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quinta-feira, 25 de julho de 2019

PRESOS OS SUSPEITOS DO HACKEAMENTO QUE ABASTECEU O INTERCEPT COM O MATERIAL CRIMINOSO QUE O CONTA-GOTAS MAIS FAMOSO DO BRASIL VEM DIVULGANDO COM O APOIO DA IMPRENSA “CUMPANHÊRA”


A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira quatro suspeitos de terem invadido os celulares do ministro Sérgio Moro, do desembargador do TRF-2 Abel Gomes, relator dos processos da Lava-Jato do Rio em 2ª instância, e de outras autoridades, jornalistas e afins. Na chamada Operação Spoofing, foram cumpridos mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em sete endereços dos investigados em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. O inquérito está sendo conduzido pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que, em 2005 e 2006, presidiu o inquérito do Mensalão.

Observação: No âmbito da segurança digital, o termo “Spoofing” designa uma técnica de engenharia social que busca enganar uma rede ou pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação espúria é confiável.

No início de junho, o Sérgio Moro informou à PF que seu telefone foi invadido depois que ele atendeu uma ligação proveniente do próprio número. O ex-juiz da Lava-Jato já afirmou que a invasão virtual foi realizada por um grupo criminoso organizado, cujo objetivo é invalidar condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, interromper investigações em andamento ou “simplesmente atacar instituições”. Por conta da exploração sensacionalista das supostas mensagens trocadas com procuradores da força-tarefa, o ora ministro da Justiça foi submetido a duas longas sessões de inquisição, uma no Senado e outra na Câmara dos Deputados, durante as quais foi duramente achincalhado por parlamentares petistas e de outros partidos de esquerda.

Também em junho, Deltan Dallagnol relatou a amigos que um hacker teve livre acesso à sua conta no Telegram por pelo menos dois dias, e que tentou acessar também seus emails. Na mesma época o telefone de Rodrigo Janot foi hackeado, mas o invasor não teve sucesso porque o ex-PGR não atendeu às insistentes ligações nem acessou os códigos — segundo Janot, no final de abril um hacker tentou acessar, por mais de dez horas, tanto suas redes sociais quanto suas contas bancárias.

Em maio, Ronaldo Queiroz, ex-chefe de gabinete substituto do ex-procurador-geral, e dois ex-auxiliares de Janot relataram ao GLOBO que haviam sido vítimas de ataques, a exemplo de Eduardo El Hage, coordenador da Lava-Jato no Rio, que reagiu rapidamente à tentativa de invasão e impediu que seu celular fosse utilizado pelo invasor. Também foram hackeados os procuradores Januário Paludo, Danilo Dias e Andrey Borges de Mendonça. Em Curitiba, o procurador Paulo Galvão recebeu uma ligação no meio da noite e, sem atentar para o risco, seguiu as instruções do hacker. Quando se deu conta, o aparelho já havia sido invadido, mas não se sabe se o criminoso teve ou não tempo de copiar os dados.

Também em maio, a Lava-Jato em São Paulo confirmou que dois procuradores sofreram tentativa de hackeamento, mas perceberam a tempo e bloquearam os ataques. A ex-coordenadora Thaméa Danelon recebeu mensagens de que uma nova sessão do Telegram estava sendo aberta e derrubou a sessão quatro vezes. Delegados federais de São Paulo também sofreram tentativas de invasão: o telefone do conselheiro do CNMP Marcelo Weitzel, por exemplo, e enviou mensagens a José Robalinho, ex-presidente da Associação Nacional de Procuradores. O jornalista Gabriel Mascarenhas, repórter da coluna de Lauro Jardim, teve sua conta no Telegram invadida em 11 de maio, e o criminoso se passou por ele para enviar mensagens intimidadoras ao procurador regional da República Danilo Pinheiro Dias.

Os suspeitos que foram presos nesta terça-feira são Gustavo Henrique Elias Santos — que já respondeu por porte ilegal de arma —, sua mulher, SuelenWalter Delgatti Neto Danilo Cristiano Marques — conhecido em Araraquara pelo envolvimento em golpes na internet. De acordo com a PF, a gangue foi responsável por centenas de invasões a celulares de autoridades governamentais ou ligadas a elas. As investigações, que seguem em sigilo na Justiça Federal do DF, buscam apurar também o que foi feito com o material que não tem relação com a Lava-Jato. A PF ainda avalia se os presos serão transferidos para Brasília ou se permanecerão em São Paulo.

