Em 2019, o Brasil registrou 3.430 casos de H1N1, também
conhecida como “gripe suína”, que a OMS classificou
em 2009 como PANDEMIA (termo usado quando a doença causa mortes em pelo
menos 3 dos 7 continentes), mas reluta em fazer o mesmo como o coronavírus.
Sobre a gripe suína, vale frisar que apenas casos
graves são notificados, porque a imensa maioria dos infectados nem recorre a
serviços médicos. Assim, considerando os dados oficiais, a taxa de
letalidade dessa doença, no Brasil, foi sete vezes maior em 2019 do que a
do coronavírus (até agora) no mundo inteiro (pelas últimas informações, já são mais de 100 mil casos, cerca de 3 mil dos quais resultaram em óbito). Na semana retrasada, com a polícia militar do Ceará amotinada, o número de homicídios no estado chegou a 1,3 por hora. No ano passado, Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza (a capital de estado mais violenta do Brasil), registrou taxa de 145,7 assassinatos por 100 mil habitantes.
Voltando à gripe suína, não me lembro de a cotação do dólar ter chegado a R$ 4 no ano passado, devido a essa pandemia. Nem de o Ibovespa ter despencado quase 10 pontos em menos de uma semana. A conclusão que se impõe é que a COVID-19 é na verdade uma dupla epidemia: além da infecção causada pelo vírus, há também a infodemia, isto é, o pânico exagerado alimentado pela mídia e, não raro, por fake news.
Na visão de vários especialistas renomados (não existe unanimidade sobre o assunto; aliás, perguntas idênticas chegam a receber respostas totalmente diferentes, dependendo para qual infectologista elas são dirigidas), o vírus SARS-CoV-2 deveria preocupar tanto quanto o que causa a influenza (ou gripe), mas o que se vê é pânico generalizado em relação ao primeiro e descaso quanto ao segundo, o que é muito grave.
Voltando à gripe suína, não me lembro de a cotação do dólar ter chegado a R$ 4 no ano passado, devido a essa pandemia. Nem de o Ibovespa ter despencado quase 10 pontos em menos de uma semana. A conclusão que se impõe é que a COVID-19 é na verdade uma dupla epidemia: além da infecção causada pelo vírus, há também a infodemia, isto é, o pânico exagerado alimentado pela mídia e, não raro, por fake news.
Na visão de vários especialistas renomados (não existe unanimidade sobre o assunto; aliás, perguntas idênticas chegam a receber respostas totalmente diferentes, dependendo para qual infectologista elas são dirigidas), o vírus SARS-CoV-2 deveria preocupar tanto quanto o que causa a influenza (ou gripe), mas o que se vê é pânico generalizado em relação ao primeiro e descaso quanto ao segundo, o que é muito grave.
Fato é que a rápida disseminação da COVID-19 vem derrubando as Bolsas no mundo inteiro. Por volta do meio-dia de ontem, o Ibovespa registrava forte queda (de quase 5%, aos 98.157 pontos) e o real se desvalorizava em relação ao dólar com igual velocidade, a despeito dos bilhões injetados pelo Banco Central para conter a alta da moeda norte-americana. Menos mal se essa desgraceira servisse para dar uma baixa na bandidagem — sobretudo nos capi do PCC, Comando Vermelho e Família do Norte; "anjinhos" que matam impiedosamente para roubar um par de tênis de grife ou um smartphone, por exemplo; centenas de parlamentares que conspurcam o Congresso e meia dúzia de ministros supremos que desonram a toga que vestem, sem esquecer, é claro, de dois ou três ex-presidentes que só darão sossego quando estiveram pastando capim pela raiz na chácara do vigário.
