A invasão da Ucrânia pelo carniceiro de Moscou entra hoje no sétimo dia. Ontem, as tropas russas continuavam o cerco a Kiev, enquanto bombardeios e conflitos avançavam em outras regiões. Mais de 660 mil ucranianos já deixaram o país, e a negociação entre Moscou e Kiev segue incerta. Após o impasse da última segunda-feira, uma nova rodada de negociações foi agendada, mas o Kremlin primeiro disse que ainda não havia uma nova data e, depois, que as tratativas seriam retomada ainda ontem. No momento em que escrevo este texto, a delegação ucraniana estava a caminho da região de Brest, em Belarus, onde o encontro deve acontecer.
Segundo o negociador, a Rússia vai discutir o cessar-fogo imediato pedido pela Ucrânia. Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores do filho da Putin disse que o país busca a ‘desmilitarização’ ucraniana, mas que está pronta para discutir as garantias de segurança desejadas pelo presidente Zelenski. Do lado ucraniano, o ministro das Relações Exteriores afirmou que o país também está preparado para negociações, mas sem aceitar “os ultimatos russos”.
Atualização: Está marcada para esta quinta-feira a segunda rodada de negociações no território de Belarus. O governo ucraniano relatou que, em sete dias de conflito, mais de 2 mil civis foram mortos. A Assembleia Geral da ONU aprovou ontem uma resolução condenando a invasão russa e que “exige” a retirada imediata de incondicional das tropas. O texto recebeu 141 votos favoráveis, incluindo o do Brasil. Enquanto as atenções estão voltadas para o conflito na Ucrânia, surge uma nova pergunta: Irá o filho da Putin parar por aí?
Bolsonaro perdeu seus principais aliados com as derrotas de Trump e de Netanyahu. Lula faz acenos para o centro, embora sua candidatura seja essencialmente de esquerda. A situação periclitante dos milhões de depauperados beneficiados pelo assistencialismo populista dos governos petistas não só fomenta a polarização como põe em risco a passagem do capetão para o segundo turno, ainda que, por enquanto, não de forma irreversível.
Para a “terceira via”, falta uma narrativa eleitoral robusta, que consiga sensibilizar o eleitorado refratário à polarização e ofereça propostas consistentes para a retomada do crescimento. O ideal seria que Sergio Moro, João Doria, Ciro Gomes, Simone Tebet, Alessandro Vieira e Rodrigo Pacheco, protagonistas da fragmentação, se empenhassem sinceramente numa composição de forças que formulasse um programa comum.
Ao menos três pré-candidatos não descartam uma união em torno do nome mais viável para a disputa ao Palácio do Planalto: Moro (Podemos); Doria (PSDB); e Simone Tebet (MDB). A expectativa é a de que um acordo seja fechado até meados de junho. Mais bem posicionado segundo a última pesquisa do Instituto Quaest, Moro cogita migrar para o União Brasil (fruto da fusão entre o DEM e o PSL), que terá cerca de R$ 1 bilhão do fundão eleitoral, além de pelo menos 12 candidatos aos governos estaduais.
O Podemos vem sofrendo com baixas em seus quadros e dificuldades de construir palanques para Moro nos estados — palanques estaduais e tempo de propaganda no rádio e na TV serão primordiais para que o ex-juiz fure a polarização entre Lula e Bolsonaro e chegue ao segundo turno.
Com o desempenho ainda baixo segundo as pesquisas, Doria busca construir acordos com outros partidos. Ele fala em "convergência" com Moro e Simone e não descarta uma unificação de candidaturas entre eles. Apesar disso, já sinalizou que a pontuação em pesquisas não será o fator determinante para a escolha do candidato do grupo.
O tucano tenta ainda atrair para o PSDB lideranças do Podemos e do MDB em outros estados do Sudeste e do Nordeste e discute ainda uma federação com o Cidadania, que tem como pré-candidato à Presidência o senador Alessandro Vieira — o ex-deputado Roberto Freire, presidente da sigla, já sinalizou que deve apoiar Doria caso a federação seja estabelecida.
Em outro campo, Doria também pretende usar as inserções da propaganda partidária para se apresentar como articulador pela vacina contra a Covid no Brasil e recorrer aos números da economia de São Paulo (aumento de 7,5%) para se contrapor ao desgoverno Bolsonaro (aumento de 1,5%). Com essa estratégia, aliados do governador acreditam que ele terá mais viabilidade entre os nomes da terceira via e esperam que haja uma união em torno de seu nome até meados de junho.
Até o momento, 20 dos 27 diretórios do MDB já teriam sinalizado apoio a Simone Tebet, que conta com 1% das intenções de voto segundo o Quaest. A senadora pretende rodar o país em prol de alavancar seu desempenho nas pesquisas. Administrando mais de 700 prefeituras pelo país, o MDB aposta nessa estratégia para ampliar visibilidade da candidata pelo interior do país.
Tebet conta também com o apoio dos senadores tucanos Tasso Jereissati e José Aníbal, mas a cúpula do MDB tem mantido conversas com Moro e Doria, no intuito de negociar uma eventual composição de chapa. A expectativa, segundo entusiastas da senadora, é de neutralizar a candidatura dos demais nomes da terceira via até meados de maio. Seria bom que se apressassem.