segunda-feira, 19 de abril de 2021

SEGURANÇA É UM HÁBITO — CONTINUAÇÃO

NO ANO 453 A.C., EM ALGUM DIA DO MÊS DE FEVEREIRO, VERIFICOU-SE TERRÍVEL ENCONTRO ENTRE OS AGUERRIDOS EXÉRCITOS DA BEÓCIA E DE CRETA. SEGUNDO RELATAM AS CRÔNICAS, VENCERAM OS CRETINOS, QUE ATÉ AGORA SE ENCONTRAM NO GOVERNO.

A insegurança digital não se resume aos folclóricos “vírus de computador”, que, aliás, não surgiram com a Internet, embora a popularização da Rede Mundial de Computadores entre usuários domésticos tenha contribuído sobremaneira para sua proliferação.

Os primeiros registros (teóricos) de códigos de computador capazes de autorreplicar remontam a meados do século passado, mas o nome vírus só foi adotado nos anos 1980, depois que um pesquisador chamado Fred Cohen embasou sua tese de doutorado nas semelhanças entre os vírus biológicos e os digitais, tais como precisar de um hospedeiro, fazer cópias de si mesmos, infectar outros sistemas/organismos etc. (mais detalhes na sequência Antivírus - A História). 

Observação: Vale salientar que um vírus, em si, não é necessariamente destrutivo, e que um programa destrutivo, em si, não é necessariamente um vírus, e que worms, trojans, spywares, keyloggers, hijackers, ransomwares e outros programinhas maliciosos que não se encaixam na definição de “vírus” continuam a ser chamados como tal, mesmo depois que se convencionou usar o termo malware — acrônimo de malicious software” — para referenciar as pragas em geral, inclusive os próprios vírus.

O que começou como uma brincadeira inocente tornou-se um sério problema para usuários de PC, já que os criadores de vírus passaram a embutir em seus códigos instruções para apagar dados, corromper arquivos importantes do sistema, comprometer o funcionamento de aplicativos legítimos, sobrescrever as informações gravadas nos discos rígidos e por aí afora.

O lado bom da história, se é que se pode dizer assim, é que as pragas se limitavam a atuar no âmbito do software — se o antivírus não impedisse a infeção (ação preventiva) nem fosse capaz de dar cabo dela a posteriori (ação corretiva), bastava reformatar o HDD e reinstalar o Windows para tudo voltar a ser como dantes no Quartel de Abrantes.

Observação: A origem da frase portuguesa “tudo como dantes no quartel d’Abrantes” remonta ao século XIX, quando Portugal foi invadido pelo exército de Napoleão, liderado pelo general Jean Junot. Em 1807, uma das primeiras cidades invadidas foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa. Lá, Junot instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes. Os franceses encontraram Portugal acéfalo, já que D. João VI, a família real e seus puxa-sacos haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém ousou se opor ao duque, e a tranquilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.

Convém ter em mente que malwares não são pragas divinas nem obras do demônio ou criações de entes sobrenaturais. Tecnicamente, eles são programas outros quaisquer, mas instruídos a executar tarefas maliciosas (no léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina — como C, C#, C++, JavaScript, TypeScript, VB.Net etc. — que descrevem uma tarefa a ser realizada pelo computador).

Continua.