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sábado, 5 de maio de 2018

MARUN, JUCÁ E LULA LÁ



Antes de se sagrar escudeiro de Michel Temer, o deputado Carlos Marun se desmanchava em rapapés para o ex-todo poderoso Eduardo Cunha. Quando o ex-presidente da Câmara foi cassado ― não pelos crimes que cometeu, mas por ter mentido a seus pares ―, o hipopótamo dançarino não só votou contra, mas foi o único deputado no plenário a defender o correligionário. Depois que Cunha foi preso, Marun se tornou o pitbull do Temer e relator da CPI da JBS ― mesmo tendo recebido R$ 103 mil reais em doações do frigorífico e sendo alvo de um processo por improbidade administrativa (acusado de beneficiar uma empresa de software em contratos de R$ 16,6 milhões).

O gaúcho Carlos Eduardo Xavier Marun é descendente de imigrantes libaneses. Formou-se em Engenharia e, nos anos 1980, trocou Alegrete (RS) pelo Mato Grosso do Sul. Elegeu-se deputado federal em 2015 e teve uma ascensão meteórica: em menos de 3 anos, conquistou uma cadeira no 4ª andar do Palácio do Planalto.

No mês passado, Marun chegou a pedir o impeachment do ministro Barroso ― por “ter sido contaminado por suas preferências políticas”. Semanas atrás, quando a procuradora-geral mandou prender amigos íntimos de Temer, o pitbull palaciano rosnou que Raquel Dodge integrava “um complô para depor o presidente”. Mas a cereja do bolo foi a infeliz dancinha em plenário ― com direito a rebolado de quadril ― da marchinha “Tudo está em seu lugar”, de Benito Di Paula, para comemorar a rejeição da segunda denúncia oferecida contra o amigo Michel por Rodrigo Janot.

Até assumir a vaga de deputado, em 2015, o patrimônio declarado de Marun resumia-se a duas cadernetas de poupança e um Citroën Picasso. Mal chegava a R$ 100 mil. Já no primeiro ano de mandato, o emedebista comprou uma casa de mais de 200 metros quadrados num luxuoso condomínio em Campo Grande, que foi registrada por mais de R$ 1 milhão. Em 2016, os negócios continuaram a prosperar ― em meio à recessão que obrigou diversas empresas a fechar as portas, a família Marun lançou uma “assessoria empresarial” voltada para países árabes.

Segundo a jornalista Débora Bergamasco, Marun tornou-se o Silvio Costa ― deputado rouco e histriônico defensor de Dilma ― de Michel Temer, atribuindo-se espontaneamente o múnus de defender o presidente das duas denúncias da PGR. Como relator da CPI da JBS, utilizou a caneta, o microfone e os holofotes para fazer implacáveis críticas ao MPF, atirando mais precisamente contra Janot ― que se tornou persona non grata entre a maioria dos parlamentares. Em dezembro passado, pediu o indiciamento do ex-procurador-geral, do procurador Eduardo Pelella e do agora advogado Marcello Miller ― a repercussão foi péssima até mesmo entre governistas, levando o cão de guarda a retirar o tópico do texto em troca da aprovação de seu relatório.

Fato é que Michel Temer está muito mal assessorado. Nos últimos dias, cometeu erros crassos a pretexto de tentar reverter sua impopularidade, que ombreia com a de Collor e Dilma durante os respectivos impeachments. Um presidente que convoca uma rede nacional de rádio e TV para celebrar o Dia do Trabalhador e pede “esperança” aos mais de 13 milhões de desempregados não tem noção da tragédia que se espalha pelo país, pouco importando que o grosso do desemprego se deva a erros anteriores a sua gestão. E ainda que sua equipe econômica tenha conseguido reduzir a inflação e os juros e aprovar alguns projetos importantes, a recuperação não veio com a intensidade e a velocidade esperadas.

Na opinião de Merval Pereira, o anúncio do aumento do Bolsa Família ― que só entrará em vigor em julho ― não traz esperanças nem a quem vive do sustento governamental, e anunciá-lo agora foi outro equívoco de quem está ansioso para melhorar sua aceitação pública. Mas comparecer ao local do desmoronamento de um prédio ocupado por movimentos populares em São Paulo foi a quintessência da falta de noção (conforme eu mencionei no post anterior, Temer compareceu a um local minado politicamente e teve que sair de lá às pressas). Parece a piada onde o sujeito muda de calçada apenas para escorregar numa casca de banana.

Quanto a Lula, a tal “comoção nacional” com sua prisão ― preocupação do ministro Marco Aurélio Mello ― não foi observada sequer neste melancólico 1º de Maio. Mesmo sendo insuflados pelos irresponsáveis caciques petistas que sobraram fora da cadeia, as lideranças sindicais não se deixaram levar pelo radicalismo, deixando claro que o molusco indigesto perdeu grande parte de sua capacidade de mobilizar a população.

Ainda assim, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Humberto Costas e outros petralhas ― cujos discursos, trocados por merda, ainda seriam caros ― insistem em confrontar a Justiça, na vã esperança de tentar tirar seu amado líder da cadeia e fortalecer uma campanha presidencial da qual o bandido de Garanhuns certamente não participará. As tentativas dos últimos dias, com chicanas e mais chicanas, vêm sendo derrubadas uma a uma. O showmício em Curitiba mostra bem o isolamento do PT: apenas Boulos e Manuela D’Ávila, candidatos de esquerda, compareceram. O suposto provável substituto de Lula na campanha, Jaques Wagner, defende a aliança com Ciro Gomes e fala em aproximação até mesmo com Joaquim Barbosa, que, durante o julgamento do mensalão, chamou o PT de organização criminosa.

Uma das maiores virtudes de Lula sempre foi a capacidade de enganar as pessoas mais humildes com argumentos populistas. Mas, para se aproveitar da boa-fé dos desassistidos e menos esclarecidos, o demiurgo ofendeu a inteligência de muita gente, que passou a vê-lo como cínico, oportunista, explorador e mentiroso. Apostar na ignorância eterna da maioria da sociedade talvez tenha sido seu maior erro. Embora jamais tivesse chegado onde chegou sem sua vocação inata para ludibriar os ignorantes num tempo em que não havia internet, o petralha subestimou o avanço dos meios de comunicação e o acesso a dispositivos conectados, que tornaram as pessoas menos "trouxas".

Com isso, seus admiradores foram aos poucos se familiarizando com o verdadeiro Lula, que não conseguiu se "reinventar" e prosseguiu com sua retórica demagógica e corrupção desenfreada, confiando na fidelidade de seus cúmplices, achando que eles jamais entregariam os podres do lulopetismo ― o que, em tese, lhe garantia sigilo sobre as falcatruas em que se envolveu. Mas aí vieram a Lava-Jato e a perseverança extraordinária dos procuradores e do juiz Sergio Moro.

Réu em sete ações penais, condenado na primeira delas por corrução e lavagem de dinheiro, o molusco eneadáctilo descobriu na prática qual é o fim de qualquer criminoso. O prodígio que alcançou notoriedade mundial se vê agora na condição de condenado pela justiça, com bens confiscados, preso e rejeitado pela sociedade ― menos pela patuleia incorrigível, que, por algum motivo insondável, continua acreditando no seu besteirol.

Por questões de espaço, vamos deixar Jucá para uma próxima vez.

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sexta-feira, 30 de março de 2018

CANDIDATURA DE TEMER VAI PARA O ESPAÇO



Eu pretendia tecer alguns comentários sobre o “drama” da prisão após condenação em segunda instância, mas fatos novos me fizeram mudar o foco desta postagem para o naufrágio da quimérica candidatura de Temer à reeleição. Então, passo ao assunto sem mais delongas.

Nas interceptações telefônicas da Operação Patmos, a PF flagrou uma articulação entre Rodrigo Rocha Loures ― o “homem da mala” de Temer, lembram-se? ― e um executivo da Rodrimar, visando à publicação de um decreto presidencial que poderia favorecer a empresa concessionária de áreas no Porto de Santos (litoral paulista). Além disso, em maio do ano passado, os investigadores flagraram uma conversa em que Temer e Loures falavam sobre a ampliação do período para as empresas explorarem áreas portuárias de 25 para 35 anos, prorrogáveis até 70 anos (mais detalhes em O GLOBO).

Na manhã de ontem, a Polícia Federal prendeu 6 pessoas envolvidas no caso, que vem sendo investigado a partir da delação da JBS. Dentre eles estão José Yunes, advogado e amigo do presidente há mais de 50 anos, o coronel João Batista Lima Filho, também amigo de Temer (há mais de 3 décadas), e Wagner Rossi, ex-ministro da agricultura (os demais detidos são Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar, e Milton Ortolan, auxiliar de Rossi). As prisões são temporárias e foram autorizadas por Luis Roberto Barroso, do STF, a pedido da PGR (o ministro Barroso é relator do inquérito que apura a MP dos Portos, na qual Temer é suspeito de ter recebido propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário, dentre as quais Rodrimar).

Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F, afirmou em sua delação que Rocha Loures mantinha uma parceria com a Rodrimar, e que essa parceria seria tão sólida que o então assessor de Michel Temer chegou a indicar um diretor da empresa para receber, em seu nome, propinas da J&F

Tudo isso nos leva às seguintes considerações:

1) As flechadas de Janot contra Temer, escudadas pelas marafonas da Câmara (em troca de cargos e bilhões de reais em verbas parlamentares), não foram meros “delírios” do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, nem tampouco uma retaliação contra o presidente ― que foi o grande articulador e maior beneficiário do impeachment da anta vermelha). Afinal, quem comanda a PGR desde setembro do ano passado é Raquel Dodge, e por indicação direta do próprio Michel Temer.

2) O inquérito pode até se limitar aos envolvidos que foram presos na manhã de ontem, mas é provável que chegue ao próprio presidente, na forma de uma terceira denúncia contra ele no Congresso. No entanto, faltando 7 meses para as eleições e 9 para a troca de comando, dificilmente teremos outro processo de impeachment. 

3) Por outro lado, a prisão de pessoas tão próximas ao presidente terá consequências desastrosas sobre seu projeto de concorrer à reeleição ― o que, para alguém com a popularidade de Michel Temer, mesmo antes desse incidente já era uma possibilidade tão remota quanto a de um burro voar. 

Observação: Disse o jornalista Valdo Cruz, do G1, que “o cenário inviabilizaria completamente qualquer pretensão de [Temer] disputar a reeleição”, e que "a notícia pegou de surpresa o governo, que, até a noite da última quarta-feira, estava totalmente voltado para as negociações da reforma ministerial e reorganização da base".

Outros detalhes sobre o caso não foram revelados porque as investigações correm em segredo de Justiça, mas deverão vir à público na semana que vem, depois que o Congresso e o Judiciário retornarem ao trabalho. Vamos continuar acompanhado.

E viva o povo brasileiro, majoritariamente composto por apedeutas, analfabetos e ignorantes, que, supostamente capacitados a votar, não perdem uma única chance de fazer as piores escolhas.

Bom feriadão e uma excelente Páscoa a todos.

EM TEMPO: A IMAGEM A SEGUIR NÃO TEM NADA A VER COM O TEMA DESTA POSTAGEM, MAS COMO HÁ MESES QUE EU DEIXEI DE PUBLICAR O TRADICIONAL HUMOR DE SEXTA-FEIRA, VÁ LÁ QUE SEJA:


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sexta-feira, 16 de março de 2018

VIROU MODA: COMO LULA, TEMER VÊ NO ATAQUE AO JUDICIÁRIO SUA MELHOR ESTRATÉGIA DE DEFESA (E MANDA SEU PITBULL PEDIR O IMPEACHMENT DO MINISTRO BARROSO)



Michel Temer nos prometeu um ministério de notáveis e entregou um notável bando de corruptos, que foram caindo um a um, por denúncias de corrupção. O primeiro foi Romero Jucá, nomeado ministro do Planejamento no dia 12 de maio de 2016 e exonerado no dia 23, depois que veio a público uma conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, na qual o ministro defendia um pacto para “estancar a sangria da Lava-Jato”. Depois foi a vez de Fabiano Silveira, ministro ― pasmem! ― da Transparência, Fiscalização e Controle, exonerado uma semana depois de Jucá. E assim seguiu a procissão.

