O Brasil está em
plena campanha eleitoral. Não falo das eleições municipais de outubro próximo, cujo
cenário ainda é incerto e os candidatos sequer começaram a aquecer os motores,
mas da sucessão presidencial, que, se o imprevisto não tiver voto
decisivo na assembleia dos acontecimentos, ocorrerá somente daqui a 30 meses.
Bolsonaro,
que durante a campanha prometeu pôr fim à reeleição para os cargos de presidente,
governador e prefeito, mal subiu a rampa do Palácio e se declarou candidatíssimo a um segundo
mandato. No canto oposto do tablado, o criminoso Lula — condenado em
três instâncias no caso do tríplex, em duas no do sítio de Atibaia, réu em mais
sete ou oito processos, inelegível à luz da Lei da Ficha-Limpa (que ele
próprio sancionou no apagar das luzes de seu segundo mandato) e que só deixou a
prisão graças à despudorada “hermenêutica criativa” da facção pró-crime do STF,
deve escalar o bonifrate Haddad para representá-lo no pleito, a menos que até surja outra "liderança" petista disposta a se sujeitar ao papel de boneco de ventríloquo. O que é difícil, até porque, desde que fundou o partido em fevereiro de 1980, Lula
é o PT e o PT é Lula.
Ao longo de 40 anos, o criador do partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam comandou a quadrilha como um rei absolutista, avesso a delegar poderes por receio de algum acólito se sobressair a ponto de lhe fazer sombra. Agora, o eterno presidente de honra da agremiação criminosa colhe os frutos amargos que ele próprio semeou, como se viu nas eleições de 2016 e 2018.
Ao longo de 40 anos, o criador do partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam comandou a quadrilha como um rei absolutista, avesso a delegar poderes por receio de algum acólito se sobressair a ponto de lhe fazer sombra. Agora, o eterno presidente de honra da agremiação criminosa colhe os frutos amargos que ele próprio semeou, como se viu nas eleições de 2016 e 2018.
Poder-se-ia dizer
que o PT é o Circo Marambaia, e Lula, o palhaço sem
graça, mas a prudência recomenda muita calma nessa hora. O eleitorado
tupiniquim não prima pelas melhores escolhas — e nem poderia, já que é composto
majoritariamente de apedeutas, analfabetos funcionais e desinformados de quatro
costados —, sem mencionar que na política o cenário muda como mudam as nuvens
no céu. Por outro lado, em
entrevista à revista eletrônica Conjur, Lula disse que “voltar
à Presidência da República não é mais uma obsessão”, e
que, “embora não descarte a possibilidade de se candidatar” (o
que só seria possível se a Lei da Ficha-Limpa fosse revogada ou os
processos em que ele foi condenado fossem anulados), prefere dar lugar a
políticos mais novos. “Haddad fez uma campanha maravilhosa, é 1 cara
muito preparado. Agora, quero chegar às eleições de 2022 com
muita influência política. Disso, não abro mão”, asseverou o deus
pai da Petelândia.
Se o pleito presidencial
fosse hoje e Sérgio Moro concorresse à presidência, é bem provável que
ganhasse de lavada. Mas é bom lembrar que, segundo as mesmas pesquisas que
atestam o enorme apreço da população pelo ex-juiz da Lava-Jato, a pastora
evangélica Damares Alves — que Bolsonaro escolheu para comandar a
pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos — também aparece entre os
nomes mais populares entre os integrantes da Esplanada dos Ministérios
(durma-se com um barulho desses).
Pôr fim à reeleição
não foi a única bandeira que o então candidato Jair Bolsonaro agitou aos
quatro ventos ao longo da campanha e enfiou com mastro e tudo em local incerto
e não sabido ao ser eleito e subir a rampa do Palácio. Aliás, o mesmo Bolsonaro
que aliciou Sérgio Moro com a promessa de lhe dar carta-branca no
combate à corrupção e indicá-lo para a próxima vaga que se abrir no STF —
chegando mesmo a dizer que “bom seria se houvesse “onze sérgios moros
no Supremo” — agora submete o ex-juiz da Lava-Jato a um
humilhante processo de fritura política, talvez por ter receio de “deixar a
árvore do quintal do vizinho crescer a ponto de fazer sombra em seu próprio
quintal”.
Depois de dizer que
pretende indicar um ministro “terrivelmente evangélico” para o STF (possivelmente
o advogado-geral da União, André Mendonça, que, segundo as más-línguas,
é um puxa-saco de Dias Toffoli), o capitão resolveu testar a paciência de
Moro alardeando a suposta intenção de fatiar o Ministério da Justiça e
Segurança Pública e deixar o ex-juiz responsável pela pasta da Justiça —
aliás, nada muito diferente da estratégia que o capitão vem utilizando com o
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, conforme vimos nesta
postagem.
Observação: Os
ministros Celso de Mello — que está licenciado por
problemas de saúde — e Marco Aurélio Mello atingirão a idade em que a
aposentadoria dos membros dos tribunais superiores é compulsória em novembro próximo
e julho do ano que vem, respectivamente, dando a Bolsonaro a chance de indicar
dois nomes para o Supremo durante a atual gestão. Mas nada nada impede
que outro togado antecipe voluntariamente seu desligamento (como fez Joaquim
Barbosa em julho de 2014) ou bata a cachuleta (como aconteceu com Teori
Zavascki em janeiro de 2017). Enfim, vamos dar tempo ao tempo.
Vale frisar que desde
o restabelecimento das eleições presidenciais pelo voto direto, apenas o Vampiro
de Jaburu teve a brilhante ideia de fatiar o Ministério da Justiça e
Segurança Pública, “esvaziando” a pasta da Justiça, comandada por Torquato
Jardim, e empoderando Raul Jungmann, que ficou responsável pela Segurança
Pública.
Os atritos entre Bolsonaro
e Moro não vêm de hoje, mas se intensificaram depois da reunião do
presidente com secretários estaduais de Segurança, que não contou com a
presença do ministro. Moro disse a aliados, na ocasião, que
deixaria o governo se a manobra realmente fosse adiante, mas a reação de seus
apoiadores gerou forte pressão nas redes sociais, levando o capitão a engavetar
a ideia. Durante sua viagem à Índia, ao ser inquirido pelos repórteres sobre a
cisão da pasta, Bolsonaro respondeu: "A chance no momento é zero, tá
bom? Não sei amanhã, na política tudo muda, mas não há essa intenção de dividir.
Em segurança pública, os números demonstram que estamos no caminho certo. E é a
minha máxima, né, em time que está ganhando não se mexe".
O recuo amenizou a situação, mas não
dissipou as teorias sobre o futuro de Moro no governo e na política. Segundo
o InfoMoney, o receio de o ministro se demitir e concorrer à presidência
em 2022 levou o Bolsonaro a recolocá-lo no topo da lista dos preferidos para
ocupar a vaga do decano Celso de Mello no STF. A ideia de manter Moro
no governo até 2022 e convidá-lo para ser vice em sua chapa também cruzou a
mente do capitão, mas, como dito linhas atrás, o problema é que a popularidade do
ministro supera a do próprio presidente. No entanto, como dizia o saudoso
Magalhães Pinto, "política é como nuvem: você olha e ela está de um
jeito, você olha de novo e ela já mudou".