No último dia 22 foi a vez de Paulo Guedes ser hackeado — ele não usa o Telegram, mas o invasor criou uma conta para se passar pelo ministro. Na véspera, a deputada Joice Hasselmann relatou pelas redes sociais ter recebido ligações do seu próprio número (mais detalhes nesta postagem), e que mensagens foram enviadas a partir de sua conta no aplicativo para o jornalista Lauro Jardim.

De acordo com José Nêumanne, cair no conto de vigaristas que hackearam mais de mil telefones de autoridades e jornalistas, conforme revelou a PF ao desencadear a Operação Spoofing, foi o erro da mídia brasileira denunciado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. Para o jornalista de televisão Fernando Coelho, a imprensa ganhou poder usando astúcia de repórteres e o perde deixando-se manipular por escroques. Mário Sabino qualificou o episódio como a maior vergonha da História de nossos meios de comunicação. E os três estão certos (para ouvir o comentário na íntegra, clique aqui).

Segundo Merval Pereira, o alcance do ataque deixa claro que o crime nada tem de amador. A partir da certeza de que os suspeitos foram realmente os responsáveis, a PF deverá apurar quem contratou os hackers, quem os pagou e quem entregou o conteúdo ligado à Lava-Jato a Verdevaldo, bem como o que foi feito do material que não tem ligação direta com a força-tarefa.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

WHATSAPP X TELEGRAM — 2ª PARTE


LIFE IS SHORT, GO NUTS!

WhatsApp e Telegram são ambos aplicativos mensageiros, mas cada qual funcionam à sua maneira. O Telegram é mais parecido com o Facebook Messenger e com o Skype do que com o Zap, mas isso já é outra conversa. Para ficar num rápido comparativo, temos que:
— O código-fonte do WhatsApp é fechado (ou proprietário), ao passo que o do Telegram é aberto (embora seja protegido por forte criptografia nos servidores).

No Zap, as mensagens são encriptadas e salvas no telefone do usuário; no Telegram, elas seguem abertas e são armazenadas na “nuvem” de servidores online que a empresa mantém espalhados pelo mundo. Esse histórico só é excluído sob demanda ou quando o usuário deixa de acessar o aplicativo por 6 meses (ou outro período definido pelo próprio usuário).

O WhatsApp não permite ativar a conta em mais de um aparelho com o mesmo número, e ainda que o modo WhatsApp Web possa ser acessado pelo computador, ele só funciona se o smartphone estiver ligado e conectado à Internet. Já o Telegram não limita o uso a um dispositivo que atue como central — ou seja, a mesma conta pode ativada simultaneamente em vários aparelhos —, e o modo Telegram Web funciona mesmo com o celular desligado ou ligado, mas não conectado à Internet. Isso é cômodo, pois permite ao usuário que esquecer o telefone em casa ou ficar sem bateria, por exemplo, dar sequência às conversas a partir de outro dispositivo (smartphone, tablet ou PC), mas a questão é que comodidade e segurança não andam de mãos dadas.

No WhatsApp, também é possível salvar o histórico das conversas “em nuvem”. No entanto, ao contrário do que ocorre não Telegram, isso não é feito por padrão — ou seja, o usuário precisa ativar o recurso —, e histórico não é armazenado nos servidores do Zap, mas sim salvos num arquivo criado no Google Drive, no caso do sistema operacional do smartphone ser o Android, ou no iCloud, caso seja o iOS. Demais disso, para aceder a esse histórico é preciso ter acesso à conta no aplicativo e fornecer a senha que protege o arquivo no Google Drive ou no iCloud, conforme o caso. Assim, se sua conta no WhatsApp for sequestrada, o criminoso pode até se passar por você, mas só botará as patas no seu histórico de conversas se conseguir descobrir a senha que você criou.

No Telegram, se não tiver acesso físico a um smartphone desbloqueado e conectado ao serviço, o invasor pode tentar se passar pelo dono da linha e pedir a transferência para outro chip com o mesmo número (clonagem). Pode também recorrer ao "phishing" (mais detalhes nesta postagem) para infectar o dispositivo-alvo com algum tipo de software malicioso (trojan, spyware etc.), mas a maneira mais simples é se aproveitar de um descuido do dono do aparelho — que precisa estar ligado e com o programa aberto — para obter um código de ativação e autenticar o acesso em seu próprio dispositivo. Se conseguir, ele terá acesso total à conta, podendo visualizar o histórico armazenado em nuvem a partir de qualquer dispositivo — e causar um problemão danado ao legítimo usuário do aplicativo.

