segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

SOPA DE LETRAS EM SHOW DE BIZARRICES


Desde março com o C na mão, o Brasil assiste todos os dias a mais um capítulo da série de terror em que se transformou a vida nacional. Na semana passada, o cidadão que continua vivo e ainda tem um mínimo de discernimento assistiu, P da vida, a mais uma fala irritadiça e impaciente do general da Saúde.

Depois de semanas de silêncio sepulcral (sem trocadilho), o ministro que acredita piamente estar fazendo algum favor aos brasileiros desembarcou em Manaus e, dirigindo-se à imprensa como quem fala aos soldados do campo inimigo, cravou o início da vacinação num calendário fictício — a hora H do dia D —, mostrando que o país vive um momento M e tem um governo classe Z que nunca entende o X da questão. Só faltou dizer que a vacina estará disponível no dia 30 de fevereiro. Tá F.

Pazuello atribuiu o colapso no Amazonas a fatores como umidade e falta de tratamento precoce, a despeito de médicos e o próprio Ministério da Saúde dizerem que é o tempo mais seco que agrava os problemas respiratórios. O ministro afirmou que Manaus não teve a efetiva ação no "tratamento precoce" com o diagnóstico clínico no atendimento básico, o que agravou os casos da doença, embora o cientistas afirmem que não há tratamento precoce para a Covid. A agência Lupa analisou o a verborreia pazuelliana e apontou diversas inverdades.

Décimo ministro militar no governo, o general que passou a ajudante de ordens do capitão nomeou uma tropa de 17 de fardados para cargos civis na sua assessoria, inclusive na Anvisa (ora comandada por um contra-almirante amigo do presidente, que participou com ele de atos antidemocráticos). Junto com o cargo, o ministro recebeu a ordem direta de alterar o protocolo para o uso da cloroquina — cuja desobediência custou o emprego de seus dois predecessores (Mandetta, o Insurreto, e Teich, o Breve).

Quando anunciou que o governo compraria 46 milhões de doses da CoronaVac, o vassalo foi desautorizado publicamente pelo suserano: “Não vamos comprar", desmentiu o Bolsonaro, referindo-se ao imunizante que chamava de "vacina chinesa do João Doria".

Após contrair a Covid e ficar de molho por duas semanas, Pazuello voltou com a corda toda, chegando mesmo (pasmem!) a comemorar os resultados da gestão: "Quantas coisas a gente fez desde que chegou aqui. Graças a essa gestão, a classe média aprendeu que tem de haver o diagnóstico precoce e que não é necessário intubar o paciente. Tanta gente morreu por causa de recomendações erradas! Parece que está passando um filme na minha cabeça".

Dias atrás, o luminar da logística que comanda a Saúde com competência de ameba, falha até na compra de seringas e “esquece” quase 7 milhões de testes RT-PCR num depósito federal em Guarulhos tuitou: “Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores as chances de recuperação. Então, fique atento! Ao apresentar sintomas da Covid-19, #NãoEspere, procure uma Unidade de Saúde e solicite o tratamento precoce”. 

O Twitter classificou a postagem de “informação enganosa e potencialmente prejudicial à saúde das pessoas” e também colocou uma marcação em posts antigas dos deputados federais Carla Zambelli (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ).

Nem a primeira voz da dupla sertanojaUm Manda, Outro Obedece” escapou: na última sexta-feira, o capitão-gripezinha teve um tuíte sinalizado por promover soluções sem comprovação científica contra a Covid, como a hidroxicloroquina e azitromicina. A postagem continua no ar, mas com um aviso de que contém “informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19” e que o link presente no tweet pode ser inseguro.

Animados com os resultados dos testes com a CoronaVac, cientistas que estudam o comportamento humano se debruçaram sobre as redes sociais para entender como uma pessoa pode torcer contra uma vacina. Em exercícios de memória, ninguém foi capaz de saber qual era a eficácia de nenhuma vacina que tomou durante a vida. “Não vai ter jeito. A cura só virá com a vacina contra a ignorância. Essa já está disponível, mas muita gente não usa. Chama-se livro e tem 100% de eficácia”, disse um pesquisador.

Mais dia, menos dia, o ministro-general será rifado, não importa quantos discursos fez, faz e venha a fazer para proteger o chefe e vender a cura da Covid pela cloroquina. Se ainda continua no cargo, é porque o capitão-general da banda não encontrou outro esbirro tão subserviente e inoperante como ele.

Com Sensacionalista