FICARIA RICO QUEM PUDESSE VENDER SUA EXPERIÊNCIA PELO TANTO QUE LHE CUSTOU ADQUIRI-LA.
“Se você não fizer o que eu disser, enviarei todas as fotos que tenho de você”.
A ameaça deixou Cassidy Wolf confusa, pois havia apenas duas fotos dela penduradas na parede de seu quarto. Mais adiante, porém, a futura Miss Teen USA percebeu que vinha sendo espionado havia mais de um ano através de sua webcam.
Cassidy costumava deixar o notebook aberto no chão do quarto, para ouvir músicas enquanto estudava ou tomava banho. Enquanto isso, um colega com quem ela cruzava todos os dias nos corredores do colégio observava-a pela webcam — à qual ele obteve através de um spyware instalado sub-repticiamente quando a moça clicou num link malicioso que ele lhe enviou por email. O hacker foi apanhado, mas a vítima diz que o som de alerta de mensagem recebida ainda lhe provoca arrepios.
Spywares são programinhas-espiões que podem infectar qualquer
dispositivo controlado por um sistema operacional e capaz de acessar a internet,
como PCs de mesa, notebooks, tablets, smartphones,
etc. Dada a capacidade dos emails de transportar praticamente qualquer
tipo de arquivo digital, o correio eletrônico é um recurso valioso para cibercriminosos.
Anexos de email e hyperlinks clicáveis continuam sendo largamente utilizados na disseminação de malware, mas o WhatsApp, o Facebook Messenger e outros programas mensageiros vêm ganhando espaço. E é bom você “ficar esperto”, porque os cibercriminosos usam e abusam da engenharia social para engabelar as vítimas em potencial.
Alguns malwares são capazes de infectar seu sistema sem que você faça nada além de acessar um site falso — ou mesmo uma página web legítima, mas “sequestrada” pela bandidagem (tome muito cuidado com sites que oferecem conteúdo pornográfico, aplicativos craqueados e por aí afora). Suítes do tipo Internet Security ajudam, mas não garantem 100% de proteção, até porque não existe software de segurança capaz de proteger o usuário de si mesmo. Dito isso, vamos a outra historinha:
Após burilar exaustivamente o soneto que havia composto
para Marcinha —
ruiva de pernas torneadas e vestidos curtíssimos —, Custódio empaca
no último terceto. Com o olhar perdido na tela do note e a mente vagando pelos
escaninhos da memória, evoca a lembrança de Dona Regina — professora
responsável por sua paixão pela poesia e pelas ruivas de pernas torneadas, não necessariamente
nessa ordem —, nosso herói escarafuncha a narina esquerda, como que esperando
tirar dali a solução para seu problema de rima e métrica.
Tempos depois, tanto o soneto quanto a musa que o inspirou
fazem parte do passado. Marcinha deu
lugar a Verinha — ruiva que exibe as pernas estonteantes usando
shortinhos curtíssemos e não tem o menor interesse pela poesia —, Custódio,
navegando distraidamente pelo Facebook, depara com uma foto que o exibe
empenhado na labuta asquerosa descrita linhas atrás.
A história é fictícia, mas poderia não ser — como é
real a possibilidade de alguém estar observando você, neste exato momento. Além
de impedir que a luz indicativa do acionamento da webcam acenda, o creepware (ou RAT, de
Remote Access Trojan) cria uma passagem de informações que dificulta sua
detecção pelo antivírus.
Vídeos no YouTube que ensinam a operar remotamente câmeras de terceiros contabilizam milhões de visualizações, deixando claro que há muita gente interessada em usá-los, seja para espionar o cônjuge ou os filhos, seja para fins criminosos. E não é preciso ser um Einstein para passar da teoria à prática.
A preocupação com esse tipo de ameaça cresceu
exponencialmente em 2016, depois que uma foto de Mark Zuckerberg com
a câmera de seu note coberta por fita adesiva viralizou na Web. No
entanto, além de rudimentar, a solução adotada pelo CEO do Facebook não é
100% eficaz, já que em algum momento o usuário terá de remover a fita adesiva (para participar de uma vídeo conferência, por exemplo).
A boa notícia é que suítes de segurança como o Avast Premium Security oferecem
proteção online completa, impedindo, inclusive, aplicativos de acessar sua
webcam.