Observação: Já perdi a conta de quantas postagens publiquei sobre como criar senhas fortes e fáceis de memorizar, mas não custa lembrar que de nada adianta uma senha complexa, que um cracker levaria meses ou anos para quebrar, se você a anotar num post-it e grudá-lo na moldura da tela do seu monitor.

No WhatsApp, a maneira mais fácil de obter acesso às mensagens antigas de outra pessoa é iniciando uma sessão no WhatsApp Web, mas, como já foi dito, além de acesso completo ao celular, é preciso saber a senha do arquivo criado nos servidores do Google ou da Apple, conforme a plataforma. E isso no caso de esse backup existir, pois, também como já foi dito, o usuário só o cria se quiser. Já no Telegram, quem obtiver acesso à linha do telefone e conseguir ativar a conta poderá visualizar o histórico de mensagens.

Observação: Claro que tanto num caso como no outro há maneiras mais sofisticadas de se obter acesso não autorizado às conversas, mas elas envolvem um grau de expertise que foge aos usuários comuns e ao escopo desta despretensiosa abordagem.

Continua na próxima postagem.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

“AQUI É O HACKER!” E A GREVE GERAL



Além das supostas mensagens trocadas por Moro, Dallagnol e integrantes da Lava-Jato no Paraná, vem a lume agora que outros membros do MP receberam torpedos suspeitos, aparentemente do celular do conselheiro Marcelo Rabello de Souza, dando conta de que as falas do ex-juiz e do coordenador da força-tarefa eram apenas uma amostra do que está por vir. Questionado pelo grupo, o remetente respondeu: "AQUI É O HACKER".

Rabello afirmou que não estava usando o aparelho no momento em que as mensagens foram enviadas, e que não estaria fazendo uma brincadeira com os colegas diante da gravidade da situação, fazer uma brincadeira dessas seria uma puta irresponsabilidade. A PF já havia instaurado um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores atuam na Lava-Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo, e outro procedimento foi aberto mais recentemente para apurar ataques ao celular do ministro Sérgio Moro. Na última segunda-feira, o corregedor nacional do MPF instaurou reclamação disciplinar para apurar a troca de mensagens envolvendo Deltan Dallagnol (veja mais detalhes no post anterior).

O assunto já deu no saco, mas vale comentar que a complexidade operacional e o custo de um ataque dessa magnitude sugere que não se trata de trabalho amador, e que não se deve descartar a possibilidade de alguém de dentro da empresa que administra o aplicativo de mensagens ter colaborado com o(s) cibercriminoso(s). O Telegram não negou que houve um ataque a seus sistemas, mas afirma que o vazamento pode ter decorrido da ação de um malware (programa de computador com propósitos maliciosos) ou porque as vítimas não se valeram da verificação de duas etapas no aplicativo.

A exemplo das investigações sobre o atentado contra o então candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro — que se arrastam há 9 meses sem produzir resultados relevantes —, é possível que a PF não descubra o responsáveis), embora seguir o dinheiro levaria a quem financiou a operação e ao(s) mandante(s) do crime. Sem mencionar que qualquer Sherlock de botequim atentaria para o fato de que Deltan Dallagnol e Sérgio Moro serem vistos como algozes de políticos corruptos, que Moro é (ou era) virtual candidato a uma cadeira no STF e que Dallagnol é (ou era) um provável candidato a substituir Raquel Dodge no comando da PGR. Dito isso, tirem os leitores suas próprias conclusões.

A merda bateu no ventilador e vai feder por um bom tempo. Mas há muita especulação e poucos fatos nesse furdunço. O que me parece inacreditável é o país simplesmente parar por conta de um vazamento de material claramente obtido de maneira ilegal, e, pior, que já se fale em abertura de CPI — tramada por culpados e cúmplices do Congresso —, no afastamento do ministro e outras bobagens que tais. Moro se prontificou a prestar esclarecimentos no Senado e na Câmara, mas não seria o caso de convocar, primeiro, o tal Gleen Greenwald, responsável pelo site que vazou o conteúdo ilegal e cujo viés de esquerda é público e notório?

