quinta-feira, 14 de maio de 2020

NAVEGADORES DE INTERNET — FAVORITOS, BOOKMARKS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES (PARTE VI)


BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS E O PRESIDENTE E SEUS FILHOS EM PRIMEIRO LUGAR

Ao contrário do que muitos imaginam, a Microsoft, criadora do Windows — termo em inglês que significa janelas —, a interface gráfica que se tornaria o sistema operacional para PCs mais popular em todo o planeta, não inventou a interface gráfica nem foi a pioneira em utilizá-la. Como essa tecnologia é baseada em janelas, caixas de seleção, ícones, fontes e suporte ao uso do mouse, a associação com o nome do programa da empresa de Redmond (que foi fundada, em 1975, na cidade de Albuquerque, no Novo México) pode ter contribuído para esse equívoco. 

A primeira versão comercial do Windows (1.0), lançada comercialmente em 1986, custava R$ 99. Tecnicamente, não se tratava de um sistema operacional, mas de um aplicativo que rodava no MS-DOS. Aliás, os requisitos mínimos para sua instalação, segundo a mãe da criança, eram 256 KB de memória RAM (640 KB recomendáveis), dois drives de disquete (disco rígido recomendável) e MS-DOS 2.0 ou superior pré-instalado.

O MS-DOS tem uma história que  merece ser recontada, ainda que de forma sucinta: No início dos anos 1980, influenciada pelo sucesso dos Apple I e II, a gigante dos computadores (falo da IBM) resolveu entrar no mercado de micros com seu IBM-PC. Como não dispunha de um sistema operacional para gerenciar o hardware, a empresa procurou Bill Gates, supondo que ele detivesse os direitos autorais do Control Program for Microcomputer.

Contrariando sua fama de oportunista, o cofundador da Microsoft desfez o equívoco, mas Gary Kildall (desenvolvedor do CP/M) faltou à reunião agendada com a empresa, que voltou a procurar Gates. Uma vez que a então incipiente Microsoft jamais havia criado um sistema operacional, Bill Gates preferiu não se arriscar a escrever o programa do zero, e assim comprou — por US$ 50 mil — os direitos autorais do QDOS (um sistema para o processador da Intel), adequou-o ao hardware da IBM, rebatizou-o de MS-DOS e vendeu à IBM por US$ 8 milhões, tendo o cuidado de manter a licença (com a qual viria a dominar o mercado dos "PCs compatíveis" e entrar para a lista de bilionários da Forbes).

Voltando à interface gráfica, desde os anos 1970 que a XEROX vinha desenvolvendo essa tecnologia — que, mal sabia ela, seria o futuro da informática. Mas como a empresa só tinha interesse em equipamentos de grande porte, jamais implementou seu projeto em microcomputadores — o que se revelaria mais adiante um erro avassalador: a companhia cujo nome se tornou sinônimo de cópia reprográfica no Brasil vale, hoje, uma fração do que valia nas décadas de 80/90, embora tenha desenvolvido e fabricado computadores e impressoras a laser, além de ser a criadora da Ethernet, do peer-to-peer, do desktop, do mouse, e por aí vai.

Steve Jobs, pioneiro no uso da interface gráfica em seus microcomputadores, só desenvolveu sua versão após "fazer uma visita" à Xerox, no coração do Vale do Silício. Aliás, o visionário da Apple não foi o único a “copiar” uma tecnologia da Xerox com o intuito de lucrar; outros o fizeram e ganharam bastante dinheiro. Mas isso é outra história e fica para uma outra vez.

Diante do lançamento do IBM-PC “movido a” MS-DOS, a Apple contra-atacou com o inovador Macintosh, que se destacou tanto pela excelência do hardware (uma característica que acompanha os produtos da empresa até os tempos atuais) quanto pela simplicidade na operação, dada a adoção da interface gráfica e do uso do mouse.

Continua.