Foi assim que soou, aqui fora, a decisão de Lula de se reunir no último sábado com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Calmiddad, e de orientá-lo a pôr na rua o “bloco” de sua candidatura.
Uma vez autorizado pelo xamã do PT, ao qual todos do partido reverenciam, é o que fará Andrade em breve. Missão dada, missão cumprida.
Certamente pesou na decisão do picareta dos picaretas, que não consultou as instâncias do partido para tomá-la, informações dos seus advogados sobre a tendência do Supremo de anular sua condenação no processo do triplex do Guarujá, mas ignorar por ora sua condenação no processo do sítio de Atibaia.
O alvo do Supremo é o ex-juiz Sérgio Moro, que usou o triplex para condenar Lula, retirando-o da disputa pela presidência da República em 2018 e impulsionando a eleição de Bolsonaro. Mas da segunda condenação, Moro sequer participou.
Os demais partidos de esquerda e da centro-esquerda imaginaram que o molusco de nove dedos teria aprendido alguma coisa com o fato de o PT ter concorrido praticamente sozinho na eleição vencida por Bolsonaro. O partido só admitia aliança no primeiro turno em torno de Adauto, que mal teve tempo para fazer campanha.
Preso em Curitiba, o demiurgo de Garanhuns acreditou até a última hora que o candidato poderia ser ele, e que se fosse, como apontavam todas as pesquisas de intenção de voto, a vitória seria certa. Desde então nada parece ter aprendido com o que aconteceu, e nada esqueceu do tempo em que dava as cartas e acumulava fichas.
Vozes lúcidas da oposição defendem que a escolha de um nome capaz de derrotar Bolsonaro fique para depois. Para depois que todos com igual propósito discutam um projeto de novo país a ser oferecido aos eleitores e tentem aparar suas diferenças. Quando nada, isso facilitaria a união no segundo turno.
Pelo jeito, não será assim. Ou melhor: no que depender do PT e do xamã xarope que se recusa a sair de cena, não será.
Com Ricardo Noblat