que foi condenado ao ostracismo mais adiante, com o surgimento de alternativas
tecnologicamente superiores, como o popular WhatsApp, que contabiliza mais de 1,5 bilhão de usuários
(120 milhões só no Brasil). Já o Telegram era bem pouco conhecido da tribo tupiniquim antes de essa
novela dos vazamentos entrar em cartaz. Vamos aos detalhes.
Em 2013, após serem “convidados” a vender a rede social VKontakte ao grupo Mail.ru, ligado ao governo russo, os irmãos Nikolai e Pavel Durov deixaram o país e usaram parte dos US$ 260 milhões que receberam para
desenvolver um aplicativo de mensagens capaz de resistir às investidas dos espiões
russos. E assim nascia o Telegram,
cuja rapidez na entrega das mensagens e, principalmente, a promessa de inviolabilidade — a empresa oferece US$ 300 mil a quem conseguir quebrar seus protocolos de encriptação — conquistaram centenas de milhares de usuários. Diante da recusa dos desenvolvedores a abrir o código fonte do aplicativo, o
presidente russo Vladimir Vladimirovitch
Putin proibiu seu uso em todo o território russo.
Observação: A segurança do Telegram não conquistou apenas organizações terroristas, pedófilos,
traficantes e quem mais atue à margem da lei, mas também um grande número de “usuários
comuns” que não veem com bons olhos a falta de transparência de Mark Zuckerberg na coleta e utilização dos dados das contas
do Facebook e, por tabela, do
WhatsApp, que pertence ao Facebook desde 2014.
Lá pelos idos de 2015, uma inusitada decisão judicial determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil.
O Facebook conseguiu cassar a liminar e restabelecer o serviço, mas o episódio se repetiu outras vezes, inclusive
no ano seguinte, criando um clima de incerteza que levou muitos usuários a buscar
alternativas (mais detalhes nesta postagem). E como sói acontecer
em casos assim, houve quem continuasse a usar as alternativas depois que os
bloqueios da opção original deixaram de
acontecer.
Continua na próxima postagem, que será publicada na quarta-feira; amanhã, 9 de julho, é feriado em São Paulo, pois comemora-se o 87.º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932 — o maior confronto armado do século XX no Brasil, que mobilizou 100 mil homens e mulheres, entre tropas paulistas e federais, e resultou em quase 800 mortes (número superior ao das baixas contabilizadas durante a participação do Brasil na Segunda Grande Guerra).
Um ótimo feriado a todos e até quarta.