sexta-feira, 8 de outubro de 2021

SOBRE A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA DO WINDOWS 10

A INCERTEZA QUE ESVOAÇA DESGRAÇA MAIS QUE A PRÓPRIA DESGRAÇA.

O Windows 11, lançado oficialmente na última terça-feira, terá seu modelo de manutenção ajustado — uma atualização de recurso anual, com 36 meses de suporte, substituirá o antigo Windows 10 como o repositório do novo. O Win10, por seu turno, que foi originalmente apresentado como uma ruptura revolucionária com o passado na forma de manutenção, pode encerrar sua carreira, em outubro de 2025, com "a cara" do Windows 7.

Quando anunciou a nova versão de seu festejado sistema, em junho, a Microsoft fez questão de dizer aos clientes que lançará uma atualização de recursos do Windows 1021H2 — em paralelo com a distribuição dos arquivos de upgrade para o Win11.

O Windows 10 21H2 não deve ser pródigo em novos recursos e funcionalidades. Aliás, a Microsoft não deu detalhes sobre como oferecerá suporte a essa versão ao longo dos próximos quatro anos. Ela limitará as atualizações às correções mensais de segurança? Algum novo recurso aparecerá em atualizações futuras após 21H2? "The answer, my friend, is blowing in the wind".

Mas o fato é que a empresa de Redmond terá que fazer algo, porque o suporte restante garantido aos clientes se estende além do suporte fornecido por quaisquer atualizações lançadas ou anunciadas. O Windows 10 21H2 Enterprise deverá ser aposentado em maio de 2024, ao passo que as edições 21H2 Home e 21H2 Pro terão suporte até maio de 2023 — o déficit de 18 meses (Enterprise) ou 30 meses (Home & Pro) terão que ser compensados de alguma forma, e a Microsoft pode fazer isso com alguns toques no teclado: se ela não quiser lançar atualizações de recursos após o 21H2, tudo que precisa fazer é mover os prazos de suporte dos vários SKUs para outubro de 2025.

Nada impede a Microsoft de continuar atualizando o Win10, mesmo que essas atualizações não sejam exatamente pródigas em novas funcionalidades ou recursos. Mas isso iria contra "a natureza" da empresa. Quando lançou um novo Internet Explorer, por exemplo, ela continuou a corrigir as versões anteriores, mas deixou de lhe acrescer novos recurso, de maneira a "induzir" os usuários a migrar para a versão mais recente. E o mesmo deverá acontecer com o Windows 10.

O anúncio do Win11 foi uma sentença de morte para seu antecessor — ou a aposentadoria compulsória da edição lançada em 2015 como a "versão definitiva" do sistema operacional mais popular do planeta. A partir de agora, qualquer esforço de desenvolvimento focará o Win11. Nos próximos quatro anos, o Ten receberá atualizações de segurança na segunda terça-feira de cada mês (Patch Tuesday), mas dificilmente receberá novos recursos ou funcionalidades.

Esse é exatamente o modelo adotado para o Windows 7 desde sua aposentadoria, em 2009, até o início de 2020. Ironicamente, será nos próximos anos que o comportamento de serviço do Windows 10 se tornará o que alguns usuários comerciais exigiam antes mesmo do lançamento do sistema operacional, seis anos atrás. A Microsoft deu a eles o que eles queriam na forma da edição LTSB (Long-term Servicing Branch), posteriormente alterada para LTSC, com o canal substituindo o Branch. Alguns anos depois, a Microsoft arrebatou o LSTB/LTSC dos clientes, principalmente.

Com o lançamento do Win11, a Microsoft cedeu às pressões comerciais, reduzindo os lançamentos de atualização de recursos para um por ano e estendendo o suporte Enterprise/Education para 36 meses. Para quem estiver insatisfeitos com a maneira como a manutenção do Windows funcionou, o jeito será manter o Windows 10 e sua nova manutenção no estilo Seven até o final de 2025 — ou até 2028, caso a Microsoft lhe ofereça suporte estendido.

Resta saber quando virá o Windows 12 e como será sua política de atualizações. 

Quem viver verá.