segunda-feira, 30 de março de 2020

EM TEMPO DE COVID-19, ASSEIO É FUNDAMENTAL



Não, não estou falando em lavar bem as mãos com sabonete ou, na impossibilidade, desinfetá-las com álcool em gel — ou ambas as coisas, pois seguro morreu de velho. Mas morreu. Isso você já deve estar cansado de ouvir, mas continuará ouvindo enquanto não houver uma vacina que previna a Covid-19 ou um medicamente que a cure. Nesse entretempo, a recomendação das autoridades (nem todas, é claro, porque unanimidade e bom senso são artigos tão em falta nas prateleiras do Palácio do Planalto quanto álcool em gel nas dos supermercados) será o isolamento e a desinfecção das mãos quantas vezes for preciso ou tantas quanto possível.

Note que não há garantias de que isso o blindará contra a doença; o que se espera é ao menos evitar que o espraiamento do vírus cause o colapso do sistema de Saúde, porque aí, sim, seria o caos. Daí ser importante você torcer (ou rezar, se tiver fé) para que alguém tire da cartola uma solução que mantenha a economia em animação suspensa até esse maldito pesadelo terminar, ou restará aos brasileiros uma de duas opções: morrer de coronavírus ou de fome. O Brasil precisa encontrar soluções rápidas para que as pessoas não percam a vida nem o emprego. Para chegar lá, faz-se necessária, neste momento, uma poderosa combinação de ciência, equilíbrio, liderança, união e agilidade.

Aproveite sua comunicação com o além — com o Homem lá de cima, Deus, OxaláAláJeová, Krishna, enfim, a divindade ou poder superior em que você crê ou com o qual mais se identifica — para ser um dos abençoados assintomáticos ou, na pior das hipóteses, que a Covid-19 o afete como uma gripe comum, que cause alguns desconforto durante uns poucos dias e depois se vá para nunca mais voltar. 

Observação: Segundo estudo do Imperial College London, pelo menos 70% dos brasileiros precisam estar imunizados para que se possa começar a falar em fim da epidemia da Covid-19 no país. E isso só será possível depois que a maioria da população tiver sido infectada e curada, já que a vacina dificilmente chegará antes do final do ano. Deu pra entender ou quer que eu desenhe?

No momento em que escrevia estas linhas, o número de mortes provocadas pelo coronavírus na Espanha chegava a 6.528 e o total de infectados, a quase 80 mil, mas a boa notícia, se é que se pode dizer assim, é que o aumento de 9% verificado no último sábado INDICA QUEDA PELO TERCEIRO DIA CONSECUTIVO. Depois de atingir quase 30%, na última quarta-feira o índice já girava em torno de 20% e no domingo, pela primeira vez em 15 dias, ficou abaixo de 10%. 

Seja como for, enquanto pesquisadores testam a eficácia de medicamentos como a hidroxicloroquina e buscam desenvolver uma vacina, a adoção de intervenções não farmacológicas para combater o coronavírus é essencial, repito, para evitar o colapso do sistema de saúde, embora também ajude a salvar milhões de vidas. Portanto, preparem-se para mais dois meses de molho e torçam para que a economia resista a esse lockout.

Enfim, quando falei em asseio (no título desta postagem), quis me referir a manter limpos smartphones e outros gadgets. Aliás, isso deveria ser um hábito, não uma necessidade imposta pela pandemia da Covid-19. Segundo o Dr. Bactéria os teclados de computador tendem a acumular mais germes do que vasos sanitários! Então, aproveite esse recesso compulsório para faxinar smartphones, tablets, smartwatches, notebooks, desktops, fones de ouvido, console de games, controles remotos de TV e assemelhados, que são verdadeiros depósitos de sujeira.

Informações de como e com que frequência esses dispositivos devem ser limpos e quais produtos podem ou não ser utilizados costumam ser encontradas no manual dos aparelhos — que o passar do tempo e evolução tecnológica rebaixou de livretos a folhetos semelhantes a bulas de remédio, inclusive no tamanho da letra. Em smartphones e tablets, a versão completa do manual pode vir armazenada na memória interna (geralmente um arquivo .PDF) do próprio aparelho ou em versão online acessível a partir de um link informado nas configurações do telefone (mas aí é necessário haver conexão com a Internet).

Quanto aos demais dispositivos, quem não guardou o manual impresso em local certo e sabido terá de recorrer ao site do fabricante (ou fazer uma pesquisa no Google a partir da marca e do modelo do aparelho). De qualquer forma, segue um resumo que você pode usar como referência se não encontrar informações específicas para o gadget.

Via de regra, deve-se desligar o dispositivo e, se possível, remover a bateria antes de dar início à limpeza. Tanto água (de forma direta ou corrente) quanto produtos abrasivos, limpadores de janelas (Vidrex e cia.), solventes agressivos (à base de aguarrás ou thinner), produtos que contenham amônia (Ajax e congêneres), cloro (água sanitária tipo Cândida), desinfetantes, limpadores em aerossol, polidores de cromados ou prataria (como Kaöl ou Brasso) devem ser evitados. E o mesmo vale para o álcool. Ou valia, porque situações desesperadoras exigem medidas desesperadas.

