PERDE A BATALHA QUEM CONTA COM ANTECEDÊNCIA COMO PRETENDE VENCÊ-LA.
Navegar na Web já
foi um bucólico passeio no parque. Hoje, está mais para um safári nas savanas
africanas, tantas são as ameaças que nos espreitam em cada esquina virtual, de
malwares com os mais variados propósitos a invasores e cibervigaristas de todo
tipo.
Se compararmos a rede mundial de computadores a um
iceberg, a parte visível (acima da linha d’água corresponde à Surface Web, e a parte submersa, à Deep Web, no fundo da qual está a Dark Web. Na Surface Web ficam hospedados os websites e webservices que
acessamos no dia a dia — tais como lojas eletrônicas, redes sociais,
canais de entretenimento etc. Na Deep
Web/Dark Web negocia-se de tudo, de arquivos de pedofilia a drogas, armas e
toda sorte de coisas ilegais.
A Deep Web é a camada de
sites que fica imediatamente abaixo da Surface Web. Tecnicamente, tudo que não é visto livremente na
internet faz parte da Deep Web,
como endereços que, por uma série de razões, sobretudo por questões ligadas a
segurança e privacidade, não são indexados pelo Google, Bing e
outros mecanismos de busca. Dito de outra forma, seria como os bastidores da porção multimídia da
Internet, onde ficam dados cruciais para a manutenção da rede e outros que só
podem ser acessados por quem dispõe das devidas credenciais (bancos de dados
acadêmicos, registros médicos, informações confidenciais de segurança nacional,
registros financeiros, artigos científicos, repositórios de algumas ONGs etc.).
A Dark Web é uma
pequena porção da Deep Web,
também composta de sites e redes que não são indexados. Mas a diferença é que a
quase totalidade dos domínios que ela abriga tem relação com práticas
criminosas — tráfico de drogas, exploração infantil, serviços de assassinos de
aluguel, vídeos exibindo pessoas sendo torturadas até a morte, enfim...
A maioria dessas páginas é exibida como um conjunto de
letras e números sem o menor sentido para quem não possui as credenciais que
autorizam o acesso, e navegar nessas águas turvas requer ferramentas poderosas
de criptografia e proteção dos dados, já que, nessa terra sem lei, é comum alguém
ir buscar lá e sair tosquiado.
É nessa parte da Web que se encontram também os
famosos fóruns de discussão de
grupos radicais, inclusive criados e frequentados por brasileiros. Neles,
criminosos se organizam para os mais variados fins. Recentemente, o responsável
por um desse fóruns foi
condenado a 41 anos de prisão por crimes de racismo, terrorismo,
incitação a crimes e divulgação de materiais ligados à pedofilia (como se vê, o
anonimato total não existe, nem mesmo na Deep Web).
Em suma, a Dark Web é uma parte integrante da Deep Web, sobretudo por seus domínios contarem com a mesma estrutura básica e não serem indexados pelos mecanismos de busca. No entanto, ela é uma parcela bem pequena e voltada exclusivamente à prática de crimes, enquanto a Deep Web contém domínios essenciais para a operação da própria Web.
Mesmo não sendo indexados, esses sites podem ser
acessados a partir do Chrome, Firefox ou outro navegador qualquer.
Mas quem é “do ramo” não quer ser identificado nem rastreado. Como abrir uma
janela anônima não garante o grau de anonimato desejado, frequentadores desse “submundo”
se resguardar sob camadas de proteção adicionais, como as do famoso TOR
Browser — sigla de The
Onion Router, que nome remete às múltiplas camadas da cebola (onion).
O TOR é um software livre, de código aberto, baseado no Mozilla Firefox. Ao contrário do que se costuma pensar, não há nada de ilegal em utilizá-lo, desde que você o faça para resguardar sua privacidade. Como se costuma dizer, armas não matam pessoas; pessoas é que matam pessoas. A mesmíssima faca que você usa para preparar o churrasco do domingo pode esviscerar um animal ou mesmo outro ser humano. Em última análise, o que diferencia um utensílio inocente de uma arma letal é o uso que é feito dele. O resto é conversa fiada.