quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

REGINA DUARTE NA CULTURA E SÉRGIO MORO NO RODA VIVA



Regina Duarte aceitou participar de uma fase de testes no cargo de secretária da Cultura do governo federal, e virá hoje a Brasília para conhecer melhor a pasta. Segundo Lima Duarte, que contracenou com a atriz no folhetim Roque Santeiro (exibido pela TV Globo em 1985), "para o Brasil de hoje ficou ideal: um Sinhozinho Malta no poder e uma Porcina no ministério".

A aceitação do cargo são favas contadas, até porque jamais aconteceu de um presidente desta Banânia convidar publicamente alguém para assumir um ministério e esse alguém declinar do convite. Além disso, uma “nomeação provisória” — ou “teste”, como vem sendo dito na mídia — caracterizaria crime de usurpação de função pública, já que a nomeação só passa a valer depois de ser devidamente publicada no Diário Oficial da União. O que poderia acontecer mais adiante é Regina pedir demissão ou Bolsonaro exonerá-la, mas isso é outra conversa.

Ainda que a Secretaria Especial da Cultura não readquira o status de ministério (essa possibilidade vinha sendo cogitada, mas parece que foi descartada), é possível que futura ex-atriz global (Regina terá seu contrato com a Globo suspenso) venha a se reportar diretamente a Bolsonaro, a despeito de a pasta em questão continuar sob o guarda-chuva do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio — que inexplicavelmente continua no cargo, a despeito de ter sido indiciado por suspeitas de envolvimento no esquema de candidaturas-laranjas no PSL. Em circunstâncias normais, caberia a Antônio, cujo nome verdadeiro é Marcelo Henrique Teixeira Dias, escolher o substituto do nazista de araque Roberto Alvim, que na verdade se chama Roberto Rego Pinheiro.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública participou do Roda Viva da última segunda-feira. Sobre sua atuação no ministério, pouco lhe foi perguntado — os inquisidores queriam mesmo era extrair a “confissão” de que ele teria sido parcial na condução do julgamento do ex-presidente petista ladrão, bem como induzi-lo a criticar o atual governo e seu comandante-em-chefe

A julgar pela maneira como enfrentou o assédio dos entrevistadores — demonstrando serenidade e evitando levantar a voz, mesmo quando visivelmente irritado —, Moro deixou claro que, se a intenção dos jornalistas era semear a cizânia entre ele e Bolsonaro, melhor seria que se dedicassem a descobrir seu time de futebol (que ele não revela nem com reza braba).

Pelo visto, um ano no governo foi suficiente para a metamorfose do magistrado em político — aqui sem qualquer alusão negativa à caterva que criou o Caos muito antes de o Senhor das Esferas criar o Mundo ser concluída com êxito. A despeito das tentativas dos jornalistas de emparedá-lo, Moro deixou claro que quem estava no centro da roda não era o ex-juiz, mas o ministro da Justiça e Segurança Pública, embora tenha respondido questionamentos sobre o grampo da ex-presidanta Dilma (falo da conversa que deixou claro que a nomeação do criminoso de Garanhuns para a Casa Civil visava simplesmente tirá-lo do alcance da Lava-Jato) e as mensagens trocadas com procuradores da força-tarefa, obtidas criminosamente e divulgadas maliciosamente pelo site panfletário The Intercept Brasil, que ele classificou como “uma bobajarada". Em ambos os casos, o ministro reafirmou que não cometeu qualquer irregularidade e que não reconhece a autenticidade das mensagens divulgadas, além de ter negado, mais uma vez, a suposta intenção de disputar a presidência em 2022 (clique aqui para ouvira a análise abalizada de Felipe Moura Brasil).

O programa de entrevistas que a TC Cultura exibe nas noites de segunda-feira desde 1986 já foi ancorado por diversos “monstros sagrados” da imprensa tupiniquim — como Marília GabrielaHeródoto BarbeiroLillian Witte Fibe entre outros. Em minha humilde opinião, quem se saiu melhor foi o jornalista Augusto Nunes, mestre de cerimônias da atração entre 1987 e 1989 e de 2013 a 2018, quando se desligou devido a pressões políticas. Aliás, seu substituto, o insosso Ricardo Lessa, foi defenestrado cerca de um ano depois, e a ainda mais insípida Daniela Lima foi sucedida por Vera Magalhães, que estreou justamente na última segunda-feira.   

Se você não assistiu à entrevista ao vivo e em cores, valha-se do vídeo a seguir: