Desde março com o C na mão, o Brasil assiste todos os dias a mais um capítulo da série de terror em que se transformou a vida nacional. Na semana passada, o cidadão que continua vivo e ainda tem um mínimo de discernimento assistiu, P da vida, a mais uma fala irritadiça e impaciente do general da Saúde.
Depois de semanas de silêncio sepulcral (sem trocadilho), o
ministro que acredita piamente estar fazendo algum favor aos brasileiros desembarcou
em Manaus e, dirigindo-se à imprensa
como quem fala aos soldados do campo inimigo, cravou o início da vacinação num
calendário fictício — a hora H do dia D —, mostrando que o país vive um momento
M e tem um governo classe Z que nunca entende o X da questão. Só faltou dizer
que a vacina estará disponível no dia 30 de fevereiro. Tá F.
Pazuello atribuiu o colapso no Amazonas a fatores como umidade e falta de tratamento precoce, a despeito de médicos e o próprio Ministério da Saúde dizerem que é o tempo mais seco que agrava os problemas respiratórios. O ministro afirmou que Manaus não teve a efetiva ação no "tratamento precoce" com o
diagnóstico clínico no atendimento básico, o que agravou os casos da doença, embora o cientistas afirmem que não há
tratamento precoce para a Covid. A agência Lupa analisou o a verborreia pazuelliana e apontou
diversas inverdades.
Décimo ministro militar no governo, o general que passou a
ajudante de ordens do capitão nomeou uma tropa de 17 de fardados para cargos
civis na sua assessoria, inclusive na Anvisa
(ora comandada por um contra-almirante amigo do presidente, que participou com
ele de atos antidemocráticos). Junto com o cargo, o ministro recebeu a ordem direta de alterar o protocolo para o uso da
cloroquina — cuja desobediência custou o emprego de seus dois
predecessores (Mandetta, o Insurreto,
e Teich, o Breve).
Quando anunciou que o governo compraria 46 milhões de doses
da CoronaVac, o vassalo foi
desautorizado publicamente pelo suserano: “Não
vamos comprar", desmentiu o Bolsonaro, referindo-se ao imunizante que chamava de "vacina chinesa do João Doria".
Após contrair a Covid
e ficar de molho por duas semanas, Pazuello voltou com a corda toda, chegando
mesmo (pasmem!) a comemorar os resultados da gestão: "Quantas coisas a gente fez desde que chegou aqui. Graças a essa
gestão, a classe média aprendeu que tem de haver o diagnóstico precoce e que
não é necessário intubar o paciente. Tanta gente morreu por causa de
recomendações erradas! Parece que está passando um filme na minha cabeça".
Dias atrás, o luminar da logística que comanda a Saúde com competência de ameba, falha até na compra de seringas e “esquece” quase 7 milhões de testes RT-PCR num depósito federal em Guarulhos tuitou: “Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores as chances de recuperação. Então, fique atento! Ao apresentar sintomas da Covid-19, #NãoEspere, procure uma Unidade de Saúde e solicite o tratamento precoce”.
O Twitter
classificou a postagem de “informação
enganosa e potencialmente prejudicial à saúde das pessoas” e também
colocou uma marcação em posts antigas dos deputados federais Carla Zambelli (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ).
Nem a primeira voz da dupla sertanoja “Um Manda, Outro Obedece” escapou:
na última sexta-feira, o capitão-gripezinha teve um tuíte sinalizado por promover
soluções sem comprovação científica contra a Covid, como a hidroxicloroquina
e azitromicina. A postagem continua
no ar, mas com um aviso de que contém “informações
enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19” e que o link presente no tweet pode ser inseguro.
Animados com os resultados dos testes com a CoronaVac, cientistas que estudam o comportamento humano se debruçaram sobre as redes sociais para entender como uma pessoa pode
torcer contra uma vacina. Em exercícios de memória, ninguém foi capaz de saber
qual era a eficácia de nenhuma vacina que tomou durante a vida. “Não vai ter jeito. A cura só virá com a
vacina contra a ignorância. Essa já está disponível, mas muita gente não usa.
Chama-se livro e tem 100% de eficácia”, disse um pesquisador.
Mais dia, menos dia, o ministro-general será rifado, não importa quantos discursos fez, faz e venha a fazer para proteger o chefe
e vender a cura da Covid pela cloroquina. Se ainda continua no cargo,
é porque o capitão-general da banda não encontrou outro esbirro tão
subserviente e inoperante como ele.
Com Sensacionalista