sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA. OU DUAS. OU TRÊS...

 

Quando tudo indicava que a pandemia entrava em sua reta final surgiu uma pedra no caminho: a descoberta de uma nova variante do vírus maldito (falo do biológico, não daquele que infectou a alta cúpula do governo federal) derrubou as bolsas e colocou em animação suspensa as esperanças de um final de 2021 com festa de Réveillon e um início de 2022 com escolas de samba, blocos carnavalescos e coisa e tal.

A boa notícia, por assim dizer, é que o governo do Estado de São Paulo reduziu de cinco para quatro meses o intervalo entre a segunda dose e a dose de reforço. A medida entrou em vigor nesta quinta-feira e vale para quem se imunizou com CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, a dose de reforço pode ser de qualquer imunizante, mas a secretário municipal, Edson Aparecido, recomenda a vacina da Pfizer.

É crescente o número de autoridades de saúde pública que buscam tranquilizar a sociedade sobre a eficácia das vacinas atualmente em uso também contra à nova variante. De acordo com o presidente da Pfizer, isso já foi confirmado em relação às cepas Beta e Delta, e a expectativa é a de que não haja uma queda significativa de eficácia também contra a Ômicron

Anvisa pediu que PfizerButantanFiocruz e Janssen forneçam dados sobre eficácia de suas vacinas contra a nova cepa. A Pfizer ficou de dar a informação ainda este mês; a Fiocruz disse que "não há evidências de que a vacina não seja eficaz" (resposta dúbia, mas enfim...); a Janssen está realizando testes e, paralelamente, criando uma versão específica conta a Ômicron; e o Butantan deve ter uma resposta dentro de duas ou três semanas. Mas todos são unânimes em afirmar que, se necessário, podem adaptar suas fórmulas rapidamente.

Enquanto não houver uma certeza, o jeito é continuar com o programa de reforço, donde a iniciativa do governador João Doria. Já o cancelamento do réveillon na Avenida Paulista e a manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras são fatos consumados. Quanto ao Carnaval... Bem, o futuro a Deus pertence.

Mudando de um ponto a outro, a indicação de André Mendonça para o STF foi aprovada na quarta-feira (com quase quatro meses de atraso). Foram 18 votos a 9 na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e 47 a 32 no plenário da Casa (nenhum outro ministro da atual composição do Supremo teve tantos votos contrários à sua indicação na CCJ). 

O presidente da Comissão, senador Davi Alcolumbre, empurrou a sabatina com a barriga o quanto pode, e agora deve sair à caça dos "traidores" e partir para a retaliação. Como diz o ditado, toda araruta tem seu dia de mingau.

O STF está desfalcado desde julho, quando o decano Marco Aurélio Mello trocou a suprema toga pelo supremo pijama. Com 10 membros no plenário e 4 na segunda turma, era inevitável que ocorressem eventuais empates. Esses julgamentos deverão ser concluídos depois que Mendonça for empossado (pela vontade do presidente da Corte, isso deverá ocorrer no próximo dia 16). 

Queira Deus — se é que Deus tem alguma coisa a ver com essa história — que Mendonça não venha a proceder como Kássio Nunes Marques, que substitui Celso de Mello (de quem em jamais pensei que sentiria saudades) e já deixou bem claro de qual lado do campo prefere jogar.

"Na vida, a Bíblia, no STF, a Constituição", disse o ex-AGU e indicado "terrivelmente evangélico" do sultão do bananistão, cuja posse ainda não foi agendada, mas deve acontecer antes do recesso. Sua aprovação no Senado mitigou as esperanças do passador-de-pano-geral da República de ter os ombros recobertos por uma toga igual as que Toffoli e Lewandowski ganharam por serem militantes petistas e Nunes Marques por "tomar muita tubaína com o capetão. Não foi desta vez, meu rei. Glória a Deus!

Uma rápida vista d'olhos no Q.I. (de "quem indicou") de alguns togados nos leva inevitavelmente à conclusão de que a composição atual do STF é a pior de toda a história da Corte. O que esses "Guardiões da Constituição" menos fazem é seguir o que reza a Carta Magna, como evidencia um sem-número de decisões estapafúrdias — tanto monocráticas quanto colegiadas —, como as que culminaram com o fim da prisão em segunda instância, a anulação das condenações do picareta dos picaretas em Curitiba e a decretação da suspeição do ex-juiz Sergio Moro.

Dias atrás, ao analisar uma questão de ordem apresentada pelo sumo pontífice dos togados, o ministro Luiz Fux, atual presidente do colegiado, decidiu que eventuais empates nos julgamentos de ações penais não absolvem os réus. A decisão foi monocrática e deverá ser submetida ao plenário, servindo de teste para o novo integrante, cuja "tendência lavajatista" preocupa a banda podre do Congresso (1/3 dos deputados e metade dos senadores são investigados ou respondem a processos no STF).

Lamentavelmente, essa escumalha continua dando tom do processo eleitoral. O dono do PL — novo partido do "mito" dos apalermados — foi preso no mensalão, mas é um político dos mais cortejados em ano eleitoral. Frequentam seu palanque parlamentares enrolados com a Justiça (?!), entre os quais os bambambãs do PP (leia-se o presidente da Câmara e o ministro-chefe da Casa Civil).

O PSL — que ajudou a eleger Bolsonaro em troca de ser promovido de laranjal nanico a portento do Congresso — quer passar uma borracha no passado apoiando a candidatura de Sergio Moro. O ex-presidente, ex-presidiário, ex-corrupto e eterno picareta dos picaretas exacerba sua vocação para comediante dizendo que "se for vontade do PT", disputará novamente a Presidência. Lula, como se sabe, é o que existe de pior em matéria de corrupção na política. Mas até aí morreu Neves, já que o mandatário de turno, que é candidatíssimo à reeleição, e quatro dos seus cinco filhos (só a caçula escapa, e isso porque ela tem 11 anos) são investigados no STF.

Se é que um dia existiu de verdade, o país das maravilhas do molusco abjeto foi à bancarrota durante a gestão de Dilma. E os escombros que restaram vêm sendo derrubados e incendiados pelo Messias que não miracula, que quer renovar o contrato de locação do Palácio e pagar o aluguel com dinheiro que não existe, mas será tirado de uma cartola que também não existe para comprar votos de miseráveis e depauperados com um óbolo cuja validade expira no final desta aziaga gestão. 

Entrementes, as sanguessugas do legislativo satisfazem seu apetite pantagruélico com bilhões de reais que elas próprios reservaram para bancar o circo eleitoral. E, enquanto o Supremo finge que vai proibir emendas de relator, o presidente da Câmara e seus asseclas fingem que vão obedecer e o vice-presidente da "Casa do Povo" traça o mapa da traição que o presidente da banânia sofrerá no PL.

Em tempo: O parteiro do Brasil Maravilha, pai dos pobres, mãe dos ricos e enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários deve subir ao altar pela terceira vez aos 76 anos. A noiva, de 54, já comprou o vestido para o casório, que deve acontecer no começo do ano que vem.

Como diz o Cabo Daciolo, Glória a Deus!