Devido à propagação do coronavírus, a imprensa tem alertado para a necessidade de higienizar o smartphone e vem dizendo os fabricantes dos aparelhos liberaram o uso do álcool, mas é preciso ter em mente que o álcool que encontramos nos supermercados — isso quando encontramos, já que ele anda meio sumido — é hidratado (46,2% de etanol e 53,8% de água no da marca Coperalcool). Mesmo o álcool em gel — que sumiu das prateleiras ainda mais depressa que o líquido — não é puro (o da Coperalcool contém 70% de álcool e 30% de sabe Deus o quê). E ainda que a Web seja um manancial de receitas para produção caseia de álcool em gel, eu não aconselho seguir nenhuma delas.

O álcool isopropílico, vendido em lojas de suprimentos de informática e de artigos para perfumistas, contém bem menos água e evapora quase imediatamente, sem deixar resíduos. Ele é usado pelos técnicos porque não causa oxidação e outros danos que a umidade acarreta às placas-mãe e outros componentes internos dos aparelhos, mas não é recomendado para limpeza de telas sensíveis ao toque (touchscreen).

A rigor, quando não havia coronavírus nem essa neura toda, os fabricantes de smartphones, tablets, notebooks e monitores de cristal líquido em geral desaconselhavam o uso de qualquer produto químico para limpar as telas. A recomendação era usar um pano de microfibras ou um retalho de camiseta de algodão. Secos. No caso de manchas e sujeiras mais resistentes, podia-se umedecer levemente o pano em água com um pingo de detergente neutro, desde que se tomasse o cuidado de não molhá-lo demais, pois o excesso de líquido poderia escorrer para o interior do aparelho através dos conectores do carregador e fone de ouvido e dos orifícios do microfone e auto-falante.  

Agora, porém, parece que o álcool liberou geral, mas ainda assim, sem embargo das considerações elencadas parágrafos atrás, sugiro que você “desinfete” seu smartphone usando uma toalhinha umedecida, daquelas próprias para higienização de bebês (e largamente utilizadas como complemento do papel higiênico), que vem umedecidas em álcool gel (mas não encharcadas). 

O procedimento correto é fazer a limpeza com movimentos suaves, sem exercer demasiada pressão, sobretudo na tela, que deve ser cuidada antes da carcaça do aparelho — do contrário, algum grão de poeira ou outro tido de resíduo pode acabar riscando a tela. A propósito: repita a operação, se necessário, uma, duas ou mais vezes, até que as marcas de dedos, manchas de gordura ou de suor desapareçam da tela. Ao final, dê o polimento com um pano de microfibras ou retalho de camiseta de algodão (evite flanelas, pois elas criam uma carga eletrostática que atrai poeira). Para mais detalhes, inclusive com dicas de produtos especiais para a limpeza de telas touchscreen, reveja esta postagem).

Não deixe de limpar o entrono dos botões com um cotonete (levemente umedecido, se necessário) e de lavar a capinha do celular, cujas bordas texturizadas proporcionam melhor aderência (ou seja, evitam que o aparelho escorregue da mão do usuário) mas tendem a acumular sujeira. 

Capinhas de couro devem ser limpas a seco ou com um produto apropriado, mas as de plástico ou silicone podem ser mergulhadas numa solução de água morna e detergente neutro e, se necessário, esfregadas com uma escova de dentes. Ao final, seque-as bem com uma toalha ou um pano macio e aguarde pelo menos meia hora antes de recolocar o telefone (para que a umidade remanescente evapore naturalmente).

O que foi dito até aqui vale para tablets. Quanto a computadores portáteis (note e netbooks) e de mesa (desktops), sugiro rever algumas postagens que eu publiquei no Blog ao longo de seus quase 14 anos de existência (clique  aqui, aqui, aqui e aqui).

Smartwatches acumulam suor e partículas contagiosas da mesma forma que as mãos. Use o pano de microfibra umedecido para limpar a tela. Nos botões, passe uma solução de desinfetante com um pincel de cerdas macias. As pulseiras de náilon absorvem o suor com mais facilidade, então a dica é usar um pouco de detergente e um pano úmido para realizar a limpeza. Já as pulseiras de silicone devem ser limpas com uma pequena quantidade de álcool. As de couro pedem um condicionador específico para o produto para finalizar o processo.

No caso dos fones de ouvido com pontas removíveis, retire-as e limpe com água e sabão. Enxágue bem. Use o pano de microfibra umedecido em água para limpar o resto dos fones e o cabo. Para os fones tradicionais, pano úmido na solução basta. Uma escova de cerdas macias limpa os lugares mais estreitos. As pontas dos fones Bluetooth devem ser limpas apenas com um pano seco para evitar danos ao aparelho internamente.

Consoles e controladores de games devem ser desconectados antes de você dar início a limpeza. Utilize uma escova de dentes macia para limpar as entradas dos dispositivos. Para a limpeza da superfície, pano úmido de microfibra e cotonetes para as partes estreitas, pequenas e entre os botões. Para os controles, pano úmido com solução de álcool e água. Não esqueça de limpar o cabo. É importante verificar se tudo está seco antes de reconectar.

Espero que estas informações seja úteis. Cuidem-se todos, e que Deus nos ajude.