O partido dos picaretas
classificou como “armação” o inquérito que investiga a invasão dos
celulares de
Moro e de outras
autoridades (ao todo, são quase 1.000 aparelhos, dentre os quais os
do presidente da República, o que, no mínimo, configura crime contra a segurança nacional).
O
PT, através de nota divulgada na noite da última quarta-feira (veja a transcrição no final da postagem)
, afirmou que o ministro da Justiça
“comanda” o inquérito
da
PF com o propósito é "produzir
mais uma armação contra
o partido" — o que é típico de quem mede os outros
pela própria régua —, e que as investigações confirmam a
autenticidade das conversas ilegais e escandalosas que
Moro tentou desqualificar nas últimas semanas. Mesmo depois que
um dos advogados dos criminosos mudou a narrativa (que a princípio negava o
envolvimento de seus clientes com as invasões) e declarou que a intenção de
Walter Delgatti Neto — apontado como o responsável pelas invasões — seria vender as mensagens obtidas ao
PT, essa caterva ainda têm a cara-de-pau de falar em "criminosa tentativa de envolver o
Partido dos Trabalhadores num caso em que é
Moro
que tem de se explicar e em que o maior implicado é filiado ao
DEM".
Também por meio de nota, o DEM disse que não tem como controlar as ações de todos os seus filiados, mas, pelo sim, pelo não, expulsou Delgatti. Já a revista Veja,
que a exemplo de diversos veículos de imprensa se alinhou ao panfletário comuna de Glenn Verdevaldo,
publicou que “SUPOSTOS HACKERS” de Moro
e Dallagnol movimentaram mais de R$
627 mil depois que o Intercept começou sua campanha difamatória. É triste ver uma publicação que tanto prestigiou o combate à corrupção e aos corruptos descer a esse ponto.
Com a confissão e provável delação premiada de
Delgatti,
resta saber quem está por trás do hackeamento das autoridades e jornalistas. Particularmente, acho difícil tudo se resumir a esses quatro gatos pingados; se
alguém pagou pelo serviço, é preciso localizar esse alguém e saber com
que intenção ele fez o que fez. E as informações sobre a
Lava-Jato foram repassadas para o site
The Intercept,
pode-se argumentar que, ao divulgá-las, os editores cumpriram sua função jornalística protegida pela
Constituição, mas alguns juristas entendam que, como esse material só poderia ser obtidas com autorização judicial, o site e
quem mais o publicou deveria, no mínimo, desconfiar que
sua origem era ilegal.
Se houve pagamento pelas informações, é preciso apurar se o trabalho foi encomendado pelo pagante ou se foi realizado e, posteriormente, seu produto foi vendido ao site ou a quem quer que seja. Se o pagamento foi feito antes,
Verdevaldo e companhia foram cúmplices. E como o crime continuou a ser praticado até a véspera da prisão dos envolvidos, com os celulares do ministro
Paulo Guedes e da deputada
Joice Hasselmann sendo invadidos, a situação do
Intercept se complica ainda mais se houve pagamento por novas informações nesse período.
Mudando de pato pra ganso, a revista eletrônica Crusoé assevera que, antes mesmo de atender aos rogos de sua mulher, Roberta Rangel, e da mulher do amigão do peito, Guiomar Mendes, o atual presidente
dos togados supremos teria
manifestado publicamente seu interesse em investigações do Coaf, do MPF e da PF sobre Greenwald. Agora, ao agasalhar o pedido da
defesa de Flávio Bolsonaro, o ministro paralisa por atacado uma miríade de investigações e processos em que houve compartilhamento
de informações do Coaf com o Ministério Público
sem prévia autorização judicial.
Além de zero
um e seu ex-factótum Fabrício
Queiroz, uma caudalosa enxurrada de criminosos — de sonegadores a
traficantes, passando pelo curandeiro abusador João de Deus e pela seleta confraria de políticos investigados,
denunciados e réus na Justiça — foram beneficiados pela decisão de Toffoli, e alguns deles, como o
ex-deputado emedebista Edson Albertassi e o deputado
estadual pedetista reeleito Luiz Martins, ambos réus na Lava-Jato e presos no Complexo
de Gericinó, já entraram com pedidos para suspender as investigações.
Na última terça-feira, Raquel Dodge ingressou com embargos declaratórios contra a decisão de Toffoli, por considera a liminar ultra petita — ou seja, que ela extrapolou
o pedido feito pela defesa ao abranger todas as investigações em andamento no país
(vale lembrar que um juiz, em sua decisão, não pode ir além do que é solicitado
pelas partes).
A procuradora-geral argumentou que o intercâmbio de informações do Coaf com investigações do Ministério Público é fato corriqueiro
no ordenamento jurídico brasileiro, que o Supremo
sempre referendou essa utilização, e que a decisão "suspendeu toda e qualquer investigação, inquérito, ação penal e
execução penal em curso no território nacional em que haja informação do COAF, da Receita Federal e do BACEN
ao Ministério Público, o que vai
muito além do que foi pedido pelo requerente em petição avulsa e pelo
Ministério Público no recurso extraordinário".
Resta saber se
Toffoli imporá limites ao alcance da controversa liminar ou se ao menos levará o assunto ao plenário do
Supremo (que retoma as atividades no início do mês que vem). A informação que se
tem é de que ele tenciona consultar seus colegas sobre uma possível antecipação
do julgamento da
ação
relativa ao compartilhamento de dados entre órgãos de controle e de
investigação, que está pautado para novembro. Todavia, ensina a
sabedoria popular que
em pinto de padre, barriga de criança e cabeça de juiz não
se deve confiar.
Voltando ao protagonista da tragicomédia espúria que objetiva libertar o sevandija
eneadáctilo e enxovalhar
Sérgio Moro e os procuradores da
Lava-Jato, além, sabe-se agora, de desestabilizar a República como um todo, a quebra dos sigilos fiscal e bancário de
Verdevaldo se tornou fundamental depois que os quatro bois de piranha foram apanhados e seu líder,
Walter
Delgatti Neto, vulgo “
Vermelho”,
confessou ter sido o responsável pelas invasões, liberou para a
PF todos os seus
arquivos armazenados na nuvem e afirmou
ter
dado ao site The Intercept o acesso a informações capturadas do aplicativo
Telegram em sua megaoperação.
Observação: Principal alvo da Operação Spoofing, Delgatti
foi preso com a boca na botija, enquanto acessava uma conta no
aplicativo Telegram em nome do ministro
da Economia, Paulo Guedes. A
informação foi confirmada na última quarta-feira, durante uma coletiva do
diretor do Instituto Nacional de Criminalística e do coordenador-geral de Inteligência da PF. O líder da gangue depôs na noite de terça-feira
acompanhado por um defensor público, mas trocou de advogado no dia seguinte.
Em postagem no
Twitter,
Moro escreveu: "
Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o
MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em
várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram
as supostas mensagens obtidas por crime".
Leandro Demori, editor do
Intercept,
respostou: "
Nunca falamos sobre a
fonte. Essa acusação de que esses supostos criminosos presos agora são nossa
fonte fica por sua conta". Em nota, a defesa de
Verdevaldo disse que
“não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”. E dá-lhe óleo de peroba!
As investigações correm sob sigilo e quase nada se sabe além
do pouco que foi divulgado, mas essa história ainda vai feder. E muito.
A nota de PT: