Jair Bolsonaro,
por um fenômeno até agora não esclarecido pelos nossos esclarecedores de
questões nacionais, foi o único político de primeira grandeza no Brasil a
entender que, para a maioria dos brasileiros, a polícia é uma coisa boa e bandido é uma coisa ruim. Noves
fora os rematados idiotas de sempre, todo mundo sabe que policiais erram, que podem
tratar mal o público e não investigar nem reprimir como deveriam os crimes
cometidos, além de eles próprios cometerem uma série intolerável de atos criminosos.
Mas também é sabido que não existe um único caso de bandido que esteja a favor
do cidadão — e que qualquer policial, no fim das contas, é melhor que qualquer
criminoso. Daí a “oposição”, parte da mídia, “movimentos sociais” e
"defensores dos direitos humanos" tomarem partido contra as forças da
ordem e a favor das forças do crime. E se mostrarem indignados, depois, quando
a população prefere o capitão caverna a assassinos, ladrões e estupradores.
Segundo J.R. Guzzo, a grande questão da política brasileira, hoje, é a perspectiva real de Bolsonaro ficar no seu cargo não só pelos três anos de mandato a que ainda tem direito por conta da eleição de 2018, mas até 31 de dezembro de 2026. E não adianta fazer de conta que não é isso. É precisamente isso. Fala-se de tudo — da descomunal importância do presidente da Câmara para o futuro do Brasil e do Sistema Solar, do que se passa a cada minuto do dia na cabeça do presidente do Senado, dos entreveros de Bolsonaro com o sistema de pontos nas multas de trânsito. Discutem-se novos partidos, velhos partidos, centrão, centrinho, os filhos do presidente e o futuro de Lula: o que mais o STF pode fazer por ele?
Segundo J.R. Guzzo, a grande questão da política brasileira, hoje, é a perspectiva real de Bolsonaro ficar no seu cargo não só pelos três anos de mandato a que ainda tem direito por conta da eleição de 2018, mas até 31 de dezembro de 2026. E não adianta fazer de conta que não é isso. É precisamente isso. Fala-se de tudo — da descomunal importância do presidente da Câmara para o futuro do Brasil e do Sistema Solar, do que se passa a cada minuto do dia na cabeça do presidente do Senado, dos entreveros de Bolsonaro com o sistema de pontos nas multas de trânsito. Discutem-se novos partidos, velhos partidos, centrão, centrinho, os filhos do presidente e o futuro de Lula: o que mais o STF pode fazer por ele?
Há, todos os dias, a crise da manhã, a crise da tarde e a
crise da noite, com ameaça real, direta e imediata à sobrevivência do governo.
Há de tudo — menos a discussão aberta da única coisa que de fato interessa: até
quando Bolsonaro vai ficar? O resto
é o resto.
Não se trata de um “Quiz” de adivinhação. Se o presidente
ficar ”X” tempo, a sociedade brasileira terá uma cara; se ficar “X” + “Y”, terá
outra. Não é mudança de governo. É mudança de vida. Daqui a três anos, se as
coisas continuarem a andar do jeito que estão andando, o Brasil será um país
tão diferente do que é hoje, mas tão diferente, que praticamente nada do que se
discute no momento terá qualquer significado prático para o dia a dia dos
brasileiros.
Se a história for ainda além, e Bolsonaro receber um segundo mandato — bom, aí estaremos entrando
em território absolutamente virgem. É uma perspectiva que assusta até o fundo
da alma toda a ordem política, econômica e social que manda hoje no Brasil,
como tem mandado há décadas, ou mais do que isso. Assusta porque traz o insustentável
peso da mudança para os que não querem que nada mude — ou que só mude aquilo
que lhes interessa mudar. Mudam o sistema psicológico, a “ideologia”, os
hábitos intelectuais, os valores, os usos e costumes.
Quem está contente com o Brasil como ele foi até hoje não
pode estar contente com o Brasil desconhecido que talvez esteja vindo aí pela
frente. Qual poderia ser ele? É uma perda de tempo, como se sabe, ficar
preocupado em excesso com o futuro, porque ele virá de qualquer maneira. O que
dá para fazer é uma lista de realidades — e ir checando, uma por uma, se elas
estão mudando para melhor ou para pior. A economia, por exemplo. Pelos fatos
que podem ser vistos hoje — e não pelos sentimentos que você tem a respeito
deles — a situação tende a melhorar ou piorar?
O país, no futuro próximo, vai ter um outro STF e uma outra Justiça. A máquina pública deixará de crescer como cresceu nos últimos 50 anos. O Brasil, forçosamente, vai estar mais integrado às cadeias mundiais de produção. O “investimento público” deixará de ter o tratamento sagrado que tem hoje. Não haverá novas empresas estatais. As pressões da maioria sobre os donos da vida pública vão aumentar — entre outras coisas, não há nenhuma hipótese de que as redes sociais se tornem menores e mais silenciosas do que são hoje.
O país, no futuro próximo, vai ter um outro STF e uma outra Justiça. A máquina pública deixará de crescer como cresceu nos últimos 50 anos. O Brasil, forçosamente, vai estar mais integrado às cadeias mundiais de produção. O “investimento público” deixará de ter o tratamento sagrado que tem hoje. Não haverá novas empresas estatais. As pressões da maioria sobre os donos da vida pública vão aumentar — entre outras coisas, não há nenhuma hipótese de que as redes sociais se tornem menores e mais silenciosas do que são hoje.
Todas essas coisas somadas, e uma infinidade de outras, são
positivas ou não? Faça suas contas. O fato é que ninguém pode esperar uma vida
melhor se não houver mudança nenhuma no lugar onde ela se tornou ruim.
Com J.R. Guzzo