Não
surpreende o fato de Jair Bolsonaro liderar as pesquisas de intenção de
votos para 2022, até porque o percentual da população que diz apoiar sua
reeleição beira os 30% — não por acaso, o mesmo dos que classificam seu governo
como ótimo/bom. Demais disso, por enquanto o capitão está jogando sozinho e
conta com toda a visibilidade inerente ao cargo. Se nem assim se destacasse,
seria como disputar uma corrida sozinho e terminar em segundo lugar. Mas daí a considerá-lo imbatível são outros quinhentos.
Nenhum
dos apontados na pesquisa — Lula, Sergio Moro, Ciro
Gomes, Luciano Huck, João Amoedo e Fernando Haddad — tem
um milionésimo das atividades e da publicidade garantidas ao presidente. Mas
causa espécie o desempenho de Doria (menos de 4%), cujo posto e a
atuação à frente do governo de São Paulo na administração da crise sanitária deveriam
lhe ter dado condições de aparecer mais bem posicionado. Por outro lado, o
tucano ainda não é formalmente candidato nem fala nessa condição ao público.
O
problema de se tomar como fator decisivo a premissa “se as eleições fossem
hoje…” é que elas só vão ocorrer daqui a mais de dois anos. Sobrepondo o
pleito de 2018 a esse mesmo pano de fundo, o criminoso Lula, que em
meados de 2016 sequer tinha sido condenado (Moro julgou o processo do
triplex em julho de 2017), figurava nas pesquisas como imbatível,
enquanto o capitão era apenas um deputado folclórico do baixo clero acometido
(ainda de maneira incipiente) do que pareciam ser delírios presidenciais.
Mudando de um ponto a outro, o
bolsonarista nunca, jamais ouviu o “Mito” falar de educação, muito menos de Fundeb.
Abraham Weintraub, em 15 meses à frente do MEC, jamais tocou no
assunto. E olha que ambos falam pelos cotovelos.
Aí, do nada, surge a votação do Fundeb, e o placar dá 492 a 6 — e todos os que votaram contra são bolsonaristas de fidelidade canina, como Bia Kicis e Phillipe Orleans e Bragança. Eis senão quando Bolsonaro aparece exultante, cantando vitória na votação de um projeto que nunca defendeu (na verdade, sequer mencionou), e ainda destitui Bia Kicis da vice-liderança do governo.
Enquanto isso, a “extrema imprensa”, de
ponta a ponta, declara que foi uma derrota fragorosa de Bolsonaro, que nem
mesmo o Centrão ficou do lado do governo. E o bolsonarista acredita no
presidente, é claro.
Como deve ser difícil ser bolsonarista,
meu Deus.
Com Dora Kramer e Ricardo Rangel