quarta-feira, 9 de setembro de 2020

14.º ANIVERSÁRIO DO BLOG

A VIDA É COMO ANDAR DE BICICLETA; PARA SE MANTER EQUILIBRADO, É PRECISO SEGUIR EM FRENTE.

Nossa percepção da passagem do Tempo depende de diversas variáveis. Se você estiver a ponto de borrar as calças e ouvir de quem está no banheiro o tradicional “só um minuto!”, esse minuto pode ser um dos minutos mais longos de sua vida. 

Aliás, conta-se que um leigo pediu a Einstein que trocasse em miúdos sua famosa Teoria da Relatividade, e ouviu do físico alemão a seguinte explicação: “Coloque a mão na chama de um fogão por um minuto, e parece que foi uma hora. Sente-se junto daquela pessoa especial por uma hora, e vai parecer que foi só um minuto. Isto é relatividade.”

E o que tem isso a ver com o aniversário do Blog? Talvez nada. Ou muita coisa, pois “parece que foi ontem” que eu criei o meu para embasar a elaboração da edição Blogs & Websites da Coleção Guia Fácil Informática. A ideia era tirá-lo do ar assim que o livrinho chegasse às bancas, mas o estímulo de alguns leitores (que o viram como um canal de comunicação para tirar dúvidas e fazer consultas) levou-me a continuar, e cá estamos nós, 14 anos (ou 5.114 dias) e 5.580 postagens depois.

Nos primeiros aniversários, eu postei textos comemorativos, com retrospectivas, imagens rebuscas, enfim... Mais adiante, conforme o modelo foi se exaurindo (aos poucos, mas progressivamente), sobretudo depois que Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp e afins minaram o interesse dos internautas pelo formato blog. Prova disso é que hoje o número de seguidores deste humilde espaço mal chega a 5% do que alcançou nos tempos áureos. Mas como reclamar disso, se faz anos que eu mesmo não visito nem (muito menos) posto comentários em blogs parceiros? Quando só entre em um blog quando caio lá de pára-quedas, levado por uma busca no Google por um assunto qualquer? Acho que é sinal do tempos, sei lá... Falando em tempo...     

Segundo Einstein, Tempo e Espaço estão entrelaçados. O Tempo não é um valor universal, mas relativo, e varia conforme o ponto de vista de cada um. A questão é complicada, mas se torna compreensível quando imaginarmos o Tempo como uma espécie de caminho, e que se pode avançar por esse caminho mais depressa ou mais devagar. E até mesmo parar e, quiçá, voltar, como veremos mais adiante.

Se ficarmos absolutamente imóveis e observarmos o relógio, veremos que o ponteiro dos segundos continua avançando num ritmo constante, como um trem avança pelos trilhos. Mas a velocidade do “Trem do Tempo” pode variar. Em tese, basta a gente se movimentar para ela diminuir, já que, segundo a teoria de Einstein, o Tempo passa mais devagar para quem se move do que para quem está parado. O problema é que as velocidades que vivenciamos no dia a dia são ínfimas, donde essa diferença é imperceptível.

Suponhamos que passássemos um ano viajando pelo espaço a 1.070.000.000 km/h — ou seja, a apenas 10 milhões de quilômetros por hora da velocidade com que a luz se propaga no Espaço (299.792.458 m/s ou 1,08 bilhão km/h), que, em tese, é a maior velocidade possível no universo. Quando retornássemos à Terra, teríamos envelhecido um ano, mas todos os que por aqui ficaram estariam 10 anos mais velhos. Do nosso ponto de vista, o Tempo passou mais depressa para eles, ao passo que, do deles, passou mais devagar para nós.

Observação: Havia falhas na teoria de Einstein, visto que ele a desenvolveu no início do século passado, quando o Universo era considerado uma esfera de volume constante. Em 1929, o astrônomo norte-americano Edwin Hubble demonstrou que o Universo se expandia, e o físico alemão reconheceu ter cometido "seu maior erro".

A velocidade do Tempo é inversamente proporcional à nossa. Conforme aceleramos nossa hipotética espaçonave, o Tempo reduz a sua na mesma proporção, até parar totalmente quando atingimos a velocidade da luz.  

Conforme a Teoria de Einstein e estudos anteriores de diversos cientistas, nada pode viajar mais rápido do que a da luz no vácuo. A explicação, em linhas gerais, é que o Tempo avança a toda velocidade em relação a um corpo parado, e tende a diminuir, em relação a esse corpo, conforme ele acelera. A 180 km/h, 30 segundos correspondem na verdade a 29,99999999999952 segundos. Daí os relógios internos dos satélites atrasarem 0,007 segundo por dia devido à velocidade com que orbitam a Terra (cerca de 14.000 km/h), mas adiantam 0,0045 segundo por dia devido à gravidade, que é menor a 20.000 km de altitude. Não fosse a teoria de Einstein, não seriam feitas as devidas compensações, e assim a precisão dos sistemas GPS ficaria comprometida (à razão de 10 km/dia).

