quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

FOI-SE O CARNAVAL, E COM ELE SEU SMARTPHONE?


EU JAMAIS ME ASSOCIARIA A UM CLUBE QUE ME ACEITASSE COMO SÓCIO.

Tecnicamente, o carnaval terminou ontem. Na prática, porém, dependendo da cidade onde se está e de com quem se fala, a esbórnia começou muito antes da última sexta-feira e — como algumas ressacas-mãe — termina somente daqui a alguns dias (ou semanas). Coisas do Brasil, onde, dizem, o ano começa de fato depois do carnaval, talvez porque só então o Rei Momopersonagem da mitologia grega que originalmente representava a ironia e o sarcasmo, mas que foi adaptado pelos foliões e transformado num dos principais símbolos do carnaval — devolve a coroa e o cetro para o Bozo de plantão, digo, para sua excelência o presidente da República da vez.

Para os católicos, a quarta-feira de cinzas marca o início da quaresma — ou seja, os 40 dias que antecedem a Páscoa. Repare que tanto o carnaval quanto a Páscoa sempre caem no mesmo dia da semana, mas não no mesmo dia do mês (às vezes, nem no mesmo mês, já que em alguns anos o Rei Momo só dá as caras em março).

Essa variação ocorre porque a Igreja Católica define primeiro o domingo de Páscoa — que é a data em que se comemora a ressurreição de Cristo — e a partir daí conta retroativamente sete domingos para chegar ao domingo de carnaval, embora os calendários registrem a terça-feira como sendo o data da festa, ou do ápice da festa.

Voltando à quarta-feira de cinzas, é nessa data que se celebra a tradicional missa das cinzas, uma tradição seguida religiosamente (sem trocadilho) até meados do século passado, mas que hoje só é observada pelas indefectíveis beatas e por uns poucos católicos “mais ortodoxos”, digamos assim. Pelo menos nos grandes centros urbanos; nos vilarejos no meio do nada a história pode ser diferente, mas isso é outra conversa.

No ritual em questão, as cinzas resultantes da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior são misturadas com água benta e, de acordo com a tradição, usadas pelo padre ou celebrante para “desenhar” uma cruz na fronte de cada fiel (ao mesmo tempo que murmura algo como “lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou “convertei-vos e crede no Evangelho”.

A Igreja Católica incentiva os fiéis a refletir sobre o dever da conversão, da mudança, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Recomenda também jejuar ou, pelo menos, não comer carne na quarta-feira de cinzas (não me pergunte se hambúrguer vegano está liberado). Segundo o Papa, os cardeais, os bispos, enfim, os batinas em geral, se Jesus morreu na cruz para salvar os fiéis, estes podem muito bem se abster de algo que gostam de comer — no caso, a carne. Também não me pergunte como fica esse “sacrifício” quando o fiel é vegetariano, vegano, frugívoro, crudívoro, e por aí segue a procissão (metaforicamente falando, é claro).


Concluído este preâmbulo recheado de cultura inútil, resta dizer que o carnaval é a época em que as pessoas mais esquecem objetos em táxis ou veículos vinculados a prestadoras de serviços de transporte por aplicativo, como a UBER e companhia.

É também nessa época — devido às inevitáveis aglomerações e ao hábito dos sem-noção de fazer ou atender ligações e, principalmente, tirar selfies com seus aparelhos sem adotar as devidas precauções — que a incidência de furtos e roubos de smartphones aumenta assustadoramente. Quem teve o desprazer de assistir aos telejornais durante nos últimos deve ter visto cenas dando conta da audácia da bandidagem em ações isoladas ou “arrastões”, bem como reparado na facilidade com que a mídia filma essas ocorrências e a dificuldade que a polícia tem de prender os responsáveis e restituir a seus legítimos donos os bens que lhes foram subtraídos — que vão de smartphones a tênis de grife, passando por dinheiro, documentos, relógios e adornos como pulseiras, correntinhas, enfim, tudo que possa despertar a atenção dos amigos do alheio, que possa ser convertido facilmente em moeda sonante ou ser trocado in natura por pedras de crack e outras drogas, para a infelicidade dos incautos e de quem é forçado a atravessar regiões da cidade onde agem tanto os trombadinhas de sempre quanto alguns “moradores em situação de rua” (como a polícia do politicamente correto exige que a gente se refira ao povo da cracolândia e distinta companhia), que não medem consequências quando se trata de conseguir drogas.

Seguros para smartphones não são exatamente uma novidade, mas algumas empresas vêm oferecendo modalidades mais flexíveis, com cobertura por prazos curtos — um mês, por exemplo —, além de dispensarem multa em caso de rescisão antecipada do contrato, não estipularem carência nem franquia para o reembolso e não criarem empecilhos na hora de indenizar vítimas de furtos simples (prejuízo que a esmagadora maioria das seguradoras não costuma cobrir).

A PIER, por exemplo, deixa a cargo do cliente a escolha da cobertura desejada — que varia de 80 % a 100% do valor do dispositivo usado — e aceita aparelhos sem nota fiscal. Se comparado aos seguros tradicionais, o processo é menos burocrático, pois permite contratar ou cancelar o serviço pelo próprio aplicativo. E no caso de o contratante ser roubado ou furtado, o processo de recebimento é simples: basta apresentar o boletim de ocorrência, bloquear o IMEI do celular na Anatel e ter o aplicativo da PIER instalado no aparelho. Além disso, o reembolso costuma ser feito num prazo bem menor que o limite estabelecido pela SUSEP.

Observação: Da mesma forma que as pessoas possuem seu número de CPF, cada celular é identificado individualmente pelo IMEI, que vem impresso tanto na carcaça do aparelho (nos modelos em que a bateria é removível ele costuma ficar sob a dita-cuja) quanto na embalagem original, além de constar obrigatoriamente da nota fiscal de compra. Mas você pode visualizá-lo no display do próprio telefone, bastando para isso digitar o comando *#06#.

Enfim, a PIER funciona como uma comunidade onde só entra quem é convidado. Uma vez aprovado, o segurado paga mensalidades a partir de R$ 6,50 para ter a cobertura.