A polarização que tanto mal tem feito ao Brasil começou em 1989, quando Collor e Lula disputaram o segundo turno e o caçador de marajás de araque derrotou o desempregado que deu certo. O quadro se agravou com a vitória de Fernando Henrique, que derrotou Lula em 1994 e 1998. A década seguinte foi marcada pela abjeta cantilena do “nós contra eles”, semeada pelo exterminador do plural e regada pelos tucanos.
Em 2018, adubada pelo "mito" dos descerebrados et caterva, a dicotomia transformou a eleição presidencial no plebiscito em que o antipetismo corrupto acabou sendo derrotado pelo bolsonarismo boçal. E agora o cenário se repete, mas com um agravante: chegou-se a tal ponto de imbecilidade que a patuleia ignara votaria em Lula mesmo que o flagrasse estuprando uma velhinha, e os sectários do sociopata, no messias que não miracula, ainda que o visse cometer um ato igualmente execrável (como se não bastassem todos os que ele cometeu ao longo dos últimos três anos e lá vai fumaça).
A folclórica terceira via virou cabeça de bacalhau. Todo mundo sabe sabe que ela existe, mas ver, que é bom, neca de pitibiriba. Quanto mais "congestionada" essa "via" estiver, maior a pulverização dos votos, e levar Bolsonaro ao segundo turno é eleger Lula.
Em face do exposto, é fundamental “votar certo” no primeiro turno. Mas para isso é preciso que os candidato da tal terceira via calcem as sandálias da humildade, desçam de seus pedestais e se unam em prol do bem do Brasil. Só assim o nome que emergir desse conclave terá chances reais de ser eleito, já que impedir Bolsonaro de passar para o segundo turno é meio caminho andado. Mas essa não é uma tarefa fácil.
O sultão do Bolsonaristão é um pária aos olhos do mundo (e continuará sendo, mesmo que perca o posto para o carniceiro de Moscou). Enquanto candidato, ele praticou o maior estelionato eleitoral da história; eleito, aparelhou o ministério da Saúde e a Polícia Federal, transformou a PGR num puxadinho do Executivo, entregou as chaves do reino (e do cofre) ao mandachuva do Centrão que nomeou ministro-chefe da Casa Civil, valeu-se do espúrio orçamento secreto e das abjetas emendas de relator para se escudar de mais de 140 pedidos de impeachment, conspirou incontáveis vezes contra o Estado Democrático de Direito, flertou outras tantas com o autogolpe e ainda conta a máquina pública federal.
Há duas opções para pôr termo a esse descalabro. A primeira é jogar a toalha e aceitar bovinamente a volta da cleptocracia lulopetista. A segunda é impedir que o devoto da cloroquina dispute o embate final. Sem ele no páreo, haverá chances reais de o candidato da tal terceira via, seja ele quem for, derrotar o parteiro do Brasil Maravilha, Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários.
Falta combinar com o "esclarecidíssimo" eleitorado tupiniquim.
Alea jacta est.