quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A REDUNDÂNCIA E A VOLTA À TERCEIRA VIA

 

O VOTO NULO É INÚTIL APENAS PARA OS POLÍTICOS CORRUPTOS, POIS É A VOZ DO POVO TENTANDO SE MOBILIZAR CONTRA O SISTEMA.

Criei este Blog em 2006 para embasar a elaboração do volume Blogs & Sites da saudosa Coleção Guia Fácil Informática. Minha intenção era descontinuá-lo assim que o livro fosse publicado, mas mudei de ideia porque muitos leitores passaram a usá-lo como um canal de comunicação para tirar dúvidas e fazer consultas. Durante o reinado lulopetista, achei de compartilhar também aqui alguns pitacos sobre o cenário político tupiniquim que eu postava em outras paragens, e mais adiante oficializei a coisa e mudei o subtítulo do site para "um bate-papo informal sobre informática, política e outros assuntos".

Quando as postagens tratavam somente de informática, eu mantinha os comentários abertos a críticas, sugestões, elogios, dúvidas etc., e assim percebi que, embora não seja motel, o Blog tem frequência rotativa. Pelo fato de muitos leitores deixarem perguntas sobre assuntos que haviam sido discutidos dias ou semanas antes, ficou evidente, que eles só passavam por aqui ocasionalmente. E talvez por isso eu adquiri o (mau) hábito da redundância.

Repetições são aborrecidas, mas algumas situações as justificam. Há quem diga que a repetição é a mãe do aprendizado. Eu não sei até que ponto concordo com essa assertiva, mas acho que ela é válida quando evita que alguém bata a cabeça na parede achando que uma hora ela vai se abrir como uma porta, ou que alguém vote em políticos incompetentes ou corruptos achando que é melhor ficar com o diabo conhecido do que se arriscar com o desconhecido (isso faz sentido, mas só até certo ponto).

Passando ao mote desta postagem (lá vamos nós pelo caminho das redundâncias), o antipetismo e a facada foram determinantes para a vitória do ex-capitão que deixou o quartel pela porta dos fundos e aprovou dois míseros projetos em 28 anos de deputância. Pelo cenário que se delineia (ou que as pesquisas nos levam a imaginar que se delineia), teremos em outubro uma reprise do pleito plebiscitário de 2018. Naquela oportunidade, poderíamos ter experimentado dois ou três dos treze postulantes que se apresentaram no primeiro turno, mas a maioria do nosso eleitorado escalou os dois extremistas mais extremados para o embate final. Aliás, isso deixa claro que maus políticos não surgem em seus gabinetes por geração espontânea: se estão lá, é porque a récua de muares que atende por eleitorado votou neles. Mas sigamos adiante.

Em 2018, o resultado não poderia ser outro: para não vermos o país governado pelo patético bonifrate de um presidiário (que não soltava um peido sem pedir a bênção de seu amo e senhor), tapamos o nariz e apoiamo um dublê de mau militar e parlamentar medíocre, mas que seus baba-ovos viam como um "salvador da pátria". E acabou que a emenda ficou pior do que o soneto. 

A pandemia contribuiu para a gestão de Bolsonaro ser desastrosa, mas é bom lembrar que o primeiro caso de Covid no Brasil só foi descoberto depois do carnaval de 2020, quando o sultão do bananistão já contabilizava 14 meses de desgoverno

Por uma série de razões fáceis de explicar mas difíceis de entender, nem o STF nem o Congresso se dignaram de livrar o país desse anormal — talvez porque afastar 3 presidentes em pouco mais de 30 anos, além de ser vergonhoso, fragiliza nossa incipiente democracia (que apenas o ministro Barroso reputa “consolidada”). Mas convenhamos que só um idiota não demite o gerente que está afundando a empresa — pouco importa se por incompetência, inoperância ou improbidade — porque o prazo avençado foi de quatro anos e só se passaram três.

Um presidente investigado em seis inquéritos, alvo de 140 pedidos de impeachment e acusado pela CPI do Genocídio de cometer uma dezena de crimes comuns e de responsabilidade já teria cuspido do cargo em qualquer republiqueta terceiro-mundista que se desse ao respeito, mas a questão é que, apesar de ser republiqueta terceiro-mundista, o Brasil não se dá ao respeito. Não fosse assim, um ex-presidente corrupto, réu em 20 ações criminais e condenado mais de 25 anos de cana, não deixaria a cadeia após míseros 580 dias, não teria a ficha imunda lavada por um colegiado de togados em que cada qual age como se tivesse uma Constituição para chamar de sua e não seria recolocado no tabuleiro da sucessão presidencial nem — muito menos — seria tido e havido como o franco favorito do eleitorado.

A situação dos cidadãos de bem desta banânia (se é que ainda restam alguns) assemelha-se à do prisioneiro que, ao enjeitar uma sopa feita com água morna e pedregulhos, ouve do carcereiro: "o mangia la minestra o salta dalla finestra". Como a cela fica no topo de uma torre, pular da janela não é uma opção, de modo que o jeito é tomar a sopa intragável.

Sobre a perspectiva de um terceiro governo petista, prefiro não comentar. Sobre o candidato à reeleição, bom seria se ele fosse página virada o quanto antes. Daí ser imperativo quebrar essa maldita polarização e apoiar Sergio Moro, João Doria, Simone Tebet, Alessandro Vieira ou quem vier a ser o “candidato da terceira via” com chances reais de vencer a eleição. 

Até porque tão ruim (ou até pior) que a volta de Lula et caterva seria mais quatro anos sob o capitão-tormenta, que superou Dilma no quesito estelionato eleitoral e se sagrou o pior mandatário desde o golpe de Estado que, nos idos de 1889, destronou D. Pedro II e substituiu a monarquia constitucional parlamentarista pelo presidencialismo republicano. 

E viva o povo brasileiro!