segunda-feira, 30 de março de 2020

A ERA DA (IN)SEGURANÇA — CONTINUAÇÃO


TODA GUERRA PRODUZ MORTOS E FERIDOS.

Em atenção a quem está chegando agora, vale repetir (pela enésima vez) que nenhum software é perfeito e que nenhum dispositivo computacional é 100% seguro. O que se pode (e se deve) fazer é minimizar os riscos, e para isso basta seguir algumas dicas batidas, mas funcionais, tais como manter sistema e programas sempre atualizados, não navegar por sites suspeitos (como de hackers), evitar abrir anexos de email de origem desconhecida, jamais clicar em links que chegam por email, programas mensageiros ou posts em redes sociais, e por aí vai (digite “segurança” na caixa de buscas do Blog para acessar centenas de postagens sobre esse tema).

No âmbito dos desktops e notebooks, o Windows abocanha, atualmente, 77,2% do mercado de sistemas operacionais, e OS X, da Apple, 17,7%. Nos smartphones, 73% dos usuários têm o sistema Android, do Google, e 25,9% usam o iOS. Via de regra, quanto maior a popularidade do produto, qualquer que seja ele, mais atrativo será para os amigos do alheio e os cibercriminosos. Mas isso não significa que os sistemas da Apple e as distribuições Linux sejam imunes a incidentes de segurança, apenas que chamam menos a atenção da bandidagem digital.

A popularização do acesso doméstico à World Wide Web foi uma das maiores responsáveis pelo aumento exponencial das pragas digitais e toda sorte de golpes virtuais aplicados por cibervigaristas. Até o início dos anos 1990, os poucos vírus de computador que existiam não causavam grandes preocupações, já que se disseminavam muito lentamente (a partir de cópias infectadas de joguinhos em disquetes, na maioria das vezes). No geral, bastava reinstalar o Windows para tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes (mais detalhes na sequência de postagens iniciada aqui).

A título de curiosidade, o Brain, criado por dois irmãos paquistaneses em 1986 para identificar cópias piratas que rodavam no Apple II, foi posteriormente compatibilizado com o DOS e incorporou instruções maliciosas, sendo considerado o primeiro vírus para PCs, embora alguns apontem The Creeper, criado por Bob Thomas em 1971, que exibia no monitor da máquina infectada a mensagem I’m The Creeper, catch me if you can (“eu sou assustador, pegue-me se for capaz”), e então pulava para outro sistema e repetia o mesmo procedimento. Mais adiante, The Reaper (“o ceifador”) foi desenvolvido com a finalidade precípua de eliminar The Creeper das máquinas infectadas, e por isso é considerado o precursor dos programas antivírus.

Nos anos 1980, a União Soviética foi um verdadeiro criadouro de vírus informáticos. Lá nasceram o Yankee Doodle  que aporrinhava os usuários de computador reproduzindo uma versão esganiçada da música de mesmo nome —, o Den Zuk  que trocava o nome do disco rígido para Y.C.I.E.R.P. , o Jerusalém — que ameaçava apagar os dados do HD (mas não apagava) — e várias outras pragas incomodativas, mas inofensivas, pelo menos até o surgimento do destrutivo Casino, em janeiro de 1991, que transferia a tabela de alocação de arquivos do HD para a memória RAM (apagando a original no disco) e forçava o usuário a participar de um jogo para salvar seus arquivos — uma vez desligado, o PC só voltava a funcionar depois que o sistema fosse reinstalado.

Mais ou menos na mesma época, o Cascade e o Madman aterrorizaram muitos usuários do DOS. O primeiro “implodia” o sistema, fazendo com que os caracteres desabassem até a borda inferior da tela, e inviabilizava o uso do computador; o segundo exibia uma imagem formada pelos olhos semicerrados de um homem de rosto vermelho, seguida dos dizeres: NADA PODE SALVÁ-LO, AMIGO. AGORA VOCÊ ESTÁ EM MEU MUNDO. Para piorar, qualquer tentativa de remover a praga resultava noutra nova mensagem, que dizia: EU ESTOU VENDO VOCÊ. Mas as consequências não iam muito além disso.

Continua...