domingo, 15 de março de 2020

0 MUNDO GIRA E A LUSITANA RODA



O tom de Bolsonaro sobre a pandemia da COVID-19 mudou nos últimos dias. Na segunda-feira, quando ainda estava nos Estados Unidos, ele disse que a doença era “muito mais fantasia” e minimizou seus impactos. Na transmissão da última quinta, quando buscou distanciar-se da organização dos atos programados para este domingo (que ressaltou serem espontâneos e legítimos), tanto o presidente quando o ministro da Saúde e a intérprete de libras apareceram usando máscaras.

Três dias antes das manifestações populares em defesa de seu governo e críticas ao Congresso e ao STF, o capitão sugeriu que elas fossem suspensas. Em sua live semanal nas redes sociais, fez ponderações sobre a legitimidade dos atos, mas defendeu (mesmo que a contragosto) o adiamento, dado o risco de a possível aglomeração contribuir para a propagação do vírus. Mas como não é de dar o braço a torcer, sua excelência não se furtou de dizer que, mesmo sendo adiado (o protesto), “já foi dado um tremendo recado ao parlamento”. 

A despeito dos constantes desmentidos oficiais, Executivo e Legislativo vivem às turras. Às vezes o Judiciário também entra na dança, mas a postura estapafúrdia de alguns ministros e a parlapatice de outros perderam espaço nas manchetes para a pandemia do coronavírus, que, para além das consequências no âmbito sanitário, tem produzindo efeitos nefastos na economia mundial e nos mercados de câmbio e de ações em especial, como se viu durante a última semana. 

Menos mal que Bolsonaro tenha testado negativo para a doença. Mas não seria ruim para o país se ele ficasse afônico, a ponto de não conseguir falar, por pelo menos 90 dias.