Bolsonaro finalmente quebrou o silêncio sobre esse imbróglio. Disse que o que Moro fez pelo Brasil não tem preço, que o ex-juiz expôs as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção, que o PT quase quebrou a Petrobrás, saqueou o BNDES e fundos de pensão para encher as burras de companheiros comunistas lá fora e de amigos do rei aqui dentro, e que as provas contra Lula não foram forjadas. O presidente questionou também a veracidade da troca de mensagens publicada pelo Intercept e afirmou que, se suas conversas privadas vieram a público, ele, Bolsonaro, também será criticado. Ao ser questionado sobre se considerava normal que um juiz e um procurador conversem sobre uma investigação em curso, devolveu a pergunta sobre se o normal é "conversar com doleiros" (ponto para ele).

Resumo da ópera: A mais nova iniciativa contra a maior operação anticorrupção já realizada na história se escora em um crime: a invasão dos celulares de autoridades. A questão agora é ajustar a euforia dos encrencados à realidade. O palco para esse ajuste será, como de hábito, o STF, onde duas correntes já se mostram visíveis — uma, capitaneada por Gilmar Mendes, o inigualável, para quem prova obtida ilegalmente pode ser usada para inocentar um injustiçado (leia-se Lula), e outra, pelo ministro-relator da Lava-Jato, segundo o qual: "A Lava-Jato é uma realidade. Não acredito que essa realidade venha a ser afastada por qualquer circunstância conjuntural". No meio das vozes há um monturo de fatos malcheirosos: o saque à Petrobras, as delações em série, a devolução de bilhões roubados do Estado, as condenações e as prisões de corruptos e corruptores poderosos… Comprometer tudo isso seria uma tragédia. Retroceder como resultado de um crime cibernético seria um escárnio. Tomara que o bom senso prevaleça.

Atualização: A defesa de Lula pediu a inclusão das mensagens vazadas pelo Interceptor como prova de que Moro foi parcial na condução do caso do tríplex — como se a culpabilidade de molusco não tivesse sido reconhecida por três desembargadores do TRF-4 e quatro ministros do STJ. Na petição apresentada ontem ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo, quatro advogados do petralha afirmam que as reportagens com as mensagens “revelam a conjuntura e minúcias das circunstâncias históricas em que ocorreram os fatos comprovados nestes autos”, “tudo a demonstrar situações incompatíveis com a ‘exigência de exercício isento da função jurisdicional’ e que denotam o completo rompimento da imparcialidade objetiva e subjetiva”. A exemplo do que fez na última terça-feira com o pedido de anulação dos julgamentos do TRF-4, a 2ª Turma do STF (composta por Cármen Lúcia, Edson Fachin, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes) deve mandar para o plenário a decisão desse HC, cujo julgamento está marcado para o próximo dia 25, e que já foi rejeitado em diversas instâncias da Justiça, o decano será o fiel da balança, pois, de Lewandowski e Mendes, sabemos perfeitamente o que devemos esperar

Enquanto isso, sob o pretexto de protestar contra a reforma previdenciária, trabalhadores de diversas categorias estão sendo convocados para uma greve geral, nesta sexta-feira, pelas centrais sindicais CUT, CTB, Força Sindical, CGTB, CSB, UGT, Nova Central e distintíssima companhia, além do PT e seus satélites, entidades estudantis e opositores ao governo de Jair Bolsonaro. A manifestação nacional contra a reforma da Previdência foi programada há meses, mas novos temas foram adicionados ao protesto, como é o caso do contingenciamento de verbas da educação, “escândalos” ligados à família de Bolsonaro e seus ministros, e por aí segue a procissão.

E viva o povo brasileiro!

quinta-feira, 13 de junho de 2019

AINDA SOBRE O IMBRÓGLIO MORO / DALLAGNOL



O corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, arquivou na última terça-feira um pedido de investigação contra o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, no Conselho Nacional de Justiça. O pedido foi apresentado pelo PDT após o The Intercept divulgar a troca de mensagens, obtida ilegalmente, entre o então juiz e o coordenador da Lava-Jato Deltan Dallagnol. Na decisão (eis a íntegra), o corregedor entende que Moro não pode mais ser responder a processo disciplinar no CNJ porque pediu exoneração do cargo de juiz federal em novembro do ano passado.