Falando em políticos e política, uma pergunta que não quer calar: se a economia vai muito bem, obrigado — como afirmam Bolsonaro (que não entende néris de pitibiriba do assunto) e Paulo Guedes (que manja muito, mas aprendeu com o chefe a falar o que pensa sem antes pesar as repercussões do que vai dizer) — e a desvalorização do real em relação ao dólar "ajuda os exportadores" (na verdade, ela está atrapalhando), por que, então, o Banco Central continua injetando bilhões dólares no mercado? Será que, se a moeda americana passar a valer 5, 6, 7, 10 reais o Brasil vai entrar para a lista dos dez maiores exportadores do mundo? Ou será que o Posto Ipiranga palaciano quer evitar que "domésticas" viajem até Orlando para ver o Pateta quando seu sósia em versão tropical pode ser visto aqui mesmo, mais exatamente na sede do Governo Federal?
Na quinta-feira, quando dólar fechou a R$ 4,65, disse o ministro: “É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”, que também atribuiu a alta ao coronavírus, à desaceleração econômica e, claro, à imprensa e ao que chamou de “choque entre o Congresso e o presidente da República”. Mas é preciso mais que isso para explicar tamanha deterioração, pois o real, comparado às 40 moedas mais importantes para o comércio global, foi a que mais se desvalorizou (15,9%).
Dizer que o dólar a R$ 5 favorece as exportações é uma meia-verdade, mas, ainda que assim não fosse, vale lembrar a máxima do mercado financeiro segundo a qual ministro não comenta dólar. Só que Guedes insiste em falar sobre o assunto espinhoso, vive repetindo que o país mudou seu modelo econômico, e agora criou uma nova metáfora: “O modelo é 4×4, tração nas quatro rodas. Juro caiu de 15% para 4%. Câmbio que era 1,80 reais subiu para R$ 4”. Mas se nem o Banco Central consegue segurar a cotação da moeda, mesmo "queimando" boa parte do seu estoque de dólares, que dirá o Posto Ipiranga, com sua inoportuna coscuvilhice?
Observação: As reservas internacionais do
Brasil, que são uma espécie de seguro contra crises, fecharam o ano
passado com o
menor nível desde 2015, aos US$ 356,9 bilhões — uma redução de US$
17,8 bilhões na comparação com o fim de 2018.
Fato é que o Ibovespa fechou a semana em queda, seguindo o novo dia de pânico nas bolsas internacionais. Na Ásia, os mercados despencaram com o aumento do número de casos do coronavírus na Coreia do Sul e o medo de uma crise econômica mundial. As bolsas europeias também recuaram, com o avanço da doença na Alemanha e na França, enquanto nos Estados Unidos, que chegaram a 233 casos na manhã desta sexta-feira, empresas como Facebook e Microsoft recomendaram aos empregados trabalhar em home office.
Somada às baixas que vêm se sucedendo desde a quarta-feira de cinzas, a desta sexta fez o índice B3 perder o patamar dos 100 mil pontos, ou, pior, voltar à casa dos 97 mil pontos (uma queda de mais de 20 mil pontos em menos de seis semanas, considerando que o benchmark histórico de 119.527,63 pontos foi cravado em 23 de janeiro último). Se servir consolo, o dólar comercial recuou 0,36%, cotado a R$ 4,6336 na compra e R$ 4,6344 na venda, após mais uma leilão de swaps do BC, com 40 mil contratos. Por outro lado, o dólar futuro para abril subiu 0,35%, para R$ 4,632.
Em 2020, enquanto o real já caiu 15,5% em relação à moeda americana, a perda foi de 4,98% na moeda do México (peso mexicano), 9,40% da África do Sul (rand), e 12,75% da Turquia (lira turca). Isso se deve em grande parte aos sucessivos cortes da Selic (clique aqui para entender o porquê), já que o COPOM vêm reduzindo a taxa básica de juros mês após mês, em vez de se preocupar em enxugar o spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram, na ponta, do tomador de empréstimos, usuário do cheque especial etc.), que, se não me engano, é o mais alto do mundo depois do da ilha de Madagascar.
