segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

MORO NO STF


Bolsonaro embarcou para o Rio hoje pela manhã. Fala-se que ele terá um tête-à-tête com Regina Duarte, e que está está estudando recriar o Ministério da Cultura, pois o nome da artista é poderoso demais para ocupar apenas uma secretaria. A agenda oficial começa às 10h, com um encontro com Marcelo Crivella. O capitão deve embarcar de volta a Brasília às 16h20. A assessoria de imprensa palaciana não divulgou o horário do encontro com a atriz.

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Em 20 de outubro de 2017, um ano antes de ser eleito, Bolsonaro disse ao site O Antagonista: “Sergio Moro está na minha lista para o Supremo”. Em 19 de maio de 2019, já aboletado no Palácio do Planalto, o Capitão-Decepção repetiu a promessa: “A primeira vaga que vier será dele.” De lá para cá, no entanto, seu discurso mudou despudoradamente.

Em meados do ano passado, Bolsonaro anunciou que indicaria para o STF um ministro “terrivelmente evangélico”, como o Advogado-Geral da União, que é o preferido de Dias Toffoli. Em outubro, citou outro nome — seu chapa Jorge Oliveira —, e ofereceu a Moro uma candidatura como vice-presidente em 2022.

Moro não quer ser vice-presidente nem tampouco disputar o Palácio do Planalto contra Bolsonaro. O que ele quer é ir para o Supremo na primeira vaga que se abrir, para tentar conter os ataques à Lava-Jato. Se não conseguir, deverá concluir seu trabalho como ministro e, em 2022, passar para o setor privado.

Bolsonaro disse que, se indicar Moro para o STF, ele pode ser reprovado pelo Senado. Balela. A pressão sobre os senadores vai ser avassaladora. Além disso, se a preocupação do presidente é a possibilidade de seu ministro mais popular derrotá-lo nas urnas, guindá-lo ao Supremo seria matar dois coelhos com uma única bordoada.

Toffoli pode não ver a indicação de Moro com bons olhos, mas sua passagem pela presidência da Corte termina em setembro, dois meses antes da aposentadoria compulsória do decano Celso de Mello, que se dará durante a presidência de Luiz Fux. Todavia, como as nuvens no céu, o cenário político muda constantemente, sobretudo nesta republiqueta de bananas, onde até o passado é imprevisível.

Na avaliação da PFBolsonaro ainda não desistiu de degolar o diretor-geral Maurício Valeixo. E a aposta no Congresso é de que novas denúncias devem minar o mandato do presidente. De um jeito ou de outro, só há uma certeza: a melhor garantia para o país é ter Sergio Moro no STF.

Com Diogo Mainardi