A decisão do CNJ retira qualquer possibilidade de punição no campo jurídico a respeito das conversas reveladas pelo site Intercept. A questão agora fica por conta do STF, que deve julgar no próximo dia 25 um pedido de suspeição de Moro feito pela defesa de Lula. Esse pedido já foi rejeitado em diversas instâncias da Justiça, e a única novidade são as conversas ora reveladas.

A exemplo do que fez na última terça-feira com o pedido de anulação dos julgamentos do TRF-4, a 2ª Turma do STF deve mandar para o plenário a decisão dessa nova ação da defesa do criminoso condenado Lula. As conversas, mesmo não fazendo parte da ação que será julgada, certamente afetarão a decisão dos juízes. É difícil imaginar que o presidente da Corte, Dias Toffoli, e o ministro Alexandre de Moraes, aceitem julgar com base em provas recolhidas ilegalmente, já que eles são os líderes de uma ação singular do Supremo contra as fake news e a atuação de hackers nas redes sociais.

Quando a Deltan Dallagnol, existem hoje três procedimentos no Conselho Nacional do Ministério Público visando apurar possíveis faltas funcionais. O que está em estágio mais avançado é um processo aberto a pedido de Dias Toffoli por causa de uma entrevista à CBN, no ano passado, na qual o coordenador da Lava-Jato disse que ministros do STF passam a imagem de leniência quando enviam à Justiça Eleitoral casos de corrupção (e dá para discordar?). Existe recurso pendente de apreciação, mas o mais provável é que ele seja negado e, ao final, Dallagnol receba uma advertência. Punição semelhante, de censura, pode ser aplicada em outro caso, aberto recentemente, no qual o corregedor nacional do MP, Orlando Rochadel Moreira, vai analisar se Dallagnol atuou de forma político-partidária ao criticar Renan Calheiros na disputa pela presidência do Senado neste ano.

O procedimento mais preocupante, iniciado na última segunda-feira, envolve a troca de mensagens com Sergio Moro. A exemplo do anterior, este caso está em fase preliminar e depende de votação no plenário do CNMP para abertura de processo, mas, segundo O Antagonista, a maioria dos conselheiros, oriundos do próprio MP, podem resistir a aplicar punições, seja porque as mensagens foram obtidas de forma ilegal e, portanto, não servem como prova, seja porque uma análise aprofundada do material vazado poderia levar a uma discussão mais ampla das relações entre juízes e procuradores em geral, muito mais comuns e próximas país afora que a de Dallagnol e Moro.

De acordo com Merval Pereira, é compreensível, do ponto de vista jornalístico, que o Intercept tenha escolhido trechos sobre Lula para dar início ao que promete ser uma série vazamentos. Não há registros, porém, de conversas sobre investigados de outros partidos políticos, embora a Lava-Jato, como bem salientou Dallagnol, só em Curitiba já acusou políticos e pessoas vinculadas ao PP, ao PT, ao PMDB, ao PSDB e ao PTB, e a colaboração da Odebrecht nomeou 415 políticos de 26 diferentes partidos.

O trecho vazado pelo Intercept em que Moro sugere aos procuradores que ouçam uma testemunha sobre uma suposta transferência ilegal de imóveis de filho de Lula pode ser interpretada de várias maneiras, já que a palavra escrita não tem entonação. O ex-magistrado não nega que as trocas de mensagem aconteceram, mas diz não ter condições de atestar a veracidade do conteúdo vazado, e que o fato de não terem sido citados nomes sugere que as mensagens foram editadas pelo, sobretudo quando Dallagnol escreve que vai mandar procurar a tal testemunha.

A investigação da PF sobre o caso está sendo realizada por duas turmas de agentes e delegados em quatro cidades, informa o jornalista Lauro Jardim. Em Brasília, ela se concentrará na tentativa de invasão do telefone de Sérgio Moro, e em Curitiba, nos procuradores do MPF, Deltan Dallagnol à frente. No Rio de Janeiro, a vítima dos hackers foi o desembargador Abel Gomes, relator da Lava-Jato no TRF-2; em São Paulo, delegados da própria PF tiveram seus celulares invadidos.

A apuração desse tipo de crime é tida como complexa, e o prazo para conclusão das investigações será longo. A sociedade, assim como no caso do atentado contra Jair Bolsonaro, quer respostas ultra rápidas. Mas não se deve esperar para breve o nome de quem invadiu aos celulares dos procuradores — e muito menos quem foi o mandante. A menos, é claro, que algum hacker deixe uma pista óbvia à vista dos policiais. Mas a experiência da PF nestes casos não autoriza a tal otimismo.

