A OMS já fala em quarta onda de Covid na Europa. "Enquanto não vacinar todo mundo, se abrir mão do uso de máscaras, liberarmos aglomerações e não pedirmos o passaporte da vacina, é esperado que ocorram novas ondas. A doença é cíclica e novos ciclos serão evitados vacinando a população", diz a epidemiologista Carla Domingues.
No Brasil, que registra 22.030.182 contaminados e 613.066 mortos, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, autoridades de alguns estados brasileiros já confirmaram a retomada do carnaval no ano que vem.
No estado de São Paulo, ao mais de 70 dos 645 municípios decidiram cancelar a festa dos foliões em 2022 — embora as taxas de ocupação estejam baixas e os índices da doença registrem melhoras no comparativo com os piores meses da pandemia, na avaliação de alguns gestores municipais o momento é de cautela.
Como diz o ditado, quem procura acha (e quem insiste acha mais depressa).
Entrementes, a novela das prévias tucanas continua dando o que falar. Com Eduardo Leite no papel de vilão. Mas cada qual tem direito de escolher a corda com a qual quer se enforcar, e o governador do Rio Grande do Sul exerceu esse direito. Seu posicionamento "vai e vem" e algumas acusações, digamos, levianas, serviram de munição para seus adversários e alargaram ainda mais a cizânia intramuros no Tucanistão. O PSDB anunciou nesta terça-feira (23) que contratou um novo aplicativo e espera concluir votação até o próximo domingo. Até o presente momento (são 12h30 de quarta), o troço não funcionou.
Em entrevista à CNN na noite de terça-feira, Sergio Moro criticou "falsas narrativas" sobre suas decisões, disse que condenação de Lula "era o que determinavam as provas" e que é “forçoso reconhecer” que o STF cometeu um “gritante erro judiciário” ao anular a condenação do molusco. Disse ainda que uma das motivações para aceitar o convite de Bolsonaro para assumir o ministério da Justiça foi evitar que a Lava-Jato tivesse mesmo destino da Operação Mãos Limpas. Pena que faltou combinar com os russos, digo, com os corruptos.
Falando em corruptos, a CCJ da Câmara (detalhe: CCJ significa "comissão de constituição e 'JUSTIÇA'". Pausa para as gargalhadas) aprovou na última terça-feira, por 35 votos a 24, a admissibilidade de uma PEC que revoga a PEC da Bengala e reduz em 5 anos a idade para a aposentadoria compulsória de servidores públicos (aí incluídos os semideuses da toga).
Se o projeto for
aprovado, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski (ambos nascidos em
1948) terão de trocar a suprema toga pelo supremo pijama. O não seria ruim se não desse ao despirocado do Planalto a oportunidade de nomear mais dois vassalos,
"abrilhantando", assim, um plenário que já conta com Gilmar Mendes,
Dias Toffoli, Nunes Marques, enfim, a pior composição de toda a
história do Tribunal.
Falando em "pior composição", o casamento do
capitão-negação com o PL do mensaleiro Valdemar Costa Neto, que estava
previsto para ocorrer no último dia 22, mas foi suspenso após os noivos
trocarem elogios (o
capitão mandou o mensaleiro à puta que o pariu, e o mensaleiro mandou o capitão
tomar no cu), foi remarcado para o próximo dia 30. E já que falamos no
capetão, seu ex-factótum ressurgiu das brumas para conceder uma entrevista ao SBT
News.
Acusado de ser o articulador das rachadinhas do primogênito
do Sultão do Bolsonaristão, Queiroz disse à repórter Débora Bergamasco que
"rachadinha nunca existiu" e que não conhece o mafioso
de comédia Frederick Wassef — em casa de quem se
escondeu durante cerca de um ano até ser capturado. E mais
adiante: “O pessoal queriam [sic] me matar, tem que ficar bem
enfatizado isso. Eu ia ser queima de arquivo para cair na conta do presidente
[Jair Bolsonaro], como aconteceu com o capitão Adriano [da Nóbrega, miliciano
morto na Bahia em fevereiro de 2020”. Faltou explicar por
que ele seria "queima de arquivo" no caso de uma
rachadinha que "nunca existiu", mas enfim...
Ao comentar a disputa de 2022, Bolsonaro disse que não
está preocupado com o demiurgo de Garanhuns nem com o ex-juiz da Lava-Jato,
e que "Lula 'não tem mais futuro' e que o tempo do
PT 'passou'". Bom seria se fosse verdade. Como bem observou o
senador Omar Aziz, referindo-se à qualidade, digamos, discutível de tudo
que sai da boca do "mito", por
onde passa, Bolsonaro espalha fezes.
Falando no ex-presidiário — convertido "ex-corrupto" pela graça suprema —, em entrevista ao jornal El País o parteiro do Brasil Maravilha minimizou a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua e teve o desplante de comparar o tempo em que o ditador e a chanceler alemã Angela Merkel estão no poder: "Por que que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”. E mais: “Eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil eu fui preso”. Como se não bastasse, O PT divulgou uma nota nesta chamando de falso e de má-fé afirmar que Lula teria apoiado ditaduras de esquerda. É a prova provada de que falar merda não é prerrogativa exclusiva do atual inquilino do Planalto.
Para concluir (em respeito aos leitores que, como eu, ficam com o estômago virado diante de tanta desfaçatez), Paulo Guedes, que é sócio de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, havia dito em outubro que “perdeu muito dinheiro” ao aceitar entrar para o governo. O pronunciamento foi feito depois que documentos mostram que tanto Posto Ipiranga quanto o atual presidente do Banco Central são donos de empresas em paraísos fiscais.
Em 2014, o superministro tinha cerca de US$ 8 milhões investidos em uma shelf company — empresas fundadas em paraísos fiscais, mas que podem permanecer anos sem atividade à espera de que alguém lhes dê função. Nesta terça-feira, em audiência na Câmara, ele afirmou que foi orientado por advogados a usar a offshore para fazer investimentos e não ter metade de seu dinheiro "apropriado pelo governo americano".
Guedes esqueceu de mencionar que a tal "apropriação" só aconteceria se ele investisse diretamente em empresas norte-americanas como pessoa física — nos EUA, heranças são tributadas em quase 50% (no Brasil, herdeiros pagam entre 3% e 8% sobre o bem transmitido após a morte, a depender do Estado).
A declaração do grande economista chocou alguns parlamentares.
“O senhor dizer que coloca o seu dinheiro em offshore para não
pagar imposto é quase um tapa na cara do povo brasileiro, que paga tributos, os
pequenos e micro que são sobretaxados, enquanto temos um paraíso para
acionistas de offshore e especuladores”, disse a deputada
psolista Fernanda Melchionna.
O Código de Conduta da Alta Administração Federal
proíbe investimentos em bens cujo valor ou cotação possam ser afetadas por medidas sobre as quais a autoridade pública tenha
informações privilegiadas, em razão do cargo ou função. Em ao menos
duas ocasiões, os deputados apontam que decisões de Guedes podem ter
impactado seus próprios investimentos, como no caso do projeto de reforma
tributária encaminhado ao Congresso e na decisão do Conselho Monetário
Nacional de dispensar contribuintes de declararem seus ativos no exterior
em valores inferiores a um milhão de dólares.
Por último, mas não menos importante, fala-se em dividir
o Estado do Pará para criar o Estado do Tapajós. Mais um governador e
respectiva assessoria (com carros oficiais e toda a mordomia de estilho), mas
uma Assembleia Legislativa (idem, idem) e por aí afora. Isso quando o país está
falido e o povo não tem merda no cu para cagar, se me perdoam
o linguajar.
E viva o eleitor brasileiro.