sexta-feira, 18 de setembro de 2020

QUEM TEM MEDO DA LAVA-JATO?

A força-tarefa de Curitiba espetou na biografia de Lula mais uma denúncia criminal, desta feita por lavar R$ 4 milhões em propinas recebidas da Odebrecht, camuflando-as como doações para o Instituto Lula

Noutros tempos, o petralha talvez esboçasse alguma preocupação; hoje recebe a notícia com a tranquilidade de quem sabe que o novo lance da Lava-Jato, mesmo que prospere, não o levará de volta à cadeia. 

Sua defesa, capitaneada pelo conspícuo causídico Cristiano Zanin (também enrolado na Lava-Jato), admite que o dinheiro foi “doado”, mas alega que tudo foi devidamente documentado. Pode até ser. Mas a pergunta que não quer calar é: por que diabo uma empresa daria R$ 4 milhões de mão beijada a um ex-presidente?

Populista, boquirroto, ególatra e dono de uma cara de pau de fazer inveja a Pinocchio, o molusco jacta-se de não haver nesta galáxia alguém mais honesto do que ele, embora sua biografia conte uma história completamente diferente. A começar pelas duas condenações por corrupção impostas ao biografado; uma, referente ao caso do tríplex, que foi confirmada em três instâncias judiciais, e outra, no caso do sítio, que foi ratificada pelo TRF-4

Não tivesse o plenário do STF modificado a regra da prisão em segunda instância, esse criminoso estaria puxando cana. Mas a ala “garantista” do colegiado, liderada por Gilmar Mendes (que, inopinadamente, passou de defensor a detrator da prisão em segunda instância) transformou a concretização da Justiça num evento que os recursos sem-fim e a prescrição dos crimes transformam em utopia.

Dado o vasto leque de chicanas possíveis nas quatro instâncias do Judiciário, onde criminalistas estrelados e regiamente pagos desovam recursos e mais recursos eminentemente protelatórios, empresários milionários e político de alto coturno, entre outros chacais e sanguessugas do dinheiro público, empurram o trânsito em julgado de suas sentenças condenatórias até o dia de São Nunca.

Graças à vergonhosa decisão da banda podre do Judiciário, o sevandija pernambucano se sente mais próximo de uma candidatura presidencial do que da cadeia (de onde jamais deveria ter saído). Recusa-se a ver a real situação do partido que fundou. Vive em outra época, quando PT e PSDB eram adversários políticos e, nas horas vagas, fingiam ser inimigos figadais, usando como bucha de canhão seus apoiadores mais atávicos. Surfa a onda anti-Lava-Jato enquanto aguarda pelo julgamento do pedido de suspeição que protocolou contra o ex-juiz Sergio Moro. Dá de barato que a 2ª Turma do STF anulará a sentença do ex-juiz no caso do tríplex, abrindo caminho para a lavagem de sua ficha suja (o que pode realmente vir a ocorrer, já que a ausência do decano vem dando azo a empates e, nesses casos, o resultado beneficia os réus).

Continua...