Para concluir, os sete motivos que o jurista Modesto Carvalhosa destaca para esclarecer esse furdunço:

Para todos aqueles que tenham ainda alguma dúvida sobre a idoneidade do ministro Moro e do procurador Dallagnol, por desconhecimento ou por acreditar na mídia que tenta fazer "tempestade em copo d'água", esclarecemos, de modo sucinto, os termos da lei:

1 - As mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol foram obtidas ilicitamente, mediante prática do crime de invasão de dispositivo informático por parte de hackers (art. 154-A do Código Penal). Tais mensagens só poderiam ser obtidas de maneira lícita se fossem objeto de decisão judicial em inquérito ou processo criminal, tendo em vista a proteção da intimidade e da inviolabilidade das comunicações e mereceriam interpretação sistemática relacionada com o contexto da atividade dos dois. Fragmentos montados não representam o todo.

2 - Além disso, cabe notar que o conteúdo das conversas divulgadas não demonstra quebra de imparcialidade: as conversas dizem respeito apenas a questões processuais e procedimentos quanto ao trâmite de processos.

3 - Não se verifica antecipação do juízo de mérito pelo Juiz. Percebe-se que Juiz e Procurador da República conversam sobre ordem, tramitação e admissibilidade de ações penais, matérias procedimentais e processuais. Não são tratadas questões relativas à culpa dos acusados, se são inocentes ou culpados.

4 - É normal a comunicação entre MPF e Juiz quanto ao fluxo e ritmo dos processos, dado que a força tarefa foi instituída com a finalidade de conferir maior eficiência na tramitação dos referidos processos. Não há qualquer vedação legal à comunicação entre Juiz e Ministério Público, e tampouco entre advogado e Juiz.

5 - Observe-se que questões procedimentais costumam normalmente ser tratadas por advogados e membros do Ministério Público em despachos e audiências com Juízes, sendo absolutamente comuns na prática forense.

6 - Quanto à possível suspeição por aconselhamento da parte (art. 254, IV), esta não se aplica ao Ministério Público, apenas ao réu ou à vítima. No processo penal brasileiro, o Ministério Público, órgão de Estado essencial à Justiça, não é considerado parte no sentido estrito, pois vela pelo interesse público (art. 127 da Constituição Federal). É considerado parte imparcial. Como titular da ação penal (art. 129, I, da CF), detém a condição de fiscal da lei e de velar pela pretensão punitiva estatal.

7 - Embora se incumba da acusação criminal em Juízo, como fiscal da lei, pode o Ministério Público pedir tanto a condenação quanto a absolvição do acusado. Por outro lado, a defesa privada sempre é parcial em favor do réu, não possuindo as mesmas atribuições de caráter público conferidas ao Ministério Público. 

terça-feira, 7 de novembro de 2017

PILHAS DURACELL VAZANDO - CONCLUSÃO

ACHO A TELEVISÃO MUITO EDUCATIVA. SEMPRE QUE ALGUÉM LIGA, VOU PARA OUTRA SALA E LEIO UM LIVRO.

Para concluir a sequência iniciada na última sexta-feira:

A dificuldade em limpar o compartimento das pilhas varia conforme o dispositivo e o tempo durante o qual ele esteve em contato com a substância vazada ― ácida ou alcalina, tanto faz, mas as pilhas comuns, cujo eletrólito é ácido, produzem uma substância mais corrosiva e perigosa em caso de contato com a pele ou as roupas. Se o vazamento for identificado de pronto, remover as pilhas e fazer o que eu fiz com meu teclado pode resolver o problema. Mas se o vazamento for detectado quando a corrosão estiver avançada, as chances de o aparelho voltar a funcionar são remotas. Mesmo assim, você não deve jogá-lo fora sem antes tentar recuperá-lo com uma boa limpeza. Para tanto:

― Remova as pilhas do compartimento. Se necessário, use um palito de picolé, uma vareta de madeira, a ponta de uma chavinha de fenda ou a lâmina de um canivete (há casos em que o vazamento faz as pilhas grudarem de tal maneira que um instrumento mais frágil se quebra antes de a gente conseguir destacá-las).