Quando ainda prezava pela imagem de presidente probo e honesto, Temer garantiu que afastaria quaisquer ministros que fossem denunciados por corrupção e exoneraria os que se tornassem réus, mas a promessa se revelou tão verossímil quanto conversa de camelô paraguaio. Para piorar, em maio do ano passado, quando vieram a público sua conversa nada republicana com Joesley Batista e o vídeo com Rodrigo Rocha Loures correndo pela rua com uma mala recheada de dinheiro (R$ 500 mil), o presidente balançou, mas não renunciou. No pronunciamento que fez à nação quase 24 horas mais tarde, disse que o inquérito no STF seria “o território onde surgiram as provas de sua inocência”, mas transformou o Palácio do Planalto num mercado persa, onde cargos, verbas e emendas parlamentares foram trocados por votos para barrar as denúncias apresentadas contra ele por Rodrigo Janot. Às favas, portanto, os escrúpulos.

Temer escolheu Raquel Dodge para suceder ao procurador vermelho, mas a trégua não durou muito. Agora, ele é novamente alvo de investigações, desta feita por suposto recebimento de propina para alterar regras no setor portuário em benefício da Rodrimar e outras empresas.

Temer encaminhou à PGR um parecer do jurista Ives Gandra Martins e uma carta do ministro da Justiça, Torquato Jardim, segundo os quais a investigação de um presidente por episódios ocorridos antes do início de seu mandato é inconstitucional. Além disso, determinou que sua tropa choque atacasse publicamente as recentes decisões do ministro Barroso ― que derrubou o indulto de Natal concedido a condenados por crime do colarinho branco, decretou a quebra do seu sigilo bancário e autorizou a investida contra o ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures e o coronel João Baptista Lima ― pessoas da mais estreita confiança do presidente, pelo menos até que a merda batesse no ventilador.

Para os paus-mandados do Planalto, o STF virou uma “corte dividida e politizada”, com Barrosoultrapassando todos os limites”. Ex-esbirro de Eduardo Cunha e atual pitbull do planalto, Carlos Marun chegou a dizer que o inquérito sobre Decreto dos Portos é desperdício de dinheiro público. O deputado Darcísio Perondi, um dos vice-líderes do governo na Câmara, referiu-se ao ministro Barroso como “o novo escrevedor monocrático da Constituição”.

Marun, aliás, deverá se licenciar da Secretaria de governo, reassumir seu mandato parlamentar  e apresentar um pedido de impeachment contra Barroso. Não será o primeiro caso: desde dezembro de 2015, nada menos que 17 solicitações neste sentido foram apresentadas ao Senado, inclusive contra ex-ministros (caso de Joaquim Barbosa). Segundo levantamento realizado pela Gazeta do Povo, o ministro-deus Gilmar Mendes encabeça o ranking, com 6 pedidos de impeachment.

Observação: O afastamento de um ministro do STF pode ser solicitado por qualquer brasileiro, e a lei que determina suas regras é a mesma que trata do impeachment de presidente da República. Aliás, dormitam nos escaninhos da presidência da Câmara mais de 20 pedidos de impeachment contra Michel Temer.  

Marco Aurélio Mello também foi alvo de um pedido em abril do ano passado (apresentado pelo Movimento Brasil Livre). Há ainda três petições contra Ricardo Lewandowski, outras duas contra Luís Roberto Barroso, e uma que questiona decisão colegiada de Rosa Weber, Edson Fachin e (novamente) Barroso. Em todos os casos, os autores dos pedidos discordam de decisões do Supremo e usam essa divergência para postular o afastamento dos magistrados. Até agora, todos os pedidos foram arquivados pelo Senado.


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