Feito esse preâmbulo (e estragado o sábado do caro leitor), deixemos essa merdeira de lado e passemos às desgraças, digo, aos assuntos
do dia, começando por dizer que o fato de Bolsonaro tripudiar
sobre seu próprio pibinho não diminui a gravidade das dificuldades econômicas
que o país atravessa, sobretudo depois que o coronavírus infectou a
economia em escala mundial. Também não ajuda em nada o presidente convocar uma manifestação popular para defendê-lo
e vituperar contra o Congresso, embora a maioria dos parlamentares não valha nem a
merda que caga (desculpem meu francês). O Brasil precisa de união para criar condições de escolhermos em 2022 o candidato que realmente queremos ver na presidência, e não sermos obrigados a votar no opositor simplesmente por essa ser a única alternativa à volta de Lula (que provavelmente sobreviverá ao coronavírus, como sobreviveu ao câncer e parece ser imune às balas perdidas que matam tantos inocentes no Rio de Janeiro).
É prematuro falar em sucessão presidencial quando restam 2
anos e 10 meses de mandato ao atual presidente. Mas é preocupante pensar que teremos de aturar as estultices do dito-cujo por mais 2 anos e 10 meses. Ajudaria se ele fechasse sua usina de crises e concitasse seus auxiliares a não palpitar sobre assuntos que não lhes concernem. Paulo Guedes,
por exemplo — que, além de ser um pupilo aplicado, aprendeu com o melhor dos mestres —, causou muito ruído e levou o mercado a testar os limites do
câmbio ao falar coisas que, ditas por um cidadão comum numa conversa de botequim, teriam tanta importância quanto um cachorro mijando em um poste.
O primeiro troçulho aflorou quando o ministro afirmou disse que "ninguém deve estranhar se
alguém pedir o AI-5 diante de uma possível radicalização dos protestos de rua
no Brasil". O cagalhão seguinte veio quando, questionado sobre mais
uma redução da Selic, Guedes disse que "a cotação
de equilíbrio do dólar tende a ir para um lugar mais alto", e que
"flutuações
no câmbio não são motivo de preocupação". Isso sem mencionar o
episódio em que ele supostamente defendeu a posição estapafúrdia de Eduardo
Bolsonaro, que, em entrevista a Leda Nagle, "ressuscitou" o AI-5
ao dizer que "(...)
se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa
resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via
plebiscito, como ocorreu na Itália".
Observação: O que Guedes disse foi: “não se assustem se alguém pedir o AI-5”, no caso de haver baderna na rua, em vez de oposição na política” .
Observação: O que Guedes disse foi: “não se assustem se alguém pedir o AI-5”, no caso de haver baderna na rua, em vez de oposição na política” .
Houve ainda o caso das domésticas
irem à Disney e dos "funcionários públicos parasitas", embora salte aos olhos, em
ambos os pronunciamentos do ministro, que foram meras metáforas, só que a imprensa não perdoou e, retiradas do
contexto, as palavras de Guedes deram munição para a oposição fazer um verdadeiro carnaval em copo d’água.
De uns tempos a esta parte, para a população, dividida pelo
“nós contra eles”,
as versões, quaisquer que sejam elas, valem mais do que o fato que lhes deu
origem. E se catorze meses e fumaça sob as luzes da ribalta não foram suficientes para deixar isso claro a Jair Bolsonaro, sua
prole e quem mais gravita em seu entorno, as coisas provavelmente não mudará até final do mandato — caso o imprevisto não tenha voto decisivo na
assembleia dos fatos e o presidente consiga se manter no jogo até os 45 minutos
do segundo tempo. Nesse entretempo, qualquer som proveniente do Planalto ou do Alvorada, ainda
que seja uma singela flatulência presidencial, provocará abalos sísmicos monumentais depois de passar pelos possantes amplificadores da imprensa e das redes sociais.
Para não encompridar ainda mais esta postagem (e não azedar ainda mais o sábado dos leitores), deixo o resto para amanhã.
Para não encompridar ainda mais esta postagem (e não azedar ainda mais o sábado dos leitores), deixo o resto para amanhã.