sábado, 22 de junho de 2019

O FEITIÇO DE LULA VIROU CONTRA O FEITICEIRO


O BRASIL É O ÚNICO LUGAR DO MUNDO ONDE OS RATOS JOGAM A CULPA NO QUEIJO.


Na última quarta-feira, durante quase nove horas, o ministro  Sérgio Moro foi submetido a uma sessão de tortura digna da Santa Inquisição (espécie de tribunal religioso criado nos século XIII para condenar quem era contra os dogmas católicos ou considerado como ameaça às doutrinas da Igreja Católica). A despeito dos esforços do PT e seus satélites, porém, o ex-juiz da Lava-Jato não acabou na fogueira como as bruxas de Salem (refiro-me aos últimos julgamentos por bruxaria havidos no estado norte-americano de Massachusetts no final do século XVII), e a discussão sobre a suposta troca de mensagens entre ele e Deltan Dallagnol — obtida de maneira criminosa e vazada por um site esquerdista metido a palmatória do mundo — ficou no campo político. Os senadores favoráveis à Lava-Jato empenharam seu apoio ao ministro, enquanto os que querem soltar Lula e outros criminosos da mesma laia — até para não acabarem na cadeia como eles — atacaram-no duramente. Na semana que vem a história se repete na Câmara Federal. Para a efeméride, a caterva esquerdista já encomendou mantos, capuzes brancos, tinta preta para pintar o juiz que ousou condenar o sumo pontífice da seita do inferno e, nos moldes da velha Ku Klux Klan, deve queimar cruzes no jardim do ministério da Justiça. Diante do procedimento da patuleia desvairada, não há como não dar razão ao presidente Bolsonaro: “o erro da Ditadura foi torturar e não matar”.


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Em artigo publicado no Estadão com o título “O OVO DA SERPENTE”, José Nêumanne teceu uma série considerações sobre a polêmica causada pelo material revelado pelo site The Intercept Brasil por interessados em confirmar a tese da defesa de Lula de parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, e afirmou que a origem de tudo está naquilo que os historiadores do século 20 chamam de “ovo da serpente”, no caso do nazismo de Adolf Hitler. Segue a versão resumida da matéria:

Durante o governo Lula, o petista hoje presidiário e seu então ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, copiaram práticas da Delegacia Especial de Segurança Política e Social — versão federal dos Dops estaduais no Estado Novo fascistoide de Vargas, que centralizou o aparato policial para perseguir e levar à  prisão adversários do regime. Não tinham a pretensão de trazer nada de original, pois, como revelou o delegado Romeu Tuma Jr. em seu livro "O Assassinato de Reputações: Um Crime de Estado", Lula instrumentalizou a PF para torná-la não de Estado, mas um instrumento pessoal de pressão e intimidação, pau mandado de partido. Para justificar o Estado policialesco instalado no País na era petista, Thomaz Bastos recorreu ao adjetivo “republicana” para definir a PF, mas as operações policiais, em sua época, foram 25 vezes mais numerosas do que as que foram realizadas ao longo das duas gestões anteriores (de FHC).

Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-procurador da Lava-Jato, afirmou em palestras que os governos do PT permitiram o fortalecimento da PF e do MP. Mas isso ocorrera ainda antes, em pleno mandarinato tucano, quando o ex-guerrilheiro e então deputado federal José Dirceu tratava a imprensa a pão de ló para fazer circular nos meios de comunicação as diatribes de dois procuradores federais que privilegiavam denúncias contra a gestão federal.

Thomaz Bastos se vangloriava da reforma que queria fazer no Poder Judiciário e pela revolução que dizia ter feito na PF. Mas o fato é que o MP e a Justiça foram aparelhados — segundo Nêumanne, isso está contado em seu livro "O Que Sei de Lula" e em inúmeros artigos de sua autoria publicados na página 2 de O Estado.  