Voltando à percepção pessoal da passagem do Tempo, ensina a psicóloga Claudia Hammond que, numa situação de medo extremo, nossa mente “vê” o Tempo passar como uma cena exibida em slow-motion. O registro feito por nosso cérebro é flexível e leva em conta emoções, expectativas, o quanto as tarefas exigiam de nós num determinado período, e até os nossos sentidos (um evento auditivo, por exemplo, parece durar mais que um efeito visual). 

É por isso que a maioria das pessoas se lembra mais nitidamente daquilo que viveu entre os 15 e os 25 anos — época da vida que se têm mais experiências novas, e coisas novas tendem a ter um tratamento especial do Tempo Mental, que parece perceber episódios assim como mais duradouros. Pela mesma razão, conforme envelhecemos, os últimos 10 anos parecem ter passado bem mais rapidamente do que as décadas anteriores.

Observação: Enquanto nos deslocamos de casa para o trabalho, por exemplo, temos a impressão de que a viagem demora uma eternidade, mas a sensação é bem outra quando pensamos nisso na hora do almoço ou no meio da tarde.

No que tange à possibilidade de retroceder no Tempo, bem, assumindo que o Tempo passa mais devagar para quem viaja a velocidades maiores, chegando mesmo a parar quando se alcança a velocidade da luz, conclui-se que “o relógio andaria para trás” se essa velocidade fosse superada. Todavia, segundo a Teoria da Relatividade Especial de Einstein, é impossível deslocar um objeto a uma velocidade superior à da luz porque, de forma simples e resumida, a única coisa capaz de mover uma partícula com massa é outra força que viaje a essa velocidade. Como nossa hipotética partícula ganharia massa à medida que sua velocidade aumentasse, quando ela estivesse próxima à velocidade da luz sua massa seria infinita, exigindo uma força igualmente infinita para fazê-la ultrapassar a velocidade da luz.

A famosa equação de Einstein tem uma parte “menos lembrada”, que descreve como a massa de um objeto muda quando há movimento envolvido: E = mc² (isto é, energia é igual a massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz). Na verdade, a equação completa é E²=(mc²)²+(pc)², sendo a parte final a que descreve como a massa do objeto muda quando há movimento envolvido. 

Uma descoberta anunciada em 2011 ameaçou anular tudo o que se sabia até então sobre a velocidade da luz, a Teoria da Relatividade e a física moderna. Isso se deu quando físicos europeus conduziram um experimento chamado Oscillation Project with Emulsion-Tracking Apparatus (Opera, na sigla em inglês) para estudar o fenômeno da oscilação de neutrinos. Diferentemente das partículas de luz, os neutrinos são partículas que possuem uma quantidade desprezível de massa e portanto, à luz da Teoria da Relatividade Especial de Einstein, deveriam viajar a uma velocidade menor que a da luz. No entanto, o experimento detectou neutrinos se movimentando a uma velocidade superior à da luz, o que poderia revolucionar a Física moderna. 

Mas tudo não passou de um mal entendido provocado por um relógio digital, cujo cabo estava mal conectado. Quando o problema foi identificado e o cabo, devidamente conectado, ficou comprovado que os neutrinos estavam viajando a uma velocidade inferior à da luz. A ironia dessa história é que toda a Física moderna foi questionada por conta de um cabo de fibra ótica solto, que levou a passagem do Tempo a ser registrada de maneira incorreta.

Como todos nós, os cientistas cometem erros, mas eles aprendem com os próprios erros, ao contrário da maioria dos eleitores tupiniquins, para quem insistir indefinidamente no mesmo erro acabará produzindo um acerto

Claro que existe o Teorema do Macaco Infinito, segundo o qual um milhão de macacos, datilografando aleatoriamente em um milhão de máquinas de escrever, produziriam, em um milhão de anos, a obra completa de Shakespeare. Mas isso é conversa para outra hora.

Voltando ao aniversário do Blog, o mote de minhas postagens sempre foi a TI, tendo a segurança digital como carro-chefe. Houve postagens sem qualquer relação com informática, mas elas foram poucas e eventuais. 

A primeira vez que tratei de política foi em agosto de 2007, devido ao MENSALÃO. Depois, seguiram-se algumas matérias esparsas, geralmente às vésperas das eleições e/ou logo após os pleitos. Até que a tramitação do impeachment da anta vermelha, em 2016, me levou a replicar aqui os textos que publicava na minha comunidade de política na Rede .Link (rede essa que um belo dia, sem aviso prévio, o webmaster simplesmente tirou do ar, depois tomou Doril). 

Num primeiro momento, eu não vi razão para modificar o título ou a descrição do Blog, mas em 2017, às vésperas do 11.º aniversário do site acabei incluindo a menção à política.

Para encerrar essa conversa, reitero meus sinceros agradecimentos a todos os leitores, em especial àqueles que me acompanham desde os tempos imemoriais da saudosa Coleção Guia Fácil Informática (que, pelos motivos expostos no início desta postagem, foi a pedra fundamental deste humilde espaço).

Por hoje é só, pessoal. Amanhã voltamos à “vida normal”