ANTES DA MATÉRIA DO DIA, SEGUE BREVE ADITAMENTO AO POST ANTERIOR:
Mensagens dando conta de uma nova greve dos
caminhoneiros, supostamente nesta segunda-feira, vem sendo propagada em tom
alarmista nas redes sociais e pelo WhatsApp.
Algumas associações que estiveram à frente do movimento encerrado no
final da semana afirmaram não estar envolvidas em uma nova greve, mas um
grupo reduzido de caminhoneiros autônomos se reuniu ontem, em Brasília,
a pretexto de articular uma possível manifestação ou greve. O motivo seria um
suposto veto presidencial à redução de R$ 0,46 no preço do diesel ― segundo
fontes oficiais, não houve veto algum e a
medida já entrou em vigor. O governo assegura que as mensagens
não passam de boatos, e que,
a princípio, não renovaria o decreto de Garantia da Lei e da Ordem que
permitiu às Forças Armadas agir na greve dos caminhoneiros. Mas, pelo sim ou
pelo não, monitora a situação, a despeito de ter publicado nas redes sociais um
vídeo no qual nega
uma nova greve de caminhoneiros.
A demissão de Pedro Parente (*) da presidência da Petrobras foi uma baixa importante na guerra que as forças do atraso travam contra o País. Nas circunstâncias em que se deu, não representou apenas a perda de um valoroso colaborador do governo, mas principalmente o triunfo dos que parasitam o Estado e sabotam todos os esforços daqueles que trabalham duro para impor alguma racionalidade à administração dos escassos recursos públicos.
Fossem as coisas diferentes, o governo não aceitaria a saída de Parente, cuja retidão moral e capacidade profissional não serão encontradas em quase nenhuma sala do entorno da Presidência da República. O executivo foi responsável pela notável recuperação da Petrobras, que havia sido destroçada pelos governos lulopetistas. Naquela trevosa época, a estatal transformou-se na petrolífera mais endividada do mundo, à beira do colapso, quando passou a funcionar como máquina de dinheiro para financiar o populismo do PT, que se manifestou tanto na forma de subsídio para os combustíveis como na participação em empreendimentos controvertidos e mal planejados. O pressuposto era que o papel da empresa ― “estratégico”, como não se cansam de dizer os empulhadores ― era servir como motor do desenvolvimento nacional. O tal desenvolvimento não veio ― em lugar disso, o que essa política doidivanas gerou foi a ruína da maior empresa do País.
Munido de liberdade de ação, Parente pôde implementar uma administração austera e dinâmica, que em pouco tempo reequilibrou as finanças da Petrobras ― por meio da venda de ativos e, principalmente, de uma política de preços que dispensava os subsídios, por respeitar as variações de mercado. A greve dos caminhoneiros, contudo, colocou essa política na berlinda, pois a principal reivindicação do movimento era o restabelecimento do subsídio.
Diante da hesitação do Palácio do Planalto, que tremeu em razão das consequências de uma greve que não conseguiu prever nem soube conter, Parente ainda fez o possível para que o governo ganhasse tempo para negociar um acordo ― que, ao final, se revelou uma verdadeira capitulação ao movimento paredista. Em sua carta de demissão, ele deu a entender que a decisão do governo de restabelecer o subsídio, sem dar suporte firme para manter a política de preços por ele implementada, foi o fator preponderante para sua saída. “Diante desse quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva”, escreveu Parente.
Ao aceitar a demissão, o presidente Temer também deu uma vitória aos petroleiros que haviam deflagrado uma greve política, na qual exigiam justamente a saída do executivo. E nem é preciso dizer que a decisão foi celebrada por todos os que trabalham incansavelmente em favor do subdesenvolvimento travestido de “justiça social”. “Já vai tarde”, disse Guilherme Boulos, candidato a presidente pelo PSOL. “Era o que a sociedade esperava”, declarou o presidente do Senado, Eunício Oliveira. “Finalmente!”, tuitou o PT.
Enquanto o governo perde quadros de imenso valor ― antes de Parente, Maria Silvia Bastos Marques deixou o BNDES depois que o governo lhe sonegou apoio contra os que sabotavam sua política de reorganização do banco ―, personagens notórios mais por escândalos que por capacidade administrativa continuam prestigiados no Palácio do Planalto. Nada disso augura um bom futuro. Nem para o governo, nem para o País.
Com Augusto Nunes.
(*) Volto a esse assunto oportunamente.
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