sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

FELIZ ANO NOVO (PARA SONHAR NÃO SE PAGA IMPOSTO - AINDA).

O mundo é regido por uma lei de permanência. Apesar de estar sempre morrendo, a vida está sempre renascendo. A dissolução apenas dá à luz novos modos de organização, e uma morte é a mãe de mil vidas. Cada hora, como vem, não passa de uma prova do quão efêmero (apesar de seguro e certo) é o todo. É como uma imagem refletida nas águas, que permanece a mesma apesar de o rio continuar fluindo. O sol se põe, mas nasce de novo. O dia é engolido pela noite escura e volta a brotar dela, tão novo como se nunca tivesse sido extinto. A primavera se transforma em verão, atravessa o outono, vira inverno, e então retorna em grande estilo, triunfando sobre a sepultura, apesar de seguir a passos apressados e firmes em direção à morte desde o início dos tempos. Lamentamos os desabrochares de setembro porque as flores vão secar e morrer, mas sabemos que setembro, um dia, vai se vingar de junho com a revolução daquele ciclo solene que nunca para, e que nos ensina em nosso ápice de esperança a sermos sempre sóbrios, e, na profundeza da desolação, a nunca nos desesperarmos. 

Segundo os historiadores, o primeiro “Festival de Ano-Novo” ocorreu na Mesopotâmia, por volta de 2.000 a. C. Na Babilônia, as comemorações se davam na entrada da lua nova do equinócio da primavera (no calendário atual, isso ocorre em 19 de março, data que os espiritualistas comemoram o ano-novo esotérico). Para os assírios, persas, fenícios e egípcios, o ano começava no mês de setembro (dia 23); para os gregos, entre os dias 21 e 22 do mês de dezembro, mas foram os romanos que instituíram “oficialmente” o dia 1º de janeiro — mantido nos calendários Juliano e Gregoriano e vigente até hoje na maioria dos países do mundo moderno.

Costuma-se ver a passagem de ano como o fim de um ciclo e o início de outro, um momento prenhe de promessas e esperanças, com direito a fogos de artifício, buzinas, apitos e gritos — que, segundo a tradição, espantariam os maus espíritos. O que muda mesmo é apenas a folhinha do calendário, mas de ilusão também se vive.

Do ponto de vista do abuso do álcool, o Réveillon só perde para o Carnaval – e olhe lá. E para quem não dispensa umas biritas, a ressaca pode ser cruel: dor de cabeça, boca seca, fadiga, tremores, mal estar são alguns sintomas que o corpo apresenta após metabolizar o álcool (ou seja, quando os níveis de álcool nos tecidos são reduzidos, donde a crença de que tomar outro porre é a melhor solução para o problema).

Segundo algumas fontes, bebidas compostas principalmente por água e álcool (tais como vodka e gim),
produzem menos ressaca do que uísque, conhaque ou vinho tinto, por exemplo — mesmo assim, atente para a qualidade do produto, pois algumas marcas baratas têm cheiro e gosto de acetona. 

Dizem os engraçadinhos (embora não sem razão) que a melhor maneira de evitar a ressaca é não ingerir bebida alcoólica, mas, na prática, essa preciosa recomendação não costuma ser seguida por muita gente. 

Para evitar o vexame do pileque e minimizar o desconforto da ressaca, além de beber moderadamente, procure não fazê-lo “de barriga vazia”, já que e o álcool é absorvido mais lentamente quando há alimento no estômago (mas tome cuidado para não errar na quantidade, ou você irá colocar tudo para fora no meio da festa).

Vale ainda intercalar suco, refrigerante, ou mesmo água entre as doses de birita, não só para “diluir” o álcool, mas também para manter o organismo hidratado; segundo alguns “especialistas”, comer frutas ou algo gorduroso antes de beber ajuda muito (há quem recomende comer miolo de pão besuntado com manteiga ou embebido em azeite de oliva).

A verdade é que não existem formulas milagrosas universais: a não ser que você entre em coma alcoólica – quando deverá procurar um pronto-socorro –, o jeito é deixar o corpo processar naturalmente – ou regurgitar – o excesso de álcool que absorveu. Nesse entretempo, evite comidas ácidas, gordurosas ou de difícil digestão; torradas com mel ou geleia no café da manhã e uma sopa ou salada de legumes cozidos no almoço devem deixar você pronto pra outra.

Para finalizar, torno a lembrar que ressaca não se cura com mais álcool. Essa prática pode até ajudar a combater os sintomas no curto prazo – e servir de desculpa para tomais mais uma birita ao acordar, mesmo que você não esteja de ressaca. Todavia, mais hora, menos hora, o nível de álcool no seu organismo vai ter que baixar.

BOA VIRADA DE ANO E UM ÓTIMO 2022 A TODOS.