terça-feira, 28 de julho de 2020

É MAS NÃO É MUITO...



Não surpreende o fato de Jair Bolsonaro liderar as pesquisas de intenção de votos para 2022, até porque o percentual da população que diz apoiar sua reeleição beira os 30% — não por acaso, o mesmo dos que classificam seu governo como ótimo/bom. Demais disso, por enquanto o capitão está jogando sozinho e conta com toda a visibilidade inerente ao cargo. Se nem assim se destacasse, seria como disputar uma corrida sozinho e terminar em segundo lugar. Mas daí a considerá-lo imbatível são outros quinhentos.

Nenhum dos apontados na pesquisa — Lula, Sergio Moro, Ciro Gomes, Luciano Huck, João Amoedo e Fernando Haddad — tem um milionésimo das atividades e da publicidade garantidas ao presidente. Mas causa espécie o desempenho de Doria (menos de 4%), cujo posto e a atuação à frente do governo de São Paulo na administração da crise sanitária deveriam lhe ter dado condições de aparecer mais bem posicionado. Por outro lado, o tucano ainda não é formalmente candidato nem fala nessa condição ao público.

O problema de se tomar como fator decisivo a premissa “se as eleições fossem hoje…” é que elas só vão ocorrer daqui a mais de dois anos. Sobrepondo o pleito de 2018 a esse mesmo pano de fundo, o criminoso Lula, que em meados de 2016 sequer tinha sido condenado (Moro julgou o processo do triplex em julho de 2017), figurava nas pesquisas como imbatível, enquanto o capitão era apenas um deputado folclórico do baixo clero acometido (ainda de maneira incipiente) do que pareciam ser delírios presidenciais.

Mudando de um ponto a outro, o bolsonarista nunca, jamais ouviu o “Mito” falar de educação, muito menos de Fundeb. Abraham Weintraub, em 15 meses à frente do MEC, jamais tocou no assunto. E olha que ambos falam pelos cotovelos.

Aí, do nada, surge a votação do Fundeb, e o placar dá 492 a 6 — e todos os que votaram contra são bolsonaristas de fidelidade canina, como Bia Kicis e Phillipe Orleans e Bragança. Eis senão quando Bolsonaro aparece exultante, cantando vitória na votação de um projeto que nunca defendeu (na verdade, sequer mencionou), e ainda destitui Bia Kicis da vice-liderança do governo.

Enquanto isso, a “extrema imprensa”, de ponta a ponta, declara que foi uma derrota fragorosa de Bolsonaro, que nem mesmo o Centrão ficou do lado do governo. E o bolsonarista acredita no presidente, é claro.

Como deve ser difícil ser bolsonarista, meu Deus.

Com Dora Kramer e Ricardo Rangel