― Seja ácida ou alcalina, a substância vazada é tóxica e pode causar danos à pele, à roupa e principalmente aos olhos ― que cismam de coçar justamente quando estamos com as mãos sujas. Para prevenir, luvas de látex, daquelas cirúrgicas, podem ser uma boa ideia, mas, na falta delas, proteger as mãos “calçando” sacolinhas plásticas, como aquelas de supermercado, costuma ser suficiente.

― Tenham vazado ou não, as pilhas jamais devem ser descartadas no lixo comum. No caso de vazamento, mantenha-as fechadas na sacolinha e procure um supermercado ou loja que disponha de recipientes específicos para a coleta de pilhas, baterias e similares.

― Neutralizar a substância corrosiva é fundamental para evitar maiores danos. As melhores opções caseiras, no caso das pilhas alcalinas, são vinagre e sumo de limão, até porque não são produtos tóxicos. Mas resista à tentação de usar água, que além de não neutralizar a substância, contribui para oxidar contatos, trilhas e demais circuitos eletrônicos. No caso das pilhas comuns, a substância ácida proveniente do vazamento pode ser neutralizada com bicarbonato de sódio, que custa barato e pode ser encontrado em qualquer farmácia. 

― Dependendo das dimensões do compartimento das pilhas, você pode usar escova de dentes velha para aplicar o vinagre ou o suco de limão ― ou o bicarbonato, no caso de pilhas comuns. Pode ser preciso esfregar várias vezes para soltar o material depositado e remover os resíduos da corrosão, especialmente nos contatos elétricos (se eles estiverem corroídos, furados ou descoloridos, tente lixá-los com uma lixa de papel ou de metal; se não resolver e não for possível (ou economicamente viável) substituí-los, dê o assunto por encerrado e compre um aparelho novo).

― Complete a limpeza com uma toalha de papel seca. Se o compartimento das pilhas for acanhado ou de difícil acesso, use cotonetes para esfregar os pontos afetados e para secar o interior do compartimento. Caso você disponha um micro aspirador de pó, daqueles capazes de inverter o fluxo de ar e soprar, sopa no mel (na falta dele, um secador de cabelos ou uma latinha de ar comprimido em spray são boas alternativas.

― Finalize a limpeza com um pano levemente umedecido em água para eliminar quaisquer resíduos. Finalmente, torne a soprar com o aspirador/secador/lata de ar-comprimido e deixe o dispositivo aberto em local ventilado (se possível, exposto ao sol) por umas duas horas antes de instalar pilhas novas e conferir o resultado. Com alguma sorte seu aparelho voltará a funcionar normalmente.

― Não reaproveite pilhas usadas, jamais misture marcas diferentes, ou pilhas novas com usadas, ou ainda pilhas alcalinas com comuns. Só retire as pilhas do blister original quando for instalá-las no aparelho, e remova-as sempre que ele ficar fora de uso durante um período de tempo considerável. Guarde-as as pilhas em local seco e fresco, tomando o cuidado de evitar que os polos se toquem (vale juntá-las lado a lado e prendê-las com um elástico ou fita crepe, por exemplo).

Amanhã retomamos a sequência sobre HDDs e SSDs. Até lá.

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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

PILHAS DURACELL VAZANDO ― CONTINUAÇÃO

O SERIADO HOUSE OF CARDS FOI CANCELADO PELA NETFLIX. DEPOIS QUE TEMER SE SAFOU MAIS UMA VEZ E CABRAL MONTOU UM HOME THEATER NA PRISÃO, OS REDATORES AMERICANOS DESISTIRAM DE TENTAR SUPERAR A REALIDADE BRASILEIRA.

As pilhas elétricas são compostas de dois eletrodos (o negativo e o positivo) e um eletrólito (ou ponte salina), que pode ser ácido (caso das pilhas comuns) ou básico (caso das alcalinas). Vazamentos ― e até explosões ― podem ocorrer com produtos de ambas as tecnologias, bem como com baterias , já que, numa definição elementar, elas nada mais são que duas ou mais pilhas recarregáveis interligadas em série ou em paralelo.

Observação: Em caso de explosão, as pilhas AA (pequenas) ou AAA (palito) danificam os dispositivos, mas não costumam ir além disso. No entanto, há registros de pessoas que se feriram seriamente devido a explosões de baterias de smartphones e notebooks

Pilhas alcalinas diferem das comuns pela durabilidade (e pelo preço, naturalmente). No entanto, a maioria de nós prefere as primeiras, que duram bem mais. Só que alguns especialistas defendem o uso das comuns, notadamente em controles remotos e outros dispositivos que permanentemente em standby. Isso porque, durando menos tempo, elas não chegam a acumular hidrogênio suficiente para “inchar”, vazar ou estourar (a menos que esqueçamos uma lanterna no porta-luvas ou no fundo de uma gaveta, por exemplo).

