Depois que a volta do recesso carnavalesco reduziu a cinzas,
na quarta-feira homônima, o mercado financeiro, acreditava-se, ou, melhor
dizendo, torcia-se por um sinal de recuperação que proporcionasse algum alento, mas na quinta feira do rescaldo o dólar continuou em forte alta (batendo os R$4,50 no câmbio
oficial) e o Ibovespa boiou como
merda n’água ao longo de todo o pregão — ainda em baixa, mas nada parecido com o
que houve na véspera, quando o índice B3 registrou a
pior queda em pontos da história e o patamar mais baixo desde outubro do ano
passado.
Às 14h52 de ontem, o índice B3 (que reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro) registrou alta de 0,36%, aos 106.099 pontos, e o dólar futuro com vencimento em
março avançava 0,54%, a R$4,475 (o comercial era negociado a R$4,46 na
compra e R$ 4,462 na venda). Hoje, a bolsa oscilou ao longo de todo o dia, chegando a alcançar novamente os 106 mil pontos, mas fechando em baixa de 2,58%, aos 102.983 pontos.
Nesta semana de um dia e meio (não se pode considerar esta sexta-feira no cálculo porque o pregão da Bovespa terá início às 10h00), a perda, em valor de mercado, das empresas brasileiras com ações na bolsa foi de quase meio trilhão de reais. Num cenário como esse, seria leviano arriscar qualquer previsão. Para os analistas financeiros, o melhor a fazer é nada, ou seja, não comprar e nem vender, apenas acompanhar o desenrolar dos acontecimentos ao longo semana que vem, quando o mercado deve começar a se adequar à nova realidade imposta pelo avanço do coronavírus. Até porque nesta semana atípica (em vários sentido), cujo período "útil" começou ao meio dia da quarta-feira e termina na tarde de hoje, ferramo-nos de cabo a rabo.
Nesta semana de um dia e meio (não se pode considerar esta sexta-feira no cálculo porque o pregão da Bovespa terá início às 10h00), a perda, em valor de mercado, das empresas brasileiras com ações na bolsa foi de quase meio trilhão de reais. Num cenário como esse, seria leviano arriscar qualquer previsão. Para os analistas financeiros, o melhor a fazer é nada, ou seja, não comprar e nem vender, apenas acompanhar o desenrolar dos acontecimentos ao longo semana que vem, quando o mercado deve começar a se adequar à nova realidade imposta pelo avanço do coronavírus. Até porque nesta semana atípica (em vários sentido), cujo período "útil" começou ao meio dia da quarta-feira e termina na tarde de hoje, ferramo-nos de cabo a rabo.
Mudando da economia para a política — ou para a polícia,
melhor dizendo —, o motim da PM no Ceará completou 10 dias ontem e já
resultou em 200 homicídios. Até o início da greve, a SSP do estado — estado que, nunca é demais lembrar, tem a terceira
maior taxa de homicídios do país e a capital é violenta — contabilizava seis
assassinatos a cada 24 horas; da zero hora da quarta-feira 19 até a
meia-noite de do sábado 22, foram 122 casos (média de 1,3 por hora). Na
quarta-feira, sem condições de enfrentar a crise, governador Camilo Santana (PT-CE), aliado dos Ferreira
Gomes de Sobral, pediu ao
governo federal que prorrogue a permanência dos militares do Exército no estado por mais 30 dias
(o prazo anterior termina hoje). Segundo o site O
ANTAGONISTA, o presidente, a conselho de seus ministros da Justiça e Segurança Pública e da Defesa, deve concordar com o pedido do
petista.
Observação: Na
visão do jornalista e comentarista político Josias de Souza, diante de policiais de armas em punho e capuz cobrindo
a cara os governos precisam adotar como
lema jamais converse com um policial
amotinado a não ser em legítima defesa, porque essa é a forma correta de lidar
com bandidos que merecem interrogatório e prisão (clique aqui
para assistir ao vídeo).
Detalhe: até a manhã desta sexta-feira não havia uma resposta oficial do presidente ao pedido do governador cearense, mas as negociações entre autoridades de grevistas estão em andamento. As reivindicações da categoria são:
Anistia Administrativa e Criminal dos policiais; reajuste salarial com aplicação da inflação dos anos 2021 e 2022; equiparação do auxílio alimentação dos militares aos valores dos demais servidores do estado; regulamentação das escalas de serviço: 12x24 (12 horas de trabalho para 24 horas de folga) e 12x72; reajuste do pró-labore do BSP, valores equivalentes a 30% dos valores salariais percebidos da respectiva graduação e/ou postos da ativa; auxílio saúde ou recriação do Hospital da Polícia Militar; fim da idade limite para concorrer ao CFO por militares estaduais; reajuste das diárias de pousada e alimentação; plano habitacional destinado a militares; isenção de ICMS para aquisição de armas e munições pelos militares estaduais; auxílio uniforme; auxílio de risco de vida; auxílio insalubridade; adicional noturno; revisão de pontos da Lei de Promoções; isenção de condutores de viaturas policiais e por danos causados em acidentes; equiparação das viúvas e pensionistas com benefícios dos anos de 2004 a 2011; exclusão da proibição da consignação das associações de policiais militares. Não exigiram que lhes servissem vinho Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti Grand Cru nas refeições porque a garrafa custa cerca de meio milhão de dólares.
