O PROBLEMA DE VOCÊ PRENDER UM TIGRE PISANDO NO PESCOÇO DELE É QUE NÃO DÁ PARA TIRAR O PÉ.
Em algum momento da novela sobre navegadores de Internet que foi ao ar em 21 capítulos (não consecutivos) entre os dias 6 de maio e 16 de junho eu comentei que a Microsoft tentou promover o Edge valendo-se da mesma estratégia que, há exatos 25 anos, transformou o Internet Explorer em sinônimo de web browser.
Em meados da década de ‘90 contavam-se nos dedos os internautas domésticos, e desses, 99% navegavam pela ainda incipiente World Wide Web nas asas do Netscape Navigator, criado por Jim Clark e Marc Andreessen nas dependências da Mosaic Communications Corporation.
Em tese, o browser custava US$ 49; na prática, ele era largamente distribuído (sem custo algum) por
provedores e compartilhado em sistemas de BBS,
o que levou o fabricante a torná-lo realmente gratuito.
Nesse entretempo, a Microsoft licenciou o código do Spyglass Mosaic — um dos browsers pioneiros no mercado — e desenvolveu a partir dele o Internet Explorer, dando início a uma disputa que ficaria conhecida como Primeira Guerra dos Browsers.
Para impulsionar a adoção do seu rebento, a empresa se valeu de diversas estratégias de marketing — chegando mesmo a distribuir o IE através de CDs encartados em revistas e embutidos em kits de acesso de provedores.
Em 1996, o IE foi incluído no Windows 95 Plus!, depois integrado ao Win95 OSR 2 e, mais adiante, promovido a componente nativo do
festejado Win98.
Observação: Os
anos 1990 foram a época de ouro da famigerada conexão via rede
dial-up (também conhecida por
“conexão discada”), na qual um “programa discador” fornecido pelo provedor de
acesso discava (literalmente) para um número pré-definido e, uma vez realizado o shakehand, o internauta podia navegar pela Web a “vertiginosos”... 30 ou 40 kbps — a velocidade máxima (teórica)
alcançada por um modem analógico era de 56 kbps.
Resumo da ópera: O IE destronou o Navigator, sagrou-se vencedor da primeira guerra dos browsers, tornou-se o xodó dos internautas e reinou sobranceiro por mais de dez anos.
Sem sinal de concorrência no horizonte, a Microsoft se acomodou — como não se mexe em time que está ganhando, não havia por que modernizar o navegador. Mas a história começou a mudar em 2008, quando o Google lançou o Chrome.
Continua...