Entre as principais causas de vazamentos e estouros de pilhas estão a remoção do envoltório (capa de proteção), a inversão da polaridade e a exposição ao calor. Tentar recarregar pilhas não recarregáveis também pode provocar explosões, já que o carregador promove uma inversão na reação química que ocorre dentro das pilhas, e que, nas recarregáveis, restaura a carga original. Já as pilhas comuns não foram pensadas para ser submetidas e esse processo, daí o risco de explosão.

Pilhas com eletrólitos ácidos vazam um líquido amarronzado; as alcalinas, uma substância granulada, esbranquiçada, parecida com o azinhavre que se forma no borne positivo das baterias automotivas. Ambas as substâncias podem danificar ― ou mesmo inutilizar ― o dispositivo dentro do qual ocorreu o vazamento, bem como irritar a pele e abrir buracos nas roupas de quem as manusear sem os devidos cuidados.

Pilhas não recarregáveis têm uma vida útil limitada, que varia conforme a utilização do equipamento que elas alimentam. Mas mesmo quando o aparelho não é usado ― ou quando as pilhas são guardadas por muito tempo ― a perda de carga é inexorável. E de nada adianta mudá-las de lado no compartimento, aquecê-las (calor excessivo tende a aumentar a produção de hidrogênio) ou colocá-las na geladeira ou no freezer (o frio excessivo pode produzir efeito contrário ao desejado, fazendo com que as pilhas deixem de fornecer energia antes mesmo de sua carga útil se esgotar).

Veremos na próxima postagem como (tentar) salvar um aparelho em cujo interior as pilhas vazaram. Aguardo vocês lá.

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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

PILHAS DURACELL VAZANDO

O PASSADO É HISTÓRIA; O FUTURO, UM MISTÉRIO; O PRESENTE, UMA DÁDIVA.

Resolvi interromper brevemente a sequência sobre a memória de massa do computador devido a um problema que pode ser de interesse geral. Vamos à postagem sem mais delongas.

Lembra do coelhinho da Duracell? Aquele que continuava batendo seu tamborzinho depois que os outros, supostamente alimentados por pilhas de outras marcas, paravam de funcionar?  Pois é. Pena que o comercial não dizia que as pilhas poderiam vazar e causar danos aos equipamentos, como vem ocorrendo de uns tempos a esta parte.

Pilhas alcalinas duram mais e as Duracell, mais que as concorrentes. E eu sempre as achei mais seguras, já que utilizam uma substância alcalina como eletrólito (ou ponte salina), em vez do ácido usado nas pilhas comuns, que são mais baratas, mas menos duráveis e pouco confiáveis. Até que um amigo comentou que o controle remoto da sua TV fora danificado por pilhas Duracell e eu resolvi fazer uma pesquisa no Google.

Eu, pessoalmente, nunca tive problemas com produtos Duracell, de modo que dei o dito pelo não dito até alguns dias atrás, quando meu teclado wireless deixou de responder. Em situações assim, a suspeita recai primeiro sobre as pilhas, mas achei improvável que elas estivessem gastas, pois as havia trocado recentemente. No entanto, bastou abrir a portinhola do compartimento para ver que elas estavam recobertas por uma camada esbranquiçada, parecida com aquele azinhavre que se forma no polo positivo das baterias automotivas.

Meu teclado voltou a funcionar depois que eu removi as pilhas, limpei o compartimento com um cotonete umedecido em vinagre ― que, por ser ácido, neutraliza os efeitos da substância alcalina vazada ―, soprei por alguns minutos com o secador de cabelos e coloquei pilhas novas. Mas é bem provável que o resultado fosse outro se o vazamento tivesse ocorrido no controle do meu DVD-Player, por exemplo, que passa meses sem sair da gaveta. 

Como meu estoque de pilhas Duracell está embalagem e dentro do prazo de validade, não vi razão para descartá-lo, mas vou pensar duas vezes antes de tornar a comprar produtos dessa marca.

Amanhã eu complemento esta abordagem, pessoal. Tenham todos uma ótima sexta-feira (e um excelente fim de semana prolongado, para quem emendou o feriado de finados). 

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