Detalhe: até a manhã desta sexta-feira não havia uma resposta oficial do presidente ao pedido do governador cearense, mas as negociações entre autoridades de grevistas estão em andamento. As reivindicações da categoria são:
Anistia Administrativa e Criminal dos policiais; reajuste salarial com aplicação da inflação dos anos 2021 e 2022; equiparação do auxílio alimentação dos militares aos valores dos demais servidores do estado; regulamentação das escalas de serviço: 12x24 (12 horas de trabalho para 24 horas de folga) e 12x72; reajuste do pró-labore do BSP, valores equivalentes a 30% dos valores salariais percebidos da respectiva graduação e/ou postos da ativa; auxílio saúde ou recriação do Hospital da Polícia Militar; fim da idade limite para concorrer ao CFO por militares estaduais; reajuste das diárias de pousada e alimentação; plano habitacional destinado a militares; isenção de ICMS para aquisição de armas e munições pelos militares estaduais; auxílio uniforme; auxílio de risco de vida; auxílio insalubridade; adicional noturno; revisão de pontos da Lei de Promoções; isenção de condutores de viaturas policiais e por danos causados em acidentes; equiparação das viúvas e pensionistas com benefícios dos anos de 2004 a 2011; exclusão da proibição da consignação das associações de policiais militares. Não exigiram que lhes servissem vinho Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti Grand Cru nas refeições porque a garrafa custa cerca de meio milhão de dólares.
Já que o foco desta postagem são crises, Bolsonaro é imbatível na arte de cria-las,
mas não em desfazê-las, talvez por acreditar que a melhor maneira de desfazer uma
crise seja criar outra ainda maior — como fez antes do carnaval, primeiro ao
contrariar seu principal ministro, Paulo
Guedes, retardando a assinatura da reforma administrativa, e depois arrastando
o cadáver do miliciano Adriano da
Nóbrega para dentro do Planalto. Não satisfeito, o capitão estimulou uma
terceira crise ao assistir em silêncio ao estrago produzido pelo comentário
do ministro-general Augusto Heleno, que acusou o Congresso de chantagear o governo para abocanhar R$ 30 bilhões do
Orçamento, e no finalzinho do reinado de
Momo, criou outra ainda maior do que as três anteriores ao distribuir pelo WhatsApp vídeos que convocam seus
apoiadores a participar de um “ato
autoritário” (nas palavras da Folha)
no dia 15 de março, o que (ainda segundo a Folha) tem
provocado reações de repúdio ao pregar bandeiras de extrema direita contrárias
ao congresso e em defesa de militares e do atual governo.
Bolsonaro atribuiu
o mal-estar a "tentativas
rasteiras de tumultuar a República". Alegou que apenas repassou a
amigos mensagens de "cunho pessoal", e por isso preferiu usar o WhatsApp em vez das redes sociais. Ou
seja: para refutar a acusação de que conspira contra a democracia, sua
excelência pede à plateia que ignore o que salta aos olhos e acredite que há no
Planalto não um comandante-em-chefe eleito pelo voto de 57 milhões de brasileiros,
mas um tiozão do WhatsApp, que
compartilha nitroglicerina achando que é mensagem de "cunho pessoal".
Por outro lado, não devemos perder de vista o fato de que o povo tem todo o direito de ir às ruas e
apoiar quem bem entender — ainda que seja alguém que se revelou um
presidente populista, autoritário e reacionário, eleito por absoluta falta de
alternativa da parcela pensante do eleitorado. Bolsonaro foi guindado ao cargo
legitimamente, pela maioria do votos válidos e para exercer um mandato de quatro
anos (com direito a outros quatro, já que sua a promessa de acabar com a reeleição foi apenas mais
uma bandeira de campanha que, depois de eleito, o presidente enfiou em local
incerto e não sabido).
Assiste ao povo o direito de protestar contra qualquer
agente político, incluindo os que se dizem seus representantes e não agem como
tal, mas sim elegendo-se para roubar e roubando para se reeleger. O fato de
apoiar essa manifestação não torna golpista nenhum cidadão, pois não se trata
de agressão à instituição, mas de repúdio à ação nefasta de grande parte de
seus membros, que abusam da instituição para tirar vantagens pessoais
manipulando orçamentos públicos, protegendo parentes e apaniguados e evitando
ser punidos usando e abusando de prerrogativas de função.
Para concluir, Merval
Pereira, que retornou das férias nesta quinta-feira e retomou sua
participação no CBN Brasil, alerta para
o perigo de ter um governo que, quando está com dificuldade, chama o povo para
rua. Como diz um velho ditado português, “em
casa onde falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão”. O Executivo está
usando o populismo para impor decisões ao Congresso, e o Congresso se aproveita
da fragilidade do Executivo na relação com o Legislativo para tentar se impor. Ouça
o comentário na íntegra:
Com Josias de Souza
e José Nêumanne Pinto