Lula e Bastos foram useiros e vezeiros em se valer da Justiça como arma para perseguir e inabilitar seus adversários (prática conhecida como lawfare). O caso mais célebre da manipulação da Justiça pelo lado oposto, ou seja, para proteger sócios em falcatruas, foi a Operação Castelo de Areia, instaurada em 2009 para investigar denúncias de corrupção da empreiteira Camargo Corrêa, e anulada em 2011 pela 6ª Turma do STJ, sob a alegação de que denúncia anônima não poderia embasar investigações. A decisão foi inédita, contrariando a jurisprudência da corte, cujo entendimento anterior, em 33 decisões, permitia investigação a partir de denúncias anônimas. A decisão dividiu a doutrina. O Ministério Público recorreu ao STF, mas o ministro Luís Roberto Barroso — logo ele! — rejeitou o apelo. 

O inspirador da manobra foi Bastos; ou seja, Lula inaugurou, foi atingido pela própria criação e agora reclama quando o feitiço vira contra o feiticeiro.

Observação: Em artigo publicado em 13 de agosto de 2018, sob o título Prostituição, fraude e sabotagem, Nêumanne chamou a atenção para o fato de nenhum candidato com chance de ser presidente ter ousado, no debate da Band, referir-se aos escândalos de mensalão e petrolão, para não perder eventuais eleitores de Lula, político preso e ausente.

Nos quatro inquéritos abertos para apurar o autor do hackeamento, a PF chegou a identificar que os arquivos foram capturados do celular do procurador Deltan Dallagnol, e não atingem apenas a Lava-Jato, mas outros procuradores, como Rodrigo Janot, juízes, como Gabriela Hardt, e desembargadores, como Abel Gomes. A operação é caríssima e alguém investiu pesado nela. Parece que quem o fez conhece e deve ter tido colaboração de companheiros de hackeados. Como lembrava Vitorino Freire, protetor e depois desafeto de Sarney no Maranhão, “Jabuti em árvore é obra de enchente ou mão de gente”.

Quem encomendou essas interceptações?  Qual o propósito? Quem está sendo favorecido com esses vazamentos? Merval Pereira conversou com Silvio Meira — um dos maiores especialistas em tecnologia e professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo ele, “ninguém fez isso sozinho, não aconteceu por acaso, tem um desenho por trás.”

Observação: A PF tem provas de que um hacker tentou se passar por Moro e mandou em seu nome mensagens para terceiros. Um dos elementos é uma mensagem enviada no dia 4 de junho a um funcionário do próprio gabinete de Moro, depois de ativar uma conta do Telegram – aplicativo de troca de mensagens via internet – que o ministro deixou de usar em 2017.

Em seu artigo "Em busca do hacker", publicado no ESTADÃO, Pedro Doria vai ao ponto: "o hacker existe, mas não é ele a fonte do Intercept, as informações recebidas pelo site teriam sido colhidas de dentro do prédio do Ministério Público de Curitiba." Bingo! Ciumeira, vaidade, inveja. Motivo não falta.

Intercept justificou a publicação das mensagens roubadas de Deltan Dallagnol assim: “Moro e os procuradores da Lava-Jato são figuras altamente controversas aqui e no mundo — tidos por muitos como heróis anticorrupção e acusados por tantos outros de ser ideólogos clandestinos de direita, disfarçados como homens da lei apolíticos. Seus críticos têm insistido que eles exorbitaram de seus poderes na Justiça com objetivo político de evitar que Lula retornasse à Presidência e destruir o PT”. 

Em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha, e Florestan Fernandes, do El Pais, no dia 26 de abril, Lula garantiu que iria “desmascarar o Moro e o Dallagnol.” Omitiu na entrevista como o faria, mas foi nitidamente um spoiler no mínimo suspeito. O momento foi preciso e o projeto, sob medida.
A 2ªTurma do STF vai julgar, na próxima terça-feira, o  pedido da defesa do petista em que demanda a suspeição de Moro. O julgamento foi iniciado no segundo semestre do ano passado e interrompido, em dezembro, por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Seria outro spoiler confirmado? O crime não foi gratuito e contou com a colaboração de hackers experientes e companheiros infiltrados, não obra do acaso. Na entrevista citada, Lula mostrou que estava, no mínimo, informado do  que estava em curso contra Moro. E esse tipo de combate subterrâneo lhe é familiar, desde o tempo de Bastos, quando a cobra desovou.

Se o leitor ainda tiver estômago para mais sobre esse assunto, segue uma sugestão: