Bolsonaro saiu
fortalecido das manifestações do último domingo, mas quem brilhou mesmo foi o
ministro Sérgio Moro, que é visto pela
banda podre do Congresso como perseguidor de políticos — e que, por obra e
graça dessa mesma banda podre, não só teve de engolir a perda do Coaf como também subscrever (juntamente
com o presidente e os ministros Guedes
e Lorenzoni) um pedido aos senadores
para que votassem a MP 840 do jeito
que ela passou na Câmara.
Observação: Ministros do STF e integrantes do Centrão disseram à Folha de S. Paulo que a adesão à marcha bolsonarista deve ser “creditada em boa medida à figura do ministro Sergio Moro, que teria ‘salvado’ as manifestações pró-governo”. Nesse caso, que aprovem o pacote anticrime e mantenham Lula na cadeia.
Observação: Ministros do STF e integrantes do Centrão disseram à Folha de S. Paulo que a adesão à marcha bolsonarista deve ser “creditada em boa medida à figura do ministro Sergio Moro, que teria ‘salvado’ as manifestações pró-governo”. Nesse caso, que aprovem o pacote anticrime e mantenham Lula na cadeia.
Por que a coisa chegou a esse ponto? Porque o Planalto e o Legislativo andam às turras, e a medida provisória que
redesenhou a Esplanada dos Ministérios e transferiu o Coaf para a pasta da Justiça e Segurança Pública perderia a
validade se não fosse aprovada até a próxima segunda-feira (detalhes na
postagem anterior). No apagar das luzes da última terça, o texto-base foi chancelado no Senado por 70 votos a 4, e o destaque
que previa o retorno do Coaf para Moro foi rejeitado.
Observação: Uma ação apresentada pelo Podemos ao Supremo, visando levar o Coaf de volta ao ministério de Moro, foi sorteada para o ministro Edson Fachin, mas isso é outra história.
Por alguma razão, Bolsonaro não se empenhou como poderia (ou deveria) para manter o Coaf sob a asa de Moro. Mas insistir nessa questão aos 48 minutos do segundo tempo, como fizeram o Major Olimpio — que teimava em apresentar um destaque durante a votação da medida — e outros aliados do governo não seria a estratégia mais acertada. E de burro Jair Bolsonaro não tem nada. A despeito do que parece, a maioria dos “tiros no pé” que ele e seus filhos são acusados de dar tem um propósito, mas isso também é outra conversa.
Observação: Uma ação apresentada pelo Podemos ao Supremo, visando levar o Coaf de volta ao ministério de Moro, foi sorteada para o ministro Edson Fachin, mas isso é outra história.
Por alguma razão, Bolsonaro não se empenhou como poderia (ou deveria) para manter o Coaf sob a asa de Moro. Mas insistir nessa questão aos 48 minutos do segundo tempo, como fizeram o Major Olimpio — que teimava em apresentar um destaque durante a votação da medida — e outros aliados do governo não seria a estratégia mais acertada. E de burro Jair Bolsonaro não tem nada. A despeito do que parece, a maioria dos “tiros no pé” que ele e seus filhos são acusados de dar tem um propósito, mas isso também é outra conversa.
Uma explicação que me ocorre para a inércia do presidente é o
imbróglio envolvendo Fabrício Queiroz,
ex-factótum do clã dos Bolsonaro e
assessor do filho zero um, que veio à luz por obra e graça do Coaf — fortalecido por Moro nos 5 meses em que o conselho esteve
sob seu comando. “Mas o Coaf ficou
no governo, e Moro e Guedes jogam no mesmo time”, minimizam alguns.
Talvez. Mas o ministro da Economia tem outras prioridades. Para bom
entendedor...
Falando nessa novela Fabrício
Queiroz/Flávio Bolsonaro, a situação do parlamentar se complica a cada novo
e emocionante capítulo. Custa acreditar que ele não tivesse conhecimento do que
seu então assessor fazia debaixo de seu nariz, para não mencionar a evolução patrimonial
do próprio Flávio, proveniente,
segundo ele, de negócios imobiliários (envolvendo 14 apartamentos e 23 salas
comerciais). Essa verão é tão convincente quanto a de que os R$ 1.2 milhões que Queiroz movimentou entre 2016 e 2017 foram produto da compra e venda
de carros usados. Aliás, fala-se que R$
7 milhões passaram pela conta do dito-cujo nos últimos três anos, e que ele
pagou R$ 133,5 mil em dinheiro vivo
por uma cirurgia no Hospital Israelita Albert Einstein, mas isso é assunto
para outra hora.
Em vez de apresentar uma contestação convincente, o primogênito
do presidente da República tenta criar incidentes processuais — talvez por ser
difícil defender o indefensável, como aprenderam a duras penas o ex-presidente Lula e seus advogados estrelados. Mesmo
tendo fracassado em duas tentativas de barrar as investigações (primeiro no STF, depois no TJ-RJ), a defesa de Flávio
tenta novamente derrubar
a quebra dos sigilos bancário e fiscal de seu cliente, desta vez sob a
alegação de que o pedido foi mal fundamentado. Mesmo que fosse bem sucedida (e
tudo indica que não será), a estratégia não atenuaria as suspeitas que pairam
sobre o político — que, ao posar de perseguido, só reforça a tese de que
funcionava em seu gabinete na Alerj uma
organização criminosa que praticava crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Com
bem lembrou Josias de Souza, já
vimos esse filme com atores petistas, e verificou-se no final que não havia
mocinhos no enredo.
Voltado a Sérgio Moro:
Ao lhe prometer a próxima vaga que surgir no STF, Bolsonaro alivia a
dor das caneladas que o ministro vem levando dia sim, outro também — dentre
outros exemplos, cito o pacote de medidas
anticrime e anticorrupção, que deveria tramitar em paralelo com a PEC previdenciária,
mas está parado e corre o risco de ser diluído em meio a um conjunto de medidas
sugeridas tempos atrás pelo togado supremo Alexandre
de Moraes.
A permanência do ex-juiz da Lava-Jato
no ministério agrega credibilidade ao governo do capitão, como ficou claro nas
manifestações do último domingo. Por outro lado, a despeito das negativa, o presidente
tenciona, sim, disputar a reeleição, caso as reformas essenciais sejam
aprovadas e a economia deslanche. E ninguém é bobo de regar uma sementinha
plantada no terreno do vizinho que tenha tamanho potencial de fazer sombra